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Módulo 13

AGRICULTURA E
DESENVOLVIMENTO RURAL
SUSTENTÁVEL
Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Curso Profissional: Técnico de Turismo Ambiental e Rural


Disciplina: Ambiente e Desenvolvimento Rural

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Índice

Apresentação................................................................................................................2

Objetivos de Aprendizagem...........................................................................................2

1.Conceitos de Agricultura Sustentada e de Desenvolvimento Rural Sustentado................3

2.Princípios e pressupostos do desenvolvimento sustentado............................................5

3.A gestão do capital natural em agricultura...................................................................8

3.1.Plano de conservação do solo...............................................................................8

3.2.Gestão da água e da nutrição das plantas.............................................................9

4.O modo de produção biológico..................................................................................11

5.A produção integrada...............................................................................................16

5.1.Fundamentos.....................................................................................................16

5.2.Técnicas de proteção das plantas........................................................................17

5.3.Fertilização e rega..............................................................................................19

6.A diversificação de atividades na exploração agrícola..................................................21

6.1.Prestação de serviços de carácter ambiental........................................................21

6.2.Desenvolvimento de produtos tradicionais de qualidade, valorização de construções


rurais de traça tradicional.........................................................................................22

6.3.Dinamização de espaços agroflorestais para fins lúdicos e/ou pedagógicos


relacionados com o meio rural..................................................................................24

6.4.Criação de espaços museológicos de temática rural..............................................25

7.Instrumentos de Política Agrícola e de Desenvolvimento Rural em vigor......................27

Bibliografia.................................................................................................................40

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Apresentação

A atratividade turística do mundo rural é hoje indiscutível. No entanto, é necessário pensar


o território rural e a agricultura tradicional numa perspetiva sustentada e de valorização
do património natural em que o agricultor seja o guardião desse património.

Objetivos de Aprendizagem

 Enunciar o conceito de desenvolvimento sustentado;

 Enunciar o conceito de Desenvolvimento Rural Sustentado

 Comparar o conceito de desenvolvimento sustentado com o de crescimento


continuado;

 Caracterizar a multifuncionalidade das explorações agrícolas na ótica da sua


valorização para um turismo de qualidade;

 Identificar atividades rurais emergentes de valor acrescentado para o turismo;

 Identificar soluções para uma boa gestão dos recursos naturais em meio rural,
tendo em vista a sua utilização na atividade turística;

 Identificar atividades passíveis de conjugar princípios de equidade social, de


equilíbrio ambiental e de eficácia económica;

 Identificar as técnicas associadas a novas formas de produção agrícola que


contribuam para a manutenção do equilíbrio dos agroecossistemas;

 Caracterizar o modo de produção biológico e a produção integrada;

 Identificar alguns instrumentos de política agrícola e de desenvolvimento rural, em


vigor.

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1.Conceitos de Agricultura Sustentada e de


Desenvolvimento Rural Sustentado

A agricultura é uma atividade que permite ao Homem produzir alimentos e recursos


renováveis e contribui, também, para o desenvolvimento do meio rural.

Ao longo dos séculos, a produção agrária tem desenhado paisagens de grande beleza e
contribuído para a preservação da biodiversidade através da utilização das terras de uma
forma adequada às condições naturais (agricultura tradicional).

Diversos fatores, entre os quais o aumento exponencial da população humana e as


políticas agrárias desenvolvidas, têm originado um outro tipo de agricultura (agricultura
convencional) na qual predominam as técnicas intensivas, com recurso a produtos
agroquímicos, apresentando consequências graves no ambiente.

A qualificação da agricultura como “sustentável” denota insatisfação com a sua atual


situação e a procura por um novo padrão de produção que não agrida o ambiente,
mantendo-se as características dos sistemas agrários.

Na realidade, uma agricultura e silvicultura sustentável podem ser os alicerces de sistemas


ecológicos saudáveis e diversos. No entanto, estes mesmos sectores podem também
constituir as principais ameaças à preservação da vida selvagem, da qualidade do solo e
das águas.

De um ponto de vista ambiental, a agricultura sustentável inclui:

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 A redução do uso de recursos não-renováveis e um uso racional de recursos


renováveis, mantendo ou elevando a sua qualidade, através da minimização de
perdas;
 A otimização da taxa de retorno e de reciclagem energética e de nutrientes;
 A maximização da capacidade de uso múltiplo da paisagem, assegurando um fluxo
energético eficiente e encorajando a produção local de alimentos adaptados ao
ambiente natural e socioeconómico.

A agricultura sustentável tem ainda de compatibilizar as suas funções de produção de


bens materiais, alimentos e matérias-primas (função produtiva) e de serviços (função
social) com os sistemas com os que está vinculada de maneira direta, isto é, o ambiente,
a sociedade e a economia.

Os espaços rurais constituem-se, no atual contexto, como recursos relevantes e


indispensáveis à construção de um país mais coeso, mais sustentável, mais competitivo e
mais desenvolvido.

A expressão do seu potencial depende, em larga medida, da capacidade de integração e


articulação das diferentes dimensões e sectores (agricultura, indústria, serviços, cultura,
turismo, etc.) e dos agentes com presença nos territórios rurais, assim como da
capacidade de mobilização das pessoas, das organizações, das experiências e do
conhecimento.

A atividade agrícola marca fortemente o território rural, e quanto maior for a sua
integração e interação com as dinâmicas do território, maior são as probabilidades de uma
competitividade sustentável e de uma maior coesão social.

Agricultura e desenvolvimento rural constituem-se como partes indissociáveis de uma


mesma realidade e, sobretudo, de um mesmo percurso de desenvolvimento que tem no
cerne da equação as pessoas e o desenvolvimento sustentável.

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2.Princípios e pressupostos do desenvolvimento


sustentado

A Comissão Mundial para o Desenvolvimento do Ambiente em 1987 definiu


Desenvolvimento Sustentado como aquele que corresponde às necessidades do presente
sem pôr em causa a satisfação das futuras gerações.

O desenvolvimento sustentado pressupõe desenvolvimento económico para satisfazer as


necessidades e aspirações humanas mas também a promoção de valores que encorajem
um consenso ecologicamente aceitável (possível) que não ponha em causa, a longo prazo,
as necessidades das futuras gerações.

Inicialmente, a expressão de ‘desenvolvimento sustentável’ desenvolveu-se associada às


questões ambientais. Atualmente, o tema reflete outros princípios, de natureza
económica, social, política, cultural e ética.

O conceito de sustentabilidade deve apresentar uma vertente ambiental. Proteger o


ambiente e preservar os recursos naturais é extremamente importante para promover a
sustentabilidade das gerações futuras.

A produção, quer de bens quer de serviços, deve respeitar as leis ecológicas para que as
atividades económicas (nomeadamente a agricultura) e o ambiente estejam em harmonia.

Deste modo, pretende-se que o Homem seja mais consciente sobre a influência que as
suas ações provocam no ambiente, com especial relevo, atualmente, na paisagem e
biodiversidade dos meios rurais, e também nos recursos – água, solo e ar.

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A dimensão económica é muito importante na medida em que influencia a manutenção


da atividade e a permanência dos empresários.

No caso do sector agrário, por exemplo, a permanência dos agricultores nos meios rurais
é essencial para a proteção do ambiente e preservação da paisagem e seus recursos
naturais.

Para que isto se realize, a produção agrária, além de satisfazer a procura alimentar, deve
promover retornos apropriados para a família-exploração, minimizando a aversão de
riscos, reduzindo o uso de fatores de produção de origem externa, promovendo o uso
mais eficiente dos recursos disponíveis, conduzindo a sistemas autossuficientes e viáveis a
longo prazo.

A dimensão social da sustentabilidade é relativa à procura da igualdade entre os


diversos sectores sociais, no que respeita às oportunidades de emprego, no acesso aos
recursos e serviços.

A igualdade entre a sociedade deve ser promovida, essencialmente, para uma melhoria da
qualidade de vida.

As sociedades humanas que carecem de equidade económica e de justiça social são


inerentemente instáveis e não são sustentáveis ao longo do tempo. Tais sistemas podem
ser caracterizados pela ocorrência de conflitos sociais que podem causar danos
irreparáveis para os sistemas ecológicos e económicos que os suportam.

A dimensão política da sustentabilidade é relativa aos processos participativos e


democráticos, assim como com às redes de organização social e de representações dos
diversos segmentos da população.

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A dimensão cultural é importante porque na dinâmica dos processos de gestão dos


sistemas é necessário que as intervenções realizadas respeitem a cultura local.

Nos processos de desenvolvimento rural, por exemplo, é preciso avaliar, compreender e


utilizar como ponto de partida os saberes, os conhecimentos e os valores locais das
populações rurais que, por sua vez, devem espelhar a “identidade cultural” das pessoas
que vivem e trabalham num dado agroecossistema.

A dimensão ética relaciona- se diretamente com a solidariedade intra e inter-geracional e


com novas responsabilidades dos indivíduos com respeito à preservação do ambiente.

Estas dimensões traduzem os seguintes pressupostos, ou requisitos para o


desenvolvimento sustentável:
 A ideia da sustentabilidade está a mudar o foco do crescimento versus
desenvolvimento;
 Quaisquer perdas dos aspetos culturais e naturais no processo de desenvolvimento
condicionam as gerações futuras;
 O crescimento económico deve ser medido de forma adequada – apuramento dos
custos reais da proteção e reciclagem presentes e futuros;
 O desenvolvimento que provoque alterações consideráveis no ambiente, produz,
normalmente, maior impacto nas comunidades pobres que nas ricas;
 O desenvolvimento numa região ou país pode ter impactos positivos ou negativos
noutra(s) região(ões) ou país(es).
 Verifica-se portanto a necessidade de trabalho em conjunto, de cooperação, no
sentido de obter um desenvolvimento integrado, com benefícios para todos.

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3.A gestão do capital natural em agricultura

3.1.Plano de conservação do solo

A degradação dos solos agrícolas, devida aos processos de erosão ou de contaminação


química, pode apresentar consequências importantes na economia dos países, na medida
em que restringe a sua capacidade produtiva, encontrando-se, também, associada à
diminuição da qualidade de águas subterrâneas e superficiais, bem como do ar.

A degradação dos solos agrícolas está intimamente relacionada com as práticas a que está
sujeito, particularmente os sistemas produção adotados, as mobilizações praticadas e a
incorporação de resíduos efetuada.

Atualmente, o solo é utilizado para reciclar os nutrientes contidos numa grande variedade
de resíduos, muitos deles importados de outras atividades, que não a agricultura. Estão
neste caso, por exemplo, as lamas provenientes das estações de tratamento de esgotos e
os resíduos sólidos urbanos.

A contaminação da cadeia alimentar, através da acumulação de elementos no solo como


os metais pesados, é possível, especialmente se, como o cádmio, esses elementos forem
facilmente absorvidos pelas culturas agrícolas.

Fatores como a biologia, a acidez e alcalinidade e a matéria orgânica do solo são


determinantes da sua disponibilidade em água e nutrientes para as culturas, função
essencial dos solos cultivados.

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O conhecimento destes fatores e da forma como influenciam a fertilidade do solo


permitem compreender e identificar as principais causas de degradação da fertilidade do
solo, com origem nas atividades agropecuárias. Estão neste caso os fenómenos de erosão,
acidificação, compactação, salinização e contaminação dos solos.

O uso sustentado dos solos agrícolas, através da utilização de boas práticas, permite
reduzir ou minimizar o impacto das atividades agrícolas sobre a fertilidade do solo.

A prevenção da erosão do solo é possível através do ordenamento das culturas e do


recurso a rotações culturais adequadas, bem como da racionalização dos processos de
mobilização do solo e da melhor adaptação das técnicas de regadio.

A gestão adequada dos resíduos na exploração agrícola permite melhorar a qualidade


ambiental das zonas rurais em geral e prevenir eventuais processos de poluição do solo e
da água.

3.2.Gestão da água e da nutrição das plantas

A redução do impacto ambiental das atividades agrícolas sobre a qualidade da água é


possível através do uso de práticas agrícolas que reduzam os riscos de poluição de lençóis
freáticos e águas superficiais.

A poluição de águas subterrâneas e superficiais com origem nas atividades agropecuárias


resulta, sobretudo, de aplicações não controladas de nutrientes às culturas,
particularmente de azoto e de fósforo, bem como de pesticidas. Contaminações com
compostos orgânicos e agentes patogénicos prejudiciais à saúde humana e animal podem,
igualmente, ocorrer.

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De salientar que a prática da fertilização racional diz respeito à aplicação das quantidades
de nutrientes adequadas, na época própria e com a melhor técnica disponível, de modo a
minimizar as suas perdas para o meio envolvente.

A poluição das águas subterrâneas é particularmente grave, uma vez que a sua
recuperação é difícil, cara e, não raras vezes, impossível de levar a cabo.

Dada a sua grande solubilidade, os nitratos constituem a principal preocupação, na


medida em que estão presentes em muitos adubos, para além de serem um dos produtos
da mineralização do azoto contido em estrumes e chorumes e outros resíduos orgânicos,
águas residuais ou lamas de depuração e, também, da matéria orgânica do solo.

Relativamente à poluição das águas com produtos fitofarmacêuticos, o incremento da


monitorização do estado de contaminação da água com estes produtos tem permitido
verificar que a situação é, também, preocupante nalgumas regiões do país de agricultura
mais intensiva.

A redução do impacto ambiental das atividades agrícolas sobre a qualidade da água é


possível através do uso de práticas agrícolas que reduzam os riscos de poluição dos
lençóis freáticos e águas superficiais.

A aplicação ao solo de fertilizantes contendo azoto deve ser efetuada tendo em conta a
forma em que se encontra o nutriente no fertilizante, as características do terreno e as
épocas de maior solicitação por parte da cultura, de modo a maximizar a sua eficiência.

A aplicação de produtos fitofarmacêuticos impõe, para além da escolha do método de


proteção fitossanitário, o cumprimento de determinadas regras de segurança tendo como
objetivo a proteção dos meios aquáticos.

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4.O modo de produção biológico

Conceito e objetivos
A agricultura biológica é um modo de produção agrícola que integra todo um conjunto de
técnicas agrícolas, visando a utilização racional do sistema formado pelo clima, água, solo,
microrganismos e plantas, de modo a privilegiar o equilíbrio dos ecossistemas agrícolas e a
torná-los sustentáveis a longo prazo.

A agricultura biológica caracteriza-se por possuir quatro bases fundamentais:


 Ecológica: baseia-se no funcionamento do ecossistema agrário e recorre a práticas
– como rotações culturais, adubos verdes e luta biológica contra pragas e doenças
– que fomentam o seu equilíbrio e biodiversidade;
 Holística: baseia-se na interação dinâmica entre o solo, as plantas, os animais e os
humanos, considerados como uma cadeia indissociável, em que cada elo afeta os
restantes;
 Sustentável: procura manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo e
preservar os recursos naturais através da reutilização de restos de origem vegetal
ou animal, minimizando, assim, a utilização de produtos químicos de síntese
(adubos, pesticidas, …);
 Socialmente responsável: unifica os agricultores e os consumidores na
responsabilidade de produzir alimentos de forma ambiental, social e
economicamente sã e sustentável, preservando a biodiversidade e os ecossistemas
naturais. Além disso, permite a escolha por parte do consumidor de consumir
alimentos provenientes de produção biológica, garantindo que não foi utilizado
qualquer tipo de pesticida.

A agricultura biológica deve contribuir para a realização dos seguintes objetivos:


 Aumentar a diversidade biológica em todo o sistema;

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 Aumentar a atividade biológica dos solos;


 Manter, a longo prazo, a fertilidade dos solos;
 Reciclar os resíduos de origem vegetal e animal, a fim de restituir à terra os
elementos nutritivos e, desta forma, reduzir ao mínimo a utilização de recursos não
renováveis;
 Apoiar os sistemas agrícolas organizados localmente em recursos renováveis;
 Promover a boa utilização dos solos, da água e do ar, e reduzir ao mínimo todas as
formas de poluição provocadas pelas práticas culturais e de produção animal;
 Manipular os produtos agrícolas tendo em atenção, nomeadamente, os métodos de
transformação, a fim de preservar, em todos os estádios, a integridade biológica e
as qualidades essenciais do produto;
 Ser adotada, numa exploração existente, após um período de conversão cuja
duração deve ser determinada por fatores específicos à exploração, como, por
exemplo, o historial da terra e os tipos de cultura e de produção animal a realizar”.

Agricultura biológica em Portugal


Portugal dispõe de condições favoráveis ao modo de produção biológico (MPB), pelas suas
potencialidades agro-ecológicas, pela diversidade de fauna e flora e por muitas das formas
tradicionais de produção estarem próximas deste modo de produção.

No entanto, a nível europeu, Portugal é o país com menor número de agricultores


dedicados ao Modo de Produção Biológico e um dos que menor área agrícola ocupa, em
termos relativos, com essa atividade.

Condições necessárias para ser produtor em modo de produção biológica


Para poder ser produtor segundo o modo de produção em agricultura biológica, um
produtor tem de:
 Cumprir ou iniciar o cumprimento das regras do modo de produção em agricultura
biológica (Regulamento (CEE) n.º2092/91, modificado);

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 Fazer um contrato de controlo e certificação com uma entidade de controlo e ser


controlado;
 Notificar a atividade à Direção Geral do Desenvolvimento Rural (DGDR), ao
Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA) nos Açores ou à Secretaria
Regional do Ambiente e Recursos Naturais (SRA) na Madeira.

Os produtores poderão beneficiar de apoios através de candidatura às Medidas


agroambientais em que, para além do acima exposto, deverão cumprir os diversos
compromissos da medida de agricultura biológica, nomeadamente:
 Frequentar uma ação de formação específica em agricultura biológica, reconhecida
para o efeito;
 Aderir a uma organização de produtores especificamente reconhecida pela DGDR
para efeitos de assistência técnica, no âmbito do modo de produção em agricultura
biológica e com a qual tenha feito um contrato de assistência técnica;
 Apresentar um plano exploração validado pelo técnico da organização reconhecida.

Características dos produtos de Agricultura Biológica

Valor nutritivo
Cultivados em solos equilibrados por fertilizantes naturais, os alimentos biológicos são
capazes de melhor qualidade quanto ao teor em vitaminas, minerais, hidratos de carbono
e proteínas, são capazes de saciar graças ao equilíbrio dos seus constituintes.

Biodiversidade
A diminuição da diversidade biológica é um dos principais problemas ambientais dos dias
de hoje. A Agricultura Biológica perpetua a diversidade das sementes e das variedades
locais, recusa os OGM que põem em perigo numerosas variedades de grande valor
nutritivo e cultural.

Sabor

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Nos solos regenerados e fertilizados organicamente, as plantas crescem saudáveis e


desenvolvem, da melhor forma, o seu verdadeiro aroma, as suas autênticas cor e sabor,
os quais permitem redescobrir o verdadeiro gosto dos alimentos originalmente não
processados.

Harmonia
A Agricultura Biológica respeita o equilíbrio da Natureza e contribui para um ecossistema
saudável. O equilíbrio entre a agricultura e a floresta e as rotações das culturas permitem
a preservação de um espaço rural capaz de satisfazer as gerações vindouras.

Garantia de Saúde
Numerosos pesticidas proibidos em determinados países devido à sua toxicidade
continuam a ser utilizados, por vezes vendidos ilegalmente e obtidos por contrabando. Os
estudos toxicológicos reconhecem as relações existentes entre os pesticidas e certas
patologias, como o cancro, as alergias e a asma.

Comunidades Rurais
A Agricultura Biológica permite a revitalização da população rural e restitui aos agricultores
a verdadeira dignidade e o respeito que lhe são merecidos, da população em geral pelo
seu papel de guardião da paisagem e dos ecossistemas agrícolas

Água Pura
A prática de agricultura ecológica, que não utiliza produtos perigosos nem grandes
quantidades de azoto que contaminam os lençóis de água potável, é uma garantia
permanente da obtenção de água pura nos tempos futuros.

Educação
A Agricultura Biológica é uma grande escola prática de Educação Ambiental. Ela apresenta
um modelo de desenvolvimento sustentável no meio rural, deveras promissor para todos

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os jovens a quem, um dia, caberão as tomadas de decisão da sociedade.

Certificação
Os produtores agro-biológicos seguem um caderno de normas rigoroso, controlado por
organismos de certificação segundo regras internacionais reconhecidas, hoje em dia, pelos
governos de inúmeros países.

Emprego
Graças à dimensão humana que estas explorações assumem, às práticas ecológicas e à
gestão adequada dos recursos locais. Os produtores agro-biológicos geram oportunidades
de criação de empregos permanentes e dignos.

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5.A produção integrada

5.1.Fundamentos

Os princípios da produção integrada aplicados às várias culturas visam a obtenção de


produções competitivas e de alta qualidade, de modo a cumprir as exigências atuais no
que diz respeito à segurança alimentar e rastreabilidade, assegurando simultaneamente, o
desenvolvimento fisiológico equilibrado das plantas e a preservação do ambiente, de modo
a garantir, a longo prazo, uma agricultura sustentável.

As características da produção integrada e as suas estreitas afinidades com o conceito de


agricultura sustentável são evidenciados pelo conjunto de 11 princípios:
 A produção integrada é aplicada apenas “holisticamente”, isto é, visa a regulação
do ecossistema, o bem-estar dos animais e a preservação dos recursos naturais;
 Efeitos secundários inconvenientes de atividades agrícolas, como a contaminação
de águas subterrâneas com nitratos e a erosão, devem ser minimizados;
 A exploração agrícola no seu conjunto é a unidade de implementação da produção
integrada;
 A reciclagem regular dos conhecimentos do empresário agrícola sobre produção
integrada;
 A estabilidade dos ecossistemas deve ser assegurada, evitando inconvenientes
impactos ecológicos das atividades agrícolas que possam afetar os recursos
naturais e os componentes da regulação natural;
 O equilíbrio do ciclo dos elementos nutritivos deve ser assegurado, reduzindo ao
mínimo as perdas de nutrientes e compensando prudentemente a sua substituição,
através de fertilizações fundamentadas, e privilegiando a reciclagem da matéria
orgânica produzida na exploração agrícola;

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 A fertilidade do solo, isto é, a capacidade do solo assegurar a produção agrícola


sem intervenções exteriores, é função do equilíbrio das características físicas,
químicas e biológicas do solo, bem evidenciado pela fauna do solo, de que as
minhocas são um típico indicador;
 Em produção integrada, a proteção integrada é a orientação obrigatoriamente
adotada em proteção das plantas;
 A biodiversidade, a nível genético, das espécies e do ecossistema é considerada a
espinha dorsal da estabilidade do ecossistema, dos fatores de regulação natural e
da qualidade da paisagem;
 A qualidade dos produtos obtidos em produção integrada abrange não só fatores
externos e internos mas também a natureza do sistema de produção;
 O bem-estar dos animais, produzidos na exploração agrícola, deve ser tomado em
consideração.

5.2.Técnicas de proteção das plantas

No modo de produção integrada a proteção integrada é a orientação obrigatoriamente


adotada em proteção das plantas.

A proteção integrada é um processo de luta contra os organismos nocivos das culturas


utilizando um conjunto de métodos que satisfaçam as exigências económicas, ecológicas e
toxicológicas, e dando prioridade às ações que fomentam a limitação natural e respeitam
os níveis económicos de ataque, contribuindo, deste modo, para o equilíbrio dos
ecossistemas agrários.

Através da proteção integrada procura-se combater os inimigos das culturas de forma


económica, eficaz e com menores inconvenientes para o Homem e o ambiente.

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Deste modo, recorre-se à utilização racional, equilibrada e integrada de todos os meios de


luta disponíveis (genéticos, culturais, biológicos, biotécnicos e químicos) com o objetivo de
manter as populações dos inimigos das culturas a níveis que não causem prejuízos.

O exercício da proteção integrada deve ter por base as seguintes componentes:


a) Estimativa do risco;
b) Nível económico de ataque;
c) Seleção dos meios de proteção;
d) Tomada de decisão.

A tomada de decisão baseia-se na análise global da estimativa do risco, na referência a


níveis económicos da ataque e na seleção dos meios de proteção, de modo a fornecer
uma decisão fundamentada sobre:
a) A indispensabilidade de intervenção;
b) Os meios de proteção a adotar;
c) A seleção dos produtos fitofarmacêuticos, se for o caso.

As intervenções químicas como meio de luta em proteção integrada devem ser reduzidas
ao mínimo, devendo ter lugar apenas quando atingido o nível económico de ataque ou,
quando este não for estabelecido a nível nacional, o técnico ou o agricultor o justifique
pela importância do inimigo a combater ou pela extensão dos estragos por ele causados.

Sempre que for necessário efetuar uma intervenção fitossanitária o técnico e o agricultor
devem selecionar de entre os produtos fitofarmacêuticos homologados os que apresentem
menores efeitos secundários em relação ao Homem, aos auxiliares e ao ambiente.

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5.3.Fertilização e rega

Fertilização
É com base nos resultados analíticos das amostras de terra e da produção esperada que é
feita a recomendação de fertilização a efetuar, envolvendo a aplicação de adubos e ou
corretivos.

As recomendações de fertilização efetuadas pelos laboratórios de análise poderão, sempre


que necessário, ser ajustadas segundo o parecer do técnico responsável pelo
acompanhamento da cultura, desde que não sejam excedidas as doses máximas
permitidas em Produção Integrada.

Tais ajustamentos, sobretudo no caso do azoto, deverão fundamentar-se, essencialmente,


em observações efetuadas ao longo do ciclo da cultura (vigor das plantas, sensibilidade a
pragas e doenças, níveis de precipitação, etc.).

Nos casos em que haja necessidade de corrigir o pH do solo e este apresente níveis de
magnésio muito baixos ou baixos, recomenda-se a aplicação de calcário magnesiano,
sempre que este se encontre disponível.

A aplicação dos corretivos orgânicos deve ser feita a lanço e incorporada no solo com o
terreno seco, com a intervenção mais adequada e com a maior antecipação possível, em
relação à instalação da cultura. Devem ser incorporados o mais rapidamente possível com
os trabalhos de mobilização do solo, de modo a evitar perdas por volatilização de alguns
elementos, nomeadamente de azoto.

Em Produção Integrada não são aconselháveis aplicações superiores a 30t/ha de estrume


de bovino bem curtido, ou quantidade equivalente de outro corretivo orgânico permitido.

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A interpretação adequada dos teores do solo em nutrientes é feita de acordo com as


classes de fertilidade do solo.

Rega
O sistema de rega a adotar deve ser adequado a cada situação, devendo ser tomadas as
medidas necessárias ao correto funcionamento do mesmo.

Recomenda-se que os sistemas de distribuição sejam mantidos em bom estado de


conservação, devendo ser revistos antes do início de cada campanha, a fim de evitar ao
máximo perdas de água.

No entanto, qualquer que seja o sistema adotado, o seu dimensionamento deve garantir
uma perda mínima de água, principalmente em situações onde possa ocorrer o risco de
lixiviação de nutrientes, particularmente nitratos, passível de contaminar a camada freática
existente na região.

Também devem ser prevenidas todas as situações passíveis de provocar o encharcamento


do solo, especialmente junto ao colo das plantas, a fim de evitar a ocorrência de doenças.

Recomenda-se que o número de regas e a quantidade de água utilizada semanalmente


sejam registados, como meio de auxílio ao ajuste da frequência da rega e das dotações às
reais necessidades da cultura, de acordo com as condições locais. Tal permitirá que as
plantas apresentem um grau de desenvolvimento homogéneo na altura da colheita.

São de evitar cortes drásticos no fornecimento de água às plantas, sobretudo em


situações de elevadas temperaturas do ar.

Recomenda-se que a administração dos fertilizantes na água de rega se inicie só depois


de se ter aplicado 20 a 25% da dotação de rega, devendo cessar quando faltar apenas 10
a 20% da água a aplicar.

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6.A diversificação de atividades na exploração agrícola

6.1.Prestação de serviços de carácter ambiental

A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa


tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens
estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas
causas profundas.

O principal objetivo é o de sensibilizar as pessoas sobre o drama dos problemas


ambientais que clamam por soluções imediatas e prover conhecimento abrangente às
pequenas populações, para que estas possam discutir sobre projetos ambientais no
território e mudar o comportamento, ou seja, transformar pessoas e comunidades
passivas em agentes ativos e lutadores pelos seus direitos.

As iniciativas de interpretação ambiental constituem exemplos dos serviços de educação


ambiental desenvolvidos em zonas rurais, em particular no seio de paisagens protegidas
ou áreas especialmente vulneráveis à degradação ambiental, agindo no sentido da sua
conservação.

Define-se como interpretação ambiental toda a atividade que permite ao visitante o


conhecimento global do património que caracteriza uma área rural, através da observação
no local, das formações geológicas, da flora, fauna e respetivos habitats, bem como de
aspetos ligados aos usos e costumes das populações com recurso às instalações, sistemas
e equipamentos do turismo de natureza.

Da definição das atividades de Interpretação Ambiental, destacam-se os seguintes


elementos:

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 Conhecimento global do património que caracteriza a área;


 Observação no local, das formações geológicas, da flora, fauna e respetivos
habitats;
 Observação dos usos e costumes das populações;
 Recurso às instalações, sistemas e equipamentos do turismo de natureza.

Atividades:
 Investigação e Conhecimento global da área rural:
 Exposições
 Colóquios
 Palestras
 Workshops
 Observação local:
 Paisagens
 Formações geológicas
 Flora
 Fauna
 Habitats

6.2.Desenvolvimento de produtos tradicionais de qualidade,


valorização de construções rurais de traça tradicional

Os produtos locais, bem como a paisagem rural associada, são elementos centrais da
imagem de cada território. Desta forma, as construções tradicionais, os métodos
produtivos, o saber-fazer e as vivências associadas compõem-se pela conjunção de
patrimónios materiais e imateriais.

O património material, fácil de localizar, pode revestir variadas formas, tais como:

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 As paisagens, frequentemente modificadas com o decorrer dos tempos pelas


populações rurais que vivem da terra, explorando os recursos da natureza
 Os bens imóveis, que tanto podem ser as construções da exploração agrícola
como os ligados ao artesanato, à indústria, ao lazer ou à vida coletiva, podendo
testemunhar atividades locais específicas ou, simplesmente, um estilo arquitetónico
 Os bens móveis, dos quais se salientam os de uso doméstico (por exemplo o
mobiliário de estilos regionais), os religiosos (mobiliário das igrejas, capelas) ou os
festivos (símbolos ou ícones rurais ou corporativos)
 Os produtos, de origem vegetal ou animal, que resultam duma adaptação às
condições locais às tradições culturais, assim como da sua preparação e
transformação. São exemplos de produtos as variedades vegetais (plantas, frutos,
legumes, etc.), as raças autóctones e os produtos transformados (vinhos, queijos,
produtos de charcutaria, etc.)

O património imaterial compõe-se de um conjunto de bens que são indissociáveis, por


vezes, do património material:
 As técnicas e os “saberes-fazer” que contribuem para a criação das paisagens,
a construção de casas, o fabrico de mobiliário, a transformação de produtos da
terra
 Os dialetos locais, as músicas, a literatura oral proveniente de tradições não
escritas, são formas de expressão que testemunham um sistema identitário
presente no território. Incluem-se aqui os contos e lendas que dão importância aos
indivíduos ou aos sítios que fazem parte da história local, bem como os nomes dos
locais (toponímia) que refletem usos ou representações particulares
 Os meios de sociabilidade e as formas particulares de organização social como
os hábitos e costumes e as festas (de calendário, agrícolas, etc.)

Todos estes elementos constituem importantes recursos para a estruturação de uma


oferta turística completa e integrada, a qual tem uma crescente procura motivada pelo
regresso à autenticidade e à simplicidade.

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

6.3.Dinamização de espaços agroflorestais para fins lúdicos


e/ou pedagógicos relacionados com o meio rural

Verifica-se cada vez mais uma crescente procura dos meios rurais no âmbito das
atividades de turismo e lazer, sendo a localização de serviços de animação turística uma
estratégia de desenvolvimento local para as áreas rurais economicamente desfavorecidas.

Considera-se Animação o conjunto de atividades que se traduzam na ocupação dos


tempos livres dos turistas e visitantes, permitindo a diversificação da oferta turística
através da integração dessas atividades e outros recursos das áreas rurais, contribuindo
para a divulgação da gastronomia, do artesanato, dos produtos e tradições da região onde
se inserem, desenvolvendo-se com o apoio das infraestruturas e dos serviços existentes
no âmbito do turismo de natureza.

Atividades:
 Degustação Gastronómica
 Artesanato
 Circuitos temáticos
 Expedições
 Compra de Produtos locais
 Eventos tradicionais
 Passeios (a pé, a cavalo, de bicicleta, de barco…)
 Turismo ativo e desportos de natureza.

6.4.Criação de espaços museológicos de temática rural

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

A recente mutação do espaço rural fez alterar as tecnologias tradicionais de produção e


comercialização de bens e serviços, levando a que muitos objetos, espaços e
equipamentos perdessem o seu uso.

Em consequência, muitas comunidades e organizações locais reconheceram a necessidade


de valorizar todo esse património, não deixando perder a memória e dando-lhe projeção
para o futuro.

Foram desta forma criados inúmeros museus locais, muitas vezes ligados a temas
específicos. Estes organismos assumiram-se como elementos de leitura do próprio
território, da sua paisagem, da sua história, dos seus modos de viver e da sua cultura.

Partindo da identificação e reconhecimento do património material e imaterial existente,


resultam na adaptação e requalificação de um espaço, atualmente vazio mas outrora com
significado para as populações (casa senhorial, lagar, moinho, fábrica, etc.), onde as
evidências recolhidas passam a estar preservadas e expostas ao público.

Enquanto espaços de interação das comunidades locais com os novos visitantes, estes
equipamentos constituem-se como incontornáveis das políticas de desenvolvimento rural,
na medida em que potenciam:
 A preservação de objetos e bens de cariz etnográfico ou histórico;
 O reconhecimento do sentimento de pertença das comunidades;
 A fixação de população;
 A revitalização de atividades tradicionais;
 O aumento do número de visitantes/ turistas;
 A divulgação e a promoção da imagem do território;
 A criação e manutenção de emprego qualificado;
 O aumento da investigação e do conhecimento sobre a história local;
 A dinamização de eventos locais.

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Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

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7.Instrumentos de Política Agrícola e de


Desenvolvimento Rural em vigor

PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL PARA A AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO


RURAL

A Finalidade da estratégia nacional para a agricultura e o desenvolvimento rural consiste


em Promover a Competitividade do sector agroflorestal e dos territórios rurais de forma
sustentável.

Para cumprir esta finalidade foram definidos três Objetivos Estratégicos, interligados e
diretamente vocacionados para o desenvolvimento rural, complementados com dois
desígnios nacionais, definidos como Objetivos Transversais, e para os quais aqueles
deverão contribuir e interagir de forma ativa.

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
 Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal
 Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais
 Revitalizar económica e socialmente as zonas rurais

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

OBJETIVOS TRANSVERSAIS
 Reforçar a coesão territorial e social
 Promover a eficácia da intervenção dos agentes públicos, privados e associativos
na gestão sectorial e territorial.

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL – PRODER

O PRODER é um instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural


do continente, para o período 2007-2013, aprovado pela Comissão Europeia,

O PRODER é Decorrente do Plano Estratégico Nacional – PEN , a estratégia nacional para


o desenvolvimento rural escolhida em função das orientações estratégicas comunitárias, e
prossegue os seus objetivos estratégicos e transversais anteriormente referidos.

As atuações que se pretendem levar a cabo no PRODER encontram-se agrupadas por


Subprogramas e estes por medidas:
 Subprograma 1 – PROMOÇÃO DA COMPETITIVIDADE
 Subprograma 2 – SUSTENTABILIDADE DO ESPAÇO RURAL
 Subprograma 3 – DINAMIZAÇÃO DAS ZONAS RURAIS
 Subprograma 4 – PROMOÇÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIAS

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Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Subprograma 1-PROMOÇÃO DA COMPETITIVIDADE

Medida 1.1.Inovação e Desenvolvimento Empresarial

Os principais objetivos desta medida são:


 Incentivar o desenvolvimento de sinergias e dimensão nos investimentos e o
potencial induzido pela inovação e orientação para o mercado;
 Promover o desenvolvimento da competitividade das fileiras;
 Contribuir para a valorização das empresas de produção agrícola de transformação
e comercialização de produtos agrícolas;
 Promover a renovação do tecido empresarial agrícola;
 Contribuir para a melhoria das condições de vida e de trabalho.

Medida 1.2 – Redimensionamento e cooperação empresarial

Objetivo
Promover a aquisição de dimensão crítica das empresas, através do incentivo ao
desenvolvimento de processos de redimensionamento empresarial, por contratação ou
fusão, e incrementar a orientação das empresas para o mercado, através de incentivo à
cooperação empresarial.

Medida 1.3 – Promoção da competitividade florestal

Esta medida tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da competitividade da


fileira florestal, numa ótica multifuncional ou de especialização, com ênfase nas sub-
fileiras de expressão nacional, bem como da exploração de valências e recursos a elas
associados, nomeadamente através da:
 Requalificação do tecido produtivo;
 Promoção do desenvolvimento de novos produtos e mercados;
 Otimização do potencial produtivo das estações;

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Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 Acréscimo de valor das matérias-primas e dos produtos florestais;


 Potenciação da utilização económica de recursos associados à florestas.

Medida 1.4 - Valorização da Produção de Qualidade

Os principais objetivos são:


 Contribuir para o desenvolvimento dos regimes de qualidade certificada enquanto
fatores dinamizadores de criação de valor em territórios e fileiras com produtos
diferenciados, incentivando a participação dos agricultores nestes regimes;
 Aumentar o acesso aos mercados através de ganhos de escala e melhoria da
promoção dos produtos.

Medida 1.5 – Instrumentos financeiros e de gestão de riscos e de crises

Os principais objetivos desta medida são:


 Promover um acesso mais equitativo ao sistema financeiro, apoiando a
consolidação financeira numa ótica de investimento e capital e o consequente
desenvolvimento mais sustentado das empresas e organizações do sector agrícola,
florestal e agroalimentar;
 Encorajar as empresas a incorporarem as boas práticas de gestão de risco na
gestão empresarial corrente.

Medida 1.6 - Regadios e Outras Infraestruturas Coletivas

Os principais objetivos desta medida são:


 Contribuir para o aumento da disponibilização de água, para fazer face à
irregularidade de distribuição pluviométrica intra e inter anual existente no
Continente;
 Apoiar o desenvolvimento do regadio, incluindo a rede secundária de rega
associada ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA);

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Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 Melhorar a eficiência e a gestão das infraestruturas hidroagrícolas existentes,


visando prioritariamente a sua modernização;
 Intervir sobre algumas barragens hidroagrícolas tendo em vista o cumprimento de
novas normas de segurança;
 Melhorar as infraestruturas viárias e de eletrificação, entre outras, e proceder à
reorganização da propriedade e das explorações;
 Contribuir para a ecoeficiência e redução da poluição através do apoio à
requalificação ambiental;
 Contribuir para o aumento da competitividade das explorações e para o
desenvolvimento das fileiras estratégicas.

Medida 1.7 - Cumprimento de Novas Normas Obrigatórias

Objetivos
 Promover uma rápida e uniforme implementação de normas exigentes baseadas
na legislação comunitária nos domínios do ambiente, da saúde pública, da
sanidade animal e fitossanidade, do bem-estar dos animais e da segurança no
trabalho.
 Desta forma pretende-se contribuir parcialmente para os custos incorridos e
consequente perda de rendimento dos agricultores, que a partir de Dezembro de
2009 têm de proceder à identificação eletrónica dos ovinos e caprinos.

Subprograma 2 – SUSTENTABILIDADE DO ESPAÇO RURAL

Medida 2.1 - Manutenção da Atividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas

Tem como principais objetivos:


 Contribuir para a utilização continuada das terras agrícolas;
 Manutenção da paisagem rural;

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 Conservação e a promoção de sistemas de exploração agrícola sustentáveis.

Medida 2.2 - Valorização de Modos de Produção

Os principais objetivos desta medida são:


 Incentivar práticas de gestão das explorações e de produção de bens agrícolas
assentes em compromissos que contribuem para a proteção e melhoria do
ambiente, da paisagem, dos recursos naturais e do solo que vão para além dos
básicos exigidos nas Boas Condições Agrícolas e Ambientais (BCAA);
 Incentivar a conservação da diversidade genética animal e vegetal e o seu
melhoramento;
 Contribuir para a produção de produtos de qualidade certificada.

Medida 2.3 - Gestão do Espaço Florestal e Agroflorestal

Esta medida têm como objetivo consolidar e melhorar a multifuncionalidade da floresta


portuguesa garantindo e aumentando a sua valorização económica, ambiental e social
através de uma gestão ativa e profissionalizada dos espaços florestais e agroflorestais, de
forma a:
 Tornar a floresta mais estável, resiliente aos incêndios e ataques de agentes
bióticos nocivos;
 Melhorar o valor ambiental e o valor social dos espaços florestais, maximizando as
suas funções ambientais, protetoras e de enquadramento paisagístico;
 Aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade económica do sector florestal numa
ótica multifuncional;
 Contribuir para o ordenamento territorial reforçando a sua sustentabilidade.

Medida 2.4 - Intervenções Territoriais Integradas

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Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Esta medida tem como principal objetivo a promoção de uma gestão dos sistemas
agrícolas e florestais adequada à conservação de valores de biodiversidade e de
manutenção da paisagem em áreas designadas da Rede Natura e na Zona Demarcada do
Douro.

Este objetivo concretiza-se através de:


 Apoios agroambientais,
 Apoios silvo-ambientais
 Investimentos não produtivos, necessários ao cumprimento de objetivos
agroambientais e silvo-ambientais;
 Criação de competências locais para a sua dinamização e acompanhamento;
 Elaboração dos Instrumentos de Planeamento necessários a uma gestão mais
adequada da Rede Natura.

Subprograma 3-DINAMIZAÇÃO DAS ZONAS RURAIS

Medida 3.1 - Diversificação da Economia e Criação de Emprego

Os principais objetivos desta medida são:


 Promover a diversificação da economia para atividades não agrícolas e aumentar o
emprego nas zonas rurais, de acordo com uma estratégia definida para territórios
locais alvo de abordagem LEADER.

Medida 3.2 - Melhoria da Qualidade de Vida

Os principais objetivos desta medida são:


 Promover a recuperação e conservação do património rural no âmbito de uma
estratégia de valorização e atratividade dos territórios rurais;

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 Aumentar a acessibilidade da população dos territórios rurais a serviços essenciais


à comunidade em função das necessidades identificadas no diagnóstico do Plano
de Desenvolvimento Local.

Medida 3.3 - Implementação de Estratégias Locais de Desenvolvimento

Objetivos
 Dinamização Económica dos Territórios Rurais, nomeadamente através da
Diversificação da Economia e Criação de Emprego e da Melhoria da Qualidade de
Vida nas Zonas Rurais;
 Reforçar a Governança Local.

Medida 3.4 - Cooperação LEADER para o Desenvolvimento

Os principais objetivos desta medida são:


 Promover o desenvolvimento de projetos de cooperação entre territórios rurais,
situados no espaço nacional com criação de mais-valia para os territórios
cooperantes.
 Promover o desenvolvimento de projetos de cooperação entre territórios rurais
nacionais e de países terceiros, podendo estes não estar situados no espaço da
União Europeia.

Medida 3.5 - Funcionamento dos GAL, Aquisição de Competências e Animação

Objetivos
 Preparação e implementação de uma Estratégia de Desenvolvimento Local;
 Dotar os parceiros do GAL dos instrumentos e competências necessárias à
elaboração e dinamização de Estratégias de Desenvolvimento Local;
 Divulgar a Estratégia de Desenvolvimento Local junto do público-alvo através de
ações de informação e animação local.

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Medida 3.6 - Implantação de Redes de Banda Larga de Nova Geração em Zonas


Rurais

Objetivos
 Disponibilizar o acesso aos serviços de banda larga de nova geração à população e
aos agentes económicos rurais;
 Aumentar a competitividade das empresas e a geração de emprego nas zonas
rurais, através da disponibilização de serviços inovadores, assentes nas Redes de
Banda Larga de Nova Geração;
 Contribuir para o desenvolvimento socioeconómico das zonas rurais;
 Combater a infoexclusão.

Subprograma 4-PROMOÇÃO DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE


COMPETÊNCIAS

Medida 4.1- Cooperação para a Inovação

Objetivos
 Promover o desenvolvimento da inovação através de práticas de cooperação entre
os diversos agentes das fileiras para obtenção de novos produtos, processos ou
tecnologias;
 Aumentar a interligação entre o conhecimento científico e tecnológico e as
atividades produtivas, adequando-se às necessidades do sector à melhoria do
desempenho das empresas e à incorporação dos resultados nos produtos a
oferecer ao consumidor;
 Incentivar a incorporação da inovação pelos agentes económicos nos processos
produtivos, potencializando e otimizando os apoios em áreas complementares
como a modernização produtiva, a qualificação ou os serviços prestados.

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Medida 4.2 - Informação e Formação Especializada

Os principais objetivos desta medida são:


 Contribuir para a melhoria das competências específicas dos ativos do sector
agrícola, florestal e agroalimentar, aumentando a sua capacidade empresarial e
técnica;
 Incentivar o aparecimento de redes de tratamento e difusão da informação que
organizem o conhecimento técnico e científico disponível de forma a otimizar a sua
transferência junto dos interessados.

Medida 4.3 - Serviços de Apoio ao Desenvolvimento

Esta medida tem como objetivos


 Promover a oferta de serviços especializados para melhor o desempenho global
das empresas;
 Proporcionar o acesso individual a serviços através da sua oferta organizada;
 Melhorar o apoio técnico aos agricultores e produtores florestais;
 Reforçar a orientação para o mercado e a integração horizontal e vertical das
empresas.

PROGRAMA LEADER +

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

O Programa LEADER+ é um instrumento que permite experimentar outras abordagens de


intervenção no espaço rural, respeitando a dimensão ambiental, económica, social e
cultural dos territórios rurais.

O LEADER+ sublinha a importância das populações locais tomarem consciência do valor


dos seus territórios, da riqueza das suas identidades e da qualidade das suas paisagens e
nesta perspetiva apontam para a necessidade de se criarem condições para a aquisição de
competências e intervenção ativa dos atores locais nos seus territórios.

O LEADER+ é uma iniciativa comunitária, financiada pelo FEOGA-Orientação e por


contribuições públicas e privadas.

Objetivos
O programa LEADER+ promove abordagens integradas, concebidas e postas em prática
por parcerias cativas que operem à escala local.

Os objetivos são incitar e apoiar os agentes rurais a refletir sobre o potencial dos
respetivos territórios numa perspetiva de mais longo prazo. A iniciativa visa incentivar a
aplicação de estratégias originais de desenvolvimento sustentável, integradas e de grande
qualidade, cujo objeto seja a experimentação de novas formas de:
 Valorização do património natural e cultural;
 Reforço do ambiente económico, no sentido de contribuir para a criação de postos
de trabalho;
 Melhoria da capacidade organizacional das respetivas comunidades.

O aspeto da «cooperação», em sentido lato, constitui um elemento fundamental do


programa.

Vetores de Intervenção
A iniciativa LEADER+ articular-se-á em torno de três vetores:

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

 Vetor 1: Estratégias territoriais de desenvolvimento rural, integradas e de carácter


piloto
 Vetor 2: Apoio à cooperação entre territórios rurais
 Vetor 3: Colocação em rede de todas as zonas rurais da União Europeia.

PROGRAMA PARA A REDE RURAL NACIONAL

A Rede Rural (RR) constitui um instrumento privilegiado na implementação da política de


desenvolvimento rural.

A Rede tem como objetivo reforçar o intercâmbio entre todos os atores dos territórios
rurais, favorecendo o conhecimento das boas práticas e do Know-how em coerência com
as orientações comunitárias e com o Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento
Rural.

A criação da Rede está formalmente prevista no artigo 68º do Regulamento (CE) 1698/05.

A Rede Rural tem como objetivo a concretização das seguintes prioridades:


 Capitalização da Experiência e do Conhecimento;
 Facilitação da Cooperação;
 Observação do Mundo Rural e da Implementação das Políticas de Desenvolvimento
Rural;
 Facilitação do Acesso à Informação.

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

A organização escolhida para a RR é a de uma rede de atores institucionais, privilegiando


a integração numa rede única participada à escala nacional, regional e local, e estruturada
à escala nacional e regional.

A Rede Rural Nacional assenta na interação entre a administração, as organizações e


outra redes envolvidas no desenvolvimento rural, a nível nacional e europeu, constituindo
uma plataforma de partilha de informação, de experiência e de conhecimento e
promovendo uma atuação que desenvolva a parceria e a cooperação em torno das ações
a concretizar.

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Ambiente e Desenvolvimento Rural

Módulo 13 – Agricultura e desenvolvimento rural sustentável

Bibliografia

AA VV., Agricultura e desenvolvimento rural, Jornal Pessoas e Lugares, Rede Portuguesa


LEADER +, nº 4 (IIIª série), 2012

AA VV., Animação do território: estratégias e desafios, Jornal Pessoas e Lugares, Rede


Portuguesa LEADER +, nº 3 (IIIª série), 2011

AA VV., Manual básico de boas práticas agrícolas - Conservação do solo e da água ,


Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2006

AA VV., Plano Estratégico Nacional para a Agricultura e o desenvolvimento rural (2007-


2013), Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2007

Cavaco, M.; Calouro, F., Requisitos mínimos para o exercício da produção integrada ,
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – Direcção-Geral de
proteção das culturas, 2006

Webgrafia

Programa LEADER
http://www.leader.pt

Programa PRODER
http://www.proder.pt

Programa REDE RURAL NACIONAL


http://www.rederural.pt

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