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Gramado – RS

De 30 de setembro a 2 de outubro de 2014

A INFLUÊNCIA DOS HÁBITOS DE USO DOS TABLETS E OS IMPACTOS NA


USABILIDADE: uma discussão preliminar
Bruno Serviliano Santos Farias
Design/UFMA
brunoserviliano@gmail.com
Raimundo Lopes Diniz
Design (UFMA)
rldiniz@yahoo.com
Maycon Gustavo Costa dos Anjos
Design/UFMA
Maycongustavo7@hotmail.com

Resumo: O tablet é um desses dispositivos portáteis que está transformando os


hábitos dos usuários. O objetivo deste artigo é mostrar que novos dispositivos de
interação móvel produzidos pela tecnologia da informação, alteram o comportamento
dos usuários, modificando as formas de interação. Desta forma, é necessário atualizar
também o campo cientifico, verificando as novas formas de uso e suas exigências
gerando novos conceitos e novas abordagens para a usabilidade. Então, discutir
questões de usabilidades ligadas aos tablets, bem como conhecer os hábitos de uso
destes dispositivos acabaram desenvolvendo novos hábitos de consumo. Para tal,
nesta pesquisa realizou-se um questionário online com usuários deste dispositivo no
qual verificou-se ainda o perfil destes usuários, as principais atividades relacionadas ao
dispositivo e como as características dos tablets influencia no comportamento de uso.

Palavras-chave: usabilidade, dispositivos móveis, hábitos de uso.

Abstract: The tablet is one of these portable devices is changing the habits
of users. The purpose of this article is to show that new mobile interaction
devices produced by information technology, change user behavior by
modifying the forms of interaction. Thus, you must also update the
scientific field, checking the new forms of use and its demands generating
new concepts and new approaches to usability. Then discuss the usability
issues related to tablets, as well as knowing the habits of use of these
devices ended up developing new habits. To this end, this research was
carried out an online questionnaire with users of this device in which there
was also the profile of these users, the main activities related to the device
and how the characteristics of tablets influences on usage behavior.

Keywords: usability, mobile devices, usage habits


2

1. INTRODUÇÃO
No final da década de 1990, Lévy (1999) teorizou os fundamentos de uma nova
cultura, baseado em uma realidade virtual, desterritorializada, com possibilidade de
armazenar e transmitir informações em tempo real, sem perdas, gerando outros signos
em um ambiente simulado cujos valores foram avaliados pelas suas conexões. Ele estava
definindo a cibercultura, onde textos e imagens eram compartilhados e coproduzidos,
navegando em estruturas não lineares e guiados pelos interesses dos usuários.
O que mudou nessas duas décadas foi a intensificação dessas características. O
avanço da tecnologia da informação permitiu novas formas de expressão, naturais e
interativas as quais utilizam o tato, o toque, o gesto, a voz e o movimento do corpo. O
emprego de diversas linguagens, especialmente de forma interligada, segundo Ulbricht
et. al. (2008), permitiu a exploração de diversos sentidos e ofereceu certo grau de
redundância da informação, necessário ao processo cognitivo.
Em 1998, Lyotard apontava que as multiplicações das máquinas de informação
afetariam a circulação do conhecimento. Quase quinze anos depois, essa realidade
está presente em dispositivos de interação móvel, como celulares, tablets, G.P.S. e
mp4. Esses dispositivos permitem vários serviços, tais como: acesso a internet,
comunicação com outros dispositivos, informação e diversão. Tais serviços afetam a
circulação do conhecimento bem como mudam hábitos e culturas dos usuários,
propiciando novas formas de pensamento, leitura, organização e novas linguagens. Em
síntese, a tecnologia da comunicação afeta o modo de receber e produzir informação e
conhecimento, interferindo nas formas de interação social.
O tablet é um desses dispositivos portáteis que está transformando os hábitos
dos usuários. O objetivo dessa pesquisa é mostrar que novos dispositivos de interação
móvel, que a tecnologia da informação produz, alteram o comportamento dos
usuários, modificando as formas de interação. Desta forma, é necessário atualizar
também o campo cientifico, verificando as novas formas de uso e suas exigências
gerando novos conceitos e novas abordagens para a usabilidade.
Esse estudo foi organizado em três partes. O primeiro refere-se ao
levantamento bibliográfico com o objetivo de definir as características de interação
dos tablets. A segunda parte refere-se ao levantamento de pesquisas mercadológicas
que listam o comportamento dos usuários e as tendências de usos desses dispositivos
e por fim a realização de uma pesquisa descritiva para avaliar o impacto dos hábitos de
uso na usabilidade em tablets.
2 .TABLET: Dispositivo de interação móvel
Popularmente o tablet pode ser considerado um artefato de interação móvel,
com uma superfície plana, sensível ao toque e ao movimento. O conceito de interação
é fundamental para entender e classificar os tablets em dispositivos de interação
móvel. A interação trata da influência mútua entre dois ou mais fatores ou elementos,
sendo que cada parte altera a outra, a si própria e a relação entre elas. Ao transpor a
interação para o meio digital, entende-se que a interação trata-se de “um diálogo, uma
conversação entre homens e máquinas em tempo real” (PRIMO e CASSOL, 1999:68).
A interação e a mobilidade moldam as características dos tablets. Sousa (2012)
lista algumas características dos dispositivos que permitem interação e mobilidade:
1.Ter portabilidade externa: facilidade de o objeto ser transportado, sendo leve e
relativamente pequeno; 2.Ter portabilidade interna: capacidade do dispositivo em
manter-se portátil por um longo tempo, através da adequação da capacidade das
3

baterias e de armazenamento de dados às necessidades do usuário ou da tarefa;


3.Possibilitar a mobilidade do usuário: capacidade de se deslocar e realizar outras
tarefas enquanto interage com o sistema. 4.Oferecer suporte para acesso às redes:
acesso e a troca de informação; 5.Ter sistema adequado à mobilidade: definida como a
necessidade dos menus serem claros e fáceis de serem navegados. A título de exemplo
e tendo como critérios as características mencionadas, Sousa (2012) construiu um
quadro comparativo entre os computadores desktop, laptop, tablet, smartphone e
Mp4 (iPod Touch).

Tabela 1: Quadro comparativo de dispositivos interativos .Fonte: Sousa (2012)


O tablet, como apresenta a tabela, possui algumas restrições, principalmente
no que se refere à mobilidade e ao manuseio. Por isso, alguns autores como o próprio
Sousa (2012), não consideram o tablet como um Dispositivo Interativo Móvel (DIM).
Contudo, para este estudo, essas restrições não configuram uma impossibilidade, os
tablets podem ser considerados semelhantes a outros dispositivos móveis interativos,
como os smartphones.
A interface é outro item importante para caracterizar os DIM. Preece et al
(1994) definem a interface do usuário como a totalidade dos aspectos de uma
superfície de um sistema computacional composto pelos dispositivos de entrada e
saída, o feedback apresentado ao usuário, comportamento do sistema, documentação
e os programas de treinamento associados e ações do usuário com respeito a estes
aspectos. No tablet estes elementos podem ser assim caracterizados:
1. Mecanismos de entrada de informação: diz respeito à gravação, entrada de dados
e instruções no sistema do computador, tela sensível ao toque e teclado ou outros
recursos; 2.Mecanismos de saída da informação: dispositivos que convertem a
informação do sistema em alguma forma perceptível ao ser humano, displays visuais e
visualizações dinâmicas. 3.Estilos de interação: todas as formas que o usuário se
comunica ou interage com um sistema (PREECE et al 1994; WEISS, 2002), entrada de
comandos (teclas com funções), ícones ou representações gráficas, menus e menu
pop-up, navegação (barra de navegação), formulários (assistente de formulário), caixas
de textos, caixas de seleção (check boxes), radio buttons, push buttons, diálogos
naturais e manipulação direta.
Betiol (2004) definiu interface como toda linguagem que possibilita a
comunicação entre usuário e produto. Diversos elementos sonoros (verbais e não-
verbais), físicos e gráficos (pictóricos e verbais) podem formar uma interface, dentre os
quais destacam-se os ícones, que são metáforas visuais (SAFFER, 2007; SANTAELLA,
2001). Nos dispositivos móveis os ícones são cruciais, pois ocupam menos espaço que
4

palavras e, associados aos diversos mecanismos interativos, auxiliam no entendimento


da função de tais mecanismos.
As características desses artefatos estão atreladas às questões de inovação
tecnológica. Essas questões estão reformulando alguns fundamentos teóricos, entre
elas a usabilidade e suas técnicas de verificação, exigindo a consideração de novas
variáveis que atuam como delimitadoras. Cybis et al. (2007) estruturou alguns
princípios de usabilidade específicos para aparatos de sistemas móveis, os pertinentes
à pesquisa são:1.Adequação ao contexto do usuário móvel: capacidade do sistema em
suprir as necessidades de usuários móveis que tem a necessidade de ter fácil acesso à
informação e aplicativos no lugar e na hora que lhe for necessário; 2. Interface
adequada aos dispositivos: transferir a interface de um aplicativo desenvolvido para
computadores de mesa para um DIM, resultando sempre em experiências frustrantes
para o usuário. É necessário que a interface seja especificamente desenvolvida para
tais dispositivos; 3.Consistência interna e externa: semelhança entre elementos
presentes em interfaces para outra plataforma auxilia o usuário a reconhecer a tarefa,
sentindo-se mais confiante durante a interação; 4.Minimização de custo e carga de
trabalho: desenvolver interfaces com um número reduzido de cliques e de telas para
as funções principais representando uma redução, tanto no custo quanto na carga de
trabalho;5.Facilidade de navegação: os usuários móveis tendem a se perder com maior
frequência durante a interação com os menus do sistema. Isso provavelmente ocorre
por causa da falta de atenção do usuário, da constante interrupção durante a execução
da tarefa, além de ser influenciado pelas características físicas dos dispositivos físicos,
como a tela pequena que apresentam; 6.Apoio à seleção de opções: auxilia o usuário a
identificar objetos selecionáveis, como links e ícones. Deve estar claro ao usuário quais
são os links, onde começam e onde terminam; 7.Cuidado com a rolagem de tela:
capacidade do usuário em armazenar elementos na memória é pequena, apesar das
diversas ferramentas que possibilitam a movimentação pela tela; 8.Apoio às
interrupções: deve ser oferecido ao usuário, pois a qualquer momento ele pode parar
a tarefa por causa de fatores externos, por problemas de conexão e até mesmo pelo
término da bateria do dispositivo. É crucial, portanto, que estes sistemas ofereçam
suporte para que o usuário consiga retomar a tarefa que estava executando
Esses princípios norteiam o desenvolvimento desses dispositivos. Contudo,
pesquisas mercadológicas também contribuem para conhecer os hábitos dos usuários
de tablets. Com o intuito de mapear os principais hábitos de uso dos usuários desse
artefato foi realizado um levantamento de pesquisas mercadológicas com materiais
disponibilizados na internet sobre esse tema.

2.1 .PESQUISA SOBRE OS HÁBITOS DE USO DOS TABLETS


Algumas pesquisas foram realizadas a respeito do uso de dispositivos de
interação móvel. Quase todas elas realizadas por empresas privadas que possuem
algum interesse econômico com esses dispositivos. O intuito dessas pesquisas é
analisar o comportamento e o perfil de consumo dos usuários que utilizam esses
artefatos. A seguir são apresentadas algumas pesquisas disponibilizadas na internet. O
número de usuários de tablets no Brasil vem crescendo rapidamente. Segundo dados
do DataFolha, publicado pelo O Globo em outubro de 2012, são cerca de cinco milhões
de usuário, no ano passado eram 220 mil. A quantidade de compras on-line por
tablets, por exemplo, é cinco vezes maior do que a registrada por smartphones.
5

Pelo mundo, há várias pesquisas realizadas tentando entender os hábitos de


uso dos usuários dos tablets. Segundo a pesquisa realizada pela Flurry Analytics,
realizada em setembro de 2012, baseado em mais de 6 bilhões de aplicativos e 500
milhões de smartphones e tablets, publicada pelo The Guardian revela que:

figura 1: Quadro sobre os hábitos de uso dos usuários .Fonte: Datafolha (Disponível em:
http://oglobo.globo.com/tecnologia/cinco-milhoes-com-os-olhos-na-tela-dos-tablets-no-brasil-
6239175), 2012.

1.Tempo gasto: o game é a categoria mais popular em ambos, mas há diferenças


notáveis no percentual de tempo entre os dispositivos;2 Perfil: Os usuários de tablet
são mais velhos e com renda superior aos do smartphones. Além disso, eles usam mais
durante a noite e para sessões mais longas. Finalmente eles consomem mais mídia e
experiências de entretenimento, com uma proporção significativa gasto em jogos;
3.Percepção: os tablets podem vir a substituir as televisões, ou mesmo tornando a
experiência entre dispositivo mais interativo.

Fifura 2: Quadro comparativo entre dispositivos. Fonte: Datafolha (Disponível em:


http://oglobo.globo.com/tecnologia/cinco-milhoes-com-os-olhos-na-tela-dos-tablets-no-brasil-
6239175), 2012.

Metas de engajamento: os smartphones são usados com maior frequência enquanto


os tablets por um tempo maior; Em outra pesquisa, realizada pela Bain & Company em
Novembro de 2012, com mais de seis mil consumidores de oito países mostra que:
Metade dos proprietários de tablets deixou de usar a TV para assistir a certos tipos de
conteúdo, entre eles noticiários e obras de ficção, como novelas; Nos Estados Unidos,
60% disseram que o principal uso que fazem de seus tablets é para acessar a sites de
internet e redes sociais; Entre os brasileiros, 33% afirmaram que usam o aparelho com
essas finalidades, mas a alternativa mais lembrada pelos entrevistados (44%) foi a de
jogos; Quase 40% dos brasileiros declararam utilizar os tablets para assistir a vídeos,
6

mais do que nos EUA (33%); Entre as conclusões, o estudo destaca que os
consumidores estão cada vez mais segmentados em seus interesses. A migração digital
da indústria do livro impresso, por sua vez, depende de incertezas relativas à geração
de valor e ainda estaria apenas começando.
O Google em 2011 também conduziu um estudo sobre os hábitos de utilização
dos tablets. A pesquisa feita com 1,4 mil pessoas revelou que: 84% dos entrevistados
usam os aplicativos para jogar, à frente de "procurar informações", com 78%, e mesmo
de "checar e-mail", que teve 76% das respostas; Ler notícias é a quarta atividade, com
61%, o que mostra que apesar da grande movimentação dos jornais e revistas
lançarem versões para esses dispositivos, a procura pelo serviço não é proporcional à
oferta; A leitura de livros eletrônicos (e-books) é a sétima atividade com apenas 41% ;
77% dos entrevistados estão diminuindo o tempo em frente ao PC ou notebooks por
conta dos tablets, e a parte do dia com maior frequência de uso é à noite.
Todas essas informações foram consideradas para realizar a pesquisa da
influência do hábito de uso e o impacto na usabilidade. O levantamento bibliográfico,
com conceitos, características e princípios ser de parâmetro para organizar e analisar a
pesquisa com usuários. A pesquisa mercadológica, com levantamento feito pela
internet, auxilia na comparação e mensuração dos dados.

3. MÉTODOS E TÉNCIAS
Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário online com o intuito de
conhecer os hábitos de uso dos usuários de tablets. Foram aplicadas perguntas abertas
e fechadas. O questionário tem perguntas essencialmente fechadas. Optou-se por esse
tipo de pergunta para permitir que pessoas que não tenham muita familiaridade com o
tema pudesse se expressar, bem como, permitir comparações com as pesquisas já
realizadas. Contudo, algumas perguntas têm uma opção abertas para permitem que os
usuários que tenham uma percepção mais apurada sobre esse tema pudesse se
expressar com maior liberdade assim podendo identificar questões que não foram
levantadas em outras pesquisas. Esse questionário foi organizado em 6 grupos,
baseado no levantamento bibliográfico. Os grupos são: 1.Dados pessoais – para
identificar o perfil dos usuários; 2. Portabilidade Externa / Adequação ao Contexto –
para verificar os locais de uso; 3. Portabilidade Interna – avaliando alguns aspectos do
dispositivo ;4Mobilidade – conhecer demais atividades que o usuário realiza quando
utiliza o tablet; 5. Acesso à Redes de Informações – identificar as atividades realizadas
no tablets; 6.Interface / Navegação – verificar quais dificuldades o usuário tem em
utilizar este artefato .
As questões abordadas foram:

DADOS PESSOAIS
Masculino
1. Gênero
Feminino
Menor ou igual a 17
Entre 18 e 29
2. Idade Entre 30 e 39
Entre 40 e 49
Acima de 50
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio Completo
3. Nível de escolaridade
Superior Incompleto
Superior Completo
7

Sim
4. Você tem tablets?
Não
PORTABILIDADE EXTERNA / ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO
No trabalho
5. Quais lugares você utiliza o tablet?
Lugares privados
Múltiplas Respostas
Lugares públicos
PORTABILIDADE INTERNA
Sim
6. Você considera a capacidade da bateria adequada?
Não
7. Você considera a capacidade do armazenamento de Sim
dados (memória) adequada? Não
MOBILIDADE
Não
Assisto Tv
8. Você realiza outras atividades simultaneamente
Escuto música
quando utiliza o tablet?
Trabalho
Estudo
Outras atividades
ACESSO À REDES DE INFORMAÇÕES
Verificar e-mail
Assistir vídeos
Fazer parte de redes sociais
9. Quais atividades você realiza no tablet? Ler livros
Múltiplas Respostas Divertir-se com jogos
Realizar compras
Editar texto
Outras atividades
Objetivo profissional
Objetivo de lazer, diversão e
10. Quais seus objetivos de uso no tablet?
entretenimento
Múltiplas Respostas
Objetivo educacional
Outros
Armazenar informações
Garantir segurança e proteção
Realizar atividades que deseja
11. Em sua opinião, quais os principais benefícios dos
Acesso a informação
tablets?
Múltiplas Respostas
Permitir compartilhamento de
documentos, imagens e vídeos
Ajudar na organização diária
Promover entretenimento
INTERFACE / NAVEGAÇÃO
12. No seu primeiro contato com o tablet você teve Sim
alguma dificuldade em utilizar a tela sensível ao
toque? Não

Sim, todos os aplicativos permitem


13. O tablet permite que você interrompa sua atividade
podendo mais tarde continuá-la sem prejuízo?
Ex: Você está em um jogo e pode pará-lo e Alguns aplicativos sim
recomeçá-lo mais tarde no mesmo ponto onde
estava.
Não

14. Quando você não compreende alguma função ou Sim, todos os aplicativos fornecem
ícone na tela, o aplicativo te fornece algum suporte Alguns aplicativos sim
de ajuda? Não
15. Você já teve alguma dificuldade com a rolagem da Sim
tela?
Ex: Você está em um aplicativo de notícias
e quer movimentar o texto para continuar lendo. Não

Figura 3: Questionário aplicado .Fonte: Elaborada pelos autores


8

Realizou-se um questionário online, aproveitando a rede de relacionamento


das pessoas envolvidas na pesquisa. Foram respondidos 83 questionários entre os dias
23 e 26 de dezembro de 2012. Não se tem objetivo de avaliar quantitativamente os
dados. Porém, esses dados podem fornecer informações importantes
qualitativamente. Por isso se optou em analisar em categorias relevantes para a
usabilidade, levantados na pesquisa bibliográfica.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se na figura 4 abaixo, que as pessoas que mais utilizam tablets dentro da
amostra estudada correspondem a idade entre 18 e 29 anos (73%), com relação ao
nível de escolaridade 62% possuem o nível superior completo e ainda 53% não
possuem tablets.
DADOS PESSOAIS
Dados Absolutos Porcentagem
Masculino 51 50%
1. Gênero
Feminino 51 50%
Menor ou igual a 17 00 0%
Entre 18 e 29 74 73%
2. Idade Entre 30 e 39 18 18%
Entre 40 e 49 09 9%
Acima de 50 01 1%
Ensino Médio Incompleto 00 0%
3. Nível de Ensino Médio Completo 06 6%
escolaridade Superior Incompleto 33 32%
Superior Completo 63 62%
4. Você tem Sim 39 47%
tablets? Não 44 53%
Figura 4: Dados pessoais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados obtidos através da pesquisa,
2014.

Com relação a portabilidade externa tem-se a de acordo com a figura 5 abaixo.

PORTABILIDADE EXTERNA / ADEQUAÇÃO AO CONTEXTO


Dados Absolutos Porcentagem
5. Quais lugares você No trabalho 25 53%
utiliza o tablet? Lugares privados 39 83%
Múltiplas Respostas
Múltiplas Respostas Lugares públicos 28 60%
Figura 5 : Portabilidade externa Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados obtidos
através da pesquisa, 2014.

Tanto os autores pesquisados, como as pesquisas mercadológicas afirmam que


esse artefato é um dispositivo de interação móvel, sendo utilizado em vários
ambientes. É possível perceber neste item que, de fato, ele é utilizado em vários
lugares. Desta forma, vale a discussão levantada por Sousa (2012) que não considera o
tablet como um dispositivo móvel, por não ser utilizado apenas com uma das mãos e
em movimento, que de fato é verdade. Porém, é interessante perceber que as pessoas
utilizam em vários ambientes e sobre várias condições, reforçando que, embora
apresente restrições ao uso móvel, vários usuários manuseiam e transportam para
vários lugares.
Importa comentar que essa pergunta foi de múltiplas respostas, por isso que a
somatória da porcentagem é maior que 100%.
9

Com relação a portabilidade externa tem-se de acordo com a figura 6 abaixo:

PORTABILIDADE INTERNA
Dados Absolutos Porcentagem
6. Você considera a capacidade da Sim 27 57%
bateria adequada? Não 20 42%
7. Você considera a capacidade do Sim 36 76%
armazenamento de dados
(memória) adequada? Não 11 23%

Figura 6: Portabilidade interna. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados obtidos através da
pesquisa, 2014.

Este item analisa os aspectos técnicos do artefato, se ele apresenta condições


para ser um dispositivo móvel com eficiência, segundo a percepção dos usuários. A
capacidade da bateria revela o tempo de autonomia que o usuário tem sem precisar
recarrega-lo. Este item se torna de fundamental importância uma vez que o artefato
tem o objetivo de ser móvel e estar presente em qualquer ambiente, juntamente com
o usuário. Segunda a pesquisa, não há um consenso sobre a capacidade da bateria.
Isso pode ser devido ao perfil de uso de cada usuário. Contudo vale ressaltar que esse
dado pode representar certa insatisfação por grande parte dos usuários que
esperavam um desempenho melhor. A capacidade de armazenar é outro item
fundamental para o manuseio e a autonomia. O fato de 76% dos pesquisados estarem
satisfeito pode indicar que está capacidade está adequada ao perfil de uso dos
usuários em geral. Diferente da bateria, 57%.
Com relação a mobilidade tem-se de acordo com a figura 7 abaixo:
MOBILIDADE
Dados Absolutos Porcentagem
8. Você realiza outras Não 07 15%
atividades Assisto Tv 23 49%
simultaneamente Escuto música 25 53%
quando utiliza o Trabalho 18 38%
tablet? Estudo 19 40%
Múltiplas Respostas
Outras atividades 2 4%

Figura 7: Mobilidade Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados obtidos através da pesquisa, 2014 .

É fundamental para um dispositivo de interação móvel permitir que o usuário


possa interagir não só com o próprio artefato mas também com o ambiente. Esse é o
objetivo desse item, analisar o quanto os tablets permitem que os usuários interajam
com outros dispositivos no ambiente. Apenas 15% não interagem com outros artefatos
enquanto usam o tablet, isso quer dizer que 75% dos usuários interagem com pelo
menos um outro artefato.
Vale a reflexão que muitos dessas atividades poderiam também ser realizadas
no próprio dispositivo. Talvez isso ocorra pela própria cultura do usuário e não do
tablet em si. Muitos usuários ainda são contrários à textos extensos nesses dispositivos
eletrônicos. Há ainda limitações físicas ou técnicas, como a impossibilidade de assistir
tv e verificar e-mail no mesmo dispositivo. Contudo, não se pode afirmar o real motivo,
apenas levantar hipóteses para serem investigadas posteriormente. Contudo, é
possível, ao interagir com o tablet, interagir com o ambiente.
10

Com relação ao acesso a redes de informação observou-se que 96% dos


usuários utilizam o tablet para verificar e-mail, e 89% usa com o objetivo de lazer,
diversão e entretenimento; já 74% afirma que o principal benefício do tablet é o
acesso a informação.

ACESSO À REDES DE INFORMAÇÕES


Dados Absolutos Porcentagem
Verificar e-mail 45 96%
Assistir vídeos 28 60%
9. Quais atividades Fazer parte de redes sociais 39 83%
você realiza no Ler livros 30 64%
tablet? Divertir-se com jogos 34 72%
Múltiplas Respostas Realizar compras 22 47%
Editar texto 15 32%
Outras atividades 4 9%
Objetivo profissional 36 77%
10. Quais seus Objetivo de lazer, diversão e
objetivos de uso no 42 89%
entretenimento
tablet?
Objetivo educacional 29 62%
Múltiplas Respostas
Outros 00 0%
Armazenar informações 26 55%
Garantir segurança e
04 9%
11. Em sua opinião, proteção
quais os principais Acesso a informação 35 74%
benefícios dos Permitir compartilhamento
tablets? de documentos, imagens e 28 60%
Múltiplas Respostas vídeos
Ajudar na organização diária 32 68%
Promover entretenimento 27 57%
Figura 8: Acesso à rede Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados obtidos através da pesquisa, 2014.

A busca por informação é fundamental para qualquer DIM. Neste item o


objetivo é reconhecer quais atividades mais utilizam e quais os usuários julgam mais
importantes. Na pesquisa mercadológica a atividade em destaque é diversão,
principalmente os jogos. Nessa pesquisa, os e-mail, redes sociais e jogos são as
atividades mais utilizadas pelos usuários. Bastante coerente com os objetivos de uso,
que 90% responderam que utilizam para o lazer, embora haja outros usos, o que
revela que esse dispositivo é mais diversificado do que qualquer outro DIM.
Pode-se inferir que esse artefato tem potencial para ser o assistente eletrônico
pessoal, por ser móvel, permitir vários usos, com finalidades profissionais, pessoais e
educacionais. Porém neste último item, seu potencial, se é que existe algum, é pouco
utilizado. Não é possível afirmar os motivos desse dispositivo não ser utilizado
plenamente com a finalidade educativa. Pode-se levantar algumas hipóteses como:
dificuldade em ler em dispositivos eletrônicos, dificuldade em escrever em teclados
virtuais, ou mesmo a falta de habilidade dos usuários que não foram educados nesses
dispositivos.

INTERFACE / NAVEGAÇÃO
Dados Absolutos Porcentagem
12. No seu primeiro contato Sim 10 21%
com o tablet você teve
alguma dificuldade em
Não 37 79%
utilizar a tela sensível ao
toque?
13. O tablet permite que você Sim, todos os 16 34%
11

interrompa sua atividade aplicativos permitem


podendo mais tarde Alguns aplicativos
29 61%
continuá-la sem prejuízo? sim
Não 02 4%
14. Quando você não Sim, todos os
06 12%
compreende alguma aplicativos fornecem
função ou ícone na tela, o Alguns aplicativos
36 76%
aplicativo te fornece algum sim
suporte de ajuda? Não 5 10%
15. Você já teve alguma Sim 18 38%
dificuldade com a rolagem
da tela? Não 29 61%

Figura 9 : Interface Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados obtidos através da pesquisa, 2014.

Esse item tem como objetivo verificar a facilidade que os usuários têm em
utilizar os tablets. Muitos relatam que não tiveram dificuldades em usar a tela sensível
ao toque (79%), provavelmente tiverem um aprendizado com seus telefones celulares.
Muitos usuários relataram que alguns aplicativos permitem regressar no momento em
que estavam (61%), enquanto que 34% dizem que todos os aplicativos permitem isso.
Nesse sentido, isso pode significar que os usuários percebem os aplicativos dos tablets
bastante estáveis. Um percentual similar de usuários (76%) relatou que os aplicativos
fornecem suportes de ajuda quando tem alguma dificuldade em navegar pelo
dispositivo. No entanto, um percentual significativo de usuários (38%) relatou que já
tiveram dificuldade em utilizar a rolagem dos tablet.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando cada item, podem-se fazer algumas considerações sobre esse
dispositivo e sobre a pesquisa. Primeiro, não se analisou a percepção de usuário
menores que 17 anos e nem maiores que 50. Assim, não se pode fazer qualquer
generalização entre esses potenciais usuários. Entretanto, acredita-se que os usuários
dos tablets entre 18 e 50 anos percebem esses dispositivos como ferramentas que
auxiliam em várias situações, em vários ambientes com várias finalidades. Segundo, os
tablets são dispositivos multimidiático, ou seja, permitem que várias linguagens sejam
utilizadas, podendo ainda integrar outras mídias, embora haja empecilhos culturais e
técnicos que precisam ser avaliados. Terceiro, o potencial educacional é pouco
explorado. Não se pode afirmar o porquê dessa área ser pouca utilizado, em
comparação as demais. Entretanto, pode-se levantar algumas hipótese como o alto
preço, dificuldade em digitar em teclados virtuais, etc.
Todas essas questões levantadas, como lugares de uso, configurações dos
dispositivos, atividades paralelas, objetivos de uso e aspectos ligados à navegação, tem
por objetivo demonstra que são inúmeros fatores que influenciam na percepção dos
usuários e acabam impactando em questões de usabilidade. Esta pesquisa tem como
objetivo conhecer esses fatores e refletir sobre como eles interferem no uso dos
tablets.
Contudo, há ainda questões que precisam ser pesquisadas, como as variáveis
de uso, como gênero, idade e escolaridade; diferença entre ambientes, como lugares
privados e públicos ou ainda as diferença entre as atividades e suas formas de
comunicação. Desta forma, o desafio ainda é imenso para entender plenamente
questões de usabilidade que interagem nesses novos dispositivos móveis.
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REFERÊNCIAS
BETIOL, Adriana Holtz. Avaliação de usabilidade para os computadores de mão: um
estudo comparativo entre três abordagens para ensaios de interação. Tese
(Doutorado em Engenharia de Produção). UFSC, Florianópolis, SC, 2004.
Bain & Company. Uso de tablets. Disponível em:
http://www.eletrolar.com/v2/noticias/uso-de-tablets. Acessado em: 21 de dezembro
de 2012.

CYBIS, Walter de Abreu, BETIOL, Adriana Holtz & FAUST, Richard. 2007. Usabilidade:
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