Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
M. Elisa E. L. Galvão
IME-USP/UNIFIEO
A2
Neste caso, se, da área do hexágono ( AH ) somada às áreas das seis semicircunferências
subtrairmos a área do círculo, temos a soma das áreas das luas. A razão entre as áreas A1 e
A2 das semi-circunferência cujos diâmetros medem 2R e R será 4, e o cálculo da área das
luas será dada por:
6 A = AH + 6 A2 – 2 A1, sendo, agora, A1 = 4 A2 ,
ou ainda,
6 A = AH - 2 A2 .
Consequentemente, a quadratura da lua só poderá ser encontrada por este
processo se a quadratura do círculo for possível. Por outro lado, a suposta quadratura do
círculo por esse processo de Hipócrates conduz a um impasse, ou seja, fica na dependência
de se mostrar que a reunião das luas admite uma quadratura.
Se uma lua é limitada externa e internamente por dois arcos com extremos O
e O’ em que estão inscritas poligonais formadas por segmentos congruentes de
comprimentos Sm e Sn, respectivamente, que são cordas de setores circulares semelhantes
S 2m n A m
cujas áreas são Am e An , tais que 2 = = , então o argumento de Hipócrates
Sn m A n
nos permite mostrar que a área da lua coincide com a área AP do polígono limitado pelas
poligonais consideradas:
A = AP + m A m – n A n
e, portanto, a lua admite uma quadratura.
12 1 2
A = A 1 – A2 A1 = r 2 - r sen 2 A2 = R 2 - R sen 2
2 2
A lua da figura à esquerda, limitada exterior e
interiormente, respectivamente, pelos arcos cujos
raios são r e R e cujos ângulos centrais têm
medidas 2 e 2 tem sua área dada pela
diferença das medidas das áreas dos
correspondente segmentos de círculo de corda AB
cujas medidas estão expressas nas legendas acima.
A área da lua será, portanto:
1 2 12
A=r2-R2+ R sen 2 - r sen 2.
2 2
Essa expressão será mais simples se trabalharmos
com a hipótese de que
r 2 - R 2 = 0 , (*)
Podemos reescrever, então a expressão (*) na
forma
R 2 = u r 2, sendo u =
. (*)
1o caso: u = 2
A equação (**) fica na forma: 2sen = sen ( 2 ) ou seja, 2sen = 2 sen ( )
cos ( ) . Como 0, cos ( )= 2/2, logo, = /4 e = /2, o que nos remete à lua já
estudada anteriormente, sendo R = r 2.
2o caso: u = 3
A equação (**) fica na forma: 3sen = sen ( 3 ) ou seja, 3sen = 3 sen ( )
– 4 sen ( ) . Como 0, 4 sen ( ) =3 - 3, ou sen ( ) =(3 - 3)/4, sendo, neste
3 2 2
3 3
Temos, neste caso, u , R r , o que nos remete ao exemplo de Hipócrates
2 2
em que o arco externo é menor do que uma semicircunferência ( figura acima, à
direita). Para encontrar a solução de usen = sen (u), chamando = , teremos
2
3 sen 2 = 2 sen 3. Daí:
2 3 sen cos = 2 sen ( 3 - 4 sen2 ),
que, nos conduz `a equação do segundo grau:
4cos2 - 3 cos -1 = 0, cuja solução
2 ( 3 11) 9 33
cos = nos dá sen = .
8 4
Com esses valores para o seno e cosseno do ângulo , no triângulo retângulo PMC, na
figura acima, à direita, teremos que: MC = r sen 2 ; por outro lado, no triângulo retângulo
a 2 ( 3 11)
PNC, CN = = r sen . Daí, AC = 2 MC = 4 r sen cos = 2 a =
2 8
6 22
a, e temos verificadas as condições do exemplo de Hipócrates.
4
4o caso: u = 5
Temos: u 5 , R 5r ; a equação usen = sen (u) neste caso nos conduz a
5 sen = 5 sen -20 sen3 + 16 sen5
5 4 5 5
cuja possível solução não nula para sen2 é , que nos dá uma solução ,
8
construtível, cuja medida é, aproximadamente, 23,5º.
5o caso: u = 5/3
5 5
Neste último caso u , R r e a equação, tomando 3 = agora fica na
3 3
forma
5 sen 3 = 3 sen 5 ou
3 ( 5 sen -20 sen + 16 sen ) =
3 5
5 ( 3 sen - 4 sen3 )
1
As possibilidades não nulas para sen2 são (15 15 60 6 15 ) , e a solução =
24
16,81º corresponde ao sinal negativo. A solução positiva nos dá = 63,19º e o ângulo 3 =
ultrapassará 180º .
Referências
[B] Baker, A., Linear forms in logarithms of algebraic numbers, Mathematica, 13 ( 1966) ,
204-216.
[D] Durhan, W., Journey through Genius, Penguin Books, 1990.
[E] Euler, L., Solutio Problematis Geometrici circa Lunulas a Circulis Formatas, Comm.
Acad. Sc., Tom IX, 1771, 207-221.
[F,G] Fauvel, J., Gray, J., The History of Mathematics – a reader, Open Univ., 1987.
[G] Girstmair, K., Hippocrates´lunes and transcendence, Expo. Math., 21 (2003), 179-183.
[H] Heath, T., A History of Greek Mathematics, Vol. I, Dover Pub. Inc., 1981.
[K] Knorr, W. R., The Ancient Tradition of Geometric Problems, Dover Pub. Inc., 1986
[P] Postinov, M.M., The Problem of Squarable Lunes, Am. Math, Monthly, 107 ( 2000 ) ,
645-651.
http://www. mathpages.com/home/kmath171.htm