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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia
Curso de Graduação em Engenharia Civil

Disciplina Engenharia e Sociedade

Material de Apoio
Oitavo Período
EPD097 – TURMA E – Engenharia Civil
Primeiro Semestre 2021 (ERE)

Prof. José Aravena-Reyes


Departamento de Construção Civil

Unidade 4

Objetivos Pedagógicos Compreender as implicações do contexto


socioeconômico nas atividades da Engenharia.

Unidades Programáticas de 1. Desenvolvimento Econômico. – 2. Inovação


Conteúdos Tecnológica.

1. Desenvolvimento Econômico

Teorias Econômicas

Do mais conhecido que se tem em Economia, diga-se, o pensamento de Adam Smith,


o pensamento econômico se divide no estudo macro e micro da economia. Da ideia da
mão invisível do mercado à crítica política de Marx, de certa forma, sempre se tratou de
escassez ou abundância. Os grandes temas econômicos tais como a propriedade
privada, as instituições financeiras, o comercio, a inflação ou os conceitos que guiam a
economia contemporânea como a liberdade, o consumo ou a dívida sempre foram
palco de debate e as preocupações hoje se direcionam mais para entender o
comportamento do mercado. Se outrora se pensou que uma economia centralizada
poderia sarar todas as dificuldades dos modelos abertos, hoje sabemos que não é tão
simples encontrar o equilíbrio econômico dessa forma e os temas incluem o papel

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relevante da inovação ou a condição global da economia capitalista integrada. Há uma
narrativa associada à economia capitalista –que por sinal, é o modelo dominante– que
mais do que baseada em complexas teorias matemáticas, se debruçam sobre o
comportamento humano para compreendê-lo ou influenciá-lo. Redes, projetos e
empreendedorismo, por exemplo, fazem parte de uma narrativa que visa captar o
interesse em torno de uma ideologia libertária e hedonista, onde o sujeito é chamado
não só a se alinhar com um modelo econômico, senão a se alinhar com valores morais
e diretrizes sociais que incidem diretamente no que são ou podem ser.

Mercado de Trabalho

A profissão de engenheiro é regulamentada por lei, mas isso não significa que o Estado
dê garantias de reserva de mercado. Aparentemente, essa regularização coloca a
profissão no domínio do formal associado à atividade econômica. Produção, emprego,
produtividade, rotatividade da mão de obra e outras variáveis compõem o leque
analítico do mercado de trabalho. A população economicamente ativa e não-ativa se
caracteriza de muitas formas e todas essas caracterizações ajudam a compor os
indicadores de desempenho do mercado de trabalho, o que permite dizer sobre a
situação e tendências do emprego e/ou desemprego e do salario e seus reajustes.
Porém, um fenômeno recente diz relação com as futuras formas de emprego e
desemprego, assunto que coloca um alerta nas consequências futuras de uma economia
globalizada.

Consumo e Crescimento Econômico.

De alguma forma o modelo econômico dominante se sustenta num ciclo crescente de


produção e consumo. Se há mais consumo, mais produtos são necessários, mais ventas
são realizadas, mais dinheiro circula, mais capital é acumulado e novos investimentos
são feitos desatando novos processos produtivos. A garantia de dinheiro circulando
permite o consumo, e obviamente, se há mais dinheiro circulando haverá mais
consumo e, portanto, a economia cresce.

Das proposições do modelo econômico capitalista, o acumulo de capital fornece novos


patamares de possibilidades de consumo: poupar para ter acesso a novos produtos,
novos níveis de consumo. A ética capitalista coloca o trabalho como um dos mais
importantes referenciais da vida; trabalhar é digno porque permite ao ser humano se
inserir na máquina econômica numa condição ética positiva; não se rouba para
acumular; se trabalha arduamente.

Na perspectiva contemporânea não é fácil dizer que somente o esforço traz acúmulos
de capital. Talento e boas ideias deflagram processos produtivos de alto valor. Se em
algum momento o capitalista e o trabalhador foram distinguidos pelo tipo de relação de
posse dos meios de produção, no cenário contemporâneo o produzir sai da
materialidade das fábricas e entra no domínio imaterial das boas ideias. A sociedade

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industrial abre passo à pós-industrial e assim entramos na sociedade da informação e
do conhecimento, cujo lema é quem possui informação produz conhecimento e quem
produz conhecimento produz riqueza.

Daí que as modernas técnicas de gestão do conhecimento visam capturar o valor do


capital humano que participa da vida econômica. Cada nova ideia se desdobra em
modelos de negócio que visam, entre outros, vender um dado produto. Como as
organizações demandam constantes metas de crescimento e acúmulo, o processo
produtivo é empurrado por um conjunto de técnicas de expansão de negócios. Mais
negócios, mais cresce a economia. O próprio crescimento demográfico é um fator que
justifica o crescimento econômico, mas não é o único nem o mais importante; no
modelo neoliberal de economia de mercado, todos têm direito a vender e consumir,
portanto, todos lutam por maiores ganhos econômicos, impulsionando assim o
crescimento da economia.

Indicadores Econômicos e de Produtividade.

Como o crescimento econômico se refere principalmente à capacidade produtiva de


um dado país, o indicador mais apropriado para conhecer o comportamento produtivo
é o PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, uma medida que verifica quanto mais é
produzido em termos exclusivos de valor econômico por um país em um determinado
período de tempo. Como o valor é um conceito complexo, o próprio indicador
incorpora uma filosofia de entendimento da realidade econômica que resulta muito
mais complexa do que ele consegue apresentar. Não havendo uma apreciação das
diferencias entre classes sociais ou regiões, o PIB e a Renda Nacional per capita são
macro indicadores muito gerais, mas com significado suficiente para servir de
parâmetro de observação da atividade econômica de uma nação.

Globalização.

O fenômeno chamado de Globalização exerce uma enorme influência na ordem


econômica mundial. Hoje se entende que todas as economias estão interligadas e que,
portanto, as politicas internas devem se ordenar também pelas circunstâncias externas.
O comercio global impulsionou a criação de blocos econômicos e promoveu um
achatamento do mundo. O mundo plano serve para dizer da eliminação de hierarquias
entre países desenvolvidos e não desenvolvidos. Porém, todos sabemos que os
problemas ainda existem e que o acirrado mercado financeiro possui leituras
supranacionais que afetam a própria ideia de Estado e de soberania. As redes de
computadores provocaram a interconexão global e provocaram uma temporalidade
econômica que é o tempo real, imediato, dando um giro epistemológico do fazer do
homem como homem de projetos, de futuros. Mercados e processos produtivos visam
o futuro. O presente já chega morto, previsto. O cenário econômico do futuro abre
passo à especulação e corrói estabilidades da ordem social planetária, achatando

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também as culturas e as vidas em geral. Ser global é ser transparente para o mundo
inteiro, o que coloca o sujeito como potencial consumidor no contexto de uma
competência global que cria janelas para o local se expandir, mas também abrindo um
universo de possibilidades de realização que mais do libertar, o esgota com suas
inúmeras demandas identitárias de consumo.

Sustentabilidade

Talvez uma das discussões mais acirradas relativas ao crescimento econômico seja a
questão da degradação planetária. Acontece que o crescimento econômico exige mais
musculatura geográfica do que o planeta dispõe. Assim, grande parte dos princípios que
norteiam o modelo econômico dominante se encontram com possibilidades de serem
premissas inválidas. Vários indicadores daquilo que se denomina rota de colisão
econômica ou grande catástrofe global somam diversos cenários que colocam em risco
toda a dinâmica econômica. A primeira perspectiva que surge para lidar com essa
situação é a noção de que os processos econômicos devem ser sustentáveis, quer dizer,
duráveis e viáveis. Mas, em função de grandes indicadores econômicos como o elevado
aumento de uso de recursos naturais, o crescimento demográfico, a divida pública, o
pick do petróleo e do fósforo, tornam a própria ideia da sustentabilidade uma
ingenuidade. Aparentemente o caminho aponta para baixos níveis de consumo e uso
responsável de recursos naturais, o que incide é uma dinâmica econômica controlada,
ou seja, avessa ao modelo liberal.

Juiz de Fora, Julho de 2021

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