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CONFORTO AMBIENTAL I
Victor Olgyay
Editora Gustavo Gili S.A. Barcelona, Espanha, 2006.
tradução do espanhol por: Marina B. Rodrigues, 2020.
4. O clima como fator modificante
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Povos indígenas que habitam regiões em torno do Círculo Polar Ártico, também conhecidos como esquimós
(NdT: por motivos socioculturais, não serão chamados desta forma ao longo do texto, embora o texto original
empregue o termo).
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considerados como mecanismos de controle térmico, com exceção do perigo
de isolar variáveis únicas.
A ideia comum de que não há uma área dos Estados Unidos que não
necessite de ar-condicionado, indica que tendemos a ignorar o clima. Com
frequência, nossas soluções aos problemas climáticos não funcionam e
nossas casas se tornam suportáveis mediantes engenhosos mecanismos cujo
custo excede, algumas vezes, o da cobertura do edifício. O conforto criado por
estas máquinas segue sendo problemático e pode levar a perigos imprevistos,
tais como um meio ambiente uniforme e supercontrolado. A pouca
concordância térmica de muitos de nossos edifícios, apesar da quantidade de
equipamentos mecânicos, sugere que não podemos ignorar o ambiente físico
e que menosprezamos seu efeito contínuo em nossos edifícios e cidades.
Os construtores primitivos e agricultores não podem adotar esta atitude,
visto que lhes falta uma tecnologia que os permita ignorar o clima no desenho.
À luz de sua atitude para com a natureza, é de se duvidar que eles usassem
tais instrumentos, mesmo que estivessem disponíveis. Portanto, os
construtores primitivos e, em menor grau, os agricultores enfrentaram a
tarefa de criar um teto para uma variedade de condições climáticas. Tiveram
que criar, para seu próprio conforto (e inclusive para sobreviver), edifícios que
respondessem satisfatoriamente ao clima com uma tecnologia e materiais
muito limitados. Seria possível dizer que, se considerarmos a hostilidade do
ambiente e os recursos disponíveis, os problemas enfrentados pelos inuítes
não são diferentes dos envolvidos no desenho de uma cápsula espacial. A
diferença é menor do que se pode imaginar.
Estes construtores e artesãos aprenderam a resolver seus problemas
colaborando com a natureza. Visto que uma falha significaria ter que enfrentar
as rigorosas forças da natureza — o que não é o caso do arquiteto, que constrói
para os outros —, seus edifícios tinham que ser desenhados com tetos naturais
para proteger e favorecer o modo de vida, qualquer que fosse. Louis Kahn fez
o seguinte comentário depois de voltar da África:
Vi muitas cabanas feitas pelos nativos. Todas eram parecidas e
funcionavam bem. Não havia arquitetos. Voltei com a impressão de quão
inteligente era o homem que resolvia os problemas do sol, da chuva e
do vento.
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exemplos nos que esta se determina mediante considerações cosmológicas,
em vez de climáticas. Temos descrições de como eles estudam a localização
sob todos os tipos de condições climáticas e em todos os momentos do dia, de
como levam em consideração a organização dos ventos locais, os locais
nublados e ensolarados e sua relação com as estações, o movimento do ar frio
e quente, e constroem suas casas consequentemente. Na descrição de Karen
Blixen, de quem já falamos, os africanos posicionavam suas casas com relação
ao vento, ao sol, à sombra e à topografia. Neste caso, todas as casas eram
idênticas em forma e tipo, enquanto os agricultores europeus, por exemplo,
ainda que cada casa seja basicamente igual às demais da área, há variações
individuais no modelo.
Estes construtores trabalham em uma economia pobre, suas fontes de
materiais, energia e tecnologia são muito limitadas e a margem de erro e
desperdício é pequena, mas os resultados mostram um alto nível de execução
mesmo quando são julgados à luza da tecnologia moderna. Isto se refere
também aos colonizadores de países novos, que trabalham sob condições
similares. Ainda que os imigrantes levem consigo formas, às quais se agarram
com grande obstinação apesar de sua falta de adequação ao clima, no fim
fazem adaptações ao microclima. Um exemplo seria o aumento geral dos
beirais dos telhados e desenvolvimento de sacadas. Isso acontece em Quebec,
onde os beirais se alargaram e se converteram em sacadas e varandas. Em
Luisiana se desenvolveram sacadas parecidas e aumentou o número de
janelas, assim como na Austrália (fig. 4.1). A sacada oferece um espaço, para
se sentar e dormir, intermediário entre o interior e o exterior da casa (mesmo
quando chove), da sombra às paredes e janelas e proporciona a possibilidade
de continuar a ventilação da casa durante chuvas fortes.
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frescas e ventiladas do Sul, as formas australianas similares e as casas e
fazendas do México e do sudoeste dos Estados Unidos, com suas grossas
paredes e centradas no pátio, com as correspondentes casas atuais destas
zonas.
Todas estas soluções primitivas e nativas mostram uma grande
variedade de desenhos relacionados com as condições que rodeiam um grupo
que pessoas que vivem em uma área, assim como com as interpretações
simbólicas e culturais destas condições por parte do grupo e sua definição de
conforto. Estas moradias não são soluções individuais, mas soluções de grupo
que representam uma cultura e sua resposta às características de uma região
— seu clima geral e seu microclima, seus materiais típicos e sua topografia. A
interação de todos estes fatores explica a similaridade das soluções
separadas por milhares de anos e quilômetros e as diferenças entre soluções,
aparentemente, em áreas e condições parecidas.
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neve empilhada até a metade para aquecê-la, a couro no verão. (Corresponde
ao Yurt dos Mongóis, que muda o número de camadas de feltro de acordo com
a estação.) Em outros casos a variação entre moradias de verão de inverno é
maior, utilizando tendas durante o verão e casas afundadas alguns metros,
cobertas com madeiras e folhagens, durante o inverno.
Entre os Cazaques da Ásia central, o clima modifica o modelo do
assentamento. No verão, os pastos não têm muita duração, é necessária
mobilidade e os assentamentos de tendas se dispersam pelas montanhas. No
inverno obtém-se proteção do frio e do vento concentrando os assentamentos.
Como esta proteção é ainda mais crítica para o armazenamento do que para o
homem, os assentamentos se situam em vales profundos com uma franja de
bosques protetores. As tendas permanecem estendidas ao longo dos vales
mesmo quando mudam os pastos.
Outra solução da Ásia central consiste em substituir as tendas por
cabanas de pedra, madeira ou folhagens, de acordo com a área. Elas são
retangulares e semi-subterrâneas, com paredes de um metro de espessura,
coberturas grossas e janelas fechadas com tripas de animais. Perto da fachada
fica uma casa onde se colocam os animais recém-nascidos; se cozinha e
dorme na parte posterior. Ladeando a cabana principal, há outras cabanas para
os subordinados, os animais doentes e as provisões. Em torno de todo o grupo,
se levanta um muro de cana; uma cobertura de cana mais leve, no lado de
dentro, protege o resto dos animais. A forma básica destes assentamentos
parece ser determinada pelas necessidades do gado do que pelas dos homens.
Método de estudo
Há vários métodos para focar no estudo da influência do clima na forma
da casa. Se poderia observar os diferentes tipos climáticos — quente seco,
quente úmido, continental, temperado, ártico — e tratar as soluções
específicas de cada um em termos de exigências, formas e materiais.
Alternativamente, poderiam ser tratadas as posições de diferentes tipos de
moradias ao longo da escala climática ou, por fim, considerar como são
manejadas as variáveis climáticas que, combinadas, têm como resultado
vários tipos climáticos.
O clima, no que afeta o conforto humano, é o resultado da temperatura
do ar, dos raios solares — incluindo a luz —, o movimento do ar e as chuvas.
Para obter conforto, é necessário manejar estes fatores de modo que se
estabeleça uma espécie de equilíbrio entre os estímulos ambientais, de
maneira que o corpo não perca nem tenha calor em excesso, nem esteja
sujeito a pressões excessivas por parte de outras variáveis, mesmo que, como
havia sido sugerido, algumas podem ser desejáveis. Em termos climáticos,
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portanto, um edifício tem que responder ao calor, ao frio, aos raios solares, ao
vento e a outras pressões e as diferentes partes do edifício podem ser
consideradas como instrumentos de controle ambiental.
Minha intenção é examinar soluções para as diferentes forças
ambientais em áreas diferentes em vez de utilizar o método tradicional de
descrever “os mecanismos clássicos do controle térmico” para as principais
zonas climáticas.
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Quando as noites são frescas, os habitantes de zonas quentes e secas
dormem no telhado ou no pátio; quando faz frio, dormem dentro. É interessante
que as recomendações da Delegação de Investigação da Construção da
Austrália para áreas quentes e secas são o aumento da capacidade térmica
das áreas usadas durante o dia (na maioria das casas modernas é baixa
demais) e uma área de capacidade baixa para a noite. Isto concorda com a
solução tradicional; os Punjab oferecem um exemplo típico. As casas, com
paredes grossas e poucas aberturas, são construídas no esforço de evitar o
sol; o resultado é que o interior permanece fresco e na sombra todo o dia.
Durante as noites e as tardes quentes, se utiliza o telhado ou os pátios
murados; durante as noites frias, se utiliza o interior. É muito comum dormir
no exterior — nos telhados, nos pátios ou em galerias dos bangalôs usados
pelos ricos —. Muitas casas têm duas cozinhas: uma, no interior para utilizar
no inverno, e outra, fora da casa, para o verão. Como as pessoas trabalham
quase o dia todo no campo, as funções de vida têm lugar no exterior e a casa
se converte em um espaço de armazenamento. De qualquer forma, se
tivessem que utilizar a casa durante o dia, seria muito confortável.
O pátio também é muito útil para solucionar o problema do calor seco e
tem implicações climáticas além das sociais e psicológicas já tratadas. Protege
das tempestades de areia. Quando tem água, plantas e sombra, atua como um
poço refrescante e modifica o microclima diminuindo a incidência de raios
solares e as temperaturas. O uso de plantas e água em um pátio tem também
efeitos psicológicos mitigadores nas zonas de calor seco e proporciona uma
área exterior para viver. Quando se usa um pátio sombreado em conjunto com
um ensolarado, ao que subirá o ar quente, o ar fresco pode fluir do sombreado
ao ensolarado através dos cômodos.
Se o pátio é alto, como nos edifícios de Hadramaute, sul da Península
Arábica, e a ventilação é facilitada no alto mediante fendas em uma “chaminé”
saliente, pode-se produzir uma sucção e induzir a ventilação. Este método tem
muitas variantes locais nesta zona da Arábia.
Quando consideramos os materiais utilizados, se poderia perguntar se
essas fortes paredes são criadas numa intenção deliberada ou se são
simplesmente o resultado dos materiais disponíveis como a pedra e o barro,
que pedem estruturalmente paredes fortes. Em muitas áreas, contudo, pode-
se encontrar outros materiais, como os troncos de palmeira, e pode-se
construir refúgios abertos e sombreados sem a pesada cobertura de barro.
Por exemplo, a cabana Axante da África oferece uma evidência clara do uso
deliberado de paredes e tetos pesados por razões climáticas. Estas cabanas
empregam uma estrutura de madeira que leva uma cobertura de ramos, sobre
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a qual há uma cobertura de barro batido cuja finalidade é claramente o controle
climático, visto que estruturalmente é irracional. Além disso, as paredes que,
Esta solução parece ser sem dúvida motivada pelo clima, mesmo que
possa existir um aspecto social, como a influência árabe. A base climática é
ainda mais provável quando se observa que as cabanas Axante de zonas mais
extremas têm paredes mais grossas a fim de aumentar a capacidade de calor;
em áreas mais moderadas, onde a variação de temperatura é menos, a massa
dessas paredes é reduzida combinando o barro com maiores quantidade de
fibras vegetais.
Se poderia fazer uma pergunta parecida a respeito da planta compacta
ou o uso de edifícios agrupados: até que ponto se faz isso para reduzir a
superfície exposta ao sol e aumentar a sombra, e até que ponto para conservar
terrenos valiosos, satisfazer as necessidades defensivas etc.? Certamente
estes fins desempenham um papel, como também as exigências familiares e
sociais, mas podem-se encontrar exemplos de uso deliberado da sombra; por
exemplo, os Yokuts do sul da Califórnia protegiam do sol todo o assentamento
(fig. 4.5). Outros caso é o uso, muito difundido, da cobertura dupla, que se
encontra entre os Masa de Camarões, na planície de Bauchi na Nigéria e na
Índia (fig. 4.6), assim como o das paredes duplas da Nova Caledônia.
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Fig. 4.6. Cobertura dupla em Orissa, Índia.
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Fig. 4.7. Diagrama que mostra a
geometria longa e estreita e a
ampla separação de espaços
típicos do clima quente e úmido.
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Fig. 4.8. Casa Seminola,
Flórida (planta de 3 x 5
metros aproximadamente).
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Temperatura. Frio.
Há diferentes graus de frio e variações de intensidade e duração, mas os
princípios para manter o calor são os mesmo e têm relação com os do calor
seco. Os mesmo princípios são apropriados, exceto que a fonte de calor não
está no exterior e sim dentro da casa e a tentativa de deter a saída do calor é
na direção oposta. Tenta-se esquentar todo o possível a casa, o que implica
em grandes estufas no centro da casa; utilizar o calor da cozinha e o emitido
pelas pessoas e, algumas vezes, pelos animais. Evita-se a perda de calor
mediante o uso de uma planta compacta, um mínimo de superfície exposta ao
exterior, materiais fortes com boa capacidade de isolamento e evitando
correntes e infiltrações de ar. A neve, um bom isolante, é frequentemente
fomentada acumulando-a em grossas camadas nos telhados. Afeta, assim, a
forma, o tamanho e a resistência das coberturas. A única diferença das áreas
de calor seco pode ser o desejo de obter toda a radiação solar possível. Para
isso, se utilizam cores escuras. Contudo, esse desejo se opõe à necessidade
de proteger-se do vento de reduzir a superfície exposta ao frio, de forma que
se encontram frequentemente agrupações compactas e moradias
subterrâneas ou semi-subterrâneas.
É difícil esquecer o iglu e demais soluções inuítes ao considerar as
tentativas de solucionar estes problemas. A necessidade de se opor ao frio
intenso e constante e aos ventos levou ao iglu, feito com neve, mas utilizado
somente pelos povos centrais. Os povos da Groenlândia e Alasca constroem
suas residências de inverno com pedras e ramagens e utilizam o iglu somente
como refúgio para passar a noite quando estão caçando. Em todos estes casos
tenta-se oferecer pouca resistência ao vento e proporcionar um máximo de
volume com um mínimo de superfície. O hemisfério do iglu o protege
perfeitamente e se esquenta maravilhosamente com uma lâmpada de óleo de
foca, fonte de calor que a forma hemisférica ajuda a focalizar no centro.
Os refinamentos do iglu poderiam ser tratados mais extensamente, mas,
como já foi descrito e analisado, somente será mencionado o piso elevado
sobre o túnel de entrada. Este não deixa entrar as correntes e, como o ar
quente sobe e o frio abaixa, os ocupantes se mantêm em uma zona mais
temperada, mediana. No verão se utilizam moradias semi-subterrâneas com
uma planta parecida com a do iglu. As paredes são de pedra, de uma altura de
pouco mais de 1,50m, a entrada é mais estreita e subterrânea e o piso fica, de
novo, a um nível mais alto que a entrada. As vigas de madeira ficam cobertas
com uma camada dupla de pele de foca com musgo entre as duas, o que
constitui um painel sanduíche muito eficaz.
O conhecimento da necessidade de soluções para o frio pode ver-se de
um modo análogo ao exemplo dos Axante. Os Yakut da Sibéria, por exemplo,
assim como alguns inuítes, utilizam uma construção com estrutura de
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madeira, coberta de madeira e uma camada de folhagens (fig. 4.10). Esta detém
melhor o vento e é mais quente que uma cabana larga, que tem muitas
rachaduras difíceis de preencher, mas estruturalmente é irracional e é uma
resposta às necessidades climáticas.
A casa irlandesa de pedra, baixa e muito junta do solo, é também uma
boa resposta à área fria e varrida pelo vento e se se encontram variações
parecidas em outros lugares. Os camponeses da Suíça guardam o gado na
casa, o que oferece calor adicional e facilita chegar até ele quando faz frio ou
neva, mesmo que isso possa ser solucionado também por meio de conexões
cobertas, como nas fazendas da Nova Inglaterra. O desenvolvimento de ruas
com toldos nas cidades do norte do Japão indica a importância da circulação
invernal que afeta a forma em planta; tanto isso como as conexões
subterrâneas entre os iglus dos inuítes, são parecidos com as soluções
correspondentes nas áreas dos Matmata e nas ruas sombreadas das cidades
árabes.
Umidade.
Foram consideradas a umidade alta e baixa com os tipos de calor
correspondentes porque a temperatura e a umidade operam juntas com
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relação ao conforto. Onde a umidade é alta, pouco se pode fazer para reduzi-
la por meios não mecânicos e se utiliza a ventilação para que o corpo perca
calor. Onde é baixa, pode-se utilizar a água e a vegetação para aumentá-la e
também algumas obras de engenharia que implicam o gotejamento de água
sobre as janelas, ou a cerâmica porosa, como nas moradias tradicionais da
Índia e do Egito.
Vento.
O vento está relacionado também com a temperatura e, assim, sua
velocidade, a umidade e a temperatura entram no conceito da “temperatura
efetiva” que se utiliza para medir o conforto. A necessidade de conforto leva a
facilitar ou a impedir as correntes de ar. Quando faz frio seco, o vento é, em
geral, indesejável; quando o calor é úmido, o vento é essencial.
O mecanismo mais primitivo para controlar o vento é o abrigo, que se
pode encontrar em uma série de zonas, entre os aborígenes da Austrália, que
utilizam ramos e pele de canguru, os Semang da Malásia (fig. 4.11) e os
indígenas americanos. A tenda árabe utiliza o “backstrip”, que se move segundo
se necessite facilitá-lo ou impedi-lo, e na Melanésia, Samoa, e entre os Coissã
da África do Sul, abaixam, sobem ou movem-se os painéis da parede para
posições distintas para abrir e fechar. Como, geralmente, é mais fácil captar o
vento do que o evitar, considerarei este último aspecto em maior detalhe. No
entanto, a comparação da moradia japonesa com a de adobe do Novo México,
ou da moradia Yagua com a árabe, nos permite compreender imediatamente
as diferenças básicas na forma ocasionadas por fomentar ou reprimir o vento.
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(especialmente o iglu) da forma esférica, cujas vantagens já analisamos (fig.
4.12).
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Fig. 4.14. Seção
esquemática do iglu (foram
omitidos muitos detalhes).
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Fig. 4.17. Casa de Provença
protegida contra o vento do norte.
Fig. 4.18. Casas situadas para conseguir máxima proteção dos ventos frios
na Suíça. (Adaptado de Weis, Häuser und Landschaften der Schweiz, p. 188).
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Chuva.
Os principais efeitos da chuva têm lugar na construção da residência, da
qual se falará mais adiante (capítulo 5). Em zonas áridas, reter a chuva e
protegê-la da evaporação pode ser importante, como em algumas ilhas do
Caribe onde se utilizam cisternas debaixo das casas. Nos trulli da Itália, estas
cisternas têm acesso direto até a casa e podem ter um efeito refrescante e
contribuir para umedecê-la.
Em zonas de calor úmido, os grandes beirais e sacadas, que permitem
manter as janelas abertas para ventilação enquanto chove, se convertem no
principal elemento climático modificador da forma. Algumas tribos de Natal,
África do Sul, utilizam a chuva para controlar a forma de trabalho do edifício.
Constroem casas com uma estrutura leve forrada com esteira tecida. Com o
tempo seco, o tecido se contrai permitindo correntes de ar entre as frestas,
mas com o tempo húmido as fibras se dilatam, transformando-se em
membranas quase impermeáveis e à prova de vento.
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