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TEORIA DO DESIGN 1

Curso de Tecnologia em Design de Interiores – Dom Bosco – 2009.2

AULA 05: ESTUDOS DOS MOVIMENTOS E ESCOLAS: ARTS AND


CRAFTS
5.1. CRONOLOGIA
geometricasnet.wordpress.com/.../historia-do-design-arts-a-crafts/

5.1.1 2ª metade do século XVIII

A crescente industrialização na Grã-Bretanha e posteriormente no resto da


Europa colocou os artigos de uso diante de exigências novas: processo mecânico de
fabricação; venda dos produtos; uma melhoria dos meios de comunicação
possibilitou um maior mercado; etc.

5.1.2 2ª Metade do século XIX

Irmãos Thonet deram início à produção de cadeiras com madeira arqueada,


que foram apresentadas em 1851 na Exposição Mundial de Londres onde se
destacam as cadeiras de café Nº14.
Em 1898 foi fundada as Oficinas de Dresden de Arte Artesanal pelo
carpinteiro Karl Schmidt, que mais tarde trabalham com artistas de renome do
movimento Jugendstil.

5.2 HISTÓRICO
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_tex
to&cd_verbete=4986&lst_palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=8

Arts and Crafts é um movimento estético e social inglês, da segunda metade


do século XIX, que defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e
à produção em massa. Reunindo teóricos e artistas, o movimento busca revalorizar
o trabalho manual e recupera a dimensão estética dos objetos produzidos
industrialmente para uso cotidiano. A expressão "artes e ofícios" - incorporado em
inglês ao vocabulário crítico - deriva da Sociedade para Exposições de Artes e
Ofícios, fundada em 1888.

5.2.1 RUSKIN, PUGIN e MORRIS

As idéias do crítico de arte John Ruskin (1819 - 1900) e do medievalista


Augustus W. Northmore Pugin (1812 - 1852) são fundamentais para a consolidação
da base teórica do movimento. Na vasta produção escrita de Ruskin, observa-se
uma tentativa de combinar esteticismo e reforma social, relacionando arte à vida
diária do povo. As idéias nostálgicas de Pugin sobre as glórias do passado medieval
diante da mediocridade das criações modernas têm impacto sobre Ruskin, que,
como ele, realiza um elogio aos padrões artesanais e à organização do trabalho das
guildas1 medievais.

Mas o passo fundamental na transposição desse ideário ao plano prático é


dado por William Morris (1834 - 1896), o principal líder do movimento. Pintor, escritor

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As guildas, corporação artesanal ou corporações de ofício, eram associações de artesãos de um
mesmo ramo, isto é, pessoas que desenvolviam a mesma atividade profissional que procuravam
garantir os interesses de classe e regulamentar a profissão.

Prof arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda


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e socialista militante, Morris tenta combinar as teses de Ruskin às de Marx, na


defesa de uma arte "feita pelo povo e para o povo"; a idéia é que o operário se torne
artista e possa conferir valor estético ao trabalho desqualificado da indústria. Com
Morris, o conceito de belas-artes é rechaçado em nome do ideal das guildas
medievais, onde o artesão desenha e executa a obra, num ambiente de produção
coletiva.

Diversas sociedades e associações são criadas com base na intervenção


direta de Morris. Em 1861, é fundada a Morris, Marshall, Faulkner & Co.,
especializada em mobiliário e decoração em geral: forrações, vidros, pratarias,
tapeçarias etc. O sucesso da empresa pode ser aferido por sua ampla e duradoura
produção. Dissolvida em 1874, deixa sua marca:
• seja nos padrões de Morris para papéis de parede (Pimpernel, 1876) e
naqueles idealizados por A.H. Mackmurdo (1851 - 1942) - The Cromer
Bird, 1884;
• seja nos trabalhos gráficos de Walter Crane (1845 - 1915), pioneiro da
editoração popular (vale lembrar que Crane e Burne-Jones ilustram
diversos livros para a Kelmscott Press, editora fundada em 1890 por
Morris, que valoriza as antigas formas e técnicas de impressão).

Em 1871, a Guilda de S. Jorge, planejada por Morris, representa mais uma


tentativa de conjugar ensino de arte e nova forma de organização do trabalho. Tal
experiência frutifica em outras, como:
• na Guilda de Trabalhadores de Arte (1884)
• e na Guilda de Artesanato (1888).

Ainda em 1888, a Arts and Crafts Exhibition Society - exposição quadrienal


de móveis, tapeçaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres - reúne trabalhos
de vários adeptos do movimento. Além de Morris e Crane, se fazem presentes na
mostra:
• o arquiteto e designer Charles Robert Ashbee (1863 - 1942), responsável
por diversas residências da época, pela criação de jóias e por trabalhos
editoriais realizados na Essex House Press, inspirada na Kelmscott
Press;
• o também arquiteto e designer Charles F. Annesley Voysey (1857 - 1941),
célebre por suas casas simples e modestas, por seus têxteis e papéis de
parede;
• o arquiteto e estudioso de técnicas medievais de construção William
Richard Lethaby (1857 - 1931), entre outros.

A partir de 1890, o Movimento de Artes e Ofícios liga-se ao estilo


internacional do art nouveau espalhando-se por toda a Europa

Na arquitetura norte-americana, o nome de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959)


deve ser lembrado pelo seu débito explícito em relação ao movimento Arts and
Crafts e às idéias de Morris. Nas concepções e construções de Wright observa-se o
mesmo gosto pela natureza (sua preferência pelos subúrbios e pelo modelo das
casas de fazenda), pela simplicidade e pelo artesanal, que ele combina livremente a
materiais e técnicas industriais em projetos como as séries de Prairie Houses, dos
primeiros anos do século XX.

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A despeito do impacto estético do trabalho de Morris, seu projeto não logra a


tão almejada popularização dos produtos. De qualquer modo, o legado do
movimento Arts & Crafts pode ser aferido até hoje, em todo o mundo,
pela propagação de estúdios de cerâmica, tecelagem, joalheria e outros e pela
organização de diversas escolas de artes e ofícios.

No Brasil, especificamente, o Liceu de Artes e Ofícios, criado em diversas


cidades (Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), encontram na experiência do Arts &
Crafts e na valorização do trabalho artesanal no interior da indústria de feição
capitalista um modelo a ser seguido. As artes decorativas e aplicadas têm lugar
assegurado no seio do modernismo de 1922 com os trabalhos - pinturas, tapeçarias
e objetos:
• de John Graz (1891 – 1980);
• e dos irmãos Regina Graz (1897 – 1973) e Antonio Gomide (1895 –
1967).

Anos mais tarde, a proximidade entre arte e indústria é reeditada no interior


do grupo concreto paulista, na década de 1950. Aí se destaca o nome de Geraldo de
Barros (1923 – 1998):
• por suas afinidades com a fotografia, com desenho industrial e com a
criação visual, sobretudo a partir de 1954, quando funda a cooperativa
Unilabor e a Hobjeto, dedicadas à produção de móveis.
• A Form-inform, também fundada por ele, destina-se à criação de marcas e
logotipos. Esses poucos exemplos, ainda que muito distintos em suas
concepções e realizações, podem ser vistos como tentativas de
atualização do ideário do Arts & Crafts e de sua filosofia da
inseparabilidade entre artes visuais e artes aplicadas.

Prof arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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