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Casulo Encapsulado

Penso em escrever uma poesia.


Formo concordâncias.
Sinapses falham.
As palavras esvaem-se,
Vorazmente.
Busco meu casulo.
Quedo encapsulada
na vitrine que me isola do mundo.
Aquele ponto cego
Tão claramente obscuro do meu eu,
que busco atingir e
não consigo.
Vorazmente,
degusto cada detalhe da vida.
Desconexo o amplexo parado no ar.
O querer e o não querer.
O buscar e o fugir.
Apalpando o impalpável palmo
dos rostos inexistentes.
Quimeras fúteis, fugidias.
O ladrar distante dos cães,
que mede o espaço que me separa e me une.
Quero querer-te,
mas não quero ofertar-me por inteira.
Humanos apartados
Pela película invisível e intocável
do ego intimidado.
Realidades torpes calejando a alma.
Todos e cada qual
em seus casulos tecidos pelo medo.
Encapsulados.
Através dos séculos
Fundindo-se inexoravelmente,
a estalactite e a estalagmite.

Maria Cunha
1/7/2007

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