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EDITORA CRV
Curitiba - Brasil
2017
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Editora CRV
Revisão: O Autor
C912
Bibliografia
ISBN 978-85-444-1803-1
DOI
CDD 327.172
327
CDU 327 341
341.123 341.23
327(042.3) 341.73
Índice para catálogo sistemático
1. Relações Internacionais - 327
2017
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
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Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
PREFÁCIO 13
INTRODUÇÃO 19
CAPÍTULO I
ATORES INTERNACIONAIS E PODER: elementos de introdução 25
CAPÍTULO II
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS E SEUS ÓRGÃOS 47
CAPÍTULO III
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS E O DILEMA ENTRE
O USO DO PODER E OS SEUS OBJETIVOS DE PAZ 75
CONSIDERAÇÕES FINAIS 99
REFERÊNCIAS 105
ANEXOS
ANEXO A 115
ANEXO B 123
ANEXO C 137
PREFÁCIO
O cenário contemporâneo encontra-se marcado por um conjunto de des-
conhecidos fenômenos e de seus inusitados efeitos, entre eles, destacando-se a
globalização1, multilateralismo, novos regionalismos2, redes transnacionais3 e
uma multiplicidade de emergentes atores não estatais4, assinalando-se ênfase
à relevância alcançada pelas Organizações Internacionais5, ao conquistar
significativos espaços de autonomia econômica, governança política e de
singular protagonismo junto a sociedade global.
Nesse sentido e em âmbito fenomenológico, a temática da presente obra
que temos a mais elevada honra e a grata satisfação de prefaciar, de autoria de
Lademir José Cremonini, nosso aluno e orientando do curso de mestrado em
Direito da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó),
situa-se dentro desse universo de conhecimento, ao selecionar como objeto
de pesquisa uma dessas coletividades internacionais – Organização das Na-
ções Unidas (ONU) – propondo-se a analisá-la sob a égide de seu complexo
protagonismo de poder e, de outro lado, abordando-a como um dos mais
importantes atores internacionais não estatais da atualidade.
Na realização de seu trabalho, o empenhado autor preocupou-se inicial-
mente em estudar a questão difusa do poder, conceitos e diferentes tipologias
e, em um segundo momento, a perquirir sobre os tipos de poder utilizados,
tanto pela ONU – vista como uma coletividade aberta e que congrega 193
associados estatais – como por um de seus polêmicos organismos, o criticado
Conselho de Segurança.
Na continuidade, por meio de concentrado viés analítico, Cremonini
passou a observar como a ONU e o seu Conselho de Segurança utilizam o
poder, nesse sentido privilegiando duas modalidades de análises, as acepções
conhecidas como o poder para (cooperação, diplomacia e consenso) e como
o poder sobre (dominação, subordinação, conflito de interesse), anotando,
dessa modo, que a primeira usa a forma simétrica do poder para, vale dizer,
do poder brando, enquanto que o segundo dá preferência a assimetria do poder
sobre, ou seja, de um poder duro6. Seu trabalho de pesquisa sinaliza-se por
esse último tipo de poder.
1 Ver: OLIVEIRA, Odete Maria de. Teorias Globais: elementos e estruturas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. v. I.
2 Ver: OLIVEIRA, Odete Maria de. Velhos e novos regionalismos. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.
3 Ver: OLIVEIRA, Odete Maria de (Org.). Relações internacionais, direito e poder: atores não estatais na era
da rede global. Ijuí: Ed. Unijuí, 2016. v. III.
4 Ver: OLIVEIRA, Odete Maria de (Org.). Relações internacionais, direito e poder: cenários e protagonismos
dos atores não estatais. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014. v. I.
5 Ver: CUENCAS CANCINO, Francisco. Tratado sobre la Organización Internacional. México: Editorial Jus, 1982.
6 Ver: OLSSON, Giovanni. O poder político e a sociedade internacional contemporânea: governança global
com e sem governo e seus desafios e possibilidades. Ijuí: Ed. Unijí, 2007.
14
especializados desde a sua origem até o momento atual e que foram de ex-
traordinária importância à concretização desta rica obra.
A ortodoxia do uso indiscriminado do poder de veto pelo Conselho de
Segurança, ocorrendo em ações afirmativas e negativas, magicamente podendo
desmembrar-se e surtir os mesmos efeitos por omissões dos Conselheiros,
provoca sérios prejuízos e muitos dilemas às resoluções e demais atos deter-
minativos da ONU, principalmente quanto ao cumprimento de seus objetivos
políticos de guardiã da paz de seus Estados-membros7.
Como bem anotado por Lademir José Cremonini, o modo sui generis de
atuação do Conselho de Segurança, caracterizando-se pelos resultados de temas
constates em resoluções vetadas ou negligenciadas pelo uso discricionário
do veto – poder sobre – contraria frontalmente o cumprimento dos objetivos
declarados na Carta da Paz de 1945 pela ONU.
O Conselho de Segurança, como observa o autor, apresenta estrutura
curiosa, repleta de muitas minúcias e sutilezas, muitas vezes ocupando-se na
materialização de interesses personalizados dos cinco Conselheiros perma-
nentes, o que impede o pleno, eficiente e esperado desempenho da ONU como
uma associação propulsora da paz, caracterizando-se como uma organização
internacional orgânica8, de vocação geral e natureza universal, objetivando
a aproximação, a cooperação e a sustentabilidade entre os seus associados.
Evidentemente, trata-se aqui de objetivos opostos e contraditórios entre si.
Além disso, o forte protagonismo do Conselho de Segurança não só intimida
e interfere, como ainda debilita e fragmenta a abrangente e humanista atuação
institucional da Organização das Nações Unidas, de vocação política de paz
e harmonia entre os seus membros, originando ainda intrigante fenômeno
dialético entre a própria organização internacional pacificadora denominada
ONU e o determinante protagonismo do poder de veto de um de seus próprios
organismo, o monocrático Conselho de Segurança.
Nesse sentido, o Conselho de Segurança – criado pela ONU – constitui
uma estranha realidade. Encistado no seu próprio cerne e ai coexiste de forma
contraditória e paradoxal, de um lado, tendo a sua estrutura expressa na Carta
de 45 e, de outro, orientando-se e se mantendo por meio do uso impactante do
poder de veto, cenário que fortalece o seu polêmico e extraordinário império
de poder e determinação.
7 Ver: OLIVEIRA, Odete Maria de. Organizações internacionais e a ONU: o paradoxo do poder de veto do
Conselho de Segurança. In: Mercadante, Araminta de Azevedo; Magalhães, José Carlos de. (Orgs.). Refle-
xões sobre os 60 anos da ONU. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005. p. 193-239.
8 Ver: STOLT, Elton Diego. Organizações internacionais: a dialética de suas associações formais e informais.
In: Oliveira, Odete Maria de (Org.). Organizações internacionais e seus dilemas formais e informais: a
construção da arquitetura de resistência global. Ijuí: Ed. Unijuí, 2012. p. 35-75.
16
9 Ver: NOSCHANG, Patricia Grazziotin. Organizações internacionais de natureza universal: a Organização das
Nações Unidas – da crise à crise. In: Oliveira, Odete Maria de (Org.). Organizações internacionais e seus
dilemas formais e informais: a construção da arquitetura da resistência global. Ijuí: Ed. Unijuí, 2012, p. 77-118.
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 17
10 Ver: CUEVAS CANCINO, Francisco. Tratado sobre la Organización Internacional. México: Editorial Jus,
1982. p. 141.
11 Ver: <https://doaks.org>. Acesso em: 22 ago. 2017.
INTRODUÇÃO
1 A ONU possui outros órgãos, agências e fundos, com funções julgadoras e/ou executoras, devendo seguir
as diretrizes da Assembleia Geral ou do Conselho de Segurança, conforme matéria.
2 “Uma resolução do Conselho de Segurança é aprovada se tiver maioria de 9 dos quinze membros, inclu-
sive os cinco membros permanentes. Um voto negativo de um membro permanente configura um veto à
resolução. A abstenção de um membro permanente não configura veto” (VIEIRA, 2009, p. 6).
20
sua atual estrutura e os efeitos do poder sobre usado nas atuações de suas funções.
Para alcançá-lo, o tema é estudado com base em três objetivos específicos, que
coincidem com a sequência de ordenação dos capítulos. O primeiro objetivo
consiste em apresentar um estudo de introdução sobre os atores internacionais
– conceito e tipologia; as Organizações Internacionais como atores não estatais
– antecedentes históricos, conceito, evolução e critérios de classificação; e a
questão do poder sobre, precedentes históricos e perspectivas contemporâneas.
O segundo versa sobre a ONU e seus órgãos, com abordagem histórica e de
evolução, que permitem compreender os objetivos e intenção da sua criação,
bem como as questões polêmicas que definiram a forma, composição e as atri-
buições dos seus órgãos. O terceiro aborda o fenômeno do poder e verifica que
a concepção do denominado poder sobre, tal qual utilizada pelo Conselho de
Segurança, limita e dificulta o seu protagonismo de ator não estatal, condutor
da paz entre os seus Estados-Membros e seus povos.
O tema desta pesquisa envolve-se com distintos assuntos: atores in-
ternacionais, estatais e não estatais, organizações internacionais, em que se
encontra inserida a ONU, bem como com a questão da tipologia de poder
usada pelos diferentes órgãos que a compõem. Seu estudo, por esse motivo,
requer ferramental teórico diverso para contemplar as diferentes categorias
conceituais, não apresentando marco teórico único ou teoria de base especí-
fica, mas abrangendo teorias e obras de autores clássicos e contemporâneos
renomados nesses assuntos.
A interdisciplinaridade do tema, contemplando os assuntos desta obra,
mesmo com substancial recorte, abrangerá diferentes referenciais teóricos,
sinalizados entre os atores internacionais, Organizações Internacionais, Or-
ganização das Nações Unidas, poder e a tipologia do poder sobre.
A pesquisa apresenta conceitos de diversos autores no decorrer do seu
texto, mas importante trazer neste momento alguns mais significativos:
– Ator internacional: “aquela unidade do sistema internacional (entidade,
grupo, indivíduo) que tem habilidade para mobilizar recursos que lhe permi-
tem alcançar seus objetivos e capacidade para exercer influência sobre outros
atores do sistema e que goza de certa autonomia” (BARBÉ, 1995, p. 117);
– Organizações Internacionais: “São uma associação, de três ou mais
Estados, criadas por meio de acordos internacionais, para atender objetivos
comuns, e dotadas de estruturas institucionais com órgãos permanentes,
próprios e independentes dos Estados-Membros” (BARBÉ, 2013, p. 192).
“São associações voluntárias de estados, criadas por acordos internacionais,
dotadas de órgãos permanentes, próprios e independentes, responsáveis pela
gestão dos interesses coletivos e capazes de expressar vontade juridicamente
distinta da dos seus membros” (DIEZ DE VELASCO, 1999, p. 43).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 23
3 Na elaboração de livro, foram utilizados basicamente os seguintes subsídios metodológicos: OLIVEIRA, Olga
Maria Boschi Aguiar de. Monografia jurídica. 3. ed. Porto Alegre: Síntese, 2003. 200 p. | DEMO, Pedro. Pes-
quisa e construção de conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. 214 p. | LAKATOS, Eva
Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992.
CAPÍTULO I
ATORES INTERNACIONAIS E PODER:
elementos de introdução
O presente capítulo objetiva abordar o tema atores internacionais, com
ênfase em sua conceituação e tipologia, concentrando-se nos estudos dos atores
não estatais, dos quais a Organização das Nações Unidas (ONU) constitui um dos
seus destacados e reconhecidos agentes de natureza universal. Buscará focalizar
essa temática desde uma visão clássica de ator internacional até o momento
contemporâneo e a multiplicidade de atores que transitam nesse novo cenário
global em rede. Esta abordagem tem o fim específico de reunir elementos teóri-
cos para servir de alicerce e fundamentação aos demais capítulos deste estudo.
Em seguida, adentra-se no tema das Organizações Internacionais, foca-
lizando função, natureza, elementos e conceito.
Do mesmo modo, como prólogo do estudo do poder, na sequência,
apresentam-se os conceitos de poder sobre e poder para, gêneros da espécie
poder, fundamentados principalmente nas concepções de Hobbes (2004) e
Weber (1994) para o poder sobre e de Arendt (1970a, 1985) e Parsons (1963)
para o poder para. Este estudo possibilitará a análise acerca da existência ou
não desses tipos do poder dentro do Conselho de Segurança e sobre como são
utilizados, vislumbrando-se, finalmente, suas consequências.
por mais que essa estrutura ainda permaneça, deve-se notar também outros
dois tipos de sociedade: aquela baseada em interesses comuns e a sociedade
parcialmente organizada. Alerta, ainda, para a necessidade de não se subesti-
mar, de modo algum, o impacto da presença das organizações internacionais
na sociedade internacional contemporânea e no direito internacional.
Esse reconhecimento da existência de mais atores no cenário internacional
contemporâneo – um deles, as organizações internacionais –, não só por parte de
Ridruejo (2015) mas também por outros autores como Diez de Velasco (1999),
Merle (1981), Barbé (1995, 2007, 2013), entre outros, comprova que os Estados
abriram mão de parte da sua autonomia, repassando-a às OIs, criadas por eles
mesmos. Essa transferência de atribuições estatais às OIs, na teoria, configura,
objetiva o bem comum – cooperação –, buscando benefício a todos os Estados
integrantes de uma OI, com a finalidade de resolver assuntos estratégicos e
específicos, dependendo do objetivo de cada uma dessas coletividades.
Nota-se que, se Estados aceitam mitigar seu poder ao criar as OIs, no
entanto, reservam participação indireta ao conceder-lhes funções limitadas e
definidas nas suas cartas de constituição, não lhes permitindo autonomia plena.
Ridruejo (2015, p. 705) anota que o caráter interestatal de uma organização
internacional supõe que os órgãos mais importantes são de composição in-
tergovernamental, ou seja, estão compostos por representantes dos governos
dos Estados-Membros. No entanto, existem outros órgãos, como a secretaria
geral, que obviamente não representam um governo específico; igualmente
órgãos judiciais, formados por pessoas independentes que atuam de forma
pessoal, e órgãos parlamentares eleitos, inclusive por votação direta entre os
cidadãos dos Estados-Membros, etc. Essa complexa estrutura, comum nas OIs,
proporciona autonomia e independência em relação aos Estados-Membros, se
não em todos os órgãos, na maioria deles, dando vida própria às OIs.
Merle, ao estudar os aspectos comuns das OIs, afirma que “são cria-
das e constituídas por Estados e animadas por representantes dos governos
qualificados para agir em nome desses Estados” (1981, p. 257). Outro ponto
importante para o autor é o fato de que existe uma ausência de delegação de
poderes nos órgãos, principalmente administrativos, que garante a permanência
efetiva da instituição. Como exemplo, cita os “secretariados”, que não passam
de peças administrativas encarregadas das tarefas de ligação e de execução,
mas sem autoridade possível de impor-se aos Estados-Membros, restando
somente exercer autoridade moral – e isso somente quando as circunstâncias
possibilitam essa atitude, normalmente quando o equilíbrio de forças oferece
um campo de influência a uma personalidade também influente. Merle arre-
mata dizendo que, “em seu conjunto, as OIs são, portanto, dominadas pelos
Estados que as fundaram e que são seus membros exclusivos” (1981, p. 257).
32
6 Ao julgar o direito, para a ONU, de apresentar uma queixa destinada a cobrir os prejuízos causados pela
perda de um dos seus agentes (no caso, o conde Bernadotte, mediador da ONU, na Palestina, assassinado
no exercício das suas funções), a Corte Internacional de Justiça teve de se pronunciar sobre a personali-
dade jurídica da ONU (MERLE, 1981, p. 261).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 33
7 “A organização das sociedades humanas foi impregnada, a partir de meados do século XVII, pelo modelo do
Estado que alcançou seu apogeu no século XIX e, apesar dos prematuros anúncios de seu declínio, constitui
modelo exclusivo de organização dos agrupamentos humanos. Percebido por muitos como sendo uma simples
categoria histórica e um fenômeno passageiro destinado a desaparecer, o Estado adquiriu, no século XX, ao
contrário, densidade e se multiplicou esquartejando a totalidade da face da Terra” (SEITENFUS, 2012, p. 35-36).
8 A contribuição ímpar de Hobbes vem da criação do Estado-Nação, o que ele identificou semelhante à figura
da mitologia grega do Leviatã, o qual teria o “monopólio da violência legítima”, para administrar as lutas
pelo poder entre os seus indivíduos, entre estes e o Estado, bem como as lides entre os próprios Estados
(OLSSON, 2014, p. 138-9).
9 Contudo, para fazer frente à complexidade crescente das relações internacionais – extraordinária teia que
envolve múltiplos aspectos e interesses –, os Estados decidiram criar novas instituições decorrentes dos
liames permanentes que surgem entre eles e que fossem capazes de levar adiante ações de interesse
comum. Portanto, essas organizações constituem um elemento novo externo aos Estados, detentoras de
uma existência objetiva de natureza internacional. Em outras palavras, o fenômeno que nos interessa é
algo decorrente da vontade do Estado mas que se encontra além dele (SEITENFUS, 2012, p. 35-36).
34
Desta forma, com estrutura própria, bem como pelos reflexos da sua atuação
na sociedade internacional contemporânea, as OIs, mesmo que representando
Estados, podem ser consideradas independentes destes, como atores interna-
cionais não governamentais. Apesar de criadas pelos Estados, possuem auto-
nomia de decisões, sedes próprias, agendas e ações particulares – muitas vezes
antagônicas às de alguns dos Estados-Membros –, evidenciando sua autonomia.
Outro ponto importante para definição das OIs, segundo Ridruejo (2005,
p. 704), é a necessidade de verificação de certos elementos característicos que
devem fazer parte dessa definição, sendo um consenso entre os doutrinadores
a existência de seis objetivos: caráter interestatal; base voluntária; órgãos
permanentes; autonomia para tomada de decisões; competências próprias;
cooperação internacional institucionalizada11. E é a essa corrente que Barbé
(2013, p. 192) se filia, dizendo que as organizações internacionais são uma
associação, de três ou mais Estados, criada por meio de acordos internacio-
nais, para atender objetivos comuns, e dotada de estruturas institucionais com
órgãos permanentes, próprios e independentes dos Estados-Membros.
Seitenfus, tratando da formação das OIs, anota que são “uma associa-
ção voluntária entre Estados, constituída através de um tratado que prevê
um aparelhamento institucional permanente”, bem como dotada “de uma
personalidade jurídica distinta dos Estados que a compõem”; já quanto ao
motivo de criação, elas têm o “objetivo de buscar interesses comuns, através
da cooperação entre seus membros” (2012, p. 56-57).
Para Diez de Velasco, organizações internacionais “são associações
voluntárias de Estados, criadas por acordos internacionais, dotadas de órgãos
permanentes, próprios e independentes, responsáveis pela gestão dos interesses
coletivos e capazes de expressar vontade juridicamente distinta da dos seus
membros” (1999, p. 44). Ao construir esse conceito de “OI”, o autor também
adere à corrente dos que optam em observar alguns elementos essenciais
comuns nessas organizações; no entanto, diferentemente de Ridruejo (2005,
p. 704), menciona somente quatro características essenciais: uma composição
essencialmente entre Estados; uma base jurídica geralmente convencional;
uma estrutura orgânica permanente e independente; e autonomia jurídica12.
Nesse contexto, este estudo, a fim de entender o uso do poder no Conselho
de Segurança, abraçará o conceito desenvolvido por Barbé (2013, p. 192), já
delineado anteriormente. A escolha justifica-se devido ao conceito de Barbé
(2013) atender os elementos característicos das OIs.
11 Ver mais sobre os seis objetivos característicos das OIs na obra RIDRUEJO, José Antonio Pastor. Curso de
derecho internacional público e organizaciones internacionales. 19. ed. Madrid: Tecnos, 2015. p. 704-707.
12 Ver a definição de cada característica em DIEZ DE VELASCO, Manuel. Las organizaciones internacio-
nales. 12. ed. Madrid: Tecnos, 1999. p. 44-47.
36
18 Ver CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Trad. Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
40
(2007, p. 148), “pode-se reconhecer que Weber foi um dos primeiros teóricos
a sistematizar o poder como uma categoria conflitual”20; já o poder consensual
“remonta a Aristóteles”21.
Na concepção assimétrica (poder sobre), “o poder pressupõe conflitos
de interesses em torno de vantagens, estabelecendo relação de controle, supe-
rioridade ou subordinação de um agente sobre o outro, no qual um ganha na
proporção da perda do outro, como um jogo de soma-zero”. Já na concepção
simétrica (poder para), “o poder é uma ‘capacidade coletiva’ firmada sobre
um consenso, em que todos podem ganhar como um jogo de soma positiva.
Concebe, portanto, um poder para, fundado na ação ou estrutura coletiva e
de natureza produtiva” (DYRBERG, 1997, p. 2-3).
Do ponto de vista de como o poder se expressa em uma sociedade, tem-
-se a classificação de poder pela interação ou constituição, apresentada por
Barnett e Duvall (2005, p. 9). Quando o poder se dá pela interação, funciona
por meio de relações comportamentais, que, por sua vez, afetam a capacidade
dos outros para controlar as circunstâncias de sua existência; nessa concepção,
o poder se torna um atributo que um ator possui e pode usar conscientemente
como um recurso para moldar as ações ou condições da ação dos outros. Nas
relações sociais de constituição, o poder funciona por meio de relações sociais
que analiticamente antecedem as posições sociais e até mesmo os próprios
sujeitos (atores); são as relações sociais que organizam as posições sociais e
que fazem originarem-se novos atores, com capacidades e interesses próprios.
As relações constitutivas não podem ser reduzidas a atributos de ações ou
interações de atores preexistentes. Aqui, o poder é basicamente social, que
constitui, que faz brotar. Assim, o trabalho dos constitutivistas busca exami-
nar e analisar como as relações sociais são responsáveis pela produção de
determinados tipos de atores (BARNETT; DUVALL, 2005).
O conceito de “poder” enraizado no comportamento de interação aponta
para exercício do controle sobre os outros atores; ele é, então, poder sobre. Já
o conceito de “poder” ligado a relações sociais de constituição, em contraste,
considera que são as relações sociais que definem quem são os atores e quais
as capacidades e as práticas que estão socialmente habilitados a realizar. Esse
conceito, com foco na produção social de atores, constitui o poder para, se-
gundo os autores citados (BARNETT; DUVALL, 2005, p. 9-10).
20 Para Weber, poder é “toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra
resistências” (1994, p. 33).
21 Na obra aristotélica, não existe expressamente o termo poder para, mas intrinsicamente observasse a sua exis-
tência. Aristóteles (2006), ao afirmar que o “homem é um animal cívico”, entende que tem o poder da palavra e
que naturalmente se integra às famílias, cidades, Estado. Assevera que “As sociedades domésticas e os indiví-
duos não são senão as partes integrantes das Cidades, todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por
seus poderes e suas funções, e todas inúteisquando desarticuladas” (ARISTÓTELES, 2006, p. 5).
42
22 “Power is here conceived as a circulating medium, analogous to money, within what is called the political
system, but notably over its boundaries into all three of the other neighboring functional subsystems of a
society (as I conceive them), the economic, integrative, and pattern maintenance systems. Specification of
the properties of power can best be approached through an attempt to delineate very briefly the relevant
properties of money as such a medium in the economy” (PARSONS, 1963, p. 235).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 43
23 “Here the resources are not land, labor, capital, and organization, but valuation of effectiveness, control of
productivity, structured demands and the patterning of legitimation” (PARSONS, 1963, p. 236).
24 “Again we will hold that the logic is strictly parallel to the economic case, i.e. that there should be a set of
political categories strictly parallel to those of the factors of production (inputs) on the one hand, the shares
of income (outputs) on the other” (PARSONS, 1963, p. 234).
25 “It is symbolic in that, though measuring and thus ‘standing for’ economic value or utility, it does not itself
possess utility in the primary consumption sense-it has no ‘value in use’ but only ‘in exchange’, i.e. for pos-
session of things having utility” (PARSONS, 1963, p. 237).
26 “The capacity to secure compliance must, if it is to be called power in my sense, be generalized and not
solely a function of one particular sanctioning act which the user is in a position to impose, and the medium
used must be ‘symbolic’” (PARSONS, 1963, p. 237-238).
27 “Power then is generalized capacity to secure the performance of binding obligations by units in a system
of collective organization when the obligations are legitimized with reference to their bearing on collective
goals and where in case of recalcitrance there is a presumption of enforcement by negative situational
sanctions-whatever the actual agency of that enforcement” (PARSONS, 1963, p. 237).
44
obrigação fica com nada de valor mas garante uma expectativa de no futuro
gozar de benefícios coletivos consensuais acordados. O simbolismo do poder
é o mesmo do dinheiro, apoiado sobre bases de legitimação. Por conseguinte,
em sistemas de poder, essa base é o fator paralelo à confiança na aceitabilidade
e no consenso para alcançar objetivos coletivos; enquanto que, no sistema
econômico, é a estabilidade da unidade monetária28.
Em resumo, Parsons (1963) abandona a tradicional imagem do poder como
conflito, não possibilitando análises do contrapoder ou poder de resistência,
ou outras questões como influência e eficácia, etc.; aborda-o, pois, como um
consenso que resultará em benefícios comuns a todos. Seu conceito de “po-
der” assim se expressa: “A capacidade generalizada de garantir a eficiência de
obrigações vinculantes entre unidades em um sistema de organização coletiva,
quando as obrigações são legitimadas com referência a sua relevância para
objetivos coletivos” (PARSONS, 1963, p. 306).
Ressalta-se que Parsons (1963) e Arendt (1970a) conjugam pensamentos
muito semelhantes, no sentido de afirmar que o poder deve ser consensual,
e esse consenso só poderá ser alcançado com interação social, cooperação,
associação, etc. Nesse ponto, Habermas (1997, p. 187), ao referir-se à afirma-
ção de Arendt (1970b, p. 45) de que “o poder nasce da capacidade humana
de agir ou de fazer algo, de se associar com outros e de agir em afinação
com eles”, observa que isso somente “pode formar-se em esferas públicas,
surgindo de estruturas da intersubjetividade intacta de uma comunicação não
deformada”. E, assim, completa o pensamento de Arendt (1970b) anotando
que o consenso, o agir, a comunicação, a associação são pontos que resultam
em um poder legítimo, portanto, diferentemente dos contratualistas, cujos
maiores expoentes são Thomas Hobbes e Max Weber. O novo paradigma do
poder será exercido de forma consensual e não violenta; é um poder para,
em contrapartida à posição clássica do poder sobre.
Olsson e Salles (2015, p. 484), ao discorrerem sobre essas duas noções,
anotam que “a introdução dessas categorias constitui uma autêntica revolução
epistemológica no estudo do poder [...], e não se trata de dois fenômenos dis-
tintos, mas sim do mesmo, em duas feições diversas, ou em outras palavras,
duas espécies do mesmo gênero”. Essa afirmação é de relevante importância
didática, porque revela a existência de um tema, que é o poder, dividido na
interface de poder sobre e poder para.
28 “Secondly, I have spoken of power as involving legitimation. This is, in the present context, the necessary
consequence of conceiving power as ‘symbolic’, which therefore, if it is exchanged for something intrinsi-
cally valuable for collective effectiveness, namely compliance with an obligation, leaves the recipient, the
performer of the obligation, with ‘nothing of value’” (PARSONS, 1963, p. 306).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 45
29 Ver mais sobre a morfologia das organizações internacionais na obra TRUYOL Y SERRA, Antônio. La Organi-
zación Mundial en perspectiva histórica: idea Y realidad. In: ONU, año XX, 1946-1966. Madrid: Tecnos, 1966.
48
31 Para ver mais sobre a Paz da Westfália, consultar o livro BEDIN, Gilmar Antônio. A sociedade internacio-
nal e o século XXI: em busca da construção de uma ordem mundial justa e solidária. Ijuí: Unijuí, 2001.
50
32 1. Evacuação e restauração da Bélgica sem qualquer restrição à sua soberania; 2. Evacuação do território
Francês, restauração das regiões invadidas e reparação dos prejuízos causados à França em 1871, relati-
vamente à Alsácia-Lorena; 3. Evacuação do território Russo e livre regulação dos seus destinos políticos;
4. Retificação das fronteiras Italianas, conforme o princípio das nacionalidades; 5. Possibilidade de um
desenvolvimento autônomo para os povos da Áustria-Hungria; 6. Evacuação da Romênia, da Sérvia e do
Montenegro e concessão à Sérvia de uma comunicação marítima; 7. Limitação da soberania Otomana às
regiões genuinamente Turcas, com autonomia para todas as outras nacionalidades e garantias internacio-
nais para o livre-trânsito nos Dardanelos; 8. Independência da Polônia com livre acesso ao mar; 9. Criação
de uma SDN, oferecendo garantias mútuas de independência política e de integridade territorial, não só
aos grandes como aos pequenos Estados; 10. Regulação imparcial das questões coloniais; 11. Garantias
recíprocas para a redução dos armamentos; 12. Supressão, na medida do possível, das barreiras eco-
nômicas, igualdade comercial para todos os Estados; 13. Liberdade de navegação; 14. Publicidade dos
Tratados e consequente abolição das alianças secretas entre os Estados.
33 “Uma Sociedade geral das nações deveria ser formada por meio de convenções formais, tendo como fim assegurar
garantias recíprocas de independência política e territorial, tanto aos pequenos como aos grandes Estados”.
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 51
34 “De facto, como materialização mais concreta dos termos de Versalhes, constava a responsabilização da
Alemanha pelo eclodir do conflito, sendo obrigada a uma indenização de guerra a todos os Estados rivais,
à perda das suas colónias, marinha de guerra e força aérea, redução do exército a um máximo de 100.000
homens e ao seu território em cerca de 30% (relativamente ao início da guerra)” (XAVIER et al., 2007, p.
23). “Cessão de territórios, renúncia às colônias, desarmamento, pesadas reparações de guerra, definição
de um corredor polonês a dividir o território alemão, são algumas das condições que levaram vozes impor-
tantes na Alemanha a considerar Versalhes como um simples acerto de contas, augurando dificuldades na
sua aplicação” (SEITENFUS, 2012, p. 267).
35 “O episódio da ocupação alemã do território livre de Dantzig, em primeiro de setembro de 1939, que
determinou, dois dias depois, o início da Segunda Guerra Mundial, foi o ponto de ruptura da política de
contemporização dos países democráticos” (SEITENFUS, 2012, p. 314).
36 “No preâmbulo da ata de sua constituição foram fixados os objetivos principais da LEIGA: garantir a paz e se-
gurança internacionais; a cooperação entre as nações; a integridade territorial e a independência política de sus
membros por meio de compromissos de jamais recorrerem a à guerra; observância do Direito Internacional
como norma de conduta efetiva dos governos e respeito às obrigações pactuadas” (ARAÚJO, 1971, p. 24).
52
37 Durante vários meses, o presidente se esforça para convencer legisladores e opinião pública do acerto de sua
política externa. Ora, os ventos do isolamento parecem predominar. Em setembro de 1920, Wilson sofre um ata-
que que o torna paralítico. Logo a seguir, o Tratado de Versalhes é votado no Senado e não consegue alcançar
a maioria de 2/3 necessária à sua aprovação. A SDN parece ser natimorta (SEITENFUS, 2012, p. 272).
38 A Doutrina Monroe teve início no momento em que o presidente norte-americano James Monroe, em visita ao
congresso do seu país, em 2 de dezembro de 1823, emitiu esta mensagem: “Julgamos propícia esta ocasião
para afirmar como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes ameri-
canos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser conside-
rados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência europeia” (BORGA, 2016, p. 17).
39 “Assim, todos os Estados-Membros da SDN ‘concordam em que, se entre eles surgir uma controvérsia suscetível
de produzir uma ruptura, submeterão o caso seja ao processo da arbitragem ou a uma solução judiciária, seja
ao exame do Conselho’ (art. 12, § 1º). Um Estado-Membro que porventura não venha a acolher nenhuma forma
indicada para a solução pacífica do litígio não poderá recorrer à guerra contra o outro Estado litigante caso este
tenha se conformado com a decisão judiciária ou do Conselho (art. 13, § 4º)” (SEITENFUS, 2012, p. 279).
40 “Conjugada à ausência de sanção material para os infratores, esta disposição do Pacto libera de qualquer
ameaça os eventuais agressores que são Estados-Membros da associação. A consequência prática foi o
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 53
encorajamento à agressão, pois bastava o Estado agressor retirar-se da Liga para que não fosse alcançado
pelo princípio da segurança coletiva. Ou ainda, um Estado que não estivesse satisfeito com as condições
da Liga poderia se auto-excluir. O primeiro a fazê-lo foi o Brasil, em 1926” (SEITENFUS, 2012, p. 275-276).
54
41 “La Sociedad de Naciones se disolvió formalmente el día 18 de abril de 1946. Los vencedores de la se-
gunda guerra mundial no quisieron revitalizar un organismo altamente desprestigiado y preferirán crear una
organización nueva, las Naciones Unidas; los bienes de aquélla, sin embargo, fueron transferidos a esta
última Organización” (RIDRUEJO, 2015, p. 738). “Com a eclosão da segunda Guerra Mundial, em 1939, a
SDN cessou de fato a sua atividade regular. A dissolução de jure obedeceu à convocação de uma sessão
da Assembleia, em Genebra, entre os dias 8 e 18 de Abril de 1946, onde formalmente se transferiram os
bens e recursos da extinta SDN para a já criada ONU” (XAVIER et al., 2007, p. 27).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 55
47 “The policemen would operate out of a station house run by an international organization, but it would be
the strength and unity of the policemen that gave that organization its vitality. He did not mind fitting his
scheme into the framework of some kind of league of Nations, but he envisioned a league of awesome
power” (MEISLER, 1997, p. 3).
48 Ver Meisler (1997, p. 5-6) para saber dos meandros mais íntimos da Conferência de Dumbarton Oaks:
quem estava à frente dos trabalhos, como eram bajulados os convidados dos EUA e outros fatos curiosos,
como a ida da delegação para Nova Yorque em um fim de semana para conhecer a cidade, o que incluiu a
visita à boate Billie Rose após a meia-noite, quando lá encontravam-se garotas seminuas.
58
49 A França não teve o assento imediato; ver as causas em Hilderbrand (1990, p. 123).
50 A pedido de Roosevelt, que estava esperando moldar um novo campeão latino-americano tal como a China na
Ásia, Stettinius sugeriu que o Brasil fosse um membro permanente do Conselho de Segurança como o sexto
“policial”. Cadogan e Gromyko se opuseram, e o assunto foi arquivado. Roosevelt, no entanto, disse a Stettinius
que o Brasil ainda era uma carta na manga para as negociações em Dumbarton Oaks (MEISLER, 1997, p. 9).
51 “As potências vencedoras da guerra corriam o risco de serem compelidas a acatar iniciativas coletivas para a
manutenção da paz, mesmo contra a sua vontade expressa, caso as decisões fossem tomadas baseando-se em
qualquer cálculo majoritário ou proporcional, no âmbito do órgão restrito. Não bastava, então, fazer parte de um
órgão decisório restrito. Era necessário, igualmente, que as potências – de maneira individual ou coletivamente
– pudessem controlar o rumo de suas decisões. A solução será adotada na Conferência de Yalta, que reuniu,
em janeiro de 1945, Churchill, Roosevelt e Stalin. Trata-se de diferenciar os países membros do Conselho em
permanentes e transitórios. Qualquer decisão emanada deste órgão não deveria sofrer oposição de um membro
permanente. Portanto, os membros permanentes deveriam agir de forma unânime para que uma decisão viesse
a ser adotada. Surge assim o chamado poder de veto” (SEINTENFUS, 2012, p. 330-331).
52 Edward Reilly Stettinius Jr. serviu como Secretário de Estado de 1 de dezembro de 1944 até 27 de junho
de 1945, sob presidências de Franklin Delano Roosevelt e Harry S. Truman. Como Secretário de Estado,
supervisionou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa e a criação das Nações Unidas (Disponível em:
<https://history.state.gov/departmenthistory/people/stettinius-edward-reilly>. Acesso em: 7 set. 2016).
53 Representante da Grã-Bretanha.
54 Gromyko, 35 anos, nomeado embaixador da União Soviética apenas um ano antes da Conferência de
Dumbarton Oaks, foi um dos três homens mais importantes nas negociações ocorridas em Dumbarton
Oaks (MEISLER, 1997, p. 6).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 59
57 O senador Arthur Vandenberg era membro da delegação nomeada por Roosevelt para a Conferência de
São Francisco. A delegação tinha, ainda, o secretário Stettius; dois membros da Câmara dos Represen-
tantes; o decano da Faculdade Bernardo presidente Tom Connally (do Texas, Democrata); da Comissão
de Relações Exteriores do Senado, o senador Arthur Vandenberg (de Michigan, republicano); e o ex-
-governador republicano Harold Stassen de Minnesota, a serviço na marinha (MEISLER, 1997, p. 15).
58 Hopkins tinha servido Roosevelt como Secretário do Comércio, chefe do Works Progress Administration –
o programa de empregos New Deal durante a depressão de 1930 (MEISLER, 1997, p. 17).
62
2.2 Objetivos
A Organização das Nações Unidas faz parte do rol de Organizações Inter-
nacionais de natureza universal, permitindo que todos os Estados pertencentes e
reconhecidos pela sociedade internacional possam, se desejarem, participar como
seus membros (NOSCHANG, 2012, p. 77). A ONU constitui importante ator não
estatal, caracterizado como coletividade internacional de fins políticos, natureza
universal, gerindo interesses comuns de paz e desenvolvimento sustentável dos
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 63
Todos os dias, mesmo sem uma atuação visível, a ONU promove o respeito
pelos nossos Direitos, protege o nosso habitat, assegura a nossa sobrevivência,
potenciando a construção de um mundo sustentado num desenvolvimento que
tenha em conta aspectos econômicos, sociais e ambientais. Em suma, a ONU
59 A República do Sudão do Sul formalmente se separou do Sudão em 9 de julho de 2011, como resultado de
um referendo internacional monitorado, realizado em janeiro de 2011, admitido como novo Estado-Membro
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14 de julho de 2011 (NACIONES UNIDAS, 2016).
64
60 Atualmente, encontram-se em atividade cinco órgãos, já que as funções do Conselho de Tutela foram
suspensas devido à independência de todos os territórios tutelados (NACIONES UNIDAS, 2016).
61 “Artigo 9.1. A Assembleia Geral será constituída por todos os Membros das Nações Unidas. 2. Cada Mem-
bro não deverá ter mais de cinco representantes na Assembléia Geral” (BRASIL, 1945).
66
Nações, que exigia a unanimidade para a maioria das ações. O artigo 1865 da
Carta das Nações Unidas prevê que as decisões sobre questões importantes66
serão tomadas por maioria de dois terços dos membros presentes e votantes;
todas as outras questões exigem apenas uma maioria simples.
No que tange à efetividade das decisões tomadas na AG pelos membros
da ONU, tem-se na literatura, bem como na observação prática, a falta de
poder coercitivo eficaz nesse órgão. Suas resoluções têm objetivo de indicar
o pensamento da maioria dos membros da ONU sobre um determinado as-
sunto discutido e votado, com atuação mais diplomática, mas não têm poder
de aplicar sanções a quem quer que seja (BRASIL, 1945).
Na página oficial das Nações Unidas, a Assembleia Geral é intitulada como o
órgão representante, legislativo e deliberativo da ONU, e é o único com represen-
tação universal dos seus 193 Estados-Membros. Reúnem-se, pois, todos os anos,
em setembro, durante a sessão anual, realizada no Salão da Assembleia Geral,
em Nova Yorque. Durante seus primeiros dias, ocorrem as discussões gerais,
com participação de todos os chefes de Estado (NACIONES UNIDAS, 2016).
A tarefa inicial da Assembleia a cada ano é eleger um presidente e sete
vice-presidentes, que servem por um ano. Tornou-se tradicional escolher como
presidente um diplomata internacional líder de um importante Estado de mé-
dio poder, geralmente a partir do Terceiro Mundo. As vice-presidências são
divididas entres as cinco grandes potências e as áreas geográficas do mundo
para garantir o seu caráter representativo e uma justa repartição do prestígio.
Em 1963, o número de vice-presidentes foi aumentado de treze para dezessete,
assim abrangendo os países da Ásia e da África, um do Leste da Europa, três
da América Latina, dois da Europa Ocidental e de ‘outros Estados’ (Canadá,
Austrália e Nova Zelândia), e mais um de cada membro permanente do Con-
selho de Segurança (ZIRING; RIGGS; PLANO, 2005, p. 45).
Xavier et al. (2007, p. 52) anota que a AG é um dos órgãos soberanos
das Nações Unidas, com seu funcionamento e competências definidos no
Capítulo IV da Carta. A primeira sessão da AG aconteceu em Londres, em
65 “Artigo 18.1. Cada Membro da Assembléia Geral terá um voto. 2. As decisões da Assembléia Geral, em
questões importantes, serão tomadas por maioria de dois terços dos Membros presentes e votantes. Essas
questões compreenderão: recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais;
à eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Segurança; à eleição dos Membros do Conselho
Econômico e Social; à eleição dos Membros dos Conselho de Tutela, de acordo como parágrafo 1 (c) do
Artigo 86; à admissão de novos Membros das Nações Unidas; à suspensão dos direitos e privilégios de
Membros; à expulsão dos Membros; questões referentes o funcionamento do sistema de tutela e questões
orçamentárias. 3. As decisões sobre outras questões, inclusive a determinação de categoria adicionais de
assuntos a serem debatidos por uma maioria dos membros presentes e que votem”.
66 “Questões importantes incluem as mencionadas no artigo 18: recomendações de paz e segurança; elei-
ções para os três Conselhos da ONU; admissão, suspensão e expulsão de membros, de tutela e orça-
mentais perguntas, e as questões que a Assembleia decide por maioria de votos são ser considerado
‘importante’” (ZIRING; RIGGS; PLANO, 2005, p. 42).
68
67 Mr. Paul-Henri Spaak, ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, foi eleito o primeiro presidente da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16 de janeiro de 1946. Chefe da delegação belga na Confe-
rência de São Francisco e na Comissão Preparatória da Organização das Nações Unidas, foi eleito vice-
-presidente desta (NACIONES UNIDAS, 2016).
68 “Artigo 10. A Assembléia Geral poderá discutir quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro das
finalidades da presente Carta ou que se relacionarem com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos
nela previstos e, com exceção do estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações aos Membros
das Nações Unidas ou ao Conselho de Segurança ou a este e àqueles, conjuntamente, com referência a
qualquer daquelas questões ou assuntos.
Artigo 11.1. A Assembléia Geral poderá considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção
da paz e da segurança internacionais, inclusive os princípios que disponham sobre o desarmamento e a
regulamentação dos armamentos, e poderá fazer recomendações relativas a tais princípios aos Membros
ou ao Conselho de Segurança, ou a este e àqueles conjuntamente.
2. A Assembléia Geral poderá discutir quaisquer questões relativas à manutenção da paz e da segurança
internacionais, que a ela forem submetidas por qualquer Membro das Nações Unidas, ou pelo Conselho
de Segurança, ou por um Estado que não seja Membro das Nações unidas, de acordo com o Artigo 35,
parágrafo 2, e, com exceção do que fica estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações relativas a
quaisquer destas questões ao Estado ou Estados interessados, ou ao Conselho de Segurança ou a ambos.
Qualquer destas questões, para cuja solução for necessária uma ação, será submetida ao Conselho de
Segurança pela Assembléia Geral, antes ou depois da discussão.
3. A Assembléia Geral poderá solicitar a atenção do Conselho de Segurança para situações que possam
constituir ameaça à paz e à segurança internacionais.
4. As atribuições da Assembléia Geral enumeradas neste Artigo não limitarão a finalidade geral do Artigo 10.
Artigo 12.1. Enquanto o Conselho de Segurança estiver exercendo, em relação a qualquer controvérsia ou
situação, as funções que lhe são atribuídas na presente Carta, a Assembléia Geral não fará nenhuma re-
comendação a respeito dessa controvérsia ou situação, a menos que o Conselho de Segurança a solicite.
2. O Secretário-Geral, com o consentimento do Conselho de Segurança, comunicará à Assembléia Geral,
em cada sessão, quaisquer assuntos relativos à manutenção da paz e da segurança internacionais que
estiverem sendo tratados pelo Conselho de Segurança, e da mesma maneira dará conhecimento de tais
assuntos à Assembléia Geral, ou aos Membros das Nações Unidas se a Assembléia Geral não estiver em
sessão, logo que o Conselho de Segurança terminar o exame dos referidos assuntos.
Artigo 13.1. A Assembléia Geral iniciará estudos e fará recomendações, destinados a:
a) promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o desenvolvimento progressivo do
direito internacional e a sua codificação;
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 69
b) promover cooperação internacional nos terrenos econômico, social, cultural, educacional e sanitário e
favorecer o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, por parte de todos os povos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
2. As demais responsabilidades, funções e atribuições da Assembléia Geral, em relação aos assuntos
mencionados no parágrafo 1(b) acima, estão enumeradas nos Capítulos IX e X.
Artigo 14. A Assembléia Geral, sujeita aos dispositivos do Artigo 12, poderá recomendar medidas para a
solução pacífica de qualquer situação, qualquer que seja sua origem, que lhe pareça prejudicial ao bem-
-estar geral ou às relações amistosas entre as nações, inclusive em situações que resultem da violação dos
dispositivos da presente Carta que estabelecem os Propósitos e Princípios das Nações Unidas”.
70
pelos 15 membros do CS. Importante notar que o poder de veto dos cinco
países centrais impede qualquer ação da ONU em relação a qualquer um deles.
Esses indícios serão melhor trabalhados no próximo capítulo, para com-
provação ou não do uso do poder sobre por esse órgão.
2.3.6 Secretariado
Esse órgão é chefiado ou dirigido pelo Secretário-Geral, que coordena
dezenas de milhares de funcionários internacionais que trabalham em dife-
rentes locais em todo o mundo, realizando atividades diárias estipuladas pela
Assembleia Geral e outros órgãos principais. O Secretário-Geral é o Diretor
Administrativo da Organização (NACIONES UNIDAS, 2016).
As formas de escolha dos funcionários do Secretariado, do Secretário-
-Geral, bem como outras questões de funcionamento e organização desse órgão,
estão estabelecidas nos artigos de 97 a 101 da Carta da ONU, cabendo inferir
que este é um órgão administrativo e que não possui autonomia decisória,
restando a ele o cumprimento integral das decisões da Assembleia Geral, do
Conselho de Segurança, de outros órgãos ou diretorias.
CAPÍTULO III
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS E O DILEMA ENTRE O USO DO
PODER E OS SEUS OBJETIVOS DE PAZ
Este capítulo analisa a atuação do Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas, abordando o protagonismo da ONU e os dilemas no cumpri-
mento eficaz dos objetivos de paz, causados pelo uso do poder sobre nesse órgão.
Primeiramente, observar-se-á a morfologia desse órgão central, pensado
para dar vida longa a uma nova organização internacional, criada com ob-
jetivo principal de garantir a paz e segurança internacionais, e sem cometer
os mesmos erros de sua antecessora, a Liga das Nações. A origem da ONU
objetivou atender os anseios daquele momento, em que o mundo encontrava-
-se em guerra, reformulando o mapa geopolítico internacional. A nova matriz
hegemônica internacional – com os vencedores da Segunda Guerra Mundial
–, entre outras questões, definiu a formação de uma organização com partici-
pação de toda a sociedade internacional por meio da Assembleia Geral – com
participação paritária, universal, tratando de diversos assuntos de interesse
internacional – e um controle sobre questões de guerra por meio do Conselho
de Segurança – com função pontual de garantir a paz e a segurança interna-
cionais, utilizando todos os meios necessários possíveis, inclusive militares.
Em segundo lugar, buscou-se compreender a estrutura do Conselho de
Segurança, exercendo o poder sobre – teorizado por Hobbes e Weber, devido
o corte epistemológico realizado neste estudo. Infere-se que a atuação do Con-
selho de Segurança – sem acompanhar a evolução da sociedade internacional
contemporânea – encontra-se engessada, truculenta e criticada pelos países
periféricos. A alteração realizada em 196569, aumentando os membros não
69 A reforma no Conselho de Segurança aconteceu somente após longa negociação e, principalmente, para
cumprir o que a própria Carta previa no artigo 23.1 referente à distribuição geográfica dos membros não per-
manentes do Conselho de Segurança, que deve ser equitativa. Luck (2006, p. 113) cita que muitas atividades
importantes da ONU podem ter sido freadas pela divisão da Guerra Fria, mas o afluxo de novos membros
para a organização continuou com muita força. Estimulados pela facilitação do processo de descolonização
da ONU, os membros mais que dobraram entre 1945 e 1963, passando de 51 para 114. Apenas três africanos
e três países asiáticos foram representados em São Francisco, desta forma a nova composição exigia uma
alteração na escolha dos seis assentos não permanentes para que a distribuição continental fosse correta.
América Latina e Europa pareciam estar super-representadas no Conselho, em detrimento da nova maioria.
Os soviéticos sugeriram redistribuir os seis assentos não permanentes observando a nova estrutura, mas,
por outro lado, Washington viu duas opções nada atraentes: a ampliação do Conselho ou assistir os assentos
de seus amigos latino-americanos e aliados europeus ocidentais passarem para os africanos e asiáticos. Na
sessão da Assembleia Geral XVIII, em 1963, depois de oito anos de frustração, a questão da alteração da
76
Carta para permitir o alargamento do Conselho finalmente veio à tona. No início daquele ano, a primeira reso-
lução da Organização de Unidade Africana (OUA) solicitou oficialmente a expansão do Conselho por meio de
uma emenda à Carta. Por esse ponto, havia pouca dúvida de que uma grande maioria na Assembleia Geral
apoiaria o aumento dos membros, mas os cinco membros permanentes do Conselho – cujo voto positivo seria
necessário para alteração da Carta – ainda não estavam de acordo. Isso constatou-se em 17 de dezembro
de 1963, quando da votação do assunto naquele órgão: somente a China foi favorável, a França e a União
Soviética votaram não, enquanto Reino Unido e Estados Unidos se abstiveram. Os países interessados, prin-
cipalmente o bloco afro-asiático, não desistiram de seu intento, e a Resolução 1991 da XVIII Conferência, para
expandir o Conselho de Segurança de 11 para 15 membros, aumentar o Conselho Social e Econômico de 18
a 27 membros, consequentemente alterando a maioria necessária para passar as questões não processuais
de sete e nove votos, passou facilmente, por uma votação de 97 a 11, com quatro abstenções, na Assembleia
Geral. Porém, conforme regulamento da organização, qualquer dos membros permanentes do Conselho de
Segurança poderia acabar com o intento caso não se ratificassem as alterações até 1º de setembro de 1965.
No entanto, nenhum dos países levou a discussão adiante. Primeiro, a União Soviética, em seguida, China,
França, Reino Unido, e, finalmente, os Estados Unidos cederam; e a primeira alteração substancial ocorreu
no Conselho de Segurança (LUCK, 2006, p. 113-114).
70 “Após a Segunda Guerra Mundial, entrou em acentuado declínio o idealismo que muitas delegações acre-
ditaram existir durante a Conferência de São Francisco. Já nos primeiros meses de 1946, a Guerra Fria se
anunciava no horizonte. Em resposta à provocação de Stalin, de que não era possível uma ordem inter-
nacional pacífica entre os mundos capitalista e comunista, Churchill fez seu famoso discurso da ‘cortina
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 77
de ferro’ em Fulton, Missouri, estado de origem do presidente Harry Truman. Entre um e outro pronuncia-
mento, George Kennan, diplomata norte-americano em Moscou, expedia a Washington seu não menos
conhecido ‘telegrama X’, precursor da doutrina de contenção global do comunismo. A paz simbolizada pelo
multilateralismo da ONU contrastava com a paz do ‘mundo real’, movida pelos interesses estratégicos das
potências vitoriosas e suas relações de poder. Nem os Quatro Policiais de Dumbarton Oaks pareciam des-
tinados a permanecer unidos. A China nacionalista do Koumintang, por exemplo, foi excluída de todas as
conversações sobre questões europeias. A Grã-Bretanha entrou em declínio, agravado com a progressiva
dissolução de seu Império, a começar pela perda da Índia, independente desde 1947. Os Três Grandes
rapidamente deixavam de ser uma tríade. Tomava corpo a bipolaridade entre EUA e URSS, as superpotên-
cias da nova era” (GARCIA, 2013, p. 72-73).
71 Segundo Costa (2013, p. 241) Segurança Coletiva é definida como um arranjo institucional entre Estados para
se fortalecerem mutuamente quanto as suas seguranças, tentando garantir estabilidade em temos políticos,
econômicos e sociais. De modo abrangente, Segurança é entendido como um sistema forjado por Estado ou
grupo de Estados como forma de garantir, manter ou alcançar seus interesses, que no limite é sua própria
sobrevivência. Segurança Coletiva é, portanto, um mecanismo parte do sistema de segurança de um Estado.
78
72 “Artigo 39. O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz
ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com
os Artigos 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais” (BRASIL, 1945).
73 “Artigo 99. O Secretário-Geral poderá chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto
que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais” (BRASIL, 1945).
74 “Artigo 11.2. A Assembléia Geral poderá discutir quaisquer questões relativas à manutenção da paz e da
segurança internacionais, que a ela forem submetidas por qualquer Membro das Nações Unidas, ou pelo
Conselho de Segurança, ou por um Estado que não seja Membro das Nações unidas, de acordo com o
Artigo 35, parágrafo 2, e, com exceção do que fica estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações
relativas a quaisquer destas questões ao Estado ou Estados interessados, ou ao Conselho de Segurança
ou a ambos. Qualquer destas questões, para cuja solução for necessária uma ação, será submetida ao
Conselho de Segurança pela Assembléia Geral, antes ou depois da discussão” (BRASIL, 1945).
75 “Artigo 24.1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por parte das Nações Unidas, seus Membros conferem
ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais
e concordam em que no cumprimento dos deveres impostos por essa responsabilidade o Conselho de Segu-
rança aja em nome deles. 2. No cumprimento desses deveres, o Conselho de Segurança agirá de acordo com
os Propósitos e Princípios das Nações Unidas. As atribuições específicas do Conselho de Segurança para o
cumprimento desses deveres estão enumeradas nos Capítulos VI, VII, VIII e XII” (BRASIL, 1945).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 79
80 “Artigo 4. 1. A admissão como Membro das Nações Unidas fica aberta a todos os Estados amantes da paz
que aceitarem as obrigações contidas na presente Carta e que, a juízo da Organização, estiverem aptos e
dispostos a cumprir tais obrigações” (BRASIL, 1945).
81 Ver os vetos no Conselho de Segurança por ordem cronológica inversa no anexo 2.
82 Seitenfus (2012, p. 358) afirma que, nos primeiros anos de atividade da ONU, existia uma forma razoável
de equilíbrio nas decisões, no entanto a harmonia foi “rompida em razão da Guerra Fria, da divisão dos
membros permanentes do Conselho de Segurança em dois blocos em torno dos Supergrandes e da utili-
zação sistemática do direito de veto contra o direito da maioria”.
83 A Rodésia, atual Zimbábue, começou a ser povoada por colonos ingleses ao final do século XIX por meio
de expedições de cunho imperialista (GONTIJO, 2012).
84 Como exemplo de proteção, citam-se as resoluções vetadas pelos EUA quando tratava-se de interesses de Israel.
85 A Guerra do Vietnã se estendeu de 1959, quando começaram os combates de guerrilheiros comunistas no
Vietnã do Sul (na época, uma ditadura apoiada pelos Estados Unidos), até que os últimos militares deixassem
a capital, Saigon, em abril de 1975. A tomada da cidade hoje chamada Ho Chi Minh pelas forças comunistas
do Vietnã do Norte lançou as bases para a reunificação vietnamita e foi a maior derrota militar da história dos
EUA – que se envolveram no conflito em 1961, temendo o avanço do comunismo. Para norte-americanos e
vietnamitas, foi uma guerra custosa, sangrenta e divisiva. O conflito marcou a história do Vietnã no século
passado, deixou o País em ruínas, causou milhões de mortes e ainda desperta debates. As disputas têm
raízes na rivalidade da Guerra Fria. O antigo Vietnã do Sul dependia da ajuda econômica e militar dos EUA,
enquanto o Vietnã do Norte recebia apoio da União Soviética e da China (LE, 2015, p. 1).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 83
67888, aprovada em 1990, por 12 membros da ONU89, que, pela primeira vez na
história do Conselho de Segurança, autorizou o uso da força contra um Estado
– o Iraque – na conhecida Guerra do Golfo90. Em resumo, a Resolução autoriza
os Estados-Membros a cooperar com o Governo do Kuwait, fornecendo suporte
adequado para qualquer ação, e utilizar todos os meios necessários para defender
e aplicar a Resolução 660, também daquele ano, e todas as resoluções pertinentes
subsequentes, a fim de restaurar a paz internacional e a segurança na região.
A resolução, entre várias determinações, permite o uso da força, mesmo
não utilizando esses termos91, contra o Iraque. Dessa forma, observa-se que
a decisão de intervenção no Iraque, tomada por 12 membros da ONU, sem
consenso nem mesmo entre os 15 integrantes do Conselho de Segurança,
caracteriza-se pelo uso do poder sobre, tanto pela tomada de decisão como pela
imposição daquela sobre um dos Estados-Membros, com o uso de ação militar.
Arraes (2004, p. 118), em estudo sobre a Guerra do Golfo e a nova ordem
mundial, resume que o fim da Guerra Fria e do bloco comunista constituiu para os
Estados Unidos a sua terceira conquista: começou com a Primeira Guerra Mun-
dial, quando o adversário fora o modelo monárquico autoritário, centralizado na
88 “O Conselho de Segurança, recordando e reafirmando suas resoluções 660 (1990), de 2 de agosto de 1990,
661 (1990), de 6 de agosto de 1990, 662 (1990), de 9 de agosto de 1990, 664 (1990), de 18 de agosto de
1990, 665 (1990) de 25 de agosto de 1990, 666 (1990), de 13 de setembro de 1990, 667 (1990), de 16 de se-
tembro de 1990, 669 (1990), de 24 de setembro de 1990, 670 (1990), de 25 de setembro de 1990, 674 (1990),
de 29 de Outubro de 1990 e 677 (1990), de 28 de Novembro de 1990, observando que, apesar de todos os
esforços das Nações Unidas, o Iraque se recusar a cumprir a sua obrigação de implementar a resolução
660 (1990) e as resoluções pertinentes aprovadas posteriormente, e as que se faz referência no parágrafo
anterior. Consciente dos seus deveres e responsabilidades nos termos da Carta da Organização das Nações
Unidas para a manutenção e preservação da paz e da segurança internacional. Determinada a assegurar o
cumprimento integral das suas decisões. Atuando sob o Capítulo VII da Carta. 1. Exige que o Iraque cumpra
integralmente a resolução 660 (1990) e todas as resoluções pertinentes subsequentes, e decide, em tempo
que mantém todas as suas decisões, permitir ao Iraque uma última oportunidade para fazê-lo; 2. Autoriza os
Estados-membros a cooperar com o Governo do Kuwait, a menos que o Iraque, antes de 15 de janeiro de
1991, cumpra as resoluções conforme estabelecido no parágrafo 1 acima, para usar todos os meios neces-
sários para defender e aplicar a resolução 660 (1990) e todas as resoluções pertinentes subsequentes a fim
de restaurar a paz internacional e a segurança na região; 3. Solicita a todos os Estados que forneçam suporte
adequado para as ações empreendidas no âmbito do parágrafo 2 acima; 4. Os pedidos que os Estados man-
tenham o Conselho de Segurança regularmente informado sobre a evolução das ações empreendidas nos
termos dos nos 2 e 3 acima; 5. Decide continuar atento ao assunto.” (RESOLUÇÃO 678 do CS. Disponível em:
<http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/678(1990)>. Acesso em: 23 out. 2016).
89 A Resolução do Conselho de Segurança nº 678 foi aprovada com 12 votos favoráveis, 2 contra (Cuba e
Iêmen) e 1 abstenção (China). (RESOLUÇÃO 678 do CS. Disponível em: <http://www.un.org/en/ga/search/
view_doc.asp?symbol=S/RES/678(1990)>. Acesso em: 23 out. 2016).
90 Em 1990, o exército do Iraque invadiu o Kuwait, ambos situados junto ao golfo Pérsico (uma grande exten-
são de água que existe no Oriente Médio). Em janeiro de 1991, a Organização das Nações Unidas (ONU)
enviou um exército com soldados de muitos países para expulsar os iraquianos. A guerra que eles trava-
ram ficou conhecida como Guerra do Golfo (Disponível em: <http://escola.britannica.com.br/article/482193/
Guerra-do-Golfo>. Acesso em: 26 out. 2016).
91 Caso notório de ambiguidade foi o da Resolução 678 (1990), em que se utilizou a expressão “to use all
necessary means” porque a URSS quis evitar o termo “uso da força” (UZIEL, 2010, p. 120-121).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 87
A média de Resoluções aprovadas até 1989 foi de 14,68 por ano, enquanto
nos anos de 1990 a 2015 alcançou-se a média de 62, um aumento de 432 por
cento nas ações do Conselho de Segurança (UN, 2016g).
Os assuntos tratados e aprovados pelo Conselho de Segurança até 1990
resumiam-se a questões menores do cenário internacional – utilizando proce-
dimentos mais diplomáticos (Capítulo VI), executando as funções eletivas e de
fiscalização, como a eleição de novos membros, a eleição dos juízes do Tribunal
Internacional de Justiça, a privação e restauração dos direitos e privilégios dos
membros, e a expulsão de membros –, até porque, quando envolviam assuntos
complexos, ocorriam os vetos, como visto nos gráficos de 1 a 4.
A aplicação dos procedimentos previstos no artigo 41, capítulo VII, estão
em maior evidência a partir do término da Guerra Fria, podendo ser a aplicação
de sanções ou o total uso da força. As medidas de sanções, nos termos do artigo
41, abrangem uma ampla gama de opções de aplicação que não envolvem dire-
tamente o uso da força armada. São medidas que vão desde sanções econômicas
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 89
Fonte: UN (2016c).
95 Rodésia do Sul, África do Sul, a ex-Iugoslávia, Haiti, Iraque, Angola, Serra Leoa, Somália, Eritreia, Libéria,
República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Sudão (2), Lebanon, RPDC, Irã, Líbia (2), Guiné-
-Bissau, CAR, Iêmen e Sudão do Sul, bem como contra ISIL (Da’esh) e Al-Qaeda e aos talibãs (2). (UN.
2016. Disponível em: <https://www.un.org/sc/suborg/en/sanctions/information>. Acesso em: 31 out. 2016).
90
Fonte: UN (2016c).
Fonte: UN (2016c).
96 “Em 1962 os Estados Unidos da América instituíram um bloqueio naval contra a República de Cuba – Nação
insular localizada a menos de 200 quilômetros da costa norte-americana e que passara por uma revolução
socialista três anos antes – após a descoberta da instalação de mísseis nucleares soviéticos em território
cubano. Muitos consideram esse momento como o mais próximo que a humanidade já chegou de uma guerra
nuclear devido ao grande mal estar gerado entre as duas potências diante da questão” (TEMAS, 2016).
97 Em 1960, todas as empresas norte-americanas em Cuba foram nacionalizadas sem indenização; assim
os EUA rompem relações diplomáticas com Havana e impõem um embargo comercial em resposta às
reformas de Castro (BBC, 2016).
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 95
98 A origem das tensões em Ruanda pode ser conhecida com mais profundidade na obra de Patriota, que em
um dos trechos anota: “O acirramento das tensões tradicionais entre a maioria Hutu e a minoria Tutsi na
região africana dos ‘grandes lagos’ data da época colonial. Primeiramente os alemães (de 1908 até 1916),
e posteriormente os belgas – que ocuparam a área durante a I Guerra Mundial e viriam a administrá-la sob
um mandato da Liga das Nações depois transferido para a ONU – se serviram da população Tutsi (ou Watusi
como foi conhecida), criadora de gado e guerreira, para dominar as terras do então chamado Ruanda-Urundi.
Governados como parte do Congo belga até 1960, Ruanda e Burundi se 109 A INVOCAÇÃO DO CAPÍTULO
VII APÓS A GUERRA DO GOLFO tornariam independentes em 1962. Um sistema de coexistência que
perdurara por centenas de anos seria desagregado pela política colonial de favorecimento do grupo que, por
seus traços finos e estatura esguia, foi considerado por Gobineau como aparentado aos arianos. A rivalidade
racial latente se intensificaria com o surgimento de uma elite administrativa Tutsi e com a institucionalização
de um sistema de designação étnica na documentação de identidade individual” (2010, p. 108-109).
96
99 Noschang, sintetizando os motivos para criação da ONU, anota que a Segunda Guerra, sua evolução e
atrocidades “[...] demonstraram que não poderia acontecer uma Terceira Guerra Mundial, pois o mundo
não suportaria um novo conflito com armamentos tão pesados e que destruíssem o planeta” (2012, p. 87).
100 A ONU como criada ao seu final não atende os desejos aqui pronunciados.
98
requeridos por seus membros e por meio de seus seis órgãos. Quanto à finalidade
de cooperação, sua classificação atinge todos os métodos – de coordenação,
controle, operacional e de integração –, isso pela amplitude que alcançou desde
a sua criação, possuindo atualmente inúmeras agências, fundos e programas.
Quanto à abordagem do poder, fixado como segundo recorte de estudo,
foram adotados os conceitos desenvolvidos Hobbes e Weber de poder sobre.
Na contemporaneidade, os estudos sobre poder fortalecem-se sobremaneira
devido aos conflitos principalmente entre Estados, mas também pelo prota-
gonismo de novos espaços abaixo e à margem dessa instância. Esses novos
espaços ganham um olhar mais apurado dos pesquisadores; neles, observam-se
interações que, para existir, necessitam obrigatoriamente de exercício de poder.
As mudanças nos meios que definem o poder – como o poder é utilizado – ao
longo dos tempos e na contemporaneidade são o principal fator a ser observado.
No caso do poder sobre, teoria dos contratualistas, prevalece a superioridade
de um sobre outro: um obriga o outro, mesmo com resistência, a fazer ou deixar de
fazer algo em proveito do um. Esse gênero de poder aparece principalmente nas
relações internacionais entre Estados, dentro de Estados ditatoriais, no momento
da exigência de tributos não recolhidos, na execução de penas pelas polícias, etc.
E, neste estudo, observa-se o uso desse poder no Conselho de Segurança da ONU.
A Organização das Nações Unidas, contando atualmente com 193 mem-
bros, historicamente teve base na ideia da necessidade de existência de uma
Organização Internacional universal, com fins políticos, gerindo interesses
comuns de seus associados. O mundo do pós-guerra principiava a materiali-
zação prática desse desejo, durante anos reduto exclusivo de teóricos e acadê-
micos, naquele momento, determinado muito mais pela totalidade oficial de
nove milhões de mortos, resultado de quatro anos de uma lamentável guerra
mundial. Tal escopo desenvolveu campo propício para o nascimento da ONU.
As nefastas consequências socioeconômicas colocaram os EUA no centro
do mundo político internacional de então, já que a Europa estava absolutamente
dividida entre Estados capitalistas liberais, Estados fascistas e a Rússia comunista.
A entrada em cena dos Estados Unidos repercutiu não apenas na última fase do
conflito, quando desempenhou papel decisivo, como já abordado anteriormente,
sobretudo no pós-Primeira Guerra Mundial e que continua até os dias atuais.
O Conselho de Segurança tem, tanto na forma de seleção das matérias quanto
nos critérios de votação, paradigmas desenhados pelos quatro participantes de
Dumbarton Oaks. Mais que isso, o modelo de autoproteção que os vencedores da
Segunda Guerra Mundial vislumbraram ante as ameaças que poderiam vir a sofrer
foi o desejo da continuação da aliança militar da época, liderada pelos EUA. No
entanto, nas discussões das propostas para o novo organismo, iniciava-se – nas
entrelinhas – a disputa Leste-Oeste, do sistema bipolar dos EUA versus URSS,
que se estabeleceu posteriormente, resultando na Guerra Fria.
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 101
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Continuação
2015
2014
2013
2012
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 117
Continuação
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2006
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Continuação
2002
2001
2000
Continuação
2000
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
12 China
January S/2007/14 S/PV.5619 Myanmar Russian
2007 Federation
11
Situação no Médio Oriente, incluindo
November S/2006/878 S/PV.5565 USA
a questão palestina
2006
13 July Situação no Médio Oriente, incluindo
S/2006/508 S/PV.5488 USA
2006 a questão palestina
05
Situação no Médio Oriente, incluindo
October S/2004/783 S/PV.5051 USA
a questão palestina
2004
21 April Russian
S/2004/313 S/PV.4947 Chipre
2004 Federation
25 March Situação no Médio Oriente, incluindo
S/2004/240 S/PV.4934 USA
2004 a questão palestina
14
A situação no Médio Oriente, incluindo
October S/2003/980 S/PV.4842 USA
a questão palestina
2003
16
A situação no Médio Oriente, incluindo
September S/2003/891 S/PV.4828 USA
a questão palestina
2003
20
A situação no Médio Oriente, incluindo
December S/2002/1385 S/PV.4681 USA
a questão palestina
2002
30 June
S/2002/712 S/PV.4563 A situação na Bósnia e Herzegovina USA
2002
14-15
A situação no Médio Oriente, incluindo
December S/2001/1199 S/PV.4438 USA
a questão palestina
2001
27-28
A situação no Médio Oriente, incluindo
March S/2001/270 S/PV.4305 USA
a questão palestina
2001
25
A situação na ex-República Jugoslava
February S/1999/201 S/PV.3982 China
da Macedónia
1999
21 March A situação nos territórios árabes
S/1997/241 S/PV.3756 USA
1997 ocupados
07 March A situação nos territórios árabes
S/1997/199 S/PV.3747 USA
1997 ocupados
10
January S/1997/18 S/PV.3730 América Central: esforços para a paz China
1997
17 May A situação nos territórios árabes
S/1995/394 S/PV.3538 USA
1995 ocupados
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 125
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
02
A situação na República da Bósnia e Russian
December S/1994/1358 S/PV.3475
Herzegovina Federation
1994
11 May Russian
S/25693 S/PV.3211 A situação em Chipre
1993 Federation
31 May A situação nos territórios árabes
S/21326 S/PV.2926 USA
1990 ocupados
17 Carta datada de 03 de janeiro de 1990
January S/21084 S/PV.2905 a partir da Nicarágua ao Presidente USA
1990 do Conselho de Segurança
23 France
December S/21048 S/PV.2902 A situação no Panamá UK
1989 USA
07
S/20945/ A situação nos territórios árabes
November S/PV.2889 USA
Rev.1 ocupados
1989
09 June A situação nos territórios árabes
S/20677 S/PV.2867 USA
1989 ocupados
17
A situação nos territórios árabes
February S/20463 S/PV.2850 USA
ocupados
1989
11 Cartas de 04 de janeiro de 1989 a
January S/20378 S/PV.2841 partir da Líbia e Bahrein ao Presidente France
1989 do Conselho de Segurança
14 UK
December S/20322 S/PV.2832 A situação no Médio Oriente USA
1988 USA
10 May
S/19868 S/PV.2814 A situação no Médio Oriente USA
1988
15 April A situação nos territórios árabes
S/19780 S/PV.2806 USA
1988 ocupados
08 March UK
S/19585 S/PV.2797 A questão da África do Sul
1988 USA
01
A situação nos territórios árabes
February S/19466 S/PV.2790 USA
ocupados
1988
18
January S/19434 S/PV.2784 A situação no Médio Oriente USA
1988
09 April UK
S/18785 S/PV.2747 A situação na Namíbia
1987 USA
Continua...
126
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
20 UK
February S/18705 S/PV.2738 A questão da África do Sul
1987 USA
13
A situação nos territórios árabes
September S/17459 S/PV.2605 USA
ocupados
1985
12 March
S/17000 S/PV.2573 A situação no Médio Oriente USA
1985
06
September S/16732 S/PV.2556 A situação no Médio Oriente USA
1984
Carta datada de 29 de março de 1984
04 April
S/16463 S/PV.2529 a partir da Nicarágua ao Presidente USA
1984
do Conselho de Segurança
29
S/16351/
February S/PV.2519 A situação no Médio Oriente URSS
Rev.2
1984
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 127
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
27-28
S/16077/
October S/PV.2491 A situação em Granada USA
Rev.1
1983
Cartas de 01 de setembro de 1983
dos EUA, a República da Coreia,
12 Canadá e Japão ao Presidente do
S/15966/
September S/PV.2476 Conselho de Segurança e Carta URSS
Rev.1
1983 datada de 02 de setembro de 1983
da Austrália para o Presidente do
Conselho de Segurança
02 August A situação nos territórios árabes
S/15895 S/PV.2461 USA
1983 ocupados
06 August S/15347/
S/PV.2391 A situação no Médio Oriente USA
1982 Rev.1
S/15255/
26 June
Rev.2 (as S/PV.2381 A situação no Médio Oriente USA
1982
corrected)
08 June
S/15185 S/PV.2377 A situação no Médio Oriente USA
1982
04 June S/15156/ Questão relativa à situação na região UK
S/PV.2373
1982 Rev.2 das Ilhas Falkland (Islas Malvinas) USA
20 April A situação nos territórios árabes
S/14985 S/PV.2357 USA
1982 ocupados
02 April A situação nos territórios árabes
S/14943 S/PV.2348 USA
1982 ocupados
Carta datada de 19 de março de
02 April
S/14941 S/PV.2347 1982 a partir da Nicarágua ao USA
1982
Secretário-Geral
20
S/14832/ A situação nos territórios árabes
January S/PV.2329 USA
Rev.1 ocupados
1982
31 August S/14664/ Denúncia de Angola contra a África
S/PV.2300 USA
1981 Rev.2 do Sul
France
30 April
S/14462 S/PV.2277 A situação na Namíbia UK
1981
USA
France
30 April
S/14461 S/PV.2277 A situação na Namíbia UK
1981
USA
France
30 April S/14460/
S/PV.2277 A situação na Namíbia UK
1981 Rev.1
USA
Continua...
128
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
France
30 April
S/14459 S/PV.2277 A situação na Namíbia UK
1981
USA
30 April A questão do exercício pelo povo
S/13911 S/PV.2220 USA
1980 palestino de seus direitos inalienáveis
Cartas de 22 de dezembro de 1979
11-13
dos EUA para o Presidente do
January S/13735 S/PV.2191 URSS
Conselho de Segurança dos Estados
1980
Unidos e Irã questão refém
7-9 Carta datada de 03 de janeiro de
January S/13729 S/PV.2190 1980 de 52 países ao Presidente do URSS
1980 Conselho de Segurança
A situação no Sudeste da Ásia e suas
16 March implicações para a paz e segurança
S/13162 S/PV.2129 URSS
1979 internacionais China e Vietname
disputa de fronteira
Telegrama datado de 03 de janeiro
15
de 1979 a partir do Kampuchea
January S/13027 S/PV.2112 URSS
Democrático ao presidente do
1979
Conselho de Segurança
31 France
S/12312/
October S/PV.2045 A questão da África do Sul UK
Rev.1
1977 USA
31 France
S/12311/
October S/PV.2045 A questão da África do Sul UK
Rev.1
1977 USA
31 France
S/12310/
October S/PV.2045 A questão da África do Sul UK
Rev.1
1977 USA
15
November S/12226 S/PV.1972 Admissão de novos membros Viet Nam USA
1976
19 France
October S/12211 S/PV.1963 A situação na Namíbia UK
1976 USA
29 June A questão do exercício pelo povo
S/12119 S/PV.1938 USA
1976 palestino de seus direitos inalienáveis
23 June
S/12110 S/PV.1932 Admissão de novos membros Angola USA
1976
Solicitação da Líbia e Paquistão por
25 March conta da grave situação resultante
S/12022 S/PV.1899 USA
1976 de recentes desenvolvimentos nos
territórios árabes ocupados
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 129
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
06
February S/11967 S/PV.1888 A situação nas Comores France
1976
26
O problema do Médio Oriente,
January S/11940 S/PV.1879 USA
incluindo a questão palestina
1976
08
December S/11898 S/PV.1862 A situação no Médio Oriente USA
1975
30
Admissão de novos membros
September S/11833 S/PV.1846 USA
República Democrática do Viet-Nam
1975
30
Admissão de novos membros
September S/11832 S/PV.1846 USA
República do Sul do Viet-Nam
1975
11 August Admissão de novos membros
S/11796 S/PV.1836 USA
1975 República Democrática do Viet-Nam
11 August Admissão de novos membros
S/11795 S/PV.1836 USA
1975 República do Sul do Viet-Nam
France
06 June
S/11713 S/PV.1829 A situação na Namíbia UK
1975
USA
30 France
October S/11543 S/PV.1808 Relação entre a ONU e África do Sul UK
1974 USA
31 July S/11400 (as
S/PV.1788 A situação em Chipre URSS
1974 amended)
26 July
S/10974 S/PV.1735 A situação no Médio Oriente USA
1973
22 May Pergunta sobre a situação na Rodésia UK
S/10928 S/PV.1716
1973 do Sul USA
Consideração de medidas para a
21 March S/10931/
S/PV.1704 manutenção e reforço da paz e da USA
1973 Rev.1
segurança na América Latina
29 S/10805/
Pergunta sobre a situação na Rodésia
September Rev.1 (as S/PV.1666 UK
do Sul
1972 amended)
10
September S/10784 S/PV.1662 A situação no Médio Oriente USA
1972
25 August Admissão de novos membros
S/10771 S/PV.1660 China
1972 Bangladesh
Continua...
130
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
Consideração de questões
relacionadas com a África do qual
04 o Conselho de Segurança está
February S/10606 S/PV.1639 atualmente apreendidos e aplicação UK
1972 das resoluções pertinentes do
Conselho a situação na Rodésia do
Sul
30
Pergunta sobre a situação na Rodésia
December S/10489 S/PV.1623 UK
do Sul
1971
Carta datada de 12 de dezembro de
13
S/10446/ 1971 dos EUA para o Presidente do
December S/PV.1613 URSS
Rev.1 Conselho de Segurança quanto à
1971
questão de Índia e Paquistão
Carta datada de 04 de dezembro de
1971 da Argentina, Bélgica, Burundi,
05
Itália, Japão, Nicarágua, Somália, o
December S/10423 S/PV.1607 URSS
Reino Unido e os EUA ao Presidente
1971
do Conselho de Segurança relativas à
questão Índia Pakistan
Carta datada de 04 de dezembro de
1971 da Argentina, Bélgica, Burundi,
04
Itália, Japão, Nicarágua, Somália, o
December S/10416 S/PV.1606 URSS
Reino Unido e os EUA ao Presidente
1971
do Conselho de Segurança quanto à
questão de Índia e Paquistão
10
Pergunta sobre a situação na Rodésia
November S/9976 S/PV.1556 UK
do Sul
1970
17 March S/9696 and Pergunta sobre a situação na Rodésia UK
S/PV.1534
1970 Corr.1 & 2 do Sul USA
Carta datada de 21 de agosto
de 1968 do Canadá, Dinamarca,
22 August França, Paraguai, Reino Unido e
S/8761 S/PV.1443 URSS
1968 EUA ao Presidente do Conselho
de Segurança sobre a situação na
Checoslováquia
04
S/7575/
November S/PV.1319 A questão Palestina URSS
Rev.1
1966
21
S/6113 (as
December S/PV.1182 A questão Palestina URSS
amended)
1964
17 Carta datada de 03 de setembro de
September S/5973 S/PV.1152 1964 da Malásia para a presidente do URSS
1964 Conselho de Segurança
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 131
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
13
S/5425/
September S/PV.1069 A situação na Rodésia do Sul UK
Rev.1
1963
03
September S/5407 S/PV.1063 A questão Palestina URSS
1963
22 June
S/5134 S/PV.1016 A questão entre Índia e Paquistão URSS
1962
18 Carta datada de 18 de dezembro de
December S/5033 S/PV.988 1961 de Portugal para o Presidente do URSS
1961 Conselho de Segurança a respeito Goa
30
November S/5006 S/PV.985 Pedidos de adesão Kuwait URSS
1961
Queixas de Kuwait no que respeita à
07 July
S/4855 S/PV.960 situação decorrente da ameaça do Iraque URSS
1961
para a integridade territorial do Kuwait
Carta datada de 13 de julho de 1960,
13
S/4578/ do Secretário-Geral ao Presidente do
December S/PV.920 URSS
Rev.1 Conselho de Segurança a situação
1960
no Congo
3-4
S/4567/
December S/PV.911 Pedidos de adesão Mauritânia URSS
Rev.1
1960
Carta datada de 13 de julho de 1960,
17
do Secretário-Geral ao Presidente
September S/4523 S/PV.906 URSS
do Conselho de Segurança sobre a
1960
situação no Congo
26 July S/4409/ Telegramas datado de 13 de julho de
S/PV.883 URSS
1960 Rev.1 1960 da URSS ao Secretário-Geral
26 July Telegramas datado de 13 de julho de
S/4411 S/PV.883 URSS
1960 1960 da URSS ao Secretário-Geral
09
S/4130/
December S/PV.843 Admissão de novos membros Viet-Nam URSS
Rev.1
1958
09
S/4129/ Admissão de novos membros
December S/PV.843 URSS
Rev.1 República da Coreia
1958
Carta datada de 22 de maio de
1958 a partir do Líbano e carta
datada de 17 de julho de 1958 a
22 July S/4055/ partir da Jordânia ao Presidente da
S/PV.837 URSS
1958 Rev.1 Instância do Conselho de Segurança
por Líbano e Jordânia respeitante
a interferência em seus assuntos
internos da República Árabe Unida
Continua...
132
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
Carta datada de 22 de maio de
1958 a partir do Líbano e carta
datada de 17 de julho de 1958 a
18 July S/4050/ partir da Jordânia ao Presidente da
S/PV.834 URSS
1958 Rev.1 Instância do Conselho de Segurança
por Líbano e Jordânia respeitante
a interferência em seus assuntos
internos da República Árabe Unida
Queixa da URSS em uma carta
ao Presidente do Conselho de
S/3995
Segurança de 18 de Abril de 1958,
(incorporating
02 May intitulado Medidas urgentes para pôr
the S/PV.817 URSS
1958 fim aos voos de aviões militares dos
amendment)
EUA armado com bombas atômicas
S/3998
e de hidrogênio na direção das
fronteiras da União Soviética
09
Admissão de novos membros
September S/3885 S/PV.790 URSS
Viet-Nam
1957
09
Admissão de novos membros
September S/3884 S/PV.790 URSS
República da Coréia
1957
20
February S/3787 S/PV.773 A questão entre Índia e Paquistão URSS
1957
Carta datada de 27 de outubro de
04 1956 a partir de França, Reino Unido
S/3730/
November S/PV.754 e EUA ao Presidente do Conselho URSS
Rev.1
1956 de Segurança sobre a situação na
Hungria
Carta datada de 29 de outubro de France
30 S/3713/
1956 dos EUA para o Presidente do
October Rev.1 (as S/PV.750
Conselho de Segurança relativas à UK
1956 amended)
questão palestina
Carta datada de 29 de outubro de France
30
S/3710 (as 1956 dos EUA para o Presidente do
October S/PV.749
amended) Conselho de Segurança relativas à UK
1956
questão palestina
15
December S/3510 S/PV.706 Admissão de novos membros Japão URSS
1955
Telegrama datado de 19 de junho de
20 June S/3236/
S/PV.675 1954, da Guatemala ao Presidente do URSS
1954 Rev.1
Conselho de Segurança
Carta datada de 29 de maio de 1954
18 June
S/3229 S/PV.674 da Tailândia para a presidente do URSS
1954
Conselho de Segurança
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 133
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
29 March S/3188/
S/PV.664 A questão Palestina URSS
1954 Corr.1
22
S/3151/
January S/PV.656 A questão Palestina URSS
Rev.2
1954
19
September S/2760 S/PV.603 Admissão de novos membros Camboja URSS
1952
19
September S/2759 S/PV.603 Admissão de novos membros Laos URSS
1952
19
September S/2758 S/PV.603 Admissão de novos membros Vietnam URSS
1952
18
September S/2754 S/PV.602 Admissão de novos membros Japão URSS
1952
16
September S/2483 S/PV.600 Admissão de novos membros Líbia URSS
1952
Pergunta de um pedido de
09 July
S/2688 S/PV.590 investigação de alegada guerra URSS
1952
bacteriana
03 July Pergunta de um pedido de investigação
S/2671 S/PV.587 URSS
1952 de alegada guerra bacteriana
06
February S/2443 S/PV.573 Admissão de novos membros Itália URSS
1952
30 Queixa de invasão armada de Taiwan
November S/1894 S/PV.530 (Formosa); Queixa de agressão sobre URSS
1950 a República da Coreia
12
Queixa de bombardeio por forças
September S/1752 S/PV.501 URSS
aéreas do território da China
1950
06
Queixa de agressão sobre a
September S/1653 S/PV.496 URSS
República da Coreia
1950
18
S/1408/ Regulação e redução dos
October S/PV.452 URSS
Rev.1 armamentos e forças armadas
1949
18
S/1399/ Regulação e redução dos
October S/PV.452 URSS
Rev.1 armamentos e forças armadas
1949
11
Regulação e redução dos
October S/1398 S/PV.450 URSS
armamentos e forças armadas
1949
Continua...
134
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
13
September S/1337 S/PV.443 Pedido de adesão Ceylon URSS
1949
13
September S/1336 S/PV.443 Pedido de adesão Áustria URSS
1949
13
September S/1335 S/PV.443 Pedido de adesão da Irlanda URSS
1949
13
September S/1334 S/PV.443 Pedido de adesão da Finlândia URSS
1949
13
September S/1333 S/PV.443 Pedido de adesão Itália URSS
1949
13
September S/1332 S/PV.443 Pedido de adesão Transjordânia URSS
1949
13
September S/1331 S/PV.443 Pedido de adesão Portugal URSS
1949
07
September S/1385 S/PV.439 Pedido de adesão Nepal URSS
1949
08 April Pedido de República da Coreia
S/1305 S/PV.423 URSS
1949 Membership
15
December S/PV.384 S/PV.384 Pedido de adesão Ceylon URSS
1948
notificações idênticas datadas de
25
29 de setembro de 1948 a partir de
October S/1048 S/PV.372 URSS
França, Reino Unido e EUA para o
1948
bloqueio Secretário-Geral Berlin
18 August
S/PV.351 S/PV.351 Pedido de adesão Ceylon URSS
1948
Carta datada de 26 de maio de
1948 do Presidente da Comissão
22 June
S/836 S/PV.325 de Energia Atómica à Presidente do URSS
1948
Conselho de Segurança transmitir o
Terceiro Relatório da Comissão
Carta datada de 12 de março de 1948
24 May
S/PV.3038 S/PV.303 do Chile para os eventos Secretário- URSS
1948
Geral da Checoslováquia
Carta datada de 12 de março de 1948
24 May
S/PV.303 S/PV.303 do Chile para os eventos secretário-geral URSS
1948
em questão preliminar Checoslováquia
Continua...
DILEMAS ENTRE A ONU: o poder de veto do Conselho de Segurança 135
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
10 April
S/PV.279 S/PV.279 Pedido de adesão Itália URSS
1948
01
October S/PV.206 S/PV.206 Pedido de adesão Itália URSS
1947
01
October S/PV.206 S/PV.206 Pedido de adesão da Finlândia URSS
1947
15
A questão grega, sobre a situação em
September S/552 S/PV.202 URSS
questão preliminar do norte, Grécia
1947
15
S/552, S/ A questão grega, sobre a situação no
September S/PV.202 URSS
PV.202 norte da Grécia
1947
21 August
S/PV.190 S/PV.190 Pedido de adesão Áustria URSS
1947
21 August
S/PV.190 S/PV.190 Pedido de adesão Itália URSS
1947
19 August Os incidentes de fronteira gregos
S/486 S/PV.188 URSS
1947 questão grega
19 August S/471 and Os incidentes de fronteira gregos
S/PV.188 URSS
1947 S/471/Add.1 questão grega
18 August
S/PV.186 S/PV.186 Pedido de adesão Portugal URSS
1947
18 August
S/PV.186 S/PV.186 Pedido de adesão da Irlanda URSS
1947
18 August
S/PV.186 S/PV.186 Pedido de adesão Transjordânia URSS
1947
29 July Os incidentes de fronteira gregos
S/PV.170 S/PV.170 URSS
1947 questão grega
25 March
S/PV.122 S/PV.122 Incidentes no Canal Corfu URSS
1947
20 Telegrama datado de 24 de agosto de
September S/PV.70 S/PV.70 1946 a partir da República da Ucrânia URSS
1946 Soviética Socialista ao Secretário-Geral
29 August
S/PV.57 S/PV.57 Pedido de adesão Portugal URSS
1946
29 August
S/PV.57 S/PV.57 Pedido de adesão da Irlanda URSS
1946
29 August
S/PV.57 S/PV.57 Pedido de adesão Transjordânia URSS
1946
26 June
S/PV.49 S/PV.49 A questão Espanhol URSS
1946
Continua...
136
Continuação
Membros
Data Projeto Origem Assunto Permanentes
que vetaram
26 June A questão prejudicial questão
S/PV.49 S/PV.49 URSS
1946 espanhola
26 June
S/PV.49 S/PV.49 A questão Espanhola URSS
1946
18 June
S/PV.45 S/PV.47 A questão Espanhola URSS
1946
16 Carta dos chefes das delegações
February S/PV.23 S/PV.23 libanesas e sírias ao Secretário-Geral, URSS
1946 datada de fevereiro 1946.