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Pensamento de Kant
RESUMO
ABSTRACT
The following paper, based on Kant’s work, consists of an analysis of the clearness, as a way for
the human being to emancipate, leaving a condition of minority, protected to find explanation. The
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author gives a conception of what clearness is to Kant, and then shows how the public use of
reason, among with freedom, can be used in order to make humans to escape from a condition of
protected. He also works with the author using the contemporary applications of these expressions,
questioning, at the end, about our living in a clearness time or not.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo realizou-se com base nos textos “Resposta à Pergunta: que
é esclarecimento?” (KANT, 1985) e “Resposta à Pergunta: o que é iluminismo?” (KANT 1988).
Ambos são traduções do texto original “Beantwortung der Frage: Was ist Aufklarung?”. A diferen-
ça essencial entre os dois textos citados é a tradução da palavra “Aufklarung”, que foi traduzida
inicialmente como esclarecimento e posteriormente como iluminismo.
Muitas divergências pairam sobre a correta tradução de “Aufklarung”. Sabe-
se que não há uma tradução exata dessa palavra para o português. A tradução para o português,
baseada na versão francesa, traduziu “Aufklarung” como iluminismo, talvez pela influência que
essa obra tenha feito no movimento revolucionário francês no século XIX.
Por sua vez, a tradução, feita diretamente do alemão para o português, consi-
derou “Aufklarung” como esclarecimento, por considerar “Aufklarung” um processo de “elevação
do ser humano”, uma forma de sair da menoridade e não apenas uma corrente de pensamento.
* Advogado. Especialista em Direito do Estado pela Universidade Estadual de Londrina. Pós-graduando em Filosofia Política
e Jurídica pela mesma Universidade. Professor do Departamento de Direito do Estado da Universidade Estadual de Ponta
Grossa – Paraná.
2 A MENORIDADE
livremente suas idéias. Kant (1985, p. 104), como um grito que exclama: raciocineis! assevera que
só o uso público da razão, que ocorre com a liberdade, pode realizar o esclarecimento. Lafer (1908,
p. 31) vai dizer que a liberdade é “vista como um valor na perspectiva da ação”, donde poder-se-
ia qualificar a liberdade como um instrumento para a realização da ação. Assim acontecia no
Estado Grego, onde os cidadãos exerciam a sua liberdade na esfera pública, e era na esfera pública
que todos cidadãos tornavam-se iguais.
Kant (1985, p. 104) exemplifica casos em que o cidadão, mesmo não concor-
dando com certos atos do seu governo, cumpre as ordens e, depois, da maneira correta as questi-
ona. Existem alguns momentos em que o questionamento pode ser prejudicial. O mesmo deve ser
feito em momento oportuno, mas o importante é que a pessoa não deixe de raciocinar e busque
sempre conhecer as coisas que acontecem ao seu redor.
Percebe-se, então, que só com a liberdade o cidadão consegue usufruir do uso
público da razão, e este é o caminho para ele fugir da menoridade.
fonte para a busca do esclarecimento, como “vontade de todo o povo”, de modo a não
retirar do povo um direito sagrado. O povo deve ter o direito de escolher o seu próprio
destino (BOBBIO, 2004, p. 100).
A rejeição do esclarecimento por parte do governo ao povo, a rejeição desse
ideal emancipatório, leva a uma crise na educação (OLIVEIRA, 2006, p. 7), onde o não pensar
passa a fazer parte de uma política governamental. Daí a importância do esclarecimento, do pen-
samento emancipatório, também como uma forma de liberdade (e também) de educação.
Para Kant (1985, p. 112) a liberdade e a tolerância religiosas são fatores
importantes para constatar o esclarecimento de um governante. Aquele governante que assim
age, dando aos seus súditos a liberdade de utilizar sua razão para suas questões morais e
religiosas, o que os liberta assim dos “cabrestos”, contribui para o esclarecimento deles e deve
ser louvado. Veja-se que, no mundo atual, em alguns estados, governos e religiões confundem-
se, e a liberdade e tolerância religiosa, muitas vezes, passam a simplesmente ser palavras
inutilizadas de um dicionário.
Escrito originalmente em 1784, o texto de Kant parece ser ainda de uma atua-
lidade profunda quando se pergunta se o homem vive em uma época esclarecida? A resposta de
Kant (1985, p. 112) de 222 anos atrás parece ainda ser atual, quando se depara com uma época de
esclarecimento e não uma época esclarecida. Ainda falta muito para que, nas condições de hoje, os
homens possam se colocar nesse patamar. A humanidade precisa vencer muitos preconceitos,
barreiras, dogmas para considerar-se esclarecida. De fato percebe-se que o esclarecimento é um
processo que se desenvolve no seio das relações humanas, mas que ainda não chegou a atingir a
todos ou a grande maioria.
REFERÊNCIAS
ARENDT, H. A condição humana. 10. ed. (Trad.) Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004. 69
BOBBIO, N. A era dos direitos. 9. ed. (Trad.) Regina Lyra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
KANT, I. Textos Seletos. 2. ed. (Trad.) Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1985.
______. A paz perpétua e outros opúsculos. (Trad.) A. Mourão. Lisboa: Edições 70, 1988.
OLIVEIRA, Avelino da Rosa Oliveira, OLIVEIRA, Juliana Damasceno de. Educação na crise da
racionalidade. Pelotas: Disponível em:< www.propesq.ufrsgs.br> e no site:< http://
www.forumpaulofreire.com.br> Acesso em: 24 fev. 2006.