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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

 CAMPUS: West Shopping


 ALUNO: Amanda Neves de Sousa
 MATRÍCULA: 201307307604
 PROFESSOR (A): Catiane Mello
 MATÉRIA: Direito Tributário

RESENHA CRÍTICA

O presente texto aborda a respeito da


exigência da cobraça de Taxa de Incêndio no
Estado do Rio de Janeiro, bem como a
compreensão da sua inconstitucionalidade.

Em seu artigo públicado em 28 de feveiro de 2019 no Conteúdo Jurídico, o autor


Daniel de Souza Vellame, chama a atenção para uma questão de suma importancia,
que aborda a cobraça de taxa de incêndio no Estado do Rio de Janeiro e,
consequentemente, sua inconstitucionalidade, conforme será abordado abaixo.

Primeiramente, o pagamento da taxa de incêndio gera muitas dúvidas quanto à sua


obrigatoriedade e muitos não sabem sobre sua incidência, isenção, imunidade e as
consequências para quem deixar de pagá-la.

Diante disso, a princípio, é necessário compreender que as taxas cobradas pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição, conforme artigos 145, inciso II, da Constituição
Federal e artigo 77 do Código Tributário Nacional.

A taxa de incêndio, mais precisamente a “taxa de serviços estaduais relativa à


prevenção e extinção de incêndios”, é um dos tributos previstos no Código Tributário
do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-Lei Nº 5/75). É arrecadada pelo Corpo de
Bombeiros (CBMERJ) através do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros do Estado do
Rio de Janeiro (FUNESBOM) que é o órgão destinado à aplicar os recursos financeiros
na provisão das necessidades da Corporação para salvar e proteger bens e vidas em
todo o Estado do Rio de Janeiro.

No entanto, a grande problemática que se deu com a cobrança da Taxa no Estado do


Rio de Janeiro, é justamente porque o serviço de prevenção e extinção de incêndios,
resgate e salvamento, é inespecífico, pois favorece não apenas os proprietários ou
possuidores de bens imóveis, mas a coletividade em geral, mesmo porque o sinistro
pode atingir também os bens móveis e ameaçar vidas humanas e de semoventes.

Ou seja, se trata de serviço genérico e indivisível colocado à disposição de todos,


indistintamente, como será ilustrado Malheiros perfeitamente abaixo:

"O fato gerador da taxa é sempre uma atividade específica, relativa ao


contribuinte. Resulta claro do texto constitucional que a atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte, à qual se vincula a instituição da taxa, pode
ser: (a) o exercício do poder de polícia, ou (b) a prestação de serviços ou
colocação destes à disposição do contribuinte" (in Curso de Direito Tributário,
Malheiros, 1996, 11ª Ed., pág. 322)”

Desta feita, impossível invocar-se o poder de polícia como suporte para a cobrança da
"taxa de incêndio", eis que este é atividade administrativa do Estado, de caráter geral,
abrangente de toda a coletividade, contrapondo-se à destinação do produto da taxa
atacada.

Em complemento, à luz do artigo 145 da Constituição, estados e municípios não


podem instituir taxas que tenham como base de cálculo mesmo elemento que dá base
a imposto, uma vez que incidem sobre serviços usufruídos por qualquer cidadão, ou
seja, indivisíveis.

Finalmente há de se entender que o contribuinte tem todo o direito de não pagar a


"taxa" de incêndio e de se defender contra essa exigência.

Cabe ressaltar que o STF já reconheceu em decisão com repercussão geral que é
inconstitucional a cobrança de taxa de incêndio por estados ou municípios.

Conclui-se pela inconstitucionalidade da taxa exigida, caracterizando a ilegalidade de


sua cobrança e reconhecendo que o serviço prestado pelos bombeiros deve ser
custeado por meio do produto da arrecadação de impostos, além de não atender os
requisitos legais à luz do Sistema Tributário Brasileiro.

Rio de Janeiro, 14 de maio de 2020

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