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LITERATURA E CARIDADE

CONTO 3

Olá, eu, Rômero Barbosa Sérgio, estou lhe presenteando com esse conto que
escrevi e publiquei num periódico em Porto Nacional – TO, entre os anos de 2012-
2018.
Como parte desse projeto, estou arrecadando fundos para doar a alguma
instituição de caridade.
Nesse mês, o projeto contempla a Associação de Pais, Amigos e Profissionais
dos Autistas do Estado do Tocantins (ONG Anjo azul) localizada na cidade de
Palmas – TO. Essa associação tem como objetivo “receber a família autista, ouvir suas
angústias, prover os tratamentos multiprofissionais, ofertar orientação jurídica e,
sobretudo, confortar seus corações.” (Site: https://www.anjoazulto.com.br/). Contatos:
Instam: @anjoazul.to Fone: 9 8443 - 9798)
Então, caso goste do conto, poderia transferir – sem obrigação – uma quantia
simbólica de R$ 5 ou mais na conta direta da ONG Anjo azul. Caso contribua, me avise
para eu publicar em minhas redes. Conto com você!

Banco do Brasil
Agência: 1886-4
Conta corrente: 82626-x
Associação de Pais, Amigos e Profissionais dos Autistas do Estado do Tocantins
CNPJ: 17.671.192.0001-60

Espero que essa leitura fortaleça seu desejo de permanecer em casa nessa quarentena;
para que ainda possamos comemorar o surgimento de um Mundo Melhor!

Rômero B. Sérgio. Contato: 9 8501-8125


Rômero Barbosa Sérgio, setembro de 2020.

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CONTO - 3
O FILHO BOM
Por Rômero Barbosa

Um pai sentindo-se fracassado gritou com o filho: “Suma daqui! Vá embora! Vá


caçar o que fazer!” O filho, assustado, respondeu com desespero: “Por que o senhor está
me dizendo isso? O que eu fiz pai? O que eu fiz?” O outro, cabisbaixo, notou quando as
lágrimas do filho bateram no piso de barro, enquanto o primogênito lentamente deixava
o lugar. O patriarca levantou-se do pequeno tamborete e fitou os lados confirmando sua
solidão no minúsculo cômodo do lar. Suas conclusões são efeitos de anos de reflexões.
Em todos os cantos da casa, a miséria escancarada respaldava sua decisão. Uma
residência de três divisórias, dois banquinhos para se sentar na sala, uma cama velha de
casal no quarto e nenhum muro que separasse o rústico fogão a lenha “esquecido” nos
fundos da casa, do lote da residência do vizinho.
Idoso, o patriarca não culpava sua esposa pelos problemas que aumentavam
depois que essa o abandonou junto de seu único filho. Poderia ser o alcoolismo também
o responsável por tudo isso. Não! Encontrara a resposta há exatos 60 anos quando
iniciou sua odisséia em outro lugar, na cidade em que seu pai o criou como o mais novo
da prole de dez. Seus pais eram bastante envelhecidos quando o patriarca de hoje
nasceu. Os irmãos deixaram o sítio onde moravam e partiram a procura de uma vida
melhor na cidade. Estudaram, conseguiram bons empregos; reduziram a existência em
fortunas, bens materiais. Esqueceram de vez o campo e o casal que os colocou no
mundo. No fundo, pensavam: “Nós éramos torturados naquele lugar... Nunca mais piso
os pés naquela fazenda.”
Sensível, o filho caçula passou a observar os pais definharem sozinhos no
campo, trabalhando na enxada debaixo de sol forte. Ao contrário de seus irmãos,
decidiu renunciar das possibilidades de uma vida melhor na cidade e focou em ajudar
seus velhos no sítio. Labutou com eles recebendo poucos rendimentos por mais de três
décadas, quando ambos faleceram em intervalo de cinco anos. Logo o filho caçula viu-
se cercado pela solidão. De acordo com o inventário, teve que vender as terras em que
vivia para compartilhar a herança com seus “irmãos desconhecidos.” Adulto, afundou-
se no álcool no intuito de estancar as feridas. Anos depois, no Bar do Zé da Pedra,
conheceu Raimunda. Arrumaram uma terra de invasão, mas isso não foi suficiente para
tirá-lo da bebedeira. A mulher pariu pouco antes de abandoná-lo. Então hoje jazia ali -
no curto espaço de tempo que tinha para pensar - realmente convicto de que xotar seu
filho de casa para que esse buscasse seu caminho nas possibilidades da vida urbana,
faria o velho ser lembrado como um bom pai assim como esse velho se lembrava de ter
sido um bom filho.

FIM.

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