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Opção de Estrutura
“The 8 Sequence Approach”
Por Jaqueline M. Souza
HISTÓRICO
Em 1996, Frank Daniel faleceu e vários de seus pupilos lançaram luz sobre a
estrutura ( que deixou de ser tão secreta) e essa nova geração de alunos
acabou popularizando o formato com livros e estudos que se inspiravam na
teoria de Daniel. Beth Serlin se especializou na teoria de Daniel e tem palestras
pelo mundo sobre o assunto, Cris Soth escreveu o livro MILLION DOLLAR
SCREENWRITING: The Mini-Movie Method, mas com certeza o mais famoso é
Paul Joseph Gulino. O livro de Gulino não está entre os mais famosos de roteiro,
mas ganhou popularidade a ponto de hoje a estrutura ser associada ao título
que deu a seu livro, 8 Sequence Approach e não mais como Frank Daniel
Approach.
O que é uma sequência?
A compreensão é a mesma do conceito padrão de linguagem cinematográfica:
uma sequência é um conjunto de cenas com uma unidade de ação dramática.
Nas duas primeiras décadas do cinema, os realizadores das obras mais
longas eram frequentemente indicados a criar suas obras com pequenas
sequências que tivessem começo, meio e fim dentro de um mesmo rolo de
película para exibição.
Mas como falamos acima, não foi apenas Gulino que escreveu sobre 8
Sequence Approach. Cris Soth também tem um livro explorando a estrutura,
mas substitui o termo sequência pela expressão “mini-filme”.
Aqui, usaremos tanto o livro de Gulino quanto o Soth para pensar essa proposta
de estrutura, assim como documentos de trabalho de Frank Daniel. Para unificar
a terminologia iremos usar as nomenclaturas mais facéis e repetidas: sempre o
termo sequência ( e não o mini-filme de Soth), mas iremos nos referir a ela em
ordem numérica, como era a estrutura ensinada por Daniel e Soth ( e não em
ordem alfabética como a proposta por Gulino).
1° ATO
Sequência 1
Sequência 2
“Por que nosso herói não pode resolver seu problema através de um
desses canais normais? Porque ele(a) é um pessoa extraordinária, o tipo
de pessoa de quem se contam histórias. É necessário mais. Isso vai ser
uma luta.
Então, por que esse mini-filme? Se as soluções não funcionam, por que
experimentá-las? E acima de tudo, por que gastar seu valioso tempo de
escrita dramatizando-as e milhões para filmá-las?
Sequência 4
Com todas as medidas comuns esgotadas, ficará evidente para o protagonista
que passos mais fortes serão necessários para vencer. O obstáculo começa a
crescer, exigindo mais trabalho, esforço ou treinamento do personagem. Tendo
tentado todo lógico e sensato, sem sucesso, agora é hora de medidas mais
extremas e um plano é definido. O protagonista coloca seu plano em ação, mas
ainda se frusta, ou por não conseguir executar seu plano ou por essa ação
acarretar resultados inesperados que continuam a complicar a história. O plano
quase sempre falha devido a certas informações vitais, que o protagonista não
tem em relação a força ou a natureza das forças do antagonismo contra ele,
aqui podem surgir novos personagens e antagonistas. Ao final dessa sequência
a “Primeira Culminação”, resultando em um aumento dos riscos, que acaba
virando a história em outra direção, ainda mais complexa. O MidPoint.
Sequência 5
O protagonista tentou todas as possibilidades e ainda não alcançou o sucesso,
ele precisa se reposicionar, reagrupar e definir novas estratégias. Ele confronta a
necessidade de mudar, agora de olhos abertos a suas próprias fraquezas, o que
o impede de vencer. Isso cria um respiro da meio da trama. Aqui é onde em
geral, o protagonista e seu interesse amoroso se aproximam, dividem um
momento de grande intimidade ( pode ser um momento atualmente emocional
ou mesmo sexo).
“Eles vão fazer alguma coisa, talvez não declarem, podem nem mesmo
estar conscientes disso, mas um plano está se formando de novo. E
através deste mini-filme, veremos que eles se preparam para o plano,
reunindo o que eles precisam, sejam materiais ou aliados ou apenas sua
coragem, e colocando o plano em ação. Sim, para aqueles de vocês com
boas lembranças, isso pode parecer um pouco como o mini-filme quatro,
onde vimos nosso herói fazer um plano para livrar-se desse problema. E
esse plano sai horrivelmente errado. Mas com algumas diferenças
importantes - desta vez, no final do mini filme seis, nosso herói COMPLETA
sua mudança e o plano pode, de fato, exigir essa mudança para
funcionar. O herói percebe algo - tem uma revelação ou algo lhe é revelado
- que vai salvar sua pele. Algo se tornará evidente para ele, algo que ele
nunca tenha percebido antes ... e isso lhe proporcionará o caminho para
triunfar sobre as forças do mal. "
Sequência 6
O obstáculo mais alto, a última alternativa, o momento mais alto ou mais baixo e
o fim de nossa tensão principal chegam a este ponto. O protagonista aplica o
novo plano, agora pronto pra mudar. O plano em ação quase o destrói... mas
então ele tem uma revelação.
3° ATO
"Esse ato tem uma suave diferença na tensão dramática do que o
Segundo Ato. No Segundo Ato- a questão pode ser: " Conseguiremos
descobrir quem matou X ?". No final do Segundo Ato o detetive deve saber.
A tensão do Terceiro Ato então seria: "Nós conseguiremos pegá-lo?" Em
um filme de assalto a pergunta pode ser:" Conseguiremos tirar o dinheiro
do banco?" A tensão do Terceiro Ato então se torna: " Conseguiremos
escapar com o dinheiro?"
- Frank Daniel em memorando de sua Metodologia
Sequência 7
A falsa resolução. Esse é o jeito que nos achamos que o filme vai acabar, antes
que uma reviravolta envie a história para seu final verdadeiro.
Sequência 8
Uma das coisas mais interessantes dessa estrutura é que ela pode ser utilizada
meramente como metodologia. Assim, em vez pensar a história como um todo,
do começo ao fim, é possível construir a historia em etapas, com pequenos
segmentos que levam a história adiante. Em vez de se preocupar com as 90 ou
120 páginas que necessita escrever, o roteirista se preocupa com as 15
primeiras, e depois com as 15 próximas, e assim por diante.
Cada segmento pode ser pensado tendo em vista a responder uma tensão
drámatica ( ou uma pergunta drámatica) que se apresenta, se desenvolve e tem
como resolução um gancho que faz a história continuar progredindo.
O formato também é muito positivo para se pensar na escrita do 2º ATO. Ele não
tem a mesma quantidade de beats que o paradigma de Blake Snider, por
exemplo, e por isso mesmo consegue guiar a escrita sem deixá-la tão prevísel.
Aqui, o segundo ato funciona como uma escada de quatro degraus que devem
progredir logicamente em intensidade até resolver a tensão dramática do 1º e 2º
Ato.
Nem todas as histórias podem funcionar com a estrutura, mas com bons pontos
de virada que conectem bem as sequências e não façam-nas parecer episódios
desconexos e colados, a estrutura pode ser utilizada nos mais diversos tipos de
obras.