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FICHAMENTO Nº1 AMÉRICA COLONIAL

NICOLAS TARGINO DA CRUZ

AMÉRICA COLONIAL – NOTURNO

MESOAMÉRICA ANTES DE 1519 (TEXTO 1):

 A maior parte da história dos povos da Mesoamérica se dá antes da chegada dos


europeus;
- Os vestígios arqueológicos mais antigos encontrados na região datam de no máximo
9000 a.C.
- Grupos originalmente de caçadores-coletores;
- A região passou a possuir aldeias de agricultores e artesãos de cerâmica;
 Olmecas: grupo de maior destaque na região no período pré-colombiano;
- Primeiros a realizarem grandes construções, principalmente para fins religiosos;
- Principais centros: Tres Zapotes, San Lorenzo e La Venta;
 Maias: grupo conhecido principalmente pelo seu sistema de escrita;
- Possuíam mais de cinquenta centros de importância;
- Não chegaram a formar um império, eram povos que compartilhavam de uma mesma
cultura mas que não eram unificados;
 Não existe uma resposta para o desaparecimento das civilizações consideradas
“clássicas”, mas existem hipóteses como: mudanças climáticas, solos inférteis,
crescimento populacional, etc.;
 Tais povos deixaram um legado importantíssimo para os povos que ocuparam a
Mesoamérica depois do século X;
 Os astecas passam a se desenvolver em meados do século XV;
- Desenvolvem sua capital (Tenochtitlán) através da construção de diques, aquedutos e
caminhos elevados em regiões de pântano;
- Possuíam organização administrativa, estabeleceram grandes rotas comerciais,
desenvolveram um sistema escolar e a propagação de uma língua por toda a região da
Mesoamérica (Náhuatl);
- Viviam em comunidades familiares chamadas calpulli;
 Haviam calpulli rurais (dedicados à subsistência da população asteca) e urbanos
(dedicados à manufatura e ao comercio);
- Eram um grupo religioso, que via o sacrifício de sangue como uma maneira de se
manter sob o favor dos deuses;

IMPÉRIO ASTECA (AULA DOIS: 27/04)

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS IMPÉRIOS PRÉ-COLOMBIANOS :


 Propriedade coletiva da terra;
- Terra = principal meio de produção;
 Inexistência de um alfabeto escrito;
 Inexistência de moeda;
 Inexistência de classes sociais semelhantes às europeias;
- Classes sociais nesse caso se referem ao conceito marxista do termo, onde as classes
se dividem entre um grupo dominante (no controle dos meios de produção) e um
grupo submisso (que vende a sua força de trabalho);
- Ausência de dominância dos meios de produção = ausência de classes;
- A estratificação social existia nessas sociedades.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL ASTECA:


 Grupos dirigentes = pipiltin;
 Base = macehualtin;
 Grupo intermediário = pochtecas;
- Responsáveis pelo comércio exterior;
 Calpulli = unidade básica entro da sociedade, com divisão do trabalho, hierarquia e
líder (espécie de comunidade);
- Todos os indígenas faziam parte de um calpulli;
- Formado por famílias astecas e com terras comuns;
- Funções definidas por eleição;
- Unidade utilizada para a cobrança de impostos;
 Relações entre calpullis promoviam trocas de produtos e eleições de líderes
territoriais “maiores”, para administrar uma província ou um território mais
abrangente (eleição indireta);
 Eleições = ausência de estamentos.

ORGANIZAÇÃO AGRÁRIA ASTECA:


 3 modalidades de distribuição das terras:
- Comunal: distribuída para os calpullis, para subsistência e produção de um excedente
para comércio; distribuição de terras definida pela quantidade de homens adultos por
calpulli; havia negociação para definir as terras recebidas por cada calpulli;
- Grupos dirigentes: Terras distribuídas para a manutenção dos grupos dirigentes e do
Estado;
- Terras públicas: Terras definidas como de uso comum (estradas, lagos, bosques, etc.)
 Os membros dos calpullis que eram os encarregados de explorar e trabalhar nas terras,
tanto nas comunais, quanto nas dos grupos dirigentes e nas públicas;
 O trabalho na sociedade asteca era rotativo; após certo período, os homens que
haviam deixado o calpulli para trabalhar retornavam para receber novas funções,
assim como aqueles que não haviam deixado o calpulli;
 Modalidades de trabalho rural:
- Calpuleque: Homens do calpulli designados para trabalhar nas terras dentro do
calpulli;
- Teccaleque: Homens do calpulli designados para trabalhar nas terras fora do calpulli,
seja nas terras dos grupos dirigentes ou nas terras públicas;
- Arrendatários: É incoerente apontar trabalhadores arrendatários no império Asteca,
devido à ausência de propriedade privada; todavia, há registros que apontam alguns
casos de trabalho classificado como arrendatário. Seriam indígenas trabalhando fora
de seu calpulli, que não tinham o mesmo esquema de trabalho que os demais
indígenas, tendo seu trabalho mais explorado;
- O trabalhador arrendatário nessa sociedade muito provavelmente era alguém de uma
comunidade recentemente anexada à sociedade asteca após um conflito ou guerra;
- Mayeques: Camada inferior da população rural que trabalhavam de forma
aparentemente vitalícia em terras de terceiros (grupos dirigentes, Estado, calpulli,
terras públicas), alguns autores se referem a eles como escravos;
 Sempre há rotatividade das funções após determinado período (para os calpuleque e
teccaleque);

DINÂMICA ECONÔMICA:
 Todos esses aspectos são essenciais para o funcionamento do império;
 Tributo: Bens pagos pelos calpulli a uma autoridade regional central;
- O Estado tem a obrigação de retribuir aos calpulli o pagamento dos impostos quando
algum estiver necessitando de recursos;
- Todos os tributos eram compulsórios;
- Tipos de tributos: Produtos elaborados (roupas, uniformes militares, mosaicos de
pedras preciosas, objetos de ouros, etc.) e matérias primas (milho, feijão, sal, cacau,
materiais de construção, materiais de luxo, etc.)
- Todos os tributos eram cobrados proporcionalmente à quantidade de homens adultos
no calpulli;
 Mercados ou feiras: Similares às feiras existentes hoje em dia;
- Comércio interior;
- Membros individuais dos calpulli, os próprios calpulli ou membros dos grupos
dirigentes iam às feiras oferecer seus produtos;
- Trocas realizadas por meio de escambo, numa feira livre;
- Trocas de produtos individuais ou do calpulli;
- O Estado cobrava imposto de parte dos produtos trocados durante a feira;
- Aspecto necessário para a subsistência do império, já que nem todos os calpulli eram
capazes de produzir tudo aquilo que necessitavam;
 Comércio Exterior:
- Ocorre com outros impérios (como os maias) ou outras comunidades indígenas;
- Obtenção de recursos e materiais que não existiam dentro do império asteca
(minerais, madeiras, produtos agrícolas);
- Obtenção por meio de troca;
 Pochtecas: responsáveis pelo comércio exterior (únicos autorizados a realizá-lo),
pagavam menos impostos e tinham mais regalias devido a essa função;
 Tinham informações sobre outros povos;
 Analisavam se outros grupos eram ou não uma ameaça ao império, para apontar se
compensava mais negociar com eles ou incorporá-los ao império;
 Não “davam” as informações, mas as “vendiam” em troca de mais regalias e
privilégios;
 Possuíam um grêmio, e apenas aqueles que construíssem uma carreira dentro do
grêmio podiam exercer as funções de pochteca;
 O Estado regulamentava os grêmios e o comércio pochteca, controlando o que podia
ser trocado e por quais “valores”;

SOCIEDADES ANDINAS ANTERIORES A 1532 (TEXTO 2):

 Os colonos espanhóis que primeiro chegaram à América, se estabeleceram na região


da Mesoamérica (América Central);
 Com o tempo de estadia dos espanhóis na América, rumores sobre a possível presença
de povos ainda mais ricos mais ao sul no continente ganham força;
- Aleixo Garcia: português que atacou instalações incas pelo menos 5 anos antes de
Pizarro;
- Pizarro: conquistador espanhol a quem é atribuída a destruição do império inca e a
fragmentação de sua sociedade;
 A arqueologia encontra muito mais facilidade em estudar períodos mais remotos da
região, até séculos anteriores, que ao estudar períodos próximos ao encontro com os
europeus;
- Isso se dá, provavelmente, pela devastação violenta causada pelos espanhóis, que
apagaram boa parte dos vestígios físicos da existência desse império;
 Existem pouquíssimas fontes históricas sobre o enfrentamento entre espanhóis e
incas, e aqueles que existem ainda são incompletos e geram muitas dúvidas;
- Avanço recente na compreensão das relações entre os incas e os grupos étnicos locais:
estudo das demandas legais, registros demográficos e tributários;
 Relato dos cronistas:
- Paisagem única: montanhas mais altas, dias mais quentes, noites mais frias, vales
mais profundos, etc.;
- Riqueza: riqueza física (que podia ser levada embora) e também nas pessoas e em
suas ciências (metalurgia, tecnologia, construção de estradas, irrigação, etc.);
- Governo: incas eram governados por um príncipe (tipo de governo instituído há pouco
tempo);
 Os povos andinos conseguiram adaptar o solo adverso para receber o plantio de
diversas culturas (batata, kinuwa, tarwi, coca);
 O clima da região também era adverso, mas os povos andinos utilizaram isso a seu
favor;
- A noite fria era utilizada para congelar alimentos (tubérculos e carne animal) e no dia
quente seguinte, o sol era utilizado para seca-los;
 Comunidades políticas andinas podiam ir de algumas centenas até trinta mil famílias;
- O Estado de Tahuantinsuyo (Império Inca) chegou a ultrapassar a marca dos cinco
milhões;
 O Estado andino se expandia enviando indígenas para cultivar e cuidar de certas terras
que ainda estavam intactas;
 A presença de um Estado unificado foi fundamental para que fosse possível que
comunidades se estabelecessem e explorassem todos os tipos de solos férteis da
região;
 Com o estabelecimento de comunidades, foi possível o surgimento de
especializações:

“A especialização das técnicas tornou-se implícita no próprio padrão de colônias


espalhadas. Os mitmacs eram também responsáveis nas áreas cobertas de árvores
pelas taças e pratos de madeira, os que viviam na praia podiam secar peixes e algas
comestíveis, mas também coletavam guano.” (1997, BETHELL, p.71)

- Com essa especialização, foi possível a realização de comércio entre as comunidades


dos mais diversos produtos, já que havia produtos “únicos” em cada região;
- O Estado estabeleceu uma espécie de “indústria” especializada em roupas, já que esse
era um dos recursos mais necessários naquela região;
 Os espanhóis observaram e mantiveram essa estrutura dispersa e com funções
especificadas dos incas;
 O Estado utilizou dos mitmacs também para fins militares de proteção do império;

IMPÉRIO INCA (AULA TRÊS: 04/05):

GEOGRAFIA E PRODUÇÃO:
 A geografia andina condicionou muitas das características do Império;
- Ecológicas, agrícolas, sociais e políticas;
 Os povos andinos abrangiam três áreas diferentes:
- Litoral: região estreita e desértica, terras inaptas para agricultura;
 Rios que desaguam no Pacífico formaram oásis, que eram propícios a agricultura,
situando alguns poucos grupos agrícolas nessa região;
- Cordilheira: Altitude extremamente elevada (até 6km), região inapta para agricultura
(devido ao frio e escassez de terras boas para cultivo);
 Povos se situavam em regiões de altitude entre 2.5km e 3km acima do nível do mar;
 Vales: espaços entre os picos das montanhas, eram as regiões apropriadas para o
cultivo e estabelecimento de comunidades, já que era uma área plana, com terra boa e
fora da altitude extrema;
 A água era de difícil acesso, tornando necessário a canalização da água e construção
de obras de regadio;
 O clima variava com a altitude, gerando “microclimas”, assim, a altitude influenciava
diretamente no tipo de produtos agrícolas produzidos e nos animais criados pelas
populações (gera a necessidade de troca de produtos entre as comunidades);
 O principal produto agrícola da região era (e ainda é) a batata, que cresce sem muitos
cuidados;
 Os principais produtos pecuários da região eram lhamas, alpacas, vicunhas e
guanacos;
- Selva Tropical: floresta ampla, com muitos rios e clima quente e úmido;
 Presença de grupos nômades que tinham contato com o império inca, realizando
trocas;

ORGANIZAÇÃO AGRÁRIA E SOCIAL:


 Regras de distribuição de terra:
- Ayllus: unidade básica de produção e cobrança de tributos;
 Unidade que reúne um conjunto de famílias, hierarquizadas, com distribuição do
trabalho, com organização política, jurídica e religiosa;
 Chefe do ayllu: cacique;
 Ayllus recebiam terras em função da sua quantidade de homens adultos;
 Os líderes elegiam dirigentes regionais, escolhendo autoridades cada vez maiores até
chegar à autoridade suprema do império, o inca;
 Inca: Tinha a posse das terras e as distribuía entre os ayllus, que retribuíam o “favor”
através do pagamento de tributos;
- Terras-do-Sol: terras destinadas a atividades religiosas;
 Convocação de mulheres para trabalhar nessas terras, que passam a ser parte das
atividades religiosas;
 O cultivo nessas terras era para uso nas atividades religiosas e manutenção das
pessoas envolvidas nelas;
- Terras-do-Inca: terras para manutenção do inca, dos grupos dirigentes e do Estado;
 O cultivo nessas terras era pra manutenção desses grupos, mas também para, se
necessário, redistribuir recursos aos ayllus;

DINÂMICA ECONÔMICA:
 Tributos: todas as comunidades anexadas ao império através da força tinham que
pagar tributos;
- Tributos pagos com força de trabalho nas terras dos 3 segmentos (ayllu, sol e inca);
- O Estado fornece todos os elementos necessários para que as pessoas possam realizar
os trabalhos;
- Mita: trabalho rotativo aplicado na sociedade, onde os homens eram convocados para
realizá-lo por um período determinado de tempo;
 Mitmac: quem realiza a mita;
 Feiras: trocas de bens que são produzidos apenas em certas regiões do império;
- Abrangem todo o império;
- Trocas realizadas por meio do escambo;
 Comércio exterior: troca de bens que são produzidos na área andina por produtos de
fora;

INTERPRETAÇÕES HISTORIOGRÁFICAS:
INTERPRETAÇÃO MARXISTA:
 Visão do capitalismo como gerador de desigualdade e exploração;
- Capitalismo não tinha solução;
- Eliminação do capitalismo;
- Sociedade inca tida como objeto de estudo na América Latina como uma possível
alternativa ao modo de produção capitalista;
 Althusser: define os modos de produção em relação aos modos que existiram durante
o tempo;
- Capitalismo: Burguesia (dona dos meios de produção) e proletariado (dono da força
de trabalho, que a vende à burguesia para sobreviver);
- Escravismo: Escravistas (donos dos meios de produção e dos trabalhadores) e
escravos (não são donos de nada e trabalham de maneira completamente
compulsória);
 Marx estudando sociedades asiáticas apontou 3 pontos:
- Presença de importantes obras de irrigação;
- Pouco desenvolvimento de propriedade privada;
- Presença de estruturas comunitárias;
 Os estudiosos das sociedades pré-colombianas apontam essas características como
comuns também aos povos pré-colombianos;
 Sociedades pré-colombianas foram visadas pela ausência de classes sociais, portanto,
sem exploração do trabalho (de acordado com a teoria marxista);
 Andre Gurder Frank: aponta que não se deve atentar à esfera de produção, mas sim à
esfera de circulação;
- Produção para consumo próprio (sociedade não é capitalista) x produção para
mercado (sociedade é capitalista);

INTERPRETAÇÃO LIBERAL:
 A circulação é mais estudada e mais importante do que a produção;
 Principal autor: Karl Polanyi;
- Objeto de estudo: sociedades africanas antigas;
 Categorias da dinâmica dos impérios africanos:
- Reciprocidade: comunidades de base dos impérios que realizavam trocas entre si
(circulação horizontal dos bens);
- Redistribuição: Estado cobrava impostos e redistribuíam os recursos para as
categorias de base (circulação vertical de bens);
- Comércio Exterior;

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