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Produto Cartesiano

Plano Cartesiano
Relações

Estes são os primeiros conceitos a serem abordados na


disciplina, correspondendo, portanto, à aula de abertura do
curso de MEB_II neste período letivo. Com relação a estes
assuntos, não será exigida devolução de resolução de exercícios,
o que passará a ocorrer a partir da nossa segunda semana de
atividades, e esta lição, em caráter excepcional, ficará
disponível na plataforma Moodle até 18/02/2019.
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1. P R OD U T O C A R T E S I A N O

Definição
Dados dois conjuntos A e B , definimos o produto cartesiano entre
eles como sendo o conjunto
A × B = {( x , y ) / x ∈ A e y ∈ B } ,
ou seja, o Produto Cartesiano entre os conjuntos A e B é o conjunto
que irá conter todos os pares nos quais o primeiro elemento pertence ao
conjunto A e o segundo ao B .

Pela definição anterior, observamos que:


a. ao conjunto A × B pertencerão todos os elementos da forma ( x , y ) ,
bastando, para isso, que x esteja em A e y esteja em B . Há,
portanto, uma única restrição para a formação dos pares ( x , y ) : a
que diz respeito à ordem dos elementos dentro do par. Quando
dizemos “todos os pares nos quais o primeiro elemento pertence
ao conjunto A e o segundo ao B ” estamos exigindo que o par
( x , y ) respeite o ordenamento “o primeiro elemento do par deve
ser do primeiro conjunto e o segundo elemento do par deve ser do
segundo conjunto”, daí afirmarmos que o produto cartesiano
(quando não for o conjunto vazio) é um conjunto de pares
ordenados e, por consequência, que o par ( x , y ) é diferente do par
( y , x ) , sempre que x for diferente de y .

b. se A = Ø ou B = Ø (o símbolo Ø é utilizado para representar um


conjunto que não possui elemento algum, sendo, portanto, vazio),
então A × B = Ø , pois, assim, pelo menos um dos conjuntos
envolvidos na operação está impossibilitado de fornecer elementos
para a formação de pares ordenados.

Exemplos
1. Se A = {1, 3 , 5} e B = { 0 , 2 , 4 } , então
A × B = { (1, 0 ) , (1, 2 ) , (1, 4 ) , ( 3 , 0 ) , ( 3 , 2 ) , ( 3 , 4 ) , ( 5 , 0 ) , ( 5 , 2 ) , ( 5 , 4 ) } ,
A × A = { (1, 1) , (1, 3 ) , (1, 5 ) , ( 3 , 1) , ( 3 , 3 ) , ( 3 , 5 ) , ( 5 , 1) , ( 5 , 3 ) , ( 5 , 5 ) } e
B × A = { ( 0 , 1) , ( 0 , 3 ) , ( 0 , 5 ) , ( 2 , 1) , ( 2 , 3 ) , ( 2 , 5 ) , ( 4 , 1) , ( 4 , 3 ) , ( 4 , 5 ) } .

2. Dados os conjuntos A = { a , b , c } e B = { d , e } , podemos determinar


os pares ordenados que deverão compor o produto cartesiano A × B
criando uma tabela, na qual os elementos de A são dispostos na
horizontal e os de B , na vertical:

d (a, d ) (b, d ) (c, d )


B e (a, e) (b, e) (c, e)
a b c
A

Obs.: Experimente inverter a ordem de ordenamento da tabela acima, ou


seja, com os elementos do conjunto A na vertical e os de B na
horizontal ( talvez você ache que assim fique até melhor de compor
o produto cartesiano ). Contudo, a vantagem da disposição dos
elementos na forma original é fazer com que nos acostumemos
com a ordem “ primeiro elemento do par na horizontal, segundo
elemento do par na vertical ”.

Cinco questões para reflexão

1. Dizemos que uma operação possui a propriedade denominada


comutatividade , se seu resultado independe da ordem em que
os elementos são operados. Por ex emplo, a soma entre dois
números reais é comutativa, pois a + b = b + a , ∀ a , b ∈R .
Como agora você já sabe o que significa a operação produto
cartesiano , responda: ela é uma operação comutativa, isto é,
o produto cartesiano satisfaz a comutatividade?

2. Em alguma hipótese sobre os conjuntos A e B , pode-se


garantir que a comutatividade irá se verificar?

3. Podemos estender a definição de produto cartesiano de modo


a estabelecer esta operação para três ou mais conjuntos?

4. Construa alguns conjuntos finitos, isto é, conjuntos com um


número finito de elementos, faça o produto cartesiano entre
eles e, a partir daí, conclua se é possível prever o número de
elementos de um produto cartesiano.
5. Como poderíamos representar o produto cartesiano entre dois
conjuntos, se pelo menos um deles possuísse um número
infinito de elementos?

Finalizando esta seção inicial, gostaria de dizer a vocês que muitas


vezes na Matemática as respostas para questões do presente estão no
futuro. Portanto, não se preocupe se você não conseguiu responder
prontamente a todas as questões colocadas acima. Aguarde. Deixe o
problema em repouso. Repouse um pouco também você. Quem sabe se a
leitura de alguma informação mais adiante não irá provocar um click no
seu raciocínio e, assim, fazer você enxergar a resposta que procurava?
Ôoops! Pensei em algo que talvez possa ser mais um tema para
reflexão: encontrar respostas no futuro para problemas do presente não é
fato comum apenas na Matemática. Muitas vezes, na vida também é
assim, não é mesmo?
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2. P L A N O C A R T E S I A N O

Em uma reta numerada,


chamamos de ponto cada um de
seus números. Em um plano, um
ponto corresponde a um par de
números. Esta ideia de
correspondência baseada em duas
retas numeradas perpendiculares,
chamadas eixos , foi desenvolvida
no século XV II com a destacada
participação do matemático e
filósofo francês René Descartes
(1596-1650). Como em latim o
nome de Descartes escreve-se
Renatius Cartesius , fica fácil
compreender o porquê de tal
sistema de identificação de pontos ser denominado cartesiano .
Neste sistema, representa-se no eixo horizontal a variável
identificada por x , reservando-se o vertical para a identificada por y
(lembra que falamos sobre “ primeiro elemento do par na horizontal,
segundo elemento do par na vertical ”?). Se a partir do ponto x do eixo
horizontal, traçarmos uma reta vertical para cima ou para baixo,
dependendo de termos y ≥ 0 ou y ≤ 0 , e a partir do ponto y no eixo
vertical, traçarmos uma reta horizontal para a direita ou para a esquerda,
dependendo de termos x ≥ 0 ou x ≤ 0 , localizaremos o ponto ( x , y ) no
cruzamento dessas duas retas.

É de fundamental importância notar que:

1) se um ponto P é identificado geometricamente com um par


ordenado ( x, y ) , então este contém as coordenadas
cartesianas de P, sendo os números x e y chamados,
respectivamente, de abscissa e ordenada daquele ponto,

2) o ponto ( 0 , 0 ) é chamado de origem do sistema e

3) os eixos dividem o plano cartesiano em quatro regiões


chamadas quadrantes , como mostra a figura abaixo.
A primeira grande
utilidade do plano cartesiano é
proporcionar uma representação
gráfica ao produto cartesiano de
dois conjuntos. Em relação ao
produto A×B do primeiro
exemplo da seção anterior,
temos a representação ao lado.

Exemplo
Se A = {1, 4 } e B = [1, 4 ] , então, como B é um conjunto infinito, o
gráfico abaixo é, sem dúvida, a melhor maneira de descrever o
produto A × B :

Obs.: No exemplo acima, tomamos B como um subconjunto infinito de


R denominado intervalo . Se você possui alguma dúvida sobre esse
tipo de conjunto, procure estudar o conteúdo da disciplina
MEB_ III, ministrada pelo prof. Venegas.

Duas questões para reflexão

1. Como poderíamos representar o produto cartesiano B × A ,


sendo A e B os conjuntos do ex emplo anterior? E o produto
B × B?
2. Se B = [1, 4 [ , como ficará o gráfico do produto A × B , sendo
A = { 2 , 3 , 4 } ? E se A = ] 2 , 4 [ ?

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3. Relações

No nosso dia a dia, mesmo que não percebamos, vivemos a fazer


associações. Associamos pessoas com pesos ( Por falar nisso, você
precisa emagrecer? Eu preciso. ), nomes com pessoas, disciplinas com
graus de dificuldade, artistas com novelas, times de futebol com
campeonatos conquistados, artigos à venda com preços cobrados e ... vai
por aí.

Pode notar. Nós estamos sempre associando. Nós estamos sempre


relacionando. Quer saber mais? Relacionar é uma ação eminentemente
matemática, pois estabelece uma ligação entre elementos de dois
conjuntos, ou seja, forma pares ordenados. Muitas vezes, nem todos os
pares constituídos a partir dos elementos de dois conjuntos satisfazem a
relação que estamos concebendo. Por exemplo, se considerarmos os
conjuntos N = { Carlos , Maria , João } e S = { masculino , feminino }, então o
par ( Maria , masculino ) seria um dos seis elementos do produto cartesiano
N × S , mas certamente não pertenceria ao conjunto de pares que
formaríamos se relacionássemos um nome de N com um sexo de S .

Creio que agora ficou mais fácil de você entender que,


matematicamente falando, uma relação é um subconjunto de um produto
cartesiano, ou seja, é um conjunto extraído do produto cartesiano, sendo
formado pelos pares cujos elementos satisfazem uma determinada regra
de associação.

Formalmente, damos à relação a seguinte definição:

Definição
Dados dois conjuntos A e B , uma relação ℜ, de A em B , é o
conjunto ℜ = { ( x , y ) ∈ A × B / x ℜ y}.
Na definição acima, lemos “ ( x , y ) ∈ A × B / x ℜ y ” como “ pares
( x , y ) pertencentes ao produto cartesiano A × B , tais que x está em
relação com y ”. Os elementos do conjunto A que participam da relação
constituem seu domínio , o conjunto B é o contradomínio e o subconjunto
de B ao qual pertence cada elemento y que está relacionado com pelo
menos um x de A recebe o nome de imagem da relação.

Exemplos
1. Se A = { 0 , 2 , 4 } e B = { 0 , 2 , 3} , então
A × B = { ( 0 , 0 ) , ( 0 , 2 ) , ( 0 , 3 ) , ( 2 , 0 ) , ( 2 , 2 ) , ( 2 , 3 ) , ( 4 , 0 ) , ( 4 , 2 ) , ( 4 , 3 )}
e a relação “ x é divisor de y ” corresponde ao conjunto
ℜ = { ( x , y ) ∈ A × B / x é divisor de y } = { ( 2 , 0 ) , ( 2 , 2 ) , ( 4 , 0 )} .
Neste caso, os conjuntos D = { 2 , 4} , B = { 0 , 2 , 3} e I = { 0 , 2 } são,
respectivamente, domínio, contradomínio e imagem de ℜ.
Para essa relação, temos as seguintes formas de representação:
a. Simbólica: ℜ = { ( x , y ) ∈ A × B / x é divisor de y } .
b. Pelo conjunto de elementos: ℜ = { ( 2 , 0 ) , ( 2 , 2 ) , ( 4 , 0 ) } .
c. Pelo diagrama sagital:

d. Pelo gráfico no plano cartesiano:

Devemos observar que as modalidades b. e c. de representação


tornam-se inviáveis, se os conjuntos envolvidos na relação ( A , B e o
próprio ℜ) tiverem um grande número de elementos.

2. Se N = {1, 2 , 3 , K} é o conjunto dos números naturais,


consideremos A = { x ∈ N / x ≤ 10 } e a relação de A em A dada
por ℜ = { ( x, y ) ∈ A × A / y − x = 2} ( temos aqui uma relação
definida a partir de um único conjunto ). Em termos do
conjunto de seus elementos, esta relação se expressa como
ℜ = { (1, 3 ) , ( 2 , 4 ) , ( 3 , 5 ) , ( 4 , 6 ) , ( 5 , 7 ) , ( 6 , 8 ) , ( 7 , 9 ) , ( 8 , 10 )} , e no
plano cartesiano seu gráfico assume a forma abaixo.

Quatro questões para reflexão

1. Sempre que consideramos um único conjunto A , podemos


estabelecer a relação denominada identidade , definida por
ℜ = { ( x, y) ∈ A × A / y = x } . Em relação ao conjunto A do
exemplo anterior, como ficariam o conjunto de elementos e o
gráfico da relação identidade?

2. Ainda em relação ao conjunto A do exemplo anterior, como


ficaria o conjunto de elementos da relação ℜ, definida por
ℜ = { ( x, y ) ∈ A × A / y = − x} ?

3. Se tomarmos o conjunto ∀ = { x ∈R/ x ≤ 10} , como você


representaria a relação ℜ = { ( x, y ) ∈α × α / y − x = 2} ?
4. Sabemos que todo conjunto é subconjunto dele mesmo.
Assim, vale perguntar: o produto cartesiano pode ser
considerado ele próprio uma relação?

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Tchau, pessoal. Não esqueçam de que na próxima aula


começaremos a estudar as funções reais de uma variável. Espero
que até lá, todos já estejam com o livro de apoio, conectados à
internet e ligadões no nosso curso.
Bons estudos em todas as disciplinas!
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