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Corrosão

Índice
Fundamentos de Química;
Classificação das diferentes formas de corrosão, sua identificação e
causas;
Exemplos de aplicação de materiais e a sua susceptibilidade à
corrosão.
O que é a Corrosão?
Definições
1ª: Interacção físico-química entre um metal e o meio envolvente, da
qual resultam mudanças nas propriedades do metal, levando
frequentemente à sua inutilização ou do sistema técnico do qual faz
parte ou ainda à alteração do meio.

2ª: Algumas definições entendem que “corrosão” tem que envolver


uma reacção electroquímica.

3ª: Outras definições, mais abrangentes, poderão incluir todas as


alterações induzidas pelo meio sobre os materiais neste caso não só
metais mas também polímeros, cerâmicos, pedra, madeira, ... e admite
também que, para além do próprio material, as suas propriedades
podem deteriorar-se.
O que é a Corrosão?
Definição: Tendência do metal para voltar a um estado estável.

Metal

Corrosão Metalurgia

Composto (minério)
O que é a Corrosão?
A obtenção do metal faz-se à custa do fornecimento de energia
(processos metalúrgicos).
A tendência do metal será, pois, voltar ao estado original, à sua
forma oxidada:
O que faz a Corrosão?

Tal como a palavra indica designa uma destruição do material sob


dois tipos de acção:
Química
Electroquímica

Pode estar ou não associada a solicitações estáticas e/ou


dinâmicas;

Ocorre a deterioração do material em estudo devido à interacção


com o que o rodeia.
• Em metais e cerâmicas:
¾ perda efectiva de material por dissolução ou pela formação de uma
incrustação.

Duas reacções químicas


precisam ocorrer

Solução ácida - HCl

• Em polímeros:
¾ os mecanismos e as consequências do processo são diferentes e por isso o
termo mais empregado é degradação.
Exemplos de Corrosão
Consequências da Corrosão?
Os problemas de destruição de materiais metálicos são frequentes e
de certa relevância em variadas actividades, como por exemplo:
Indústria aeronáutica Na Odontologia,
Indústria automóvel Transportes aéreos que utiliza
Indústria da Transportes materiais metálicos
construção ferroviários sujeitos ao
Indústria naval Transportes marítimos contacto com a
Indústria petrolífera Transportes saliva e alimentos
Indústria química rodoviários corrosivos
Na Ortopedia, utilizando materiais metálicos facilitando assim a
consolidação de fracturas. Esses materiais ficam em contacto com o
soro fisiológico, solução que contém cloreto de sódio, podendo ser
considerada como meio corrosivo para determinados materiais.
Consequências da Corrosão?
Elevados custos de manutenção;

Contaminação;

Segurança do equipamento em risco;

Perdas de produtividade;

Substituição prematura de componentes;

Falhas de equipamento;

Acidentes de trabalho;
Outras …
Custos da Corrosão
Substituição de peças danificadas (incluindo
energia e mão de obra), manutenção de
Custos directos; sistemas de protecção (revestimentos,
protecção catódica, etc).

Paralisações, perda de produto, perda de


Custos indirectos; eficiência, contaminação de produtos,
necessidade de sobredimensionamento dos
projectos, etc.

Outros custos. Segurança de instalações cuja falha pode


resultar em perdas humanas (automóveis,
aviões, pontes, tubagens, tanques, etc),
degradação de monumentos.
Por que se preocupar com a corrosão?

• 3 razões:
9 Custo;
9 Segurança;
9 Conservação de recursos.

• Em relação aos custos:


9 Nos E.U.A. a corrosão gera por ano custos da ordem de 4,5% do PIB daquele
país;
9 Deste total, cerca de 100 bilhões de dólares são gastos na utilização de
materiais mais resistentes à corrosão e no emprego de novas tecnologias;
9 O sector que mais investe no problema é o da indústria automóvel.
Porquê a preocupação com a corrosão?
• Em relação à segurança:
9 Muitos componentes e estruturas podem estar susceptíveis a falhar por
consequência de um processo de corrosão: caldeiras, submarinos, aeronaves,
vasos de pressão, hélices de turbinas, pontes, etc.

Acidente da Aloha Airlines, Boeing 737-200, em 1998, onde um membro da


tripulação morreu e vários passageiros ficaram feridos.
Custos da Corrosão

O acidente ocorrido em 1979 no reactor 2 de Three Mile Island teve


origem numa fuga de fluido de arrefecimento que pode ter sido devida
a corrosão sob tensão.
Custos da Corrosão

A Estátua da Liberdade está exposta à atmosfera marítima, ficando


sujeita a vários tipos de corrosão (em particular corrosão galvânica do
aço estrutural em contacto com o cobre do revestimento externo. O
seu restauro, realizado nos anos 80, levou 5 meses a concluir e custou
US$ 780 000.
Custos da Corrosão

Estimativa de custos anuais:

País Custo (milhões de


Alemanha euros)
46 000
E.U.A 165 000
França 33 000
Inglaterra 26 000
Japão 110 000
Portugal 2 500
Porquê a preocupação com a corrosão?
• Em relação à conservação dos recursos:
9 As reservas de metais e a quantidade de energia disponível no nosso planeta
são limitadas.
9 A corrosão pode ser interpretada como o avesso de um processo metalúrgico e
muita energia é gasta num processo de corrosão.
Fundamentos químicos da Corrosão

Reacções de oxidação dos metais, isto é, o metal actua como


redutor cedendo electrões à substância que interage com ele, o
oxidante.

O processo de corrosão pode decompor-se em:

Processo anódico (oxidação)


Processo de transporte de electrões e transporte de iões
Processo catódico (redução)
Fundamentos químicos da Corrosão

Dependendo do tipo de acção do meio corrosivo sobre o material, os


processos corrosivos podem ser classificados em dois grandes grupos:

Corrosão por ataque químico directo


Corrosão por ataque electroquímico
Corrosão por ataque químico directo

Resulta da exposição directa da superfície metálica ao agente


corrosivo;

Neste tipo de corrosão dá-se a deterioração do metal na área de


contacto com o agente corrosivo e em simultâneo em todos os pontos
do metal.
Corrosão por ataque químico directo

No ramo da aeronáutica este tipo de corrosão é frequente devido a:

•Acumulação residual de elementos fundidos resultantes da limpeza


inadequada de vários tipos de soldadura e outros materiais;

•Derrame de ácidos ou líquidos de baterias na superfície metálica da


aeronave;

•Resíduos de soluções cáusticas de limpeza.


Corrosão por ataque electroquímico

São mais frequentes na Natureza mas pode ser representada por


uma pilha de corrosão electroquímica;

Este esquemático é constituído por quatro elementos principais que


a caracterizam, mostrando o processo que acontece neste tipo de
corrosão;

Neste tipo de corrosão a deterioração, isto é, as transformações


anódicas e as catódicas podem ocorrer distanciadas uma da outra;
Corrosão por ataque electroquímico
Estrutura da pilha electroquímica

Ânodo: Superfície onde ocorre a corrosão, isto é, a reacção de


oxidação (perde electrões);

Cátodo: Superfície onde não ocorre a corrosão, isto é, a reacção de


redução (ganha electrões);

Electrólito: Solução condutora ou solução iónica que envolve as


duas superfícies anteriores;

Ligação eléctrica: Fio que se encontra a ligar os dois componentes,


o ânodo e o cátodo.
Corrosão por ataque electroquímico
Pilha electroquímica
Sentido convencional
Electrões

Ânodo Cátodo

Electrólito
Potenciais de electrodo
• Nem todos os metais oxidam para formar iões com o mesmo grau de facilidade. A
determinação da força motriz para a reacção electroquímica de oxi-redução pode
identificar os mais susceptíveis, comparativamente.

Pilha electroquímica que consiste em


electrodos de ferro e de cobre, cada
um imerso numa solução 1M do seu
ião. O Fe é corroído, enquanto o Cu se
electrodeposita.
Lembre-se sempre

• Quem perde electrões sofre oxidação:


• Quem ganha electrões sofre redução:

• Electrólito: solução capaz de conduzir corrente eléctrica


pelo movimento de íões positivos ou negativos:
Aniões : iões negativos
Catiões : iões positivos
• Anodo: Eléctrodo cujos átomos perdem electrões para o
circuito externo, tornando-se iões + e oxidando;
• Cátodo: Eléctrodo que recebe os iões do circuito externo
e reduzindo.
Série de potenciais de eletrodo padrão
• Quando a medida da força motriz é feita utilizando-se uma pilha de referência,
temos o que se chama de série de potenciais de eletrodo padrão.

Com essa série fica mais


conveniente comparar as
tendências à corrosão dos
metais, uns em relação aos
outros.

O potencial global par a pilha é


dado por:
∆Vº = Vº2 – Vº1
Para que a reação ocorra
espontaneamente ∆Vº > 0
Influência da temperatura e da concentração sobre
o potencial de elétrodo

• A alteração da temperatura ou da concentração da solução alterará o potencial da


pilha e até mesmo reverter a direcção da reacção espontânea.

∆V = (Vº2 – Vº1) – (RT/nF )ln [M1n+] /[M2n+])

• Para 25ºC:

∆V = (Vº2 – Vº1) – (0,0592/n) log [M1n+] /[M2n+]


Requisitos para haver corrosão:

• A presença de um anodo ou de locais


anódicos na superfície do metal;
• A presença de um catodo ou de locais
catódicos na superfície do metal;
• Electrólito em contacto com o anodo e
com o catodo, formando um caminho para
a condução de iões;
• Uma ligação eléctrica entre o anodo e o
catodo, fazendo com que os electrões fluam
entre o anodo e o catodo.
Taxas de corrosão
• A taxa de corrosão de um material pode ser expresso como a Taxa de Penetração
da Corrosão (TPC) e calculada pela fórmula:

TPC = KW/ρAt
W = perda de peso após um tempo t
ρ = densidade da amostra
A = área da amostra que está exposta
K = cte.
• Pode-se expressar a taxa de corrosão em termos da corrente eléctrica associada
com as reacções de corrosão electroquímicas : densidade de corrente.

R = i/nF

n = nº de electrões associados à ionização de cada átomo metálico

i = corrente

F = constante de Faraday, 96.500 C/mol


Estimativa de taxas de corrosão - Polarização
9 Considere a pilha electroquímica mostrada na figura abaixo. O sistema está fora de
equilíbrio e os valores dos potenciais dos eléctrodos não constam da tabela de
referência;
9 O deslocamento de cada potencial de eléctrodo do seu valor em condições de
equilíbrio é chamado de polarização.
9 A magnitude desse deslocamento é
a sobrevoltagem (η).
9 A relação entre a sobrevoltagem
e a densidade de corrente é dada por:

ηa = ± ß log i /i0

ß e i0 representam
constantes para a semi-
pilha específica.
Polarização por activação
Condição em que a taxa de reacção é controlada pela etapa da reacção
electroquímica que se processa a uma taxa mais lenta.

Esquema de possíveis etapas na Gráfico de sobre-voltagem da


reacção de redução do hidrogénio, cuja polarização por activação para um
taxa é controlada pela polarização por eléctrodo de hidrogénio, em função
activação. do logaritmo da densidade de
corrente, para as reacções de
oxidação e redução
Polarização por concentração
Condição em que a taxa de reacção é controlada pela difusão no interior da
solução.

Distribuição dos iões de H+ na Distribuição dos iões de H+ na


vizinhança do cátodo para baixas vizinhança do cátodo para altas
taxas de reacção e/ou altas taxas de reacção e/ou baixas
concentrações. concentrações

Zona de escassez polarização por concentração


Polarização por concentração
ƒ A relação entre a sobrevoltagem de polarização por concentração (ηc) e a
densidade de corrente (i) é dada por:

ηc = (2,3RT/nF) log(1-i/iL)

Gráficos esquemáticos da sobrevoltagem em função do log de i para (a) uma


polarização por concentração e (b) uma polarização combinada por activação e
concentração.
Passividade
• Fenômeno observado em alguns metais que perdem sua reactividade química sob
determinadas condições específicas, tornando-se inertes.
• Materiais de engenharia que são resistentes à corrosão desenvolvem naturalmente
um filme fino de óxido, aderente à sua superfície, chamado de película passiva.

• Filme de óxido bem fino (da ordem de nm),


que age como uma barreira entre o metal e o
electrólito;
• Pode ser destruído mas se regenera
rapidamente;
• Um material passivado pode se converter a
um estado activo se alguma alteração na
natureza do ambiente se fizer.

Exemplos: Ligas de Al, ligas de Ni e aços inoxidáveis


Passividade em aços inoxidáveis
• Na maioria das vezes o ferro não é resistente à corrosão.
• Adicionando-se uma quantidade maior que 12% de Cr em aços pode torná-los
altamente resistentes à corrosão devido à formação da película passivadora de óxido
de Cr.

Os aços 304 SS têm cerca de 18%Cr e 8%Ni, também conhecidos como aços
18-8. Adicionando-se cerca de 2%Mo (316 SS) nessa mistura, a resistência à
corrosão destes aços é ainda mais aumentada.
Formas de corrosão

• A corrosão pode ser classificada pelo modo como ela se manifesta.


• Em metais ela pode assumir uma das seguintes designações:
™ uniforme;
™ galvânica;
™ em frestas;
™ por picada;
™ intergranular;
™ erosão-corrosão
™ corrosão sob tensão.
„ Formas de corrosão
„ É vulgar considerar formas de corrosão generalizada e formas de corrosão
localizada. Excluindo as formas de corrosão obtidas por solicitações
mecânicas, as formas de corrosão localizada são normalmente mais
perigosas, por corresponderem a maiores velocidades de ataque e serem
detectadas com maior dificuldade.

„ Suponhamos que em determinadas condições aparecem ao fim dum


determinado intervalo de tempo 5 pontos de ataque (centros de corrosão)
em determinado meio, e que noutro uma amostra idêntica apresenta 20
pontos de ataque.

„ Diremos então que no primeiro caso a probabilidade de corrosão é 4 vezes


menor do que no segundo, o que não quer dizer que a velocidade de
corrosão seja no segundo 4 vezes maior do que no primeiro. Pelo contrário,
a experiência mostra que quanto menor é a probabilidade de corrosão,
maior é a velocidade de ataque e consequentemente a destruição da peça
atacada. A corrosão, uma vez iniciada, é tanto mais perigosa quanto menor
for o número de pontos de ataque (maior velocidade de ataque e
dificuldade acrescida na sua detecção).
Tipos de Corrosão

Existem dois grandes tipos de corrosão, que são facilmente


caracterizadas e detectadas de acordo com o seu nome:

Uniforme
Localizada
„ Formas de
corrosão
„
Corrosão uniforme
• As reacções de oxidação e redução ocorrem uniformemente sobre toda a
superfície do metal, ou uma grande fracção desta superfície;
• É a forma mais comum de corrosão e também a que mais prejuízo causa em
termos toneladas de metal perdidas.

Tipos de Corrosão
Corrosão Uniforme

Ânodos e
cátodos
dispersos que
alternam as
suas posições

Superfície
homogénea
Tipos de Corrosão
Corrosão Localizada

Cátodo fixo

Superfície
heterogénea Ânodo fixo
Tipos de Corrosão
Corrosão alveolar;
Corrosão filiforme;
Corrosão galvânica;
Corrosão intergranular;
Corrosão pelo ar;
Corrosão por contaminação;
Corrosão por desgaste;
Corrosão por erosão;
Corrosão por esfoliação;
Corrosão por fadiga;
Corrosão por picadas;
Corrosão sob tensão;
Corrosão superficial;
„ Corrosão generalizada
„ A corrosão generalizada caracteriza-se por ocorrer em toda a extensão da superfície,
conduzindo a uma perda uniforme de espessura. Contudo, raramente a destruição é
igual em todos os pontos, devido quer a heterogeneidades do material quer às
diferenças de composição, temperatura e velocidade de circulação dos meios
corrosivos.

„ É o tipo de corrosão mais frequente, aparecendo em materiais com baixa resistência


à corrosão (aço não ligado, ferro fundido, Cu, Zn quando expostos no exterior).

„ Um exemplo típico, é a corrosão que ocorre nos automóveis. Todas as áreas a


descoberto, sem tinta, são atacadas.

„ É neste tipo de corrosão que se deve utilizar a técnica de perda de peso para
determinar a velocidade de corrosão.

„ Prevenção
„ - uso de pinturas;
„ - protecção catódica;
„ - uso de inibidores de corrosão
Corrosão alveolar

É conhecida como corrosão localizada, consistindo num ataque


localizado por parte do agente corrosivo formando os alvéolos.
Os alvéolos são cavidades na superfície metálica, de fundo
arredondado e profundidade menor que o seu diâmetro.
Este tipo de corrosão caracteriza-se por um ataque em pontos
isolados que podem, eventualmente, provocar a perfuração da peça,
apesar de as zonas vizinhas desses pontos atacados se encontram
intactas.
Um dos casos maisalveolar
Corrosão frequentes deste tipo de corrosão
Corrosão ocorre em
alveolar
peças metálicas imersas em água do mar ou
generalizada em metais em
generalizada de películas
semi-protectoras. tubo
Corrosão filiforme

É uma corrosão caracterizada por filamentos finos, não muito


profundos que se propagam em diferentes direcções.
Surge normalmente em metais onde se reúnem condições especiais,
isto é, humidade, penetração de oxigénio, penetração de água, e
outros factores.
A corrosão filiforme é mais frequente sob películas de tintas ou
revestimentos, em meios húmidos, e caracterizada pelo aspectos dos
filamentos que toma o produto da corrosão.
Corrosão filiforme
Corrosão galvânica

Este tipo de corrosão resulta da formação de uma pilha electrolítica


devido ao diferencial de electroquímico devido a contacto entre
materiais diferentes. Por vezes basta estarem mergulhados num
mesmo electrolítico e manterem o contacto galvânico para se iniciar o
processo corrosivo.
A intensidade do processo corrosivo varia com a distância entre os
dois materiais. Corrosão galvânica
num corrimão
Corrosão galvânica

„ Tabela 2 - Série galvânica ou tabela prática


para a água do mar.
Corrosão galvânica

„ Corrosão galvânica
„ Prevenção
„ evitar o contacto entre materiais
diferentes;
„ caso seja impossível, devem-se
isolar os metais de modo a evitar
a formação de um par galvânico
(Figura 1);.
„ Uso de inibidores de corrosão
„ Protecção catódica
„ Utilizar materiais com potenciais
próximos

„ Fig.1-Isolamento de metais
diferentes, para evitar a corrosão
galvânica
Corrosão galvânica

„ Uma das aplicações de corrosão galvânica consiste na


protecção do ferro com revestimento de zinco (chapas
de aço galvanizadas ou zincadas) ou no uso de ânodos
de sacrifício.

„ Se for aplicado qualquer revestimento por pintura, deve-


se pintar não só o metal que funciona como ânodo mas
também o cátodo, evitando assim que, caso se verifique
um risco no ânodo, não fique uma pequena área anódica
(risco) exposta e em contacto com uma grande área
catódica, contrariamente ao que intuitivamente seríamos
tentados a fazer (revestir somente o ânodo).
Corrosão intergranular

Pode ter o nome de corrosão transgranular, ocorrendo assim entre


os grãos de um metal de uma liga.
Não é necessário a presença de um meio corrosivo para este
processo ocorrer e pode existir sem se manifestar visualmente.
Caracteriza-se por um levantamento de escamas devido à
destruição, em forma de lâminas, do grão, provocada pela pressão
criada pelos produtos residuais da corrosão.

Corrosão intergranular
Corrosão pelo ar

A maioria dos metais tende a combinar-se com o oxigénio do ar,


produzindo os respectivos óxidos.
A presença de vapor de água acelera o processo e ainda mais se
tais vapores conterem substâncias agressivas como sais ou ácidos.
Ocorre em muitos ambientes industriais, locais próximos ao mar, etc.

Corrosão Corrosão
atmosférica atmosférica
em concreto
Corrosão por contaminação

Ocorre com certa frequência, se não houver prevenção adequada,


nos tanques de combustível das aeronaves.

Corrosão por Corrosão por


contaminação contaminação
Corrosão por desgaste

Este tipo de corrosão surge entre duas superfícies em contacto com


movimento relativo.
É caracterizada pelo picado das superfícies e pela produção de
quantidades consideráveis de limalha fina.
A presença de vapor de água e de humidade no interior da junta faz
com que a probabilidade deste tipo de corrosão ocorrer aumente.

Corrosão por desgaste


Corrosão por erosão

A acção erosiva sobre um material metálico é mais frequente


quando, há contacto de dois materiais sólidos com movimento relativo,
um líquido se desloca sob uma superfície sólida, entre outros
exemplos.
No caso de líquidos e gases a acção erosiva ocorre normalmente,
em tubulações, em permutadores, em pás de turbinas.
A erosão provoca o desgaste superficial, removendo as películas
protectoras do material.
A corrosão produz a película de produto de corrosão, o processo
erosivo remove-a, expondo a superfície a novo desgaste corrosivo.
O resultado final é um desgaste muito maior do que se apenas o
processo corrosivo ou erosivoCorrosão por
agisse isoladamente.
erosão
Corrosão por esfoliação

É uma forma de corrosão intergranular mas rapidamente detectada


visualmente visto que a pressão sob os grãos é tão elevada que os
levantam da superfície.
Este tipo de corrosão forma lâminas que ao desenvolver podem dar
origem a escamas.

Corrosão por esfoliação Corrosão por esfoliação numa asa de


um avião
Corrosão por fadiga

Todos os materiais são caracterizados por uma propriedade


mecânica importante, a resistência à corrosão.
Esta propriedade pode ser descrita como a velocidade de
progressão de uma fissura a partir da superfície até provocar a
fractura.
O ciclo de progressão da fractura inicia-se numa imperfeição
superficial, ponto de concentração de tensões e progride
perpendicularmente à direcção da tensão aplicada.
Após a fractura atingir a dimensão crítica, a espessura de material
remanescente rompe bruscamente causando a falha por fadiga do
equipamento.
Corrosão por fadiga
Corrosão por picadas

Este tipo de corrosão é altamente destrutivo, visto que forma


perfurações nas peças sem perda notável de massa ou de peso da
estrutura.
Desenvolve-se em pequenos pontos ou áreas localizadas formando
assim cavidades perfurantes de forma angular e em a profundidade é
muito superior à sua área.
A sua detecção é relativamente fácil visto que forma uma malha
característica na superfície.
Poderá ser detectada pela presença de óxidos de ferros no caso dos
aços e com uma coloração branca ou cinzenta clara no caso do
alumínio e do magnésio.
Corrosão por picadas
Corrosão sob tensão

Neste tipo de corrosão formam-se fissuras no material em causa,


sendo a perda de espessura, na maioria das vezes, desprezível.
As fissuras que surgem podem ser do tipo intergranulares ou
intragranulares.
A corrosão sob tensão intergranular ocorre quando a direcção
preferencial para a corrosão é o contorno de grão, geralmente devido à
precipitação de segundas fases nos contornos ou à existência de
segregações neste local.

Corrosão sob tensão


Corrosão superficial

Ter o nome de Corrosão Uniforme.


Pode ser caracterizada de várias formas, como por exemplo, ataque
em toda a superfície metálica, camada de óxidos bem visível e pouco
aderentes formando por vezes depósitos, deterioração de visualização
fácil e diminuição de uniforme de espessura e secção transversal.
É comum em metais que não formam películas protectoras, podendo
desenvolver-se sob o revestimento protector da superfície, sendo
detectado a partir da visualização de pequenas bolhas no
revestimento, que resultam da pressão criada pela acumulação dos
produtos da corrosão.
Corrosão
superficial
Locais mais susceptíveis ao aparecimento de
Corrosão em aeronaves

Motore Lavatóri Tanques de


s os combustível

Bateria Roda Áreas de serviço


s s alimentar

Trens de Cabo Equipamento


aterragem s electrónico
Questões

1. Qual razão
para o pilar só se
encontrar
corroído na parte
inferior, e não de
uma forma
uniforme ao
longo de toda a
estrutura?
Questões

2. Qual a razão para


o poste só estar
corroído no lado que
está voltado para
avenida, e não no
lado que está virado
para o mar?
Questões

3. Qual a razão para as


vigas mais altas do
reservatório de água
estarem corroídas e as vigas
que se encontram mais em
baixo não estão?
Identificar o tipo de corrosão

1 2
Como se controla a Corrosão?

Selecção dos materiais e dos respectivos métodos de prevenção


segundo diversos critérios para prevenir o aparecimento de corrosão.
O conhecimento do mecanismo das reacções envolvidas nos
processos corrosivos é um pré-requisito para o controlo efectivo
dessas reacções.
Os métodos práticos adoptados para diminuir a taxa de corrosão dos
materiais metálicos consistem em modificações nos meios corrosivos e
nas propriedades dos metais, utilização de revestimentos protectores
(metálicos e não metálicos), projecção catódica e anódica, e muitos
outros.
Como por exemplo, a adição de cromo aos aços inoxidáveis propicia
a formação de uma camada de óxido de cromo, Cr2O3, que protege o
aço.
Agentes da Corrosão?

Os meios mais intensamente corrosivos são:

Água do Água do Água Alimento


mar rio potável s

Atmosfer Produtos Sol Substâncias


a químicos o fundidas
Agentes da Corrosão?
Água

Os materiais metálicos em contacto com a água tendem a sofrer


corrosão que vai depender de várias substâncias que possam
contaminá-las.
Neste processo de corrosão devem ser considerados também o pH,
a velocidade de escoamento e a temperatura da água.
A água do mar é um dos agentes corrosivos naturais mais
energéticos visto que contém concentrações relativamente elevadas
de sais e funciona, por isso, como um electrólito forte, provocando um
processo rápido de corrosão.
Agentes da Corrosão?
Alimentos

O efeito corrosivo dos alimentos depende da possível formação de


sais metálicos tóxicos.
Como tal, os recipientes de chumbo não devem ser usados para a
preparação de bebidas e alimentos, pois estes podem atacá-los,
formando sais de chumbo altamente tóxicos.
Agentes da Corrosão?
Atmosfera

A acção corrosiva da atmosfera é influenciada por, principalmente,


poeiras, gases e humidade relativa, sendo de importância particular o
dióxido de enxofre, SO , que resulta da queima de carvão, óleo e
gasolina (ambos contêm enxofre).
O SO oxidado torna-se em trióxido de enxofre, SO , e juntamente
com a humidade do ar forma ácido sulfúrico, H SO , transformando
assim a atmosfera mais agressiva.
Em atmosfera de humidade relativa inferior a 60% a corrosão é
praticamente nula.
Agentes da Corrosão?
Produtos químicos

Nos equipamentos usados em processos químicos é indispensável


considerar a agressividade dos produtos químicos utilizados, que não
só causam desgastes do material metálico desses mesmos
equipamentos como também a contaminação dos produtos.
Agentes da Corrosão?
Solo

Os factores que influenciam a acção corrosiva dos solos são, entre


eles, as bactérias, a corrente de fuga, a humidade, o pH, a porosidade,
a resistividade eléctrica e os sais dissolvidos.
Este tipo de corrosão põe em risco as enormes extensões de
oleodutos, gasodutos, aquedutos e cabos telefónicos enterrados,
exigindo então um controlo rigoroso de manutenção para evitar uma
rápida corrosão.

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