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ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

DEPT. DE ENGENHARIA MECÂNICA

Prof. Marcos R. Pereira Barreto

(notas de aula)

Dezembro de 1998
SISTEMA SCADA
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Sumário

INTRODUÇÃO: 3

DEFINIÇÃO GERAL: 5

EQUIPAMENTO: 6

EQUIPAMENTO: 7
RTUs: 7
Requisitos do Hardware em uma RTU: 7
Requisitos de Software em um RTU: 8
Operação Básica: 9
PLCs vs. RTUs: 9
Especificações para RTU: 9

BIBLIOGRAFIA SOBRE O TEMA: 10

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SISTEMA SCADA
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Introdução:

Suponha-se um circuito elétrico simples constituído de um interruptor e uma lâmpada como


o da figura abaixo:

Este circuito permite a um operador observar a luz e saber se o interruptor está ligado ou
não. O interruptor pode indicar que um motor está em funcionamento ou não, se a porta está aberta
ou fechada ou até mesmo se houve alguma falha ou se o equipamento está funcionando. Suponha-se
que o interruptor e a lâmpada estão a 100 km um do outro. Obviamente não seria possível se ter um
circuito elétrico tão grande e, portanto, seria um problema envolvendo equipamento de
comunicação. Suponha-se então, 2000 circuitos deste. Não seria possível se ter 2000 circuitos de
comunicação. Porém foi descoberto que é possível utilizar-se somente um circuito de comunicação
compartilhando-o. Inicialmente, o estado do primeiro circuito (aberto/fechado ou 0/1) é enviado. A
seguir, envia-se o estado do segundo circuito, e assim por diante. É necessário indicar a qual
circuito o estado pertence quando a informação é enviada. Mas o operador do outro lado ainda tem
um problema. Ele deve observar todos as 2000 circuitos. Para simplificar esta tarefa, pode-se
utilizar um computador. O computador deverá monitorar todos os circuitos, e informar ao operador
quando é necessário observar um determinado circuito. O computador receberá informações sobre
qual é o estado normal e qual é o estado de alarme de cada circuito. Desta forma, o computador fica
responsável pelo monitoramento de todos circuitos e indicação ao operador de que um circuito está
em estado de alarme.

Alguns circuitos podem conter dados analógicos, ou seja, eles representam uma variável
(por exemplo, o nível de água de um tanque). Nesses casos, o computador é informado de um valor
máximo e mínimo para o nível do tanque para que o estado deste seja considerado normal. Quando
o valor desta variável não se encontra dentro desta faixa, o computador interpreta isso como um
alarme e informa o operador.

Tela de alarme
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SISTEMA SCADA
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Também é possível usar o computador para apresentar informações de forma gráfica. É


possível representar o estado de uma válvula através de cores (vermelho/fechada , verde/aberta), por
exemplo.

Um sistema SCADA na prática é mais complexo. Existe mais de um processo a ser


monitorado e controlado, alguns sistemas tem de 30.000 a 40.000 pontos de verificação. Eles
geralmente lidam tanto com informações analógicas como digitais ou informação de estado. Tanto
podem mandar um valor de estado (por exemplo, acionar uma bomba) como recebê-los (bomba
acionada). E a grande capacidade de processar informações do computador pode ser utilizada para
realizar seqüências complexas de operações (abrir uma válvula, e em seguida acionar uma bomba,
somente se a pressão for maior que 50).

O computador pode ser usado para compilar e mostrar os dados que estão sendo
processados. Gráficos de valores analógicos em função do tempo são muito comuns. São funções
comuns nos sistemas SCADA o gerenciamento, coleta e compilação dados em relatórios para o
operador.

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SISTEMA SCADA
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Definição Geral:

SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition (aquisição de dados e controle


supervisionados): um sistema industrial de medição e controle composto por uma estação central
(conhecida como MTU – Master Terminal Unit); um ou mais coletores de dados e unidades de
controle (conhecidas como RTU’s – Remote Terminal Units); e um pacote de software padrão ou
específico, utilizado para monitorar e controlar remotamente dados e elementos do processo.
Sistemas SCADA mais recentes possuem predominantemente características de controle em malha
aberta (open-loop) e utilizam basicamente sistemas de comunicação a longa distância, embora
alguns elementos de controle em malha fechada e/ou comunicação a curta distância também possam
ser encontrados.

Sistemas semelhantes ao SCADA são freqüentemente encontrados em fábricas, estações de


tratamento, etc. Estes são conhecidos como Sistemas de Controle Distribuído (DCS – Distributed
Control Systems). Suas funções são semelhantes às dos sistemas SCADA, porém as unidades de
coleta de dados ou de controle são geralmente localizadas em áreas mais confinadas. A
comunicação pode ser feita via rede local (LAN – Local Area Network), que é bastante confiável e
veloz. Um DCS emprega significativamente controle em malha fechada.

Os sistemas SCADA, por outro lado, normalmente cobrem extensas áreas geográficas, e
dependem de uma grande variedade de sistemas de comunicação que são menos confiáveis que uma
LAN. Nesta situação, controle em malha fechada é menos desejável.

Sistema de comunicação via rádio

Sistema baseado em telefonia

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SISTEMA SCADA
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Desta forma, SCADA é usado para monitorar e controlar uma planta ou equipamento. O
controle pode ser automático, ou iniciado por um comando do operador . A aquisição dos dados é
executada inicialmente através da leitura dos dados pelas RTUs através das entradas de dados
destas, processo que geralmente ocorre a uma alta velocidade. A MTU fará então a leitura das
RTUs (a uma velocidade inferior). Os dados são processados para se detectar condições de alarme,
e na ocorrência de um alarme, o mesmo será exibido em registros especiais de alarme. Os dados
podem ser de três tipos: analógicos (números reais) a serem plotados em gráficos; digitais (0/1) que
podem ter alarmes relacionados a um ou outro estado e pulsos que são normalmente acumulados ou
contados.

A interface primária com o operador é um display gráfico que mostra uma representação da
planta ou do equipamento. Dados imediatos são exibidos em elementos gráficos sobre um segundo
plano estático. Quando os dados mudam, os elementos gráficos que os representam são atualizados.
Por exemplo: uma válvula pode ser mostrada aberta ou fechada; um dado analógico pode ser
exibido como um número ou graficamente como uma barra. O sistema pode ter vários displays, e o
operador pode selecionar aqueles que considerar relevantes a cada momento.

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SISTEMA SCADA
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Equipamento:

Um sistema SCADA é composto por:

- Um sistema mestre central do SCADA (MTU) ;


- Uma rede de comunicação;
- As unidades remotas de telemetria (RTUs) ou CLPs;
- Instrumentação de campo.

RTUs:

Um RTU de SCADA é um pequeno computador que proporciona informatização ao chão de


fábrica, e permite à MTU se comunicar com os instrumentos de campo. Trata-se de uma unidade de
controle e aquisição de dados auto-suficiente. Sua função é controlar equipamentos em áreas
remotas, obter dados do equipamento e transferi-los para a MTU.

Existem dois tipos básicos de RTU: de placa única (single board) que é compacta e contém
todas as entradas e saídas em uma única placa; e modular, que tem um módulo de CPU separado e
pode ter módulos adicionados, normalmente plugando-os como em uma placa-mãe de um PC.

RTU de placa única

A RTU de placa única geralmente possui I/O fixos (por exemplo, 16 entradas digitais, 8
saídas digitais, 8 entradas analógicas e 4 saídas analógicas). Normalmente, não é possível expandir
sua capacidade.

A RTU modular é projetada para ser expandida através da adição de módulos adicionais.
Módulos típicos são módulos de 8 entradas analógicas, ou 8 saídas digitais, etc.

Requisitos do Hardware em uma RTU:

A RTU de um SCADA é um pequeno e rudimentar computador. Ele possui a seguinte


configuração de hardware:

• CPU e memória volátil (RAM);

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• Memória não-volátil para armazenar programas e dados;


• Capacidade de comunicação tanto por portas seriais como também com um modem
conectado;
• Suprimento de energia de segurança (bateria);
• Timer “Watchdog” (para assegurar que o RTU reinicialize se algo falhar);
• Proteção elétrica contra picos de fornecimento de energia;
• Interfaces de I/O para DI/DO/AI/Aos;
• Relógio de tempo corrente.

Requisitos de Software em um RTU:

Todos RTUs possuem os seguintes requisitos:

• Sistema operacional em tempo real, pode ser um código baseado em um grande loop lendo as
entradas e monitorando as portas de comunicação ;
• Driver para sistema de comunicação, isto é, a ligação com a MTU;
• Drivers para o sistema de I/O, os aparelhos de campo;
• Aplicativo SCADA;
• Método que permite aos aplicativos do usuário serem configurados na RTU. Pode ser um
simples ajuste de parâmetros, habilitar ou desabilitar entradas e saídas específicas ou pode ser
um ambiente completo de programação;
• Diagnósticos;
• Algumas RTU’s podem ter um sistema de arquivos com suporte para download de programas
e arquivos de configuração.

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Operação Básica:

A RTU opera lendo suas entradas de dados, normalmente a uma velocidade razoável. Pode
realizar diversos processamentos como mudanças de estado, e armazenamento da informação que
aguarda envio à MTU. Algumas RTUs podem iniciar reportando à MTU, embora seja mais comum
a situação onde a MTU contata a RTU perguntando por mudanças. A RTU também pode realizar
um certo processamento de alarmes. Quando contatada pela MTU, a RTU deve responder ao que
lhe é requisitado, que pode ser algo simples como ”me dê seus dados”, ou um complexo comando
de controle a ser executado.

PLCs vs. RTUs:

Um PLC (Controlador Lógico Programável) é um pequeno computador industrial que


originalmente substituiu lógica de relés. Ele possuía entradas e saídas similares àquelas que um
RTU tem. Os Plcs continham um programa que executava um loop, lendo as entradas e realizando
ações baseado nestas entradas. Inicialmente, os PLCs não possuíam capacidade de comunicação,
mas eles começaram a ser usados em situações em que esta característica era desejável. Desta
forma, foram desenvolvidos módulos de comunicação para os PLCs, suportando Ethernet (para ser
usado em DCS) e o protocolo de comunicação Modbus. No futuro, os PLCs deverão suportar
protocolos de comunicação cada vez mais sofisticados.

As RTUs sempre foram utilizadas em situações onde a comunicação é bastante complicada,


e a vantagem das mesmas era a habilidade para lidar com esse tipo de situação. As RTUs
originalmente tinham uma programabilidade muito fraca em relação aos PLCs, mas com o passar
do tempo, essa programabilidade tem aumentado bastante.

Atualmente, pode-se vislumbrar a fusão dos PLCs com as RTUs, mas ainda falta algum
tempo para que a distinção desapareça.

Especificações para RTU:

• Faixa de temperatura de funcionamento;


• Umidade relativa;
• Proteção contra poeira, vibração, chuva, oxidação;
• Imunidade a ruído eletromagnético;
• Tamanho;
• Consumo de energia elétrica;
• Capacidade de I/O;
• Programabilidade e configurabilidade;
• Diagnósticos – local e remoto;
• Capacidade de comunicação;
• Protocolos de comunicação;
• Funções de apoio.

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SISTEMA SCADA
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Bibliografia sobre o tema:


www.iinet.com.au/~ianw

www.scadas.com

www.telamatix.com

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