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FELIPE DE ALCÂNTARA MANZI E SAULO ROZA DA SILVA

BLOCOS COMERCIAIS E BRASIL: uma nova aproximação para


entender o crescimento

São Paulo - SP
2021
FELIPE DE ALCÂNTARA MANZI E SAULO ROZA DA SILVA

BLOCOS COMERCIAIS E BRASIL: uma nova aproximação para


entender o crescimento

Trabalho apresentado como requisito parcial


para a disciplina de economia internacional I
pela Universidade de São Paulo, Campus do
Butantã.

São Paulo - SP
2021
21
FOLHA DE APROVAÇÃO

21
“Em todas as coisas, o sucesso depende de preparação prévia."
Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.), filósofo chinês

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RESUMO

Nosso trabalho procura mostrar a revisão de literatura, tanto tradicional como


também as mais recentes para analisar os resultados dos acordos de blocos
comerciais, em especial o Mercosul e a União Europeia.

Palavras-chave: Blocos comerciais. Mercosul. União Europeia.

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ABSTRACT

Our work seeks to show literature review, both traditional and more recent, to analyze
the results of trade agreements, especially of Mercosur and European Union.
Keywords: Trading blocs. Mercosur. European Union.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Exportações ao longo tempo – Zona do Euro 18


Figura 2 – Exportações ao longo tempo – América Latina 18
Figura 3 – Exportações ao longo tempo – G7 19
Figura 4 – Exportações ao longo tempo – União Europeia 19

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variação Equivalente e seus componentes (em US$ milhões)................ 21


Tabela 2 - Variação percentual do valor adicionado por setor em cada região ........ 22

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Norma Técnicas


IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FMI Fundo Monetário Internacional
G7 Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos
NBER National Bureau of Economic Research
AER American Economic Review
UE União Europeia
EGC Equilíbrio Geral Computável
GTAP Global Trade Analysis Project

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 01
1.1 Origem do Mercosul ................................................................................ 01
1.2 Origem da União Europeia ...................................................................... 01
2 EVIDÊNCIAS INICIAIS .............................................................................. 02
2.1 Evidências do FMI.................................................................................... 03
2.2 Modelo de Equilíbrio Geral Computável...................................................04
3 CONCLUSÃO............................................................................................ 05
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 06
APÊNDICE A – TÍTULO ............................................................................ 07
ANEXO A – TÍTULO.................................................................................. 08

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1 INTRODUÇÃO

É de grande relevância a análise de blocos comerciais para compreender


o crescimento de um país, pois é uma variável relevante na renda do país.

Enfatiza Frankel (2000, pg.1) “trade has a quantitatively large and


robust, though only moderately statistically significant, positive effect
on income”

Nesse sentido, que é importante entender quais evidências já foram expostas


sobre o comércio internacional, principalmente sobre os acordos que aconteceram a
partir da década de 1990, e quais foram os resultados desses para a renda real, e
para o nível de bem-estar.
Sabemos também que os efeitos do comércio são heterogenios, ou seja, a
depender das características geográficas, populacionais e econômicas os países
terão efeitos diversos.
Como destaca Pavcnik (2017, pg. 3) “Effects of trade on earnings
are geographically concentrated and unequal within a country,
depending on the region’s exposure to import and export shocks”

Sendo assim, vamos analisar dois casos relevantes acordos comerciais do Mercosul
e da União Europeia, unilateralmente e entre si, com o objetivo de analisar o que a
literatura mais recente explica, quais limitações ainda persistem e alguns dados
recentes sobre o tema.

1.1 Origem do Mercosul

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi fundado em 1991 através do


Tratado de Assunção, cujos quatro principais objetivos são a livre circulação entre
mercadorias de países que compõem o Bloco, o estabelecimento de uma tarifa
externa comum, a coordenação de políticas setoriais e macroeconômicas entre os
Estados participantes e finalmente a busca de harmonização entre as legislações dos
membros, buscando uma maior integração. Os países fundadores são o Brasil, a
11
Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Em 2006 houve o ingresso da Venezuela, e
posteriormente, em 2015, o ingresso da Bolívia. Considerando apenas os países
fundadores, o comércio entre os países membros passou de US$ 4,5 bilhões em 1991
para US$33,5 bilhões, segundo o Ministério das Relações Exteriores Brasileiro¹.

1
https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/mercosul/saiba-mais-sobre-o-mercosul/saiba-mais-sobre-
o-mercosul#atualidade. Acessado em 25/07/2021

1.2 Origem da União Europeia

A base para a formação da União Europeia ocorreu em 1950 através da


Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, cujos países fundadores eram a
Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. posteriormente foi
instituído o chamado “Mercado Comum” após o Tratado de Roma, e o bloco passou
a se chamar Comunidade Econômica Europeia (CEE). A partir de 1970 ocorre a
entrada de novos membros, até que em 1987 é assinado o Ato Único Europeu, que
definiu um programa que duraria 6 anos e resultaria na eliminação dos entraves que
impossibilitavam o livre comércio no bloco. Em 19993 o programa é finalizado, criando
assim o Mercado Único, o qual possuía quatro liberdades: livre circulação de
mercadorias, de serviços, de pessoas e de capitais.
Em 1992 é assinado o Tratado de Maastricht, que revisou os tratados
anteriores, alterou o nome do bloco para União Europeia e criou a moeda comum do
bloco, o Euro. A livre circulação de pessoas foi autorizada a partir do Tratado de
Schengen em 1995. Atualmente a União Europeia é composta por 27 membros, após
a saída do Reino Unido em 31 de janeiro de 2020.
Segundo a EuroStat, site oficial de estatísticas da União Europeia, a UE é
a maior exportadora e a segunda maior importadora do mundo, atrás apenas da China
e dos EUA respectivamente. De acordo com o Itamaraty, o Mercosul é o oitavo
principal parceiro extrarregional da União Europeia, enquanto a UE é o segundo maior
parceiro comercial do Mercosul. Somados, os blocos representam 25% da economia
mundial e um mercado de aproximadamente 780 milhões de pessoas. É de grande

21
relevância a análise de blocos comerciais para compreender o crescimento de um
país, pois é uma variável relevante na renda do país.

2 EVIDÊNCIAS INICIAIS

Em primeiro tópico, como destacado no documento da Secretaria de


Comércio Exterior (2020, pg.8)1, por vezes as evidências do efeito do comércio podem
estar contaminadas com variáveis endógenas ainda. Por exemplo, quando um acordo
de flexibilização de alíquotas é colocado, outras medidas podem surgir em conjunto,
como colocações institucionais.
Além disso, como destacado por PAVCNIK (2017, pg.10), a diferenças,
culturais, de mercado de trabalho, de nível de educação de desigualdade entre outras
aumentam a dificuldade de compreender o efeito exclusivo das políticas de
liberalização comercial. A título de exemplo, o caso da Índia na década de 1990 que
teve uma liberalização comercial numa zona intensidade da atividade tecnológica e
os efeitos foram positivo na educação, porém no Brasil os efeitos foram negativos de
uma flexibilização ainda no longo pois na região afetada houve pouca migração local
2.

Essa dificuldade também se permeia quando tentamos entender as


correlações e causalidade entre as variáveis. Algumas análises empíricas permitiram
trazer clara correlação entre algumas variáveis com o aumento de exportações e
importações, como a renda real, desemprego, renda nominal. Porém como
propriamente destacado pelo FRANKEL, JEFFREY (2000, AER), as correlações entre
comércio e renda não podem ser tratadas plenamente como efeitos do comércio,
existem outras inúmeras variáveis endógenas que dificultam a tarefa de separa o
tema.
O autor ainda complementa a ideia colocada no texto de PAVCNIK (2017),
pois apresenta assim como ela as evidências empíricas que as mudanças geográficas
apresentam grande significância nos efeitos que o comércio para renda. Porém,

1
Acordos e aberturas estimativas e evidências, Secretaria de Comércio Exterior, 2020.
2
THE IMPACT OF TRADE ON INEQUALITY IN DEVOLOPING COUNTRIES, PAVICNIK, NINA, 2017

21
enquanto o texto de FRANKEL, JEFFREY (2000, AER) se limita as diversidades
geográficas, o texto de PAVCNIK(2017) aprofunda a análise para outras variáveis
relevantes como educação, migração interna, atividade industrial, intensidade de
trabalho tecnológico.

2.1 Evidências do FMI

Para complementar as evidências encontradas na revisão bibliográficas,


traçamos algumas correlações para os blocos comerciais, e vimos que o resultado se
repete: existe correlação, mas ela é diferente em cada um dos blocos.

2.1.1 Correlações nos blocos comerciais

Nos casos abaixo vemos claramente que os anos em que houve aumento
de exportações e importações houve também o aumento de PIB ou Gross domestic
product (GDP em inglês).
Os dados são de uma base de dados do FMI que vai até 2020, a seleção
dos grupos de países é pela definição própria do FMI sobre a maior interação
econômica: os grupos escolhidos são: Zona do Euro, América Latina, Europa e G7.
A importância de pegar diferentes de grupos de países é também para
verificar que embora algumas correlações se mantenham positivas, elas divergem
entre os grupos.

21
Figura 1 – Exportações ao longo tempo – Zona do Euro

Fonte: FMI, Autoria própria (2020)

Figura 2 – Exportações ao longo tempo – América Latina

21
Fonte: FMI, Autoria própria (2020)

Figura 3 – Exportações ao longo tempo – G7

Fonte: FMI, Autoria própria (2020)

Figura 3 – Exportações ao longo tempo – União Europeia

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Fonte: FMI, Autoria própria (2020)

Nos gráficos acima verificamos a correlação entre esperadas, entre


Produto Interno Bruto e importações ou exportações tanto de bens como serviços,
porém não evidenciamos algumas correlações que poderíamos esperar: como uma
maior correlação de serviços em alguns países mais ricos G7 em relação a América
Latina o que poderia ser esperado na Teoria de Comércio padrão. além disso,
verificamos que os termos de troca também têm relevantes correlações com o
comércio.

2.2. Modelo de Equilíbrio Geral Computável

O modelo de Equilíbrio Geral Computável, a oferta e a demanda se igualam


em todos os setores e busca maximizar a utilidade dos agentes. Ele busca entender
o impacto de uma abertura comercial ou a negociação de acordos comerciais nas
variáveis macroeconômicas de um país.
Conforme explicado no documento da Secretaria de Comércio
Exterior (2020, pg. 18)¹, “’Em um primeiro cenário, tais modelos
projetam quais seriam os valores de longo prazo das variáveis
macroeconômicas na ausência da política de abertura comercial.
Depois, em um segundo momento, realiza-se uma simulação
alternativa, que tenta prever o comportamento de longo prazo dos
agentes econômicos caso a política seja efetivada. A partir da
comparação dos valores das variáveis macroeconômicas projetados
sob estes dois tipos de cenários, chega-se às estimativas de impactos
percentuais.”

Em revisão bibliográfica sobre o tema, foi identificado o artigo de


ESCOBAR (2020) que, utilizando o Modelo EGC, buscavam estimar o impacto do
acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O autor utilizou a plataforma
Global Trade Analysis Project (GTAP), que é uma rede coordenada pelo Centro de

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Análise Comercial Global, no Departamento de Economia da Agricultura da
Universidade de Purdue e atualmente é composta por mais de 13.000 membros. Ela
busca estimar o impacto de diferentes políticas econômicas entre diferentes países
ou blocos econômicos.
Escobar (2020) comparou as transações entre os dois blocos com as tarifas
e subsídios que prevalecem atualmente com aquelas que foram definidas no acordo
de associação Mercosul-UE. Os resultados estão apresentados de forma resumida na
tabela 2.1
Tabela 2.1 – Variação Equivalente e seus componentes (em US$ milhões)

Variação
Regiões Efeito Alocativos Termos de Troca Efeito IS Equivalente
Brasil 1171 952 -141 1981
Mercosul (exceto Brasil) 37 1008 149 1193
União Europeia 1993 1362 45 3400
Fonte: Elaboração de Escobar (2020) com base nos dados do GTAP 9

A variação equivalente representa a melhora de bem-estar do Brasil e dos


respectivos blocos comerciais. É possível concluir que um acordo comercial entre os
Blocos que resulte na extinção ou na redução das taxas de importação de ambos os
blocos é benéfico para ambas as partes, tanto em termos de Produto Interno Bruto
quanto em termos de bem-estar. O autor observa também que o Brasil teria ganhos
de bem-estar maiores que o restante do bloco o qual pertence.
Mensurando o impacto no Produto Interno Bruto, a simulação feita no
GTAP resulta em um acréscimo de 1,03% para o Brasil, de 0,07% para o Restante do
Mercosul e de 0,06% para a União Europeia. A decomposição da variação percentual
nos diferentes setores da economia brasileira é apresentada na tabela 2.2., sendo os
setores bens de capital e bens primários os maiores beneficiados no Brasil.

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Tabela 2.2 – Variação percentual do valor adicionado por setor em cada região

Setor Brasil Mercosul (exceto Brasil) União Europeia


Primário 0,86% 0,37% -0,43%
Indústria de baixa tecnologia -0,49% -0,22% -0,05%
Indústria de média-baixa tecnologia -0,96% -0,94% 0,05%
Indústria de média-alta tecnologia -0,25% -2,19% 0,15%
Indústria de alta tecnologia -1,94% -3,66% 0,19%
Serviços 0,05% 0,16% 0,00%
Bens de Capital 1,17% 1,30% 0,02%
Fonte: Elaboração de Escobar (2020) com base nos dados do GTAP 9

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3 CONCLUSÃO

Dado as análises empíricas mais recentes, percebemos que segmentar os


efeitos do aumento de comércio são difíceis de verificar, ainda mais comércio a partir
dos blocos comerciais. Como verificado já na década de 1990 e ainda presente
LEANER, EDWARD (1992, NBER) precisamos balancear melhor entre os problemas
a teoria e os dados. 3
Contudo, algumas correlações importantes são perceptíveis, e a análise
verificada a partir de cada acordo comercial pode instaurar outras intuições
importantes na hora de desenvolver políticas de flexibilização comercial.
A partir dos dados compilados na plataforma GTAP, é esperado que o
acordo entre o Mercosul e a União Europeia resulte em benefícios tanto no bem-estar
quanto no Produto Interno Bruto em ambos os blocos, caso as tarifas apresentadas
no acordo proposto inicialmente e que ainda necessitam serem aprovadas nos
respectivos países integrantes de ambos os blocos se mantenham.

3
TESTING TRADE THOERY, NBER WORKING PAPER, Edward Learner
21
REFERÊNCIAS
LEANER, EDWARD.Testing trade theory: informação e documentação: artigo em
publicação periódica técnica e/ou científica: NBER. Los Angeles, CA : 1992. p. 2.

FRANKEL, JEFFREY. Does Trade Cause Growth?. 1992. informação e


documentação: artigo em publicação periódica técnica e/ou científica: AER, Disponível
em: https://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/aer.89.3.379. Acesso em: 15 de
Julho de 2021.

NINA, PAVCNIK. THE TRADE IMPACT ON INEQUALITY IN DEVELOPING


COUNTRIES: informação e documentação: artigo em publicação periódica técnica
e/ou científica: NBER. Cambridge, MA : 2017. p. 5.

ESCOBAR, PEDRO GIORGINI. MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA – UM ESTUDO


SOBRE O ACORDO DE ASSOCIAÇÃO. 2020. Monografia ( Bacharelado em
Ciências Econônmicas ) – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e
Gestão de Políticas Públicas, Universidade de Brasília. Brasília, DF : 2020.

21

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