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CAMPUS ARAPIRACA
UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Banca Examinadora:
__________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Silvana Márcia de Andrade Medeiros
(Orientadora – Curso de Serviço Social/Unidade Educacional Palmeira dos
Índios/Campus Arapiraca/ Universidade Federal de Alagoas – UFAL)
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Prof.ª Ma. Adielma Lima do Nascimento
( Examinadora interna – Curso de Serviço Social/Unidade Educacional Palmeira dos
Índios/Campus Arapiraca/ Universidade Federal de Alagoas – UFAL)
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Prof.ª Dra. Sueli Maria do Nascimento
(Examinadora interna EXTERNA - Curso de Serviço Social/Unidade Educacional
Palmeira dos Índios/Campus Arapiraca/ Universidade Federal de Alagoas – UFAL)
A Deus por ter me dando oportunidade de cursar Serviço Social, pois acredito
que existe um propósito para tudo que acontece conosco.
Aos meus avós (Eunice Ferreira e José Gomes Neto) que me criaram fazendo o
melhor por mim, mesmo quando tudo faltava. Agradeço por ter oportunizado meus
estudos. A eles minha eterna gratidão.
À minha esposa Adevânia, pelo apoio nos momentos de dificuldades, por
sempre acreditar no meu potencial e por fortalecer minha esperança com relação ao
curso quando as minhas já estavam se desfalecendo.
À minha prima Daesy, pelo incentivo e suporte nos períodos iniciais.
Aos professores (as) desse curso que contribuíram para o meu desenvolvimento
acadêmico e pessoal através da dedicação de cada um, repassando o conhecimento
acadêmico.
“A questão social não é senão as
expressões do processo de formação e
desenvolvimento da classe operária e de
seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento
como classe por parte do empresariado e
do estado. É a manifestação, no cotidiano
da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a qual passa a
exigir outros tipos de intervenção mais
além da caridade e repressão”. (Carvalho e
Iamamoto, falta o ano)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO 10
2 A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA E AS CRISES 12
2.1 Os fundamentos da sociedade burguesa 12
2.2 As crises e as contradições do capitalismo 21
3 ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E
26
NEOLIBERALISMO: PRECARIZAÇÃO DO MUNDO DO TRABALHO
3.1 As bases do fordismo e keynesianismo 26
3.2 As bases da acumulação flexível: reestruturação produtiva e neoliberalismo 33
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
REFERÊNCIAS 54
Sueli Nascimento
12:01
LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro
de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a
legislação às novas relações de trabalho. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13467.htm
1. INTRODUÇÃO
1
Cabe destacar as Leis dos Pobres criadas a partir do século XIV. De acordo com Bizerra (2016, p. 58),
“[...] é interessante anotar que o poder político centralizado elaborou a legislação sanguinária que vigeu
do século XIV ao XVIII, voltada para disciplinar os camponeses que foram brutalmente expulsos de suas
terras, por via da dissolução dos séquitos feudais, e arrancados de seu modo de vida costumeiro; mas que,
por não serem absorvidos pela nascente manufatura, não se adaptaram à nova disciplina que se instaurava,
convertendo-se, segundo Marx (1988, p. 265), ‘em massas de esmoleiros, assaltantes, vagabundos, em
parte por predisposição na maioria dos casos por força das circunstâncias”.
Marx e Engels, no Manifesto Comunista (2010, p. 41), apresenta esse contexto
em que “[...] a própria burguesia moderna é um produto de um longo processo de
desenvolvimento, de uma série de transformações no modo de produção e de
circulação”.2
Na Revolução Industrial generalizou-se a separação das classes trabalhadores
dos meios de produção. Inicialmente na manufatura os processos de trabalhos
individuais tornaram-se trabalho social combinado, subordinado ao capital que controla
o processo de trabalho,3 o trabalho e o produto realizado. A produção de mercadorias é
ampliada e bastante superior aos períodos anteriores, ao tempo que cresce a produção de
riqueza e de miséria.
2
“A organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, já não satisfazia
as necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. A pequena
burguesia industrial suplantou os mestres das corporações; a divisão do trabalho entre as diferentes
corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina. A própria manufatura
tornou -se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande
indústria moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira cedeu lugar aos milionários
da indústria, aos chefes de verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses modernos” (MARX;
ENGELS, 2010, p. 41). Rever o lugar dessa citação
3
Segundo Paulo Netto e Braz (2006, p. 58) o processo de trabalho abrange: “os meios de trabalho; os
objetos do trabalho e a força de trabalho”. “O conjunto desses elementos designa-se por forças
produtivas”.
crianças e mulheres. O aumento do número de assalariados, incorporando
todos os membros da família, modificou o tempo necessário de reprodução
do trabalhador individual e sua família e, em consequência, desvalorizou a
força de trabalho. Assim, aumentou a mais-valia absoluta, ampliando o
número de trabalhadores e o grau de exploração. Essas condições de
subordinação do trabalho de mulheres e crianças desmistificaram a relação
capital-trabalho ao perderem a aparência de contrato entre pessoas livres,
além de exporem questões como as altas taxas de mortalidade dos filhos dos
trabalhadores. (MEDEIROS, 2008, p. 37)
Segundo Paulo Netto e Braz (2006, p. 118), o capital é uma relação social, pois
subordina a força de trabalho. Para realizar o movimento esperado na obtenção do lucro,
ele circula na esfera social por diversos segmentos, interagindo de forma intensa com os
sistemas comercial e financeiro.
De acordo com Netto e Braz, (2006, p. 111) a partir do século XVI o capitalista
reunia os trabalhadores no mesmo espaço físico, possibilitando realizar a supervisão. Os
4
“[…] no trabalho em geral é o trabalho vivo que se apresenta na direção de sua própria atividade e
consome os meios de produção (trabalho morto)[...]”. (OMENA, 2019, p. 122)
5
“[…] a força de trabalho ativa, é consumida pelo capitalista por intermédio dos meios de
produção (trabalho morto)[...]”. (OMENA, 2019, p. 123)
trabalhadores realizavam as atividades sob a forma de cooperação, então era do
conhecimento de todos as técnicas que envolviam a produção. A partir do século XVIII,
a cooperação deu lugar a manufatura que trouxe a divisão do trabalho e a especialização
do trabalho.
É importante destacar que entre uma crise e outra existe o que Paulo Netto e
Braz (2006, p. 159), apresentam como ciclo econômico, no qual pode ser dividido em
quatro etapas: a crise, a depressão, a retomada e o auge.
Esta seção apresenta o contexto a partir dos anos 1970 aos dias atuais marcado
por profundas transformações do mundo do trabalho desencadeadas com a passagem do
padrão de acumulação rígido fordista ao novo padrão de acumulação flexível.
Inicialmente, aborda-se o período após a crise de 1929 e, principalmente, a Segunda
Guerra Mundial até os anos 1970, como anos de expansão da acumulação capitalista
baseada no fordismo e do keynesianismo. Em seguida, expõe-se o contexto
contemporâneo iniciado a partir da crise capitalista de 1973, de restruturação produtiva
com o toyotismo e o neoliberalismo.
Mas para fazê-lo, Ford choca-se com o antigo regime de trabalho. Nele, eram
operários extremamente especializados, grandes mecânicos, que fabricavam
artesanalmente os veículos quase de A a Z. No conjunto das operações que
um trabalhador efetuava, uma tomava um tempo enorme: procurar a peça
certa para colocar no lugar certo, e modificá-la, adaptá-la ao seu uso no
automóvel. Como um carro tem dezenas de milhares de peças, pode-se
compreender que a produção era lenta e, consequentemente, o veículo
custava caro. (1999, p. 18).
Keynes verificou, através de algumas análises, por exemplo, lei de Say (lei dos
mercados) que afirma que a oferta gera a procura; outro ponto diz respeito a
instabilidade da economia capitalista, uma vez que os investimentos de grandes volumes
7
“Em 1921, pouco mais da metade dos automóveis do mundo (53%) vem das fábricas Ford. O capital da
empresa, que era de 2 milhões de dólares em 1907, passa a 250 milhões em 1919 graças aos lucros
incessantes. Frente a essa máquina de guerra econômica, os concorrentes não têm escolha: ou se adaptam
às soluções fordistas, inclusive o salário de 5 dólares, ou se refugiam em um nicho, uma trincheira onde a
produção artesanal ainda seja rentável, como os setores de carros de luxo ou esporte, ou então
desaparecem. Efetivamente, a mortalidade de empresas automobilísticas é altíssima. Nos Estados Unidos,
o número de fabricantes cai de 108 em 1923 para 12 em 1941. Os sobreviventes introduzem os novos
métodos de produção e pagam 5 dólares a seus operários”. (GOUNET, 1999, p. 20-21, grifo nosso).
de capital são feitos de forma individualizadas, objetivando um ciclo rápido de retorno
sem a preocupação com economia global e a sociedade como integrante do processo de
produção. Podendo gerar crises e como consequência o desemprego. Em meio a
instabilidade, o Estado aparece para intermediar, arbitrar as relações econômicas
evitando as crises e depressões.
O Estado de bem estar social, efetivou direitos civis, políticos. O estado,
atuando como mediador, investidor e administrador. As relações de trabalho se
intensificavam, os movimentos sociais também se organizavam pedindo melhores
condições de trabalho, forçando o Estado a criar os direitos econômicos e sociais.
8
política social havia terminado no capitalismo central e estava comprometido na periferia do capital,
onde nunca se realizou efetivamente. As elites político-econômicas, então, começaram a questionar e
responsabilizar pela crise a atuação agigantada do Estado mediador civilizador, especialmente naqueles
setores que não revertiam diretamente em favor de seus interesses. E aí se incluíam as políticas sociais
(BEHRING; BOSCHETTI, 2017, p. 141-142).
como produtor de mais-valia diminuído. O desemprego cresce, voltando a aparecer o
fantasma do exército industrial de reserva. Os anos de expansão do capitalismo maduro
começam a mostrar sinais de esgotamento já no final de 1960.
As taxas de crescimento, a capacidade do Estado de exercer suas funções
mediadoras civilizadoras cada vez mais amplas, a absorção das novas gerações no
mercado de trabalho, restrito já naquele momento pelas tecnologias poupadoras de mão-
de-obra, não são as mesmas, contrariando as expectativas de pleno emprego, base
fundamental daquela experiência. As dívidas públicas e privadas crescem
perigosamente... A explosão da juventude em 1968, em todo o mundo, e a primeira
grande recessão — catalisada pela alta dos preços do petróleo em 1973 – 1974 — foram
os sinais contundentes de que o sonho do pleno emprego e da cidadania tinha chegado
ao fim.
Ademais, Behring e Boschetti (2017, p. 157 - 159), destacam que os períodos
de estagnação do capitalismo ocorrem por diversos fatores. Entre eles pode-se destacar
o incremento tecnológico que tem a características gerar desigualdade entre os
concorrentes, ou seja, quem investe mais em capital orgânico consegue melhores
resultados. Outro ponto diz respeito a queda da taxa de lucro que ocorre quando o nível
tecnológico é igualado pela concorrência. Uma vez que o diferencial de produtividade
do trabalho é diminuído. Foi um período marcado pela introdução da automação,
diminuição dos custos salariais diretos e como consequência o aumento do desemprego.
Para elas existem elementos que ajudam a desvendar os acontecimentos: substituição do
homem pela máquina, socialização do trabalho, “a mudança da proporção de funções
desempenhadas pela força de trabalho no processo de valorização do capital, quais
sejam de criar e preservar valor; as mudanças nas proporções entre criação de mais-
valia na própria empresa e aquela gerada em outras empresas”; diminuição de tempo
para que o capital investido retorne em forma de lucro; investimento em pesquisa para
aperfeiçoamento da produção e uma substituição mais rápida dos meios de produção
que com o desenvolvimento tecnológico se tornam obsoletos em menos tempo.
O Estado, como mecanismo de regulação entre trabalho e capital, começa a ser
pressionado pela situação contraditória vivenciada pela esfera de produção e reprodução
do capital, pois vê a demanda da extensão de sua regulação crescer e
concomitantemente a introdução dos meios de produção, capital fixo, em virtude da
queda da taxa de lucro. Assim, para o capital, a atuação do Estado precisava ser
modificada, já que não atendia mais aos anseios do capital, o que alterou também a
configuração das políticas sociais.
A contradição criada entre o desenvolvimento das forças produtivas e as
relações de trabalho, destaca-se que em 1975 a classe trabalhadora ainda tinha certo
poder de barganha, proporcionam a ruptura da onda longa de expansão do capital e
introduz um período de estagnação e como consequência modifica a forma de pôr em
prática as políticas sociais.
A situação Keynesiana de ‘pleno emprego’ dos fatores de produção,
incorporando grandes contingentes de força de trabalho —
diminuindo, em conseqüência, o exército industrial de reserva —,
dificultou o aumento da extração da mais-valia, com a ampliação do
poder político dos trabalhadores e maior resistência à exploração; e a
generalização da revolução tecnológica diminuiu o diferencial de
produtividade. Esses são processos que implicaram a queda da taxa de
lucros (BEHRING; BOSCHETTI, 2017, p. 162).
A crise no sistema fordista tem início, uma vez que não era mais possível
conceder melhores condições de trabalho na organização porque a concorrência quando
em nível elevado não permite que o empregador tenha gastos com força de trabalho
variável, por exemplo, ganhos salariais.
A resistência dos sindicatos no Japão foi vencida no início dos anos 50. Apoiada
pelos bancos, a fábrica demitiu um grande número de empregados, aproximadamente 2
mil. As demissões geram um desgaste entre ambas as partes. Para compensar a Toyota
cria cargos vitalícios e cria o sindicalismo casa, família, com o objetivo de fazer com
que os empregados aceitassem as mudanças na produção.
A empresa Denini S.A. (antiga Zanini, depois DZ em virtude das fusões que
ocorreram entre Zanini/Denini no período de crise e transformações dessas empresas a
partir de 1980) inseriu a chamada divisão técnica do trabalho, criando novas funções,
novos departamentos, ou seja, a fábrica era um organismo vivo, cheia de órgãos
dependentes que precisavam trabalhar em harmonia para atinge o objetivo desejado pelo
capital que é a acumulação de capital. É importante destacar que as regras advindas do
toyotismo foram alvo de resistência pelos operários uma vez que eles não estavam
habituados a trabalhos burocráticos. A maior parte dos empregados não tinham passado
pela escola criada pela empresa, suas habilidades tinham adquirido com a prática,
diariamente desenvolviam um trabalho braçal, o que revela uma cultura adversa a
mudanças.
Segundo Paulo Netto e Braz, (2006, p. 150); a conjuntura era desfavorável ao
imperialismo. Os movimentos anticapitalista da classe operária se intensificavam, nos
centros industriais como também nais periferias. Os trabalhadores tinham, ao longo do
tempo, conquistado garantias sociais, direitos trabalhistas que foram aceitos pelos
capitalistas no momento que a economia encontrava-se crescente, com taxas de lucro
altas. Porém no momento de crise pelo qual o sistema passava, essa tributação se
tornava onerosa para o cofres do capital. Dessa maneira, o capital se viu na obrigação de
contra-atacar e o primeiro a sofrer as consequências foi o movimento sindical. “Nos
finais dos anos setenta, esse ataque se dá por meio de medidas legais restritivas, que
reduzem o poder de intervenção do movimento sindical” (PAULO NETTO; BRAZ,
2006, p. 150).
O sindicalismo tem seu modo de atuar alterado com a reestruturação produtiva,
sem conseguir barrar as demissões e as fusões, tornando-se flexível demais diante das
investidas do capital. Obedecendo as novas exigências do mercado de trabalho,
submetendo-se aos ditames do neoliberalismo e transformando-se num sindicato de
resultados para a empresa. Segundo Santos, (2013, p. 160); “conjunto de transformações
sociais, políticas e econômicas” contribuíram para que o sindicalismo ganha-se um
novo papel de atuação na relação trabalho e capitalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. - l. ed. revista - São Paulo :
Boitempo, 2010. Disponível em: <https://pt.b-ok.lat/s/manifesto%20comunista>.
Acesso em: 18 maio. 2021, 22:30:30.
PAULO NETTO, José; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica.
São Paulo: Cortez, 2006.