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Tecnologia das argamassas

AGLOMERANTES

Definição:
Material quimicamente reativo que irá proporcionar a união entre os
constituintes das argamassas e dará resistência mecânica o conjunto.
Existem aglomerantes quimicamente inertes, como misturas argilosas, em que o
endurecimento se dá basicamente por evaporação da água de amassamento. Possuem
pouca importância à construção civil.

Tipos de Aglomerantes:

Aéreos – Empregados somente ao ar; não resistem satisfatóriamente quando imersos em


água. Ex.: Gesso e cal aérea (comum).

Hidráulicos - Podem ser empregados ao ar ou na água, resistindo satisfatóriamente em


ambas condições. Ex.: Cal hidráulica, cimento de pega rápida, pega normal ou
Portland Comum.

Cimento Portland:

Obtido pela moagem do clinker, obtido pelo cozimento da mistura de


calcário e argila, convenientemente dosada e homogeneizada. Constituído ainda, por
proporções de sulfato de cálcio.

Constituintes principais:
Cal CaO
Sílica SiO2 90 a 95% da
Alumina AlsO3 composição do cimento
Óxido de ferro Fe2O3
Proporções menores de MgO e Anidrido sulfúrico (SO3)

Composição após o clinker:


Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 C3 S
Silicato dicálcico 2CaO.SiO2 C2 S
Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 C3 A
Ferroaluminato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF

Pega
Termo utilizado para o período de enrijecimento do cimento; mudança de estado
fluido para um estado rígido. O C3A e o C3S respondem pela pega do cimento, por
serem os primeiros compostos a reagirem.

C3S – Primeiro composto a reagir. Principal responsável pela resistência em


todas as idades. Libera grande quantidade de calor na hidratação; cimentos de alta
resistência inicial são ricos neste composto.

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C3A – Tem seu enrijecimento retardado em função da adição do gesso ao


cimento, evitando assim a sua pega instantânea. Começa a reagir em tempo superior ao
C3S. Contribui para o enrijecimento no 1° dia, liberando grande quantidade de calor;
não resiste à águas sulfatadas, porém é um composto importante na fase de produção do
cimento.
C2S – Tem maior importância em idades mais avançadas (grande crescimento de
resistência à partir de 28 dias, permanecendo até 1 ano ou mais; possui baixo calor de
hidratação.
C4AF – Contribui muito pouco para a resistência; tem pega rápida; melhora o
desempenho do cimento ao ataque de águas sulfatadas (Ex.: água do mar).

Quanto ao incremento de resistência:


Até 3 dias – ocorre pela hidratação do C3S
Até 7 dias – Aumento da hidratação do C3S
Até 28 dias – Hidratação do C3S e pequena contribuição do C2S
Acima de 28 dias – Basicamente pelo C2S

Obs.: Em alguns cimentos pode ocorrer o fenômeno de falsa pega, que é o


enrijecimento prematuro anormal do cimento, alguns minutos após a adição da água
(difere da pega instantânea por não haver liberação de calor de hidratação). Corrige-se
esta situação remisturando o material, até que sua plasticidade seja readquirida, sem
perda de resitência.

Compostos que influenciam na pega do cimento:


1. Aceleradores de pega
Cloreto de cálcio, em % superior a 0,5%
Cloreto de sódio
Álcalis (hidróxido de posássio e sódio).

2. Compostos que retardam a pega:


Gesso
Carbonato de sódio
Óxido de zinco
Açúcar
Bórax
Tanino
Ácido fosfórico

Efeito da finura nas características do cimento:


 Aumento da finura melhora a resistência nas primeiras idades
 Diminui a exsudação (separação expontânea da água da mistura)
 Aumenta a impermeabilidade
 Melhora a trabalhabilidade.

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Tipos de cimento nacionais

Tipo Sigla Clinquer + Escória Material Material


sulfatos de granulada pozolânico carboná-
cálcio (%) (%) (%) tico (%)
Cimento Portland comum CPI 100 0 0 0
Cimento Portland comum com adição CPI-S 99 - 95 1–5
Cimento Portland composto com escória CPII-E 94 - 56 6 – 34 0 0 – 10
Cimento Portland composto com pozolana CPII-Z 94 – 76 0 6 – 14 0 – 10
Cimento Portland composto com filer CPII-F 94 – 90 0 0 0 – 10
Cimento Portland de alto forno CPIII 65 – 25 35 – 70 0 0–5
Cimento Portland Pozolânico CPIV 85 – 45 0 15 – 50 0–5
Cimento Portland de alta resist. Inicial CPV-ARI 100 - 95 0 0 0–5
Cimento Portland de moderada resistência MRS
a sulfatos
Cimento Portland de alta resistência a ARS
sulfatos

Resistência a agentes agressivos:

Os materiais à base de cimento, quando em contato com a água e/ou solo, podem
sofrer ação de agentes agressivos incorpoados à estes. O hidróxido de cálcio, presente
na proporção de 15 a 20% do peso do cimento original é o ponto mais vulnerável do
composto.

 Águas puras atacam o cimento por dissolução da cal existente no cimento hidratado
 Águas ácidas, provenientes de água da chuva, por exemplo, com proporções de gás
carbônico dissolvido age sobre a cal do cimento hidratado. Baixa concentração não
traz problemas e, eventualmente, o CO2 dissolvido na água pode ajudar na
carbonatação da cal. Em altas concentrações, pode extinguir a cal existente
 Águas de resíduos industriais (ácidas)
 Água sulfatada – ataca o cimento hidratado (reação sulfato com aluminato)
produzindo sulfoaluminato com aumento de volume.

Cimento Portland Comum (CPI e CPI-S)


Pode ser utilizado em casos correntes da construção civil, onde não se queira
propriedades especiais do material.

Cimento Portland Composto (CPII (E, Z ou F)


Difere pouco do comum, tendo suas aplicações indicadas para as mesmas
situações.

Cimento Portland de Alto Forno


Deve-se dar preferência à sua utilização no caso de meios sulfatados, como
ambientes marinhos e algumas águas industriais residuais, devido à menor quantidade
de hidróxido de cálcio presente no material hidratado.
Tem acréscimo de resistência mais lenta que o CPI;

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Cimentos Pozolânicos
Cimentos com adição de substâncias de grande finura, que sozinhas, não tem
função aglomerante própria, porém reagem com a cal hidratada na presença de água,
formando materiais cimentícios. (cinzas vulcânicas, cinzas de casca de arroz, cinzas
volantes, escórias, entre outros).
A resistência inicial de cimentos pozolânicos é inferior ao do cimento portland
comum, entretanto, em idades avançadas, sua resistência poderá até mesmo ultrapassar
a resistência deste, trazendo ainda, algumas melhorias:

 melhora a trabalhabilidade do material, em função da sua grande finura (mais fino


que o cimento);
 diminui o calor de hidratação;
 aumenta a impermeabilidade;
 reduz a fissuração;
 aumenta a resistência aos ataques a águas sulfatadas, água pura e água do mar;
 reduz riscos de eflorescência;
 reduz custos;

Resisências mínimas a serem atingidas por cimentos


nacionais
40
Resistência (MPa)

35
30
25
20
15 1 dia
10 3 dias

5 7 dias

0 28 dias
CP I-S-32 CP II-F-32 CPII-Z-32 CP IV-32 CP V-ARI
Tipo de cim ento

Fonte: Manual de especificações de produtos – cimentos Itambé

Bibliografia utilizada e sugerida como leitura complementar:


BOLORINO, H., CICOTTO, M. A. A influência do tipo de cimento nas argamassas. In
II Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas Anais... 1997
BAUER, L. A. F. Materiais de construção.
PINTO, J. A do N. Elementos para a dosagem de argamassas.
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto.

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