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“Cinema na Docência e na Escola: Ensinar e Aprender, Ver e Criar, Sentir e

Pensar”

Palavras chave: criação, estudantes, educação, professores, cinema.

Realizado entre julho de 2013 a março de 2016, este Projeto, envolveu onze
escolas públicas, aproximadamente 150 estudantes e 20 professorxs do Ensino
Fundamental e Médio, e da Educação de Jovens e Adultos. 

O trabalho trouxe a experiência cinematográfica, para a realidade de diversas


crianças, jovens, adultos e idosos, em dois sentidos: Primeiramente, na
exibição e discussão de filmes, lhes possibilitando o contato com o cinema de
criação, e com outras formas de ver e pensar o mundo. Em segunda instância,
esse contato se potencializou quando se uniu ao próprio gesto de criação. No
compartilhamento de saberes, professorxs e alunxs imaginaram e
desenvolveram seus próprios filmes, criaram suas narrativas e construíram
suas imagens. Visuais, simbólicas, e atuantes.

No desenrolar do Projeto, realizamos um pequeno documentário, de dezesseis


minutos, chamado “Derretimentos entre escola, docência e cinema”, numa
tentativa de registrar e transmitir o que foi essa experiência, tanto para os
alunxs envolvidxs, como para seus professorxs.

Ao divulgar o trabalho realizado por ambos, nesse encontro com o cinema,


pretendemos gerar reflexões e tornar conscientes as belas e potentes
possibilidades que se tem, ao adotar a experiência estética e a criação
cinematográfica, nos contextos educativos escolares. Incentivando assim, mais
iniciativas nesse sentido.

Dentre as onze escolas que integraram o projeto, escolhemos seis delas para
retratar em nosso registro documental: a Escola Municipal Padre Francisco –
EJA externa; as Escola Municipais: Caio Líbano Soares, Vila- Fazendinha,
Professora Alcida Torres, IMACO; e a Escola Estadual Jovem Protagonista. O
critério de escolha das escolas, pretendeu abranger diferentes ciclos da vida
dxs estudantxs, que foram representadxs a partir de suas filmagens na
respectiva ordem: primeiro as imagens feitas pelos idosos, depois pelos
adultos, jovens, e crianças.

Esses arquivos de registro, resultantes dos exercícios cinematográficos que os


alunos realizaram, passaram por um processo de seleção para entrar no
documentário, e mesmo assim, ocupam um grande espaço no mesmo. Assim,
a maior parte da voz contida no filme, vem desses sujeitos estudantes e de
suas criações.

A construção de “Derretimentos, entre escola, docência e cinema” também


passou pela reunião de depoimentos, informações, e outros tipos de materiais.
No final do documentário, por exemplo, escolhemos exibir um trabalho manual
feito pelos professores, com desenhos e pensamentos escritos pelos mesmos,
que tentam expressar o que o cinema representa em suas vidas. E daí nasceu
o título de nossa película - “Derretimentos, entre escola, docência e cinema”
-ao ler o trabalho de uma professora que afirma que o cinema traz “uma
sensação de derretimento”, quando experienciado.

Nos créditos, temos mais vozes de professores. São três professoras, que nos
contam sobre as experiências compartilhadas com seus alunos, tendo o
cinema dentro de seus contextos educacionais. Assim, o raciocínio de
montagem que organiza o documentário, tenta unir as diferentes vozes
contidas no que foi essa experiência de Projeto. No caso, representadas pelos
estudantes e suas realizações fílmicas, e por professores e suas relações
construídas em sala de aula, com o cinema.

Durante o período de reflexão, produção e montagem deste nosso registro


documental, e na reunião de depoimentos e imagens sobre esse Projeto, se fez
claro que o cinema, como ativador de lugares, narrativas, e sujeitos, tem uma
grande capacidade de abrir múltiplos caminhos para enriquecer a experiência
educacional.

Educar com o cinema é educar com o outro, é sair de si mesmo para


compreendê-lo. E nesse processo de deixar-se afetar, com o despertar dos
sentimentos e da troca, é praticado um contínuo exercício de alteridade, e de
reflexão de mundo.

Acreditamos no cinema como lugar inventivo e re-inventivo. E que se mostra


como grande potência para incitar os agentes que dele participam, uma
constante “presença curiosa (...) em face do mundo” (FREIRE,1975). Os
vídeos, e trabalhos realizados pelos estudantes, durante esta experiência com
o cinema, deixam explícita essa curiosidade. E parece que ela na verdade, vai
além dos próprios alunos, e alcança também seus professores, seus familiares,
os agentes socioeducativos, os funcionários da escola.

A partir dessa curiosidade, pelo espaço, pelas pessoas, pela criação, pelo
mundo, que esses sujeitos passam a reavaliá-lo. Passam inclusive, e
principalmente, a transformá-lo. No processo de reflexão sobre a construção
desse documentário, isso se tornou explícito. O cinema pensa e recria a
escola, indo para além dela, ao mesmo tempo, a escola interroga e interpela o
cinema.

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