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Marabá - PA
2021
Caio Vinı́cios Reis de Araújo
Marabá - PA
2021
Caio Vinı́cios Reis de Araújo
Marabá - PA
2021
Dedico esse trabalho aos meus saudosos amigos Anderson e Jackeline, que não resistiram
à depressão e, infelizmente, não poderão ler esse trabalho.
AGRADECIMENTOS
À Deus, meu senhor e salvador, a Quem devo minha existência e minha conquistas.
Louvado seja o Deus de Israel.
À minha mãe, Elisângela Reis, pelas noites em claro me dando ânimo para continuar.
Meu pai, José Ailton, por vibrar junto a cada pequena vitória. Ao meu irmão, Jadic
Monteiro, meu amigo que protegerei sempre. Eles são meu núcleo de apoio para as horas
mais difı́ceis.
À minha noiva, Valéria Cristina, minha parceira e amor da minha vida que acre-
ditou em mim quando nem eu mesmo acreditava, a quem desejo dedicar a minha vida
incondicionalmente.
Aos professores Dr. Breno Takiuti e Dr. Pedro Castillo, que não economizaram
esforços para a conclusão desse trabalho, compartilhando seus conhecimentos e sabedorias
de forma magistral.
À todos os professores e colegas da UNIFESSPA, em especial aos mais próximos,
Késsio Jhonys, Gabriela Pimentel, Eva Raiane e Rodrigo Sampaio, que participaram da
minha evolução acadêmica dos quais não me esquecerei jamais.
Aos meus tios Deuzimar Reis e José Adailton, que sempre largaram seus trabalhos
para me ajudar com os meus. Aos meus primos Pablo Reis e Diann Kallyl e amigos Jhavas
Luan e Lennon Ricardo, meus amigos de estrada.
À empresa Dassault Systèmes SOLIDWORKS Corp. pela disponibilização da licensa
do software SOLIDWORKS usado nesse trabalho.
À todos que, direta ou indiretamente, contribuı́ram para a conclusão desse trabalho
e da graduação em engenharia mecânica. Muito obrigado.
“Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se
confirmarão.”
(Provérbios 15:22)
RESUMO
Considering that structural dynamics analysis is of great importance for the design
of aeronautical projects, research is carried out on modal analysis using the finite element
method, in order to apply it in an aeronautical wing project aiming at the participation
of the team Iguanas Aerodesign at the SAE Aerodesign competition. Therefore, it is
necessary to develop a CAD model from the selection of designs of anterior wings produced
by the team for the application of modeling using the finite element method, so that the
natural frequencies and vibration modes of the stringer can be obtained with computational
assistance, correlating the values obtained with analytical results considering the beam as
a continuous beam for modeling validation and then applying the modeling in the aircraft
wing in a similar way. A research based on bibliographical references about oscillatory
phenomena is carried out, as well as some works that use the finite element method.
Therefore, it is verified the natural frequencies of the spar and its vibrating modes, also
extracted from the wing modeling, which imposes the verification that the phenomena
visualized in software are in line with the actual behavior of the structure.
Keywords: Aerodesign, Modal analysis, Finite elements method
LISTAS DE FIGURAS
Tabela 1 – Valores de βn l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Tabela 2 – Dados madeira balsa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 3 – Dados alumı́nio 1060-H12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 4 – Estatı́stica de elementos da malha para a asa reduzida . . . . . . . . . 46
Tabela 5 – Valores de frequência da longarina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Tabela 6 – Comparação das frequências analı́tica e numérica . . . . . . . . . . . . 49
Tabela 7 – Valores de frequência da asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Sumário
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Estrutura do trabalho de conclusão de curso . . . . . . . . . . . . . . . 14
2 INTRODUÇÃO À VIBRAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 Movimento harmônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 O modelo massa-mola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Amortecimento viscoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Sistemas com 2 graus de liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 Sistemas com múltiplos graus de liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.6 Problemas de autovalor e autovetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.7 Análise modal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.8 Sistemas contı́nuos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.9 Vibração lateral de uma viga contı́nua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.10 Método de elementos finitos (MEF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.11 Redução de modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1 Frequências e modos: longarina tubular . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Malha e resultados modais da asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 Frequências e modos: asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.1 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
APÊNDICE A – DESENHO TÉCNICO DA LONGARINA TUBU-
LAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
Segundo Leme (2014), a análise modal é o estudo das propriedades dinâmicas através
de excitações por vibrações. As análises da dinâmica estrutural são estudos baseados nos
cálculos analı́ticos e medições das estruturas em casos de aplicação de forças externas.
Souto et al. (2000) reforça que o comportamento dinâmico de um sistema mecânico deve
13
ser analisado ainda na fase de projeto para que se possa determinar se o sistema terá um
desempenho adequado nas condições operacionais prevista.
Dessa forma, grandes empresas automobilı́sticas e aeronáuticas, por exemplo,
reforçam seus estudos acerca das respostas dinâmicas visando o aumento da eficiência e
segurança de seus produtos, pois a ocorrência de falhas nesses veı́culos devido à vibrações
podem provocar acidentes graves.
Com o objetivo de produzir conhecimento e simular a concepção de projetos
aeronáuticos, a SAE (2021) organiza anualmente a competição SAE Aerodesign na qual a
equipe Iguanas Aerodesign procura sua primeira participação no evento. Esse trabalho,
portanto, tem o objetivo de aplicar a análise modal em um modelo asa de aeronave e
estudar os fundamentos que envolvem vibrações em estruturas, para que seja construı́da
uma aeronave de escala reduzida submetida às metodologias que compõem um projeto
aeronáutico real.
Para atingir tal objetivo, seleciona-se um dos projetos de asa da equipe Iguanas
Aerodesign, destacando a longarina para aplicação computacional da análise modal por
se tratar de um componente estrutural de geometria conhecida e, considerando-o como
uma viga contı́nua de Euler-Bernoulli, é possı́vel tratá-lo analiticamente com base na
literatura para obtenção das frequências naturais, correlacionando-o com os valores obtidos
via software de simulação para validação da modelagem aplicada. Em seguida, aplica-se a
análise modal na asa para obtenção das frequências naturais, bem como a visualização dos
modos de vibrar da estrutura.
Aplicar a análise modal em projeto de asa de uma aeronave não tripulada para
participação na competição SAE Aerodesign.
• Selecionar uma asa de competição SAE, da equipe Iguanas Aerodesign para aplicação
da análise modal utilizando o método de elementos finitos;
2 INTRODUÇÃO À VIBRAÇÃO
Segundo Rao (2009), um sistema sofre vibração livre quando oscila sob uma
pertubação inicial. As oscilações de um pêndulo de relógio antigo ou o declive da estrada
sentido pelo motorista mostram que a presença de movimentos ondulatórios são recorrentes
na natureza. No entanto, em vários casos da engenharia, a vibração é considerada um
efeito indesejado, e necessita de atenção para o controle das regiões de frequência natural
que provocam desgastes de peças ou, em casos graves, falha catastrófica.
As leis da fı́sica afirmam que o movimento de uma massa com mudança de velocidade
é determinada pela força resultante atuando sobre a massa. Um possı́vel dispositivo de
vibração utilizado para representar esse efeito é uma mola com uma extremidade presa a
um objeto fixo e uma massa presa à outra extremidade como visto na Figura 1.
A mola é constituida por uma rigidez, que faz com que o conjunto massa-mola
consiga acumular energia pontencial. A energia potencial por sua vez, é convertida pe-
riodicamente para energia cinética, que depende da massa. Esse ciclo de conversão de
16
energia potencial para cinética e posteriormente da energia cinética para a potencial gera
um movimento oscilatório, que para sistemas ideais, é infinito. Uma forma de definir
empiricamente a rifidez é através de um experimento simples utilizando uma mola e
diversas massas. Considere o bloco da Figura 1, ignorando a massa da mola, sabendo das
condições iniciais do objeto (sua massa e posição inicial) e as forças atuantes na massa, em
que consistem na força gravitacional que o puxa para baixo descrito pela Equação 3, sendo
m a massa em kg e g a aceleração da gravidade em m/s2 , e a força elástica restauradora
da mola dada pela Equação 2, é possı́vel fazer um equilı́brio de forças tal que:
Fg = mg (1)
Fk = kx (2)
Fg = Fk (3)
sendo a constante k chamada de rigidez da mola dada por N/m. Note que os vetores são
colineares e por isso as equações de equilı́brio são reduzidas a escalares. Substituindo os
valores temos que:
mg
k= (4)
x
adicionando-se novas massas e medindo-se o deslocamento resultante, em cada caso
experimental é calculado a rigidez da mola e logo é calculado uma média desses valores.
Os casos são mostrados na Figura 2.
Fonte: Autor
17
Um princı́pio semelhante pode ser aplicada à uma asa de uma aeronave e a Figura 3
mostra um exemplo dessa configuração. Como informações, tem-se que o avião possui
um motor acoplado na asa com distância `, gerando uma força transversal que deforma a
estrutura. Sendo assim, conhecendo as caracterı́sticas geométricas do sistema e considerando
o carregamento totalmente concentrado na ponta podemos representar da forma:
x(t)
Fonte: Autor
Fc = cẋ(t) (9)
√
ccr = 2mωn = 2 km (11)
c c c
ζ= = = √ (12)
ccr 2mωn 2 km
fator de amortecimento define a forma que o sistema irá vibrar, sendo valores sempre maior
que zero. A seguir são mostrados os tipos de movimento decorrente de diferentes valores
de amortecimento.
19
Fonte: Autor
√ √
ζ 2 −1t ζ 2 −1t
x(t) = Ae−ζωn t (a1 e−ωn + a2 e+ωn ) (14)
p
−v0 + (−ζ + ζ 2 − 1)ωn x0
a1 = p (15)
2ωn ζ 2 − 1
p
v0 + (ζ + ζ 2 − 1)ωn x0
a2 = p (16)
2ωn ζ 2 − 1
v0 e x0 são, respectivamente, a velocidade em m/s e deslocamento inicial em m. A Figura 5
mostra graficamente esse comportamento.
Fonte: Autor
21
a1 = x 0 (18)
a2 = v0 + ωn x0 (19)
Fonte: Autor
22
Ao fazer o equilı́brio de forças nas duas massas presentes no sistema temos que:
x1 (0) = x10 x˙1 (0) = x˙10 x2 (0) = x20 x˙2 (0) = x˙20 (23)
23
sendo essas condições os valores iniciais de deslocamento e velocidade das duas massas.
Nota-se que as equações de movimento acima não podem ser resolvidas por si só,
pois cada equação depende de x1 e x2 , ou seja, são dependentes. Um método de apresentar
esse sistema é por notação de matrizes, pois reúnem as equações de movimento em uma
única equação e podem ser utilizados para sistemas com mais de dois graus de liberdade.
Dessa forma, definindo o vetor deslocamento x(t) em uma matriz coluna de forma que:
( )
x1 (t)
x(t) = (24)
x2 (t)
diferenciando o vetor podemos definir a velocidade e a aceleração do sistema:
( ) ( )
ẋ1 (t) ẍ1 (t)
ẋ(t) = ẍ(t) = (25)
ẋ2 (t) ẍ2 (t)
da mesma forma temos a matriz de massas M e a matriz de rigidezes K de um sistema de
dois graus de liberdade dada por:
" #
m1 0
M= (26)
0 m2
" #
k1 + k2 −k2
K= (27)
−k2 k2
assim podemos representar a Equação 6 na forma da Equação 28.
Mẍ + Kx = 0 (28)
em que 0 denota um vetor coluna de zeros. Dessa forma, substituindo a Equação 26,
Equação 27 na equação do movimento, temos:
" #( ) " #( ) ( )
m1 0 ẍ1 (t) k1 + k2 −k2 x1 (t) 0
+ = (29)
0 m2 ẍ2 (t) −k2 k2 x2 (t) 0
A forma da resposta pode ser derivada por uma abordagem analı́tica, seguindo a
teoria das equações diferenciais elementares descrito por Boyce, DiPrima e Meade (2017).
Assumindo a solução na forma
sendo u um vetor não nulo de constantes a determinar, ω é uma variável a ser determinada e
√
j = −1. O vetor u não pode ser nulo, caso contrário, não haverá movimento. Substituindo
essa solução na resposta vetorial resulta:
sabendo que ejωt não assume valor nulo e das considerações do vetor u explicado anterior-
mente temos que:
det(−ω 2 M + K) = 0 (35)
que resulta em uma equação algébrica de uma incógnita (ω 2 ). Substituindo os valores das
matrizes M e K nesta expressão temos:
" #
−ω 2 m1 + k1 + k2 −k2
det =0 (36)
−k2 −ω 2 m2 + k2
aplicando o determinante:
m1 m2 ω 4 − (m1 k1 + m2 k1 m2 k2 )ω 2 + k1 k2 = 0 (37)
essa equação é chamada de equação caracterı́stica e serve para definir ω uma vez que os
valores de m1 ,k1 ,m2 e k2 são conhecidos. O valor do vetor constante u pode ser encontrado
25
resolvendo a Equação 34 para u fornecendo-se cada valor de ω 2 . Ou seja, para cada valor
deω 2 existe um vetor u que satisfaz a equação. Dessa forma:
A solução da equação Equação 28 sujeita às condições iniciais ẋ0 e ẍ0 pode ser
construı́da em termos dos números ω1 , e ω2 e dos vetores u1 e u2 . Assim, a solução geral é
uma combinação linear da Equação 30 tal que:
Diversos dispositivos mecânicos necessitam de vários graus de liberdade para que seu
comportamento seja descrito com precisão. Por isso, é de grande auxilio uma generalização
dos conceitos apresentados na seção anterior e, de fato, qualquer sistema com um número
finito de graus de liberdade pode ser analisado utilizando os procedimentos abordados
para 2GDL.
Considere o exemplo genérico da Figura 8 em que existem n massas e n molas
conectadas.
26
Fonte: Autor
k1 + k2 −k2 0 0 ... 0
−k2 k2 + k3 −k3 ...
K=
0 −k 2 k2 + k3
(44)
... k + k −k
n+1 n n
0 ... −kn kn
e o vetor x(t)
x 1 (t)
x (t)
2
x(t) = (45)
...
x (t)
n
do sistema. Primeiramente note que ambas as matrizes de massas e rigidezes têm caráter
simétrico e, uma vez que M possua termos somente na diagonal principal, ela pode ser
decomposta em dois termos tal que:
M = LLT (46)
sendo L uma matriz especial com zeros em todas as posições acima da diagonal principal,
chamado de matriz triangular inferior. Uma matriz M é definida positivamente se xT Mx >
0 para todo vetor x não nulo. Esse procedimento é chamado de decomposição de Cholesky.
Em sistemas de 1GDL é comum a divisão da equação do movimento pela massa, como
mostrado na Equação 7, dessa forma, será feita uma transformação de coordenada que seja
equivalente a dividir a matriz M pela massa. Considerando o quadrado da matriz definida
1 1 1
M 2 tal que M 2 M 2 = M é a matriz de massas. Assim, a matriz L pode ser definida como:
"√ #
1 m1 0
L=M = 2
√ (47)
0 m2
e sua inversa dada por:
1
1 √m1 0
L−1 = M− 2 =
1
(48)
0 √
m2
a vantagem da mudança de coordenadas apresentado é semelhante aos problemas de plano
inclinado, em que a mudança de coordenadas simplifica termos e facilita o cálculo analı́tico.
Assim o vetor x é substituı́do por:
1
x(t) = M− 2 q(t) (49)
1
ẋ(t) = M− 2 q̇(t) (50)
1
ẍ(t) = M− 2 q̈(t) (51)
1
sendo a Equação 28 no novo sistema de coordenadas e multiplicando a equação por M− 2
temos:
1 1 1 1
M− 2 MM− 2 q̈(t) + M− 2 MM− 2 q(t) = 0 (52)
28
1 1
desde que M− 2 MM− 2 = I, chamada de matriz identidade, a expressão é reduzida na
forma
sendo K̃ chamada de matriz normalizada pela massa e análogo a k/m. assumindo uma
solução da forma q(t) = vejωt com derivadas q̇(t) = ωvejωt e q̈(t) = ω 2 vejωt sendo que v
6= 0 é um vetor de constantes. A substituição resulta em
K̃v = ω 2 v (54)
K̃v = λv (55)
v1T v2 = 0 (56)
" n
# 21
√ X
kxk = xT x = (x2i ) (57)
i=1
1
√ x (59)
xT x
29
podendo representar um matriz de vetores normalizados P, tal que cada vetor forme uma
coluna:
h i
P = v1 v2 v3 ... vn (60)
sendo que ao diagonalizar essa matriz, podemos formar uma matriz simétrica Λ com os
valores de λ tal que:
λ1 0 0 ... 0
0 λ2 0 ...
Λ=
0 0 λ3
(62)
...
0 ... λn
1
S = M− 2 P (63)
1
q(t) = M 2 x(t) (64)
30
n o
em seguida é definida o segundo sistema de coordenadas r(t) = r1 (t) r2 (t) T sendo
" # ( )
ṙ1 (t) + ω12 ṙ1 (t) 0
2
= (68)
ṙ2 (t) + ω2 ṙ2 (t) 0
a igualdade dos dois vetores implica em duas equações desacopladas tal que r1 (t)
chamadas de equações modais e sujeitas às condições iniciais que também devem ser
transformadas para o sistema de coordenadas r(t) da coordenada original x(t) pelo
procedimento
( )
r10 1
r0 = = PT q(0) = PT M 2 x0 (71)
r20
( )
ṙ10 1
ṙ0 = = PT q̇(0) = PT M 2 ẋ0 (72)
ṙ20
h iT
sendo r(t) = r1 (t) r2 (t) chamada de sistema coordenadas modais. A solução de cada
equação modal é dada por:
p
2 2
ω12 r10
2 2
+ ṙ10 −1 ω1 r10
r1 (t) = sin ω1 t + tan 2
(73)
ω1 ṙ10
31
p
2 2
2
ω22 r20 2
+ ṙ20 −1 ω2 r20
r2 (t) = sin ω2 t + tan 2
(74)
ω2 ṙ20
para todo ω1 e ω2 diferentes de zero. De forma geral a análise modal pode ser estendido
para um número finito de graus de liberdade e facilmente automatizado por um software
como visto na Figura 9.
Figura 9 – Exemplos de visualização computacional dos modos de vibrar
discretos no sistema. Há diversos casos em que as massas, amortecedores e molas não são
possı́veis de ser identificados. Esses casos são conhecidos como sistemas contı́nuos ou sistema
de parâmetros distribuı́dos, sendo então considerado a distribuição contı́nua da massa, do
amortecimento e da elasticidade, supondo que cada um dos infinitos pontos podem vibrar.
Dessa forma, Rao (2009) denomina sistemas contı́nuos como sistemas de infinitos graus
de liberdade. Considere, por exemplo, uma ferrovia de comprimento significativo em que
um trem possui uma massa consideravelmente relevante para a estrutura dos trilhos e, à
medida que o trem atravessa a ferrovia é provocada uma força sobre os dormentes que
tenderão a se deformar e, como destacado pela terceira lei de Newton, reagirá com uma
força restauradora do sistema. Em termos de comportamento geral da estrutura, podemos
considerar os dormentes como as molas do trilho. Essa abordagem descrita por Filho (2018)
sobre a teoria da flexão de viga desenvolvida por E. Winkler, considera a hipótese de que
haja um suporte elástico sobre os trilhos. Considerando cada dormente como um ponto
de análise do sistema ou um elemento e a sua quantidade em relação ao comprimento do
trilho, o mesmo pode ser considerado um sistema contı́nuo.
A equação de frequência natural de um sistema contı́nuo fornece um número infinito
de frequências naturais e modos normais, diferente do sistema discreto que fornece uma
quantidade finita das mesmas. Outro ponto é o fato da necessidade de condições de
contorno em sistemas contı́nuos, condições essas que não abordados da mesma forma em
sistemas discretos, nos quais existe um ponto, ou vários, fixo caracterizando o engaste,
bem como uma massa se deslocando livremente. Por outro lado, em sistemas contı́nuos
existem infinitos pontos fixos e infinitas massas se deslocando.
Figura 10 – (A) esquema de uma vibração lateral de viga em felxão e (B) diagrama de
corpo livre de um diferencial dx da viga
f(x,t) é a força externa por unidade de comprimento da viga em N/m. A força de inércia
que age sobre o elemento da viga é
∂ 2w
ρA(x)dx (x, t) (75)
∂t2
sendo ρ a densidade da massa em kg/m3 e A(x) é a área da seção transversal da viga em
m2 . A equação de movimento da força na direção z e y são dadas, respectivamente
∂ 2w
−(V + dV ) + f (x, t)dx + V = ρA(x)dx (x, t) (76)
∂t2
dx
(M + dM ) − (V + dV )dx + f (x, t)dx −M =0 (77)
2
∂V ∂M
separando dV = e dM = e desconsiderando os termos que envolvem potências ao
∂x ∂x
quadrado de dx, as duas equações acima podem ser reescritas como
∂V ∂ 2w
− (x, t) + f (x, t) = ρA(x)dx 2 (x, t) (78)
∂x ∂t
∂M
dM = (x, t) − V (x, t) = 0 (79)
∂x
∂M
utilizando a relação V = da Equação 79, a Equação 76 torna-se
∂x
∂ 2M ∂ 2w
− (x, t) + f (x, t) = ρA(x)dx (x, t) (80)
∂x2 ∂t2
pela teoria elementar da flexão de vigas também chamada de teoria de Euler-Bernoulli, a
relação entre o momento fletor e a deflexão por ser expressa como
∂ 2w
M (x, t) = EI(x) (x, t) (81)
∂x2
inserindo a Equação 81 na Equação 80 obtemos a equação de movimento para a vibração
lateral forçada de uma viga uniforme para vibração livre
∂ 4w ∂ 2w
c2 (x, t) + (x, t) = 0 (82)
∂x4 ∂t2
sendo
s
EI
c= (83)
ρA
34
∂w
(x, t = 0) = w0 (x) (85)
∂t
e às condições de contorno de um extremidade fixa de deflexão = 0 e inclinação ∂w/∂x =
0. Dessa forma podemos determinar a solução de vibração livre utilizando o método de
separação de variáveis tal que
c2 ∂ 4 W 1 ∂ T (t)
= − = a = ω2 (87)
W (x) ∂x4 T (t) ∂t2
d4 W
= β 4 W (x) = 0 (88)
∂x4
d2 T (t)
= ω 2 T (t) = 0 (89)
∂t2
sendo
ω2 ρAω 2
β 4W = = (90)
c2 EI
s4 − β 4 = 0 (93)
Tabela 1 – Valores de βn l
Condições de contorno Equação de frequência Valor de βn l
β1 l = 1, 875104
Fixa-livre cos(βn l)cosh(βn l) = −1 β2 l = 4, 694091
β3 l = 7, 854757
Fonte: Adaptado de Rao (2009)
Lima (2010) afirma que o MEF apresenta vantagens sobre o método de diferenças finitas
(MDF), como fácil aplicabilidade a qualquer geometria, e a facilidade de introduzir as
condições de contorno e o refinamento de malhas em regiões de maior interesse. Essa
facilidade em aplicar o MEF a diferentes geometrias decorre da variedade de elementos
finitos que podem ser escolhidos, ou gerados.
a) b)
Fonte: Autor
Fonte: Autor
39
Fonte: Autor
40
Na Tabela 2 são apresentados os dados das propriedades da madeira balsa, que para
o caso apresentado são considerados isotrópicas, ou seja, as propriedades são semelhantes
em quaisquer direções.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
O desenho técnico que mostra todas as cotas do modelo reduzido está expresso no
Apêndice C.
Fonte: Autor
Figura 20 – Malha que apresenta um elemento finito em duas direções nas regiões da
longarina de face quadrada e na espessura da nervura.
Fonte: Autor
Dessa forma, considerando que corpos delgados, definidos por corpos que possuem
grande comprimento e pequena espessura como ressaltado por Lima (2010), podem ocorrer
tal cenário. adicionou-se um refinamento nas direções como mostrado na Figura 21, em
que o corpo apresenta pequena dimensão que, no entanto, mantenha-se boa quantidade
de elementos para análise de forma que não ocupe grande capacidade de processamento
computacional.
Fonte: Autor
46
Pode-se notar também a utilização de elementos do tipo tetraédrico para malha, por
se tratar de um modelo complexo com muitas curvas que podem ser melhor discretizados
através de triângulo ao invés de modelos hexagonais (de face quadrada), que são mais
comumente utilizados em estruturas com geometrias mais regulares. Na Tabela 4 são
mostradas as estatı́sticas de elementos e nós para o modelo.
Nós Elementos
28960 12891
Fonte: Autor
47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 22 – (A) Primeiro modo de flexão da longarina (B) Segundo modo de flexão da
longarina (C) Terceiro modo de flexão da longarina
Fonte: Autor
Na Tabela 5 estão descritos os valores de frequência para cada modo de vibrar. Como
pode-se notar, as frequências idênticas em pares mostram que os modos são semelhantes
com a diferenciação na direção em que o modo de vibrar ocorre.
49
Após a produção da malha de análise, foi extraı́do os modos de vibrar, bem como
as frequências do sistema. Na Tabela 7 se apresenta os valores de frequência para os oito
primeiros modos de vibração.
Fonte: Autor
Figura 24 – (A) Primeiro modo de flexão (B) Segundo modo de flexão e (C) Primeiro
modo de torção
Fonte: Autor
53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foi apresentado uma análise para a determinação das frequências
naturais e modos de vibrar de uma parte de um projeto de asa da equipe Iguanas Aerodesign
de modo a atender às exigências da competição SAE Aerodesign, visando sua máxima
performance sem ocorrer falhas na estrutura devido às vibrações.
Para isso utilizou-se os softwares Solidworks, para desenho da longarina e parte da
asa, posteriormente exportados para o software Ansys para extração dos dados desejados,
bem como o software Octave para comparação entre os valores numéricos obtidos via
Ansys e cálculos analı́ticos encontrados na literatura (RAO, 2009).
Com isso foi analisado uma metodologia aplicada à longarina que validasse os
procedimentos feitos na asa modelada, extraindo os valores requisitados com fidelidade de
comportamento fı́sico. O modelo de longarina foi submetido à comparações analı́ticas tal
que percebeu-se um erro relativo dentro do esperado para o estudo, sendo assim, condizente
a aplicação do mesmo método à asa da aeronave.
Uma vez validada a metodologia, foi-se aplicada a mesma na asa e observados
os modos extraı́dos, de forma que, notou-se que somente parte dos modos de vibrar
extraı́dos possuı́am comportamento fı́sico coerente. Logo, segregou-se os modos para
análise comparativa final ao motor utilizado pela equipe Iguanas aerodesign para as
competições, constatando que, somente os modos de vibrar 2 e 3 poderiam ocorrer.
Dessa forma, o presente trabalho conseguiu alcançar o objetivo proposto, de criar
conteúdo acerca de cargas e estruturas de modo a encontrar os modos de vibrar e frequências
naturais, resultando em auxilio no projeto de aeronaves, e assim evitar problemas fı́sicos
em futuros modelos projetados pela equipe.
REFERÊNCIAS
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Disponı́vel em: <http://airfoiltools.com/plotter/index>. Acesso em: 06 Junho 2021.
ANSYS. HELP, ANSYS SOLID 187. 2021. Aug 03, 2021. Disponı́vel em:
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domı́nio da frequência em uma barra na condição de contorno livre-livre. Dissertação
(B.S. thesis) — Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2014.
LIMA, M. Análise de placas laminadas pelo método das diferenças finitas energéticas.
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caracterısticas de drapejamento em aerofólio. 09 2012.
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SAE, B. SAE BRASIL Eventos. 2021. Mar 18, 2021. Disponı́vel em: <{https:
//saebrasil.org.br/eventos-sae/}.>
55
4 3 2 1
F F
E E
425,00
D D
20,00
1,00
C C
B B
SAUF INDICATION CONTRAIRE: FINITION: CASSER LES
NE PAS CHANGER L'ECHELLE REVISION
LES COTES SONT EN MILLIMETRES ANGLES VIFS
ETAT DE SURFACE:
TOLERANCES:
LINEAIRES:
ANGULAIRES:
AUTEUR
VERIF.
APPR.
A FAB. A
QUAL. MATERIAU: No. DE PLAN
A4
Longarina Tubular
MASSE: ECHELLE:1:5 FEUILLE 1 SUR 1
4 3 2 1
57
1 # calculo analitico da frequencia natural da longarina considerando-o como uma viga continua
2
3 # Limpeza do banco de dados
4 clear all
5 clc
6
7 # Parâmetros da longarina e do material
8
9 E = 6.9e10 ;# Módulo de elasticidade ou coeficiente de Young (Pa)
10 R2 = 0.010; # Raio externo (m);
11 R1 = 0.009 ;# Raio interno (m);
12 l = 0.425; # Comprimento da longarina (m);
13 A = pi*((R2^2)-(R1^2)) ;% Area da seção transversal (m^2)
14 rho = 2075 ;% Densidade (kg/m^3)
15 M = rho*l*A ;# Massa (kg);
16 I = (pi/4)*((R2^4)-(R1^4)); #Momento de inércia (m^4);
17 k = (3*E*I)/(l^3); # Rigidez (N/m);
18
19 # Calculo das frequencias utilizando o RAO
20
21 beta_n_l = [1.875104 4.694091 7.854757]; # Coeficiente beta dos modos de vibrar
22
23 resultANSYS = [119.91 736.5 2001.7]; # Resultado da simulação no ansys
24
25 omegacontinuo = (beta_n_l.^2).*sqrt((E*I)/(rho*A*l^4)) # Frequência natural (rad/s)
26
27 Freqcontinuo = omegacontinuo./(2*pi) #frequência em Hz;
28
29 # Calculo do erro relativo
30
31 errcontinuo = abs(100*((Freqcontinuo.-resultANSYS)./Freqcontinuo)) # Erro relativo (%)
58
4 3 2 1
F F
4,00
,00
,00
0
2,0 35,8
R5
R3 R 9
58,45 70,00
2,94
E ,00 E
18 ,00
0
R2
R5
0,0
,0
100,12
R1
0
196,21
D D
C C
B B
SAUF INDICATION CONTRAIRE: FINITION: CASSER LES
NE PAS CHANGER L'ECHELLE REVISION
LES COTES SONT EN MILLIMETRES ANGLES VIFS
ETAT DE SURFACE:
TOLERANCES:
LINEAIRES:
ANGULAIRES:
AUTEUR
VERIF.
APPR.
A FAB.
A
MATERIAU: No. DE PLAN
Asa de ensaio
QUAL.
A4
4 3 2 1