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Giovanna Romero França 12526617 2021

Têxtil e Moda, Fundamentos da Indústria Têxtil e Moda Prof. Francisca Dantas Mendes

Notícia do dia 30/04/2021, do site EXAME

Mais do que estilo, a moda tem


de trazer sustentabilidade
Com pedidos dos consumidores de transparência sobre as práticas
sustentáveis e sociais das marcas de roupas, a moda fica nua
Em 2013, o edifício Rana Plaza em Bangladesh despencou, matando 1.134
funcionários, ferindo 2.500 pessoas e trazendo à tona os trabalhos análogos à
escravidão de diversos fornecedores de marcas de moda globais. De lá para
cá, consumidores demandam (ainda mais) por transparência das empresas em
questões que vão desde a sustentabilidade das matérias-primas para a confecção de
roupas até o compromisso social. “Com esses temas recebendo atenção mais do que
nunca, as empresas têm uma escolha: assisti-los e seguir ou agir e liderar”, comenta
Mariana Santiloni, manager of client services da consultoria de tendências de consumo
e produtos, WGSN.

Exemplos de empresas de moda que cruzam ambos os caminhos da sustentabilidade


e de projetos sociais têm surgido. Nascida na Europa há quase dois séculos, durante a
Revolução Industrial, a C&A chegou ao Brasil numa época em que se começava a
falar sobre sustentabilidade, quatro anos após a Primeira Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1972.
Passados quase 50 anos desde o encontro, a ONU informa que a indústria da moda é
responsável por mais emissão de carbono do que o transporte aéreo e o marítimo
juntos. Desde sua fixação nos trópicos, a marca de fast fashion já lançou diversas
iniciativas sustentáveis, desde coleções de jeans que utilizam apenas 7,4 litros de
água na lavanderia até uma parceria com a empresa de moda circular Enjoei e a
coleta de mais de 25 toneladas de roupas usadas para doação e reciclagem.
“O fato de sermos uma empresa grande nos dá um poder de influência grande
também”, diz Paulo Correa, CEO da C&A. Ao desenvolver tecnologias com
fornecedores, e desde 2017 divulgá-las para outras empresas, a varejista gera uma
capacitação para que os fornecedores possam prestar os mesmos serviços para
outras marcas. Correa menciona ainda o fato de a C&A ter ficado em primeiro lugar no
Índice de Transparência da Moda do Fashion Revolution por três anos consecutivos,
desde que foi lançado, em 2018, como um modelo para outras marcas se engajarem
para atingir uma boa colocação.
A influência de uma marca grande sobre as demais se aplica à Farm. Para Taciana
Abreu, head de marketing da marca e head de sustentabilidade do Grupo Soma, “ao
buscar, por exemplo, um jeans sustentável, é preciso olhar para toda a cadeia
produtiva, desde o produtor de algodão até a lavanderia”. Com maior transparência
das marcas sobre fornecedores e tecnologias, a concorrência entre elas pode se dar
de forma a minimizar o prejuízo ao ambiente.
Outro ponto que une essas marcas é o índice de transparência, que causou uma das
viradas de chave para a empresa carioca. Com estampas inspiradas na fauna e na
flora brasileiras, a Farm, que desde 2015 já flertava com iniciativas sociais e
sustentáveis, começou a olhar para o lado mais ambiental. Em 2018, fez contratações
exclusivas para sustentabilidade. No mesmo ano teve início o projeto de
reflorestamento. Para 2021, a proposta é plantar 1.000 árvores por dia. A marca
pretende ainda zerar as emissões de carbono seguindo as metas da ONU até 2050.
A preocupação com o ambiente, além de ter sido reforçada pela pandemia, ganha
engajamento principalmente da geração Z, afirma Mariana Santiloni, da WGSN.
Porém, para além da sustentabilidade das peças, as marcas também são cobradas
por posicionamentos sociais. Inicialmente voltado para a educação, o Instituto C&A
atua hoje em mais de 80 projetos realizados por entidades, ONGs e organizações em
todo o país, com foco no empoderamento de mulheres, no afroempreendedorismo e
em pessoas trans — sempre por meio da indústria da moda.
A Oriba é outra marca que abraça a responsabilidade social. Com itens masculinos
que vão de camisetas e calças a mochilas, e em breve cuecas e roupas fitness, a cada
peça da marca vendida um kit escolar é destinado à instituição Obra do Berço, na
zona sul de São Paulo. A marca surgiu quando três amigos, Paulinho Moreira, Rodrigo
Ootani e Marcelo Collis, decidiram mudar de carreira e investir em projetos que
fizessem mudanças positivas na sociedade. “Sabíamos que não seríamos uma ONG,
mas que queríamos atuar com uma causa”, comenta Moreira. Desde o lançamento,
em 2014, eles já abriram duas lojas em São Paulo, doaram mais de 100.000 kits
escolares e 110.000 máscaras para regiões periféricas da cidade.
A atuação ambiental da marca passa pelo produto. “Queremos ser a maior marca de
moda básica feita de algodão orgânico do Brasil”, diz Moreira. Ele e os sócios da Oriba
sabem que sustentabilidade começa em casa — e estão bastante empenhados nessa
lição.

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