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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Estudo da Erodibilidade de um Solo do Bairro do Gomeral,


Guaratinguetá – SP
Jessica Duarte de Souza
Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, Lorena, Brasil,
duarte.jessica@outlook.com.br

Mariana Ferreira Benessiuti Motta


Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL, Lorena, Brasil,
marianabenessiuti@yahoo.com.br

George de Paula Bernardes (aposentado)


Universidade Estadual Paulista - FEG, Guaratinguetá, Brasil, gpb@feg.unesp.br

RESUMO: Problemas relacionados à erosão do solo, os quais prejudicam tanto áreas rurais quanto
áreas urbanas, de forma ambiental e socioeconômica, tem despertado estudos que possibilitem a
compreensão dos mecanismos e fatores que acarretam esses processos erosivos. Neste sentido, este
trabalho avaliou com base em um estudo de caso, a erodibilidade de um talude do bairro do
Gomeral, Guaratinguetá – SP, por meio da realização de ensaios de desagregação do solo, absorção
de água, perda de massa por imersão e compressão diametral, alem dos ensaios de caracterização.
Os resultados obtidos, principalmente nos ensaios de análise granulométrica, desagregação e
compressão diametral, mostram que o solo estudado possui uma alta capacidade de erodibilidade.
Portanto, conclui-se que a distribuição granulométrica e o alto teor de umidade encontrado no solo
estudado interferem consideravelmente no potencial de erodibilidade do mesmo.

PALAVRAS-CHAVE: Erosão, Erodibilidade, Desagregação, Absorção de Água, Perda de Massa por


Imersão, Compressão Diametral.

1 INTRODUÇÃO antrópicos. Quando classificado de acordo com


a velocidade de ocorrência, pode ser
Vários municípios do Brasil demonstram denominada como erosão geológica ou natural,
problemas de degradação do solo, que atingem que ocorre ao longo dos séculos, ou acelerada
áreas agrícolas, urbanas bem como áreas de ou antrópica, deflagrada pela ação humana
vegetação natural. Tal fato pode ser considerado (FÁCIO, 1991).
como sendo um dos principais problemas Devido à necessidade do homem por espaço,
ambientais dos dias atuais (LIMA, 2003). para implantação de seus projetos, tem-se dado
A erosão caracteriza-se como um conjunto grande importância ao estudo da erodibilidade
de processos onde os materiais da crosta do solo, que é basicamente, a propriedade que
terrestre são degradados, dissolvidos ou define a maior ou menor facilidade que o solo
degastados e transportados de um lugar para tem que ser destacado e transportado por meio
outro por meio dos agentes erosivos, tais como dos agentes erosivos.
gelo, água, organismos ou vento (BASTOS, Para Camapum et al. (2006), a erodibilidade
1999). de um solo é definida como sua capacidade de
O processo erosivo depende, principalmente, resistir aos agentes de erosão, sendo o solo mais
dos fatores climáticos, pedológicos e susceptível ou não, dependendo de sua natureza
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e a forma mais habitual de estudá-la é por meio


de suas características físicas, químicas e de
alguns condicionantes externos.
Inúmeros critérios são usados para se
executar a classificação dos processos erosivos,
tais como, natureza, grau de intensidade,
agentes físicos, químicos e biológicos e tempo
em que as erosões ocorrem.
Segundo Mortari (1994), independente do
agente causador, a erosão se efetua em três
fases: desagregação ou desprendimento das Figura 1. Área de Estudo, Google Maps 2018.
partículas de solo, transporte e sedimentação ou
deposição do material transportado. Para o estudo de caso foram coletadas
Normalmente, classifica-se a erosão em amostras deformadas e indeformadas para a
quatro grandes grupos: eólica, causada pelo realização de ensaios de caracterização e de
vento; glacial, causada pelo gelo; hídrica, avaliação da erodibilidade, respectivamente,
causada pela água e organogênica, causada com a finalidade de obter-se a capacidade de
pelos organismos (CAMAPUM et al., 2006). erodibilidade do solo estudado.
Dá-se destaque às erosões antrópicas de origem
hídrica, devido aos grandes danos que causam.
3 ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DA
ERODIBILIDADE
2 LOCAL DE ESTUDO
A erodibilidade pode ser avaliada de forma
A amostra de solo utilizada no estudo foi direta ou indireta, ou seja, respectivamente, por
coletada no bairro do Gomeral, no município de meio de ensaios específicos ou através da
Guaratinguetá – SP e próximo à área de estudo caracterização física, química e mineralógica.
se encontra um dos principais pontos turísticos Neste trabalho foram realizados os ensaios
do bairro, a Cachoeira da Onça, conforme de desagregação, absorção de água e perda de
Figura 1. massa por imersão e compressão diametral,
O clima da região estudada é predominante além da caracterização do solo, que serão
Tropical Úmido, com oscilações consequentes descritos nos subitens a seguir.
da variação da ocorrência de chuvas, devido às
várias formas de relevo (MILANEZI, 2006). 3.1 Ensaio de Desagregação
Por meio de dados do SISAM (Sistema de
Informações Ambientais), o município de De acordo com Ferreira (1981), o ensaio de
Guaratinguetá apresenta temperatura média desagregação começou a ser utilizado no ano de
anual de 19º C, com máxima de 22,5º C e 1958, pela Engenheira Anna Margarita de
mínima de 16º C e um índice pluviométrico por Fonseca, para o estudo de solos para fins de
volta de 1248 mm/ano (BENESSIUTI, 2011). fundações com a construção de Brasília.
O ensaio de desagregação é realizado,
basicamente, por meio da inserção de amostras
de solo indeformadas, conforme Figura 2, em
uma bandeja com água, podendo ser com
inundação total ou inundação parcial
(CAMAPUM et al., 2006).
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massa por imersão foram propostos por Nogami


e Villibor (1979), para se estudar o potencial de
erodibilidade dos solos. Estes determinam a
vulnerabilidade dos vários tipos de solo, quando
submetidos à ação dos processos erosivos, ao
serem submersos em água por um período de 24
horas (MENEZES, 2010).
Os ensaios de absorção de água e perda de
massa por imersão foram executados conforme
Mascarenha et al. (2015).
Para o ensaio de absorção de água, conforme
Figura 3, foram moldadas amostras cilíndricas
com 50 mm de diâmetro e 25 mm de altura, a
Figura 2. Amostra Indeformada, Moldada in loco, partir de um bloco indeformado de solo e a
Utilizada Para o Ensaio de Desagregação. amostra foi deixada secando ao ar por 9 dias.
Após este período colocou-se uma pedra porosa
Para a realização do ensaio de desagregação, em contato direto com a base da amostra e as
foi utilizada a metodologia descrita por Santos e amostras foram colocadas em contato com água,
Camapum (1998) apud Camapum et al. (2006). através da pedra porosa, para que fosse saturada
Foram moldadas quatro amostras, de solo em por capilaridade. Após intervalos de tempo, a
formato de cubos, com arestas de 70 mm, a amostra foi pesada para conhecimento do índice
partir de um bloco de solo indeformado in loco. de absorção de água (Iabs).
Duas amostras foram submetidas à imersão
parcial onde as amostras foram postas sobre
uma pedra porosa com o nível d’água sendo
mantido na altura do topo das mesmas por um
período de tempo de 30 minutos, após
aumentou-se o nível d’água para 1/3 da altura
do corpo de prova por 15 minutos,
posteriormente, aumentou-se o nível d’água
para 2/3 por mais 15 minutos e por fim, foi
realizada a imersão total das amostras, mantida Figura 3. Ensaio de Absorção de Água.
por 24 horas. As outras duas amostras foram
submetidas à imersão total, onde as amostras No ensaio de perda de massa por imersão,
indeformadas foram posicionadas sobre uma conforme Figura 4, moldaram-se as amostras
pedra porosa e submersas, totalmente, desde o cilíndricas com 40 mm de diâmetro e 80 mm de
início do ensaio, as amostras permaneceram altura, a partir de um bloco indeformado de
imersas totalmente em água por 24horas. solo. As amostras foram deixadas secando ao ar
Por meio deste ensaio, é possível avaliar qual por 9 dias, posteriormente foram posicionadas
será a influência da água no solo quando em um anteparo para que parte da amostra
submerso, verificando, a estabilidade do corpo ficasse para o lado de fora do molde e a base
de prova (MASCARENHA et al., 2015). amostra foi posta sobre o conjunto de pedra
porosa mais papel filtro. As amostras foram
3.2 Ensaio de Absorção de Água e Perda de imersas em água e após 24h, recolheu-se a
Massa por Imersão massa perdida e levou-se à estufa, para obter a
massa seca perdida (P) em relação a massa seca
Os ensaios de absorção de água e perda de inicial.
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Figura 4. Ensaio de Perda de Massa por Imersão.

Por meio do índice de absorção (Iabs) e da


perda de massa (P), é possível determinar o Figura 5. Ensaio de Compressão Diametral.
índice de erodibilidade (E), por meio da
Equação 1 de Pejon (1992) apud Menezes O ensaio de compressão diametral foi
(2010). realizado de acordo com a metodologia
apresentada por Santos (2005).
Iabs Foram moldadas quatro amostras cilíndricas
E52 = 52 (1) com, aproximadamente, 20 mm de altura e 50
P
mm de diâmetro, a partir de um bloco
indeformado de solo. Uma amostra foi mantida
3.3 Ensaio de Compressão Diametral
com sua umidade encontrada no campo, uma
amostra foi seca ao ar por 24 horas, uma
O ensaio de compressão diametral ou ensaio
amostra foi seca ao ar por 48 horas e uma
brasileiro, como é conhecido, foi desenvolvido
amostra foi umidificada com 32 gotas
pelo Professor Francisco Luiz Lobo Carneiro
(aproximadamente, 1 e 1/2 ml de água). Devido
em 1943, é um método de se medir a resistência
à relação entre a facilidade que o solo tem em
à tração de cilindro de concreto sendo adaptado
destacar suas partículas e sua variação de
para ensaios em solo (MASCARENHA et al.,
umidade, optou-se por realizar este ensaio para
2015).
diferentes teores de umidade, onde as amostras
De acordo com Araújo (2000), o ensaio de
cilíndricas foram carregadas ao longo de duas
compressão diametral consiste no carregamento,
placas rígidas paralelas, uma oposta à outra, no
em duas posições diametralmente opostas, de
sentido do seu diâmetro.
um corpo de prova, conforme Figura 5.
Por meio da força axial calculada, por meio
do valor registrado no anel de carga da prensa
(P), do diâmetro do cilindo (D) e da espessura
da amostra (H), é possível determinar a
resistência à tração do solo (σt), por meio da
Equação 2.

2P
t = (2)
 DH
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3.4 Ensaios de Caracterização do Solo porcentagem de finos. Para a análise sem o uso
de defloculante (def.) obteve-se um valor de 5
A caracterização do solo foi realizada por meio % de finos e para a análise com o uso de
dos ensaios de massa específica dos grãos, defloculante 11 % de finos.
segundo NBR 6508 (1984), análise
granulométrica, de acordo com a norma de Tabela 1. Composição Granulométrica do Solo Estudado.
ensaio NBR 7181 (2016), limite de liquidez Solo Argila Silte Areia Pedregulho
(%) (%) (%) (%)
(NBR 6459, 2016) e limite de plasticidade
Com 1 10 88 1
(NBR 7180, 2016).
Def.
Na determinação da curva granulométrica, a Sem 0 5 94 1
sedimentação foi realizada com e sem o uso de Def.
defloculante (Figura 6).
De acordo com Ramidan (2003), os solos
com maior capacidade de erosão são os que
apresentam predominância de silte, areia e
baixo teor de argila em sua composição. Vilar e
Prandi (1993) apud Santos (1997)
compartilham esta afirmação, pontuando que os
solos com maior potencial de erodibilidade são
os que apresentam um comportamento granular,
ou seja, partículas de areia ou silte e com pouca
argila. Portanto, por meio desta afirmação,
Figura 6. Ensaio de Análise Granulométrica por pode-se considerar o solo estudado com uma
Peneiramento e Sedimentação, Respectivamente. alta capacidade de erodibilidade.

4.1.3 Limites de Consistência


4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O solo não apresentou plasticidade quando
4.1 Caracterização do Solo submetido aos diversos teores de umidade,
devido seu caráter arenoso, portanto foi
4.1.1 Massa Específica dos Grãos considerado não plástico (N.P.).
De acordo com este dado, pode-se afirmar
A massa específica dos grãos obtida, após a por meio dos critérios criados por Rego (1978)
média do resultado de quatro ensaios realizados, apud Araújo (2000) e Fácio (1991) que o solo
foi de 2,704 g/cm³. Esse valor é consistente apresenta uma baixíssima resistência à erosão,
quando comparado com o resultado da por ser classificado como não plástico e não
granulometria. possuir índice de plasticidade.

4.1.2 Análise Granulométrica 4.2 Ensaio de Desagregação

O solo selecionado é classificado como areia 4.2.1 Imersão Parcial


siltosa com baixo teor de argila, predominando
as frações de areia fina, conforme classificação Após 30 minutos com água no topo da pedra
da NBR 6502 (1995). porosa, a amostra permaneceu intacta, sem
Na Tabela 1, pode-se observar uma diferença nenhum sinal de desagregação por conta do
nos resultados da sedimentação com e sem o contato com a água, por meio da pedra porosa.
uso de defloculante ao que diz respeito a
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Após 15 min. com água a 1/3 da amostra


deu-se início à desagregação da amostra,
mesmo que suave. Foi possível notar tal
desagregação, mesmo não havendo nenhuma
grande modificação na amostra.
Após 15 min. com água a 2/3 da amostra foi
possível observar, além de uma desagregação
maior da amostra, modificações na estrutura da
mesma.
Após 24 horas de inundação, conforme
Figura 10. Ensaio de Desagregação por Imersão Total,
Figura 9, viu-se a desagregação quase total das
Amostras Após 24 Horas de Ensaio.
amostras, onde em uma das amostras, o
processo ocorreu mais severamente de baixo De acordo com Santos (1997) e Ramidan
para cima e na outra de cima para baixo. (2003), o ensaio de desagregação tem grande
representatividade, pois, por meio de
observações feitas em campo observou-se que
as amostra que sofrem maior desagregação de
solo durante o ensaio são realmente de áreas
mais erodidas em campo.

4.3 Ensaio de Absorção de Água e Perda de


Massa por Imersão

Figura 9. Ensaio de Desagregação por Imersão Parcial, 4.3.1 Absorção de Água


Amostras Após 24 Horas de Ensaio.
O gráfico da figura 11 representa a relação entre
4.2.2 Imersão Total a quantidade de água absorvida na área da
amostra pelo tempo em que esta absorção
Após inundação total, já era possível observar ocorreu. Portanto, foram absorvidos 19,8 g de
uma desagregação, mesmo que superficial nas água ou 1,51 cm³/cm² durante o período de
amostras. duração (24 horas) do ensaio.
Após 15 min. de inundação total notou-se
uma desagregação maior das amostras, onde a
estrutura das mesmas já havia sido bem
modificada.
Após 24 horas de inundação, conforme
Figura 10, viu-se a desagregação quase total em
uma das amostras e na outra observou-se que
sua estrutura permaneceu praticamente intacta.
Porém este fato ocorreu, provavelmente, devido
à presença de uma quantidade
consideravelmente grande de raízes encontradas
por toda a amostra. Figura 11. Volume de Água Absorvido Pela Amostra x
Raiz Quadrada do Tempo.

Menezes (2010) em seu estudo identificou


valores altos para o índice de absorção (Iabs),
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próximo do valor obtido neste trabalho, onde Tabela 2. Resultados do Ensaio de Compressão Diametral
este resultado é decorrente a alta condutividade D H Div σt Umidade
(mm) (mm) (kPa) (%)
hidráulica deste solo.
Umidific. 52,55 20,30 8 3,87 28
(1 e ½ ml)
4.3.2 Perda de Massa por Imersão Umidade 52,65 22,95 10 4,27 21
Natural
O valor médio da porcentagem de massa seca Seca por 52,70 23,45 21 8,77 7
24 horas
perdida em relação a massa seca inicial da
Seca por 52,55 24,35 47 18,97 3
amostra, foi de 16,94 %. Com isto, tem-se por 48 horas
meio da Equação 3, o valor do índice de
erodibilidade para o solo em questão.

Iabs 1,51
E52 = 52  52  4,64 (3)
P 16,94

Segundo Pejon (1992) apud Menezes (2010),


se E (índice de erodibilidade) < 1 o solo
apresenta alta erodibilidade, se E > 1 o solo é
considerado não erodível. Entretanto, este
índice não é considerado uma medida
quantitativa do potencial à erosão dos solos e
por isso que não é admitido maiores valores de
“E” para menor erodibilidade do solo.
Comparando os resultados obtidos neste Figura 12. Ensaio de Compressão Diametral, Ruptura da
trabalho com os resultados obtidos por Menezes Amostra Seca por 48 Horas.
(2010), nota-se que os dois apresentaram
comportamento igual, E > 1, resultado que é De acordo com Motta (2016), após analisar o
contraditório ao estado do solo em campo. solo residual jovem de Tinguá, observou-se que
Pejon (1992) apud Menezes (2010) atribui este com o acréscimo de sucção, ou seja, diminuição
fato a possível presença de matéria orgânica no do teor de umidade, a resistência a tração do
solo, que causa uma menor desagregação do solo saiu de 3 kPa para aproximadamente 21
solo por conta dos grumos de solo que são kPa, onde o processo de secagem das amostras
formados em sua composição. Neste trabalho, proporcionou um ganho de resistência nas
porém, foi verificado uma quantidade elevada mesmas.
de raízes na amostra, o que provavelmente Conforme observado nos resultados obtidos
influenciou neste resultado. após a realização do ensaio de compressão
diametral no solo estudado, pode-se notar que
4.4 Ensaio de Compressão Diametral quanto maior a umidade o solo, menor sua
resistência à tração, o que é ratificado por meio
Por meio do ensaio de compressão diametral, dos resultados obtidos em Motta (2016).
conforme Figura 12, realizado em quatro Comparando os dados obtidos neste trabalho
amostras com umidades distintas com o auxílio com os dados de Santos (2006), é possível notar
de uma prensa com força de 0,809 N por uma compatibilidade nos resultados onde, a
divisão (div.), foram obtidos os seguintes resistência à tração do solo é baixa, ou seja, seu
resultados apresentados na Tabela 2. potencial de erodibilidade é alto e este
parâmetro diminui conforme ocorre um
aumento do teor de umidade do solo.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS em campo. Para umidade natural do solo, nas


amostras coletadas no mês de junho de 2017, a
A erosão tem causado inúmeros problemas, resistência à tração do solo foi muito baixa e a
referentes à destruição e desapropriação de área da erosão vista em campo retifica estes
moradias além de significativos impactos dados.
ambientais, devido principalmente à falta de Por meio deste trabalho, foi possível
conhecimento do estado do solo local. contribuir tecnicamente para entender o
Por meio deste trabalho foi possível realizar processo erosivo que ocorre próximo a
um estudo de caso para avaliar a capacidade de cachoeira da onça, do bairro do Gomeral,
erodibilidade de um solo específico do bairro do Guaratinguetá – SP.
Gomeral, no município de Guaratinguetá – SP.
Os ensaios para caracterização do solo
apresentaram resultados, onde por meio da AGRADECIMENTOS
granulometria foi possível classificar o solo
estudado conforme a ABNT e a SUCS, como Agradecemos o UNISAL – Campus Lorena e a
areia siltosa com baixo teor de argila, o que, de UNESP – Campus Guaratinguetá por todo
acordo com Vilar e Prandi (1993) apud Santos apoio dado na realização dos ensaios de
(1997) e Ramidan (2003) explica a alta laboratório.
capacidade de erodibilidade do solo. A falta de
plasticidade reafirmou, de acordo com Rego
(1978) apud Araújo (2000) e Fácio (1991), a REFERÊNCIAS
baixa resistência à erosão.
Por meio do ensaio de desagregação, ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
concluiu-se, mesmo que qualitativamente, que o NBR 7181/2016 – Solo – Análise Granulométrica.
Rio de Janeiro.
solo estudado possui uma alta capacidade de ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
erodibilidade, sendo interferida somente pela NBR 6459/2016 – Solo – Determinação do Limite de
quantidade de raízes encontradas em uma das Liquidez. Rio de Janeiro.
amostras na imersão total, demonstrando dados ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
coniventes com a estrutura de solo vista em NBR 7180/2016 – Solo – Determinação do Limite de
Plasticidade. Rio de Janeiro.
campo. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Para os ensaios de absorção de água e perda NBR 6508/1984 – Solo – Determinação da Massa
de massa por imersão, os resultados Específica. Rio de Janeiro.
apresentaram um alto índice de absorção de ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
água e um índice de erodibilidade maior que 1, NBR 6502/1995 – Rochas e solos. Rio de Janeiro.
ARAÚJO, R. C. (2000). Pontíficia Universidade Católica
que é adotado para solos não erodíveis, sendo do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil.
pertinente às informações obtidas por meio de Estudo da erodibilidade de solos da formação de
visitas a campo. Este fato pode ser explicado barreiras – RJ. Dissertação (Mestrado em Engenharia
por meio da grande quantidade de raízes Civil)-Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, 169 p.
encontradas na amostra, principalmente nos
BASTOS, C.A.B. (1999). Estudo Geotécnico sobre a
ensaios de perda de massa por imersão, onde as erodibilidade de solos residuais no saturados. Tese
mesmas podem ter funcionado como um reforço de Doutorado em Engenharia, UFRGS. 269 p.
natural, agindo contra o desprendimento das BENESSIUTI, M. F. 2011. Estudo dos mecanismos de
partículas de solo. instabilidade em solos residuais de biotita-gnaisse da
bacia do ribeirão Guaratinguetá. 2011. Dissertação
No ensaio de compressão diametral foi
(mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
possível concluir que, quanto maior o teor de Faculdade de Engenharia, 115 p.
umidade do solo, menor sua resistência à tração CAMAPUM, J. C.; Sales, M. M.; Souza, N. M.; Melo, M.
e consequentemente maior a erosão encontrada T. S. (2006). Processos Erosivos no Centro-Oeste
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Geology and the Environment, 19: p.196-199.
RAMIDAN, M. A. S. (2003) Estudo de um Processo de
Voçorocamento próximo a UHE de Itumbiara – GO.
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Marco Antônio S.
Ramidan; orientadores: Tácio Mauro P. Campos;
coorientador: Franklin S. Antunes – Rio de Janeiro:
PUC, Departamento de Engenharia Civil, 242 p.

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