Você está na página 1de 5

Passo a passo dimensionamento

a) Identifica-se a potência dos aparelhos a gás e vazão:

A potência dos aparelhos tem relação com a quantidade de poder de calor (cal) que ele
necessita para seu propósito em uma determinada quantidade de tempo. Ou seja, a
quantidade de kcal por cada hora de utilização do aparelho (kcal/h).
Já vazão é a potência necessária a ser alimentado por aquele trecho da tubulação em
relação com o Poder Calorifico Inferior do gás em questão (PCI). Isso significa que a vazão é
uma questão termodinâmica. O aparelho necessita de uma determinada quantidade de calor
e o gás em questão ter poder para proporcionar esse calor em um determinado nível de
quantidade. A vazão é a quantidade de fluxo do fluido. É a quantidade (volume) desse fluido
por uma determinada quantidade de tempo. Ou seja, a quantidade de m³ por cada hora de
utilização do fluido (m³/h). A vazão não é a quantidade para cada aparelho individualmente,
mas a quantidade de fluxo necessária para todos os aparelhos alimentados pelo trecho em
questão.

A potência computada é determinada pela tabela de potências para cada aparelho ou


por informação referenciada. Os trechos somam as potências de todos os aparelhos que ele
alimenta.
b) Calcula-se a potência adotada e a vazão para cada trecho:

Obs.: Antes de se calcular as vazões, é necessário minorar as potências pelo fator de


simultaneidade

A potência adotada para o dimensionamento é obtida através da seguinte equação:

𝐴 = 𝐹 × 𝐶

Em que:
A = potência adotada, em kcal/h;
F = fator de simultaneidade (adimensional);
C = potência computada, em kcal/h.

O fator de simultaneidade pode ser obtido através das seguintes equações (em
porcentagem):

C < 21.000 F = 100% = 1

21.000 ≤ C < 576.720 𝐹 = 100/[1 + 0,001 × (𝐶/60 − 349)0,8712 ]

576.720 ≤ C < 1.200.000 𝐹 = 100/[ 1 + 0,4705 × (𝐶/60 − 1 055) 0,19931 ]

C > 1.200.000 F = 23% = 0,23

A vazão é obtida através da seguinte equação:

𝑄 = 𝐴 / 𝑃𝐶𝐼

Em que:
A = potência adotada, em kcal/h;
PCI = é o poder calorífico inferior, em kcal/m³;
Q = é a vazão de gás, em Nm³/h

c) Determina-se o comprimento total, somando-se o trecho horizontal, vertical e


as referidas perdas de carga localizadas (comprimentos equivalentes):

O comprimento total é a somatória dos comprimentos reais + os comprimentos


equivalentes para cada trecho. Para se obter os comprimentos equivalentes é necessário que
já se tenha os diâmetros internos e nominais das futuras tubulações de cada trecho.
Portanto, antes de se determinar os comprimentos equivalentes é necessário definir (de
forma arbitrária e sem pré-dimensionamento) os diâmetros nominais das tubulações.
Observa-se que essa determinação arbitraria dos diâmetros nominais exige que o
processo de cálculo seja contínuo e refeito até que se obtenha valores aceitáveis.

d) Determinam-se o diâmetro nominal mínimo e as pressões:

Conforme apresentado acima, os diâmetros nominais são diretamente relacionados as


pressões. Isso porque a verificação da pressão é o parâmetro que determina o diâmetro
ideal. O diâmetro ideal seria aquele que apresente o melhor resultado para o menor custo,
que seria o menor diâmetro possível que satisfaça as verificações de pressão.
A pressão em cada local da rede distribuição sempre é o resultado de uma pressão inicial
menos as variações de pressão resultantes do fluxo do fluido no decorrer da tubulação. Ou
seja, a pressão de um determinado ponto sempre vai ser um valor que leva em consideração
toda a instalação que está anterior ao ponto em questão. Existem duas variações de pressão,
uma devido ao atrito e outra devido ao desnível da tubulação. A perda de carga por atrito
leva em consideração principalmente o comprimento e o diâmetro da tubulação, pois o atrito
é uma força que ocorre no decorrer do fluxo pela tubulação. Já a variação por desnível leva
em consideração os comprimentos verticais da tubulação e a densidade do gás em questão
em relação ao ar. Para o cálculo é feito a verificação da pressão por trecho e usada a seguinte
equação:

𝑃𝐵 = 𝑃𝐴 − ∆ℎ − ∆𝑃

Em que:

PA = Pressão inicial do trecho, em kPa;


PB = Pressão final do trecho, em kPa;
∆h = Perda de carga por atrito do trecho, em kPa;
∆P = Perda de carga por desnível do trecho, em kPa;

Nos trechos verticais deve-se considerar uma variação de pressão por desnível:

• gás natural (GN): ganho em trecho ascendente ou perda em trecho


descendente;
• b) gás liquefeito de petróleo (GLP): ganho em trecho descendente ou perda
em trecho ascendente.

𝛥𝑃 = 1,318 𝑥 10−2 𝑥 𝐻 𝑥 (𝑆 – 1)

Em que:
ΔP = é a perda de pressão, em kPa;
H = é a altura do trecho vertical, em metros;
S = é a densidade relativa (adotar 1,8 para GLP e 0,6 para GN)
Para o cálculo do dimensionamento em redes com pressão de operação de até 7,5kPa,
devem ser utilizadas as equações para o cálculo da perda de carga por atrito:

Gás natural (GN):


2
𝑄 0,9
( ) × 𝑆 0,8 × 𝐿𝑡
2,22 × 10−2
∆ℎ =
𝐷 4,8

Gás liquefeito de petróleo (GLP):

2273 × 𝑆 × 𝐿 × 𝑄1,82
∆ℎ =
𝐷 4,82

Para o cálculo do dimensionamento em redes com pressão de operação acima de


7,5kPa, deve ser utilizada a equação para o cálculo da perda de carga por atrito:

4,67 × 105 × 𝑆 × 𝐿 × 𝑄1,82


PB = √𝑃𝐴2 − ( )
𝐷 4,82

4,67 × 105 × 𝑆 × 𝐿 × 𝑄1,82


∆ℎ = 𝑃𝐴 − √𝑃𝐴2 − ( )
𝐷 4,82

4,67 × 105 × 1,8 × 70,8 × 4,71,82


∆ℎ = 50 − √502 − ( ) = 0,15
40,44,82

e) verifica-se o atendimento aos critérios, alterando-se o diâmetro dos tubos de cada


trecho até que os critérios sejam atendidos.

São dois critérios a serem verificados, a velocidade e a variação de pressão. A velocidade


é mais simples e deve seguir o seguinte critério:

velocidade máxima admitida para redes: 20 m/s.

Para o cálculo da velocidade, deve ser utilizada a equação:

𝑉 = 354 𝑥 𝑄 / (𝑃 + 1,033) 𝑥 𝐷²

Em que:
V = velocidade, em m/s;
Q = vazão do gás na pressão de operação, m³/h;
P = menor pressão do trecho, em kPa;
D = diâmetro interno do tubo, em milímetros.

Já a verificação da variação de pressão diferencia para rede primária ou rede secundária.


Basicamente, quando uma rede de distribuição distribuía diretamente para aparelhos, a
variação de pressão máxima é de 10%; já para redes de distribuição que alimentam
reguladores de pressão, a variação de pressão máxima é de 30%. Essa variação de pressão é
a diferença da pressão inicial de toda a rede de distribuição em questão (seja rede primária
ou rede secundária) com qualquer trecho da instalação. Ou seja, precisa ser verificado a
porcentagem de variação da pressão da menor pressão da instalação em relação a pressão
inicial (que de modo geral é a maior pressão). Para efeito de dimensionamento, verifica-se a
variação de pressão para todos os trechos.

Você também pode gostar