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Judite Andrade
Cidadania e Desenvolvimento
Setembro 2018
Texto de Apoio
Tenho cinquenta e nove anos. Fui criada a respeitar os outros e foi isso que transmiti aos
meus filhos. Ao longo da vida fiz amigos. Amigos com diferentes ideias e opiniões. Orgulho-me
de respeitar pessoas de todos os credos e simpatias partidárias. Não é isso que define um ser
humano para mim mas sim a sua prática no dia-a-dia. A forma como lida com os outros
principalmente aqueles que têm menos, quer financeiramente quer em termos de posição social
ou profissional.
A educação é para mim sinónimo de respeito pelo próximo e por todas as diferenças. Se
uma pessoa é um bom ser humano é incapaz de querer mal aos outros, de fazer ou que não
gostariam que lhe fizessem.
Pode ser que a minha forma de estar na vida seja apenas uma ilusão mas tenho-me mantido
firme nestes meus princípios.
Por isso mesmo doí-me profundamente o estado a que chegámos enquanto nação. Ouvir
discursos que nada mais que são que incitamentos a violência, ler entrevistas de quem deveria
por razões profissionais e pessoais ter conhecimento da realidade do país mas em que se afiança
que subir o ordenado mínimo é destruir a vida dos pobres, tudo isto me parece uma loucura total.
Não é por mim que me preocupo. Mas pelos meus filhos e netos. Que país vai sobreviver a
isto?
Para muitos dos comentadores e analistas que falam e escrevem sobre Portugal mas que
não têm a mínima ideia do que eramos enquanto sociedade antes do 25 de Abril convém alertar
para o facto de a Democracia ser frágil e não substituível por algo melhor. Pelo menos até hoje
ninguém descobriu melhor forma de viver em sociedade.