Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2012
2
2012
Agradecimentos
À Deus por me mostrar o caminho, me dar força, paciência e fé perseverando ao longo
de minha difícil caminhada.
À professora Denise Aparecida Andrade de Oliveira, pela confiança ao longo dos anos
de convivência, e amizade e a oportunidade para a realização deste trabalho sob sua
orientação.
Ao professor Romário Cerqueira Leite por disponibilizar o Laboratório de Endo e
Ectoparasitose do Departamento de Medicina Preventiva da Escola de Veterinária da UFMG,
para realização de parte dos experimentos.
Ao Dr. Bruno dos Santos Alves Figueiredo Brasil, pela competência e colaboração no
desenvolvimento de todo o trabalho.
Ao Dr. Eduardo Bastianetto pela colaboração efetiva e entusiasmo na realização do
deste trabalho.
Ao Dr. Eduardo Geraldo Alves Coelho pela competente coorientação e amizade durante
esta jornada de trabalho.
A professora Ângela Maria Quintão Lana pela coorientação e amizade.
Aos meus pais Nélio e Ilza pelo incentivo em mais esta etapa importante de minha
carreira.
Aos meus irmãos, Gladyston, Nelma e Maurício pelo apoio e confiança.
Aos meus filhos João Vítor e Luiz Felipe pelo incentivo.
À Leila em especial pelo carinho, compreensão, incentivo e apoio durante essa jornada
e sempre.
Ao Ângelo Marcos Vicente e Msc Diana Villas-Boas, pela colaboração e amizade
durante a realização deste trabalho.
À Drª. Claudia Teixeira, Drª. Sandra Guimarães e Drª. Marcela Drummond, Dr. Daniel
Carvalho pelo convívio e amizade.
As estagiárias e alunas de veterinária do Laboratório de Endo e Ectoparasitose do
Departamento de Medicina Preventiva da Escola de Veterinária Luiza Bossi, Talita Pila
Rezende e Juliana Marques Bicalho e ao veterinário Caio Henrique Souza de Oliveira.
Aos colegas de curso Juliana Nobre, Danilo Pimenta e Lissandra Souza pelo convívio e
amizade.
As secretárias Bruna Diane, Sarah Cristina e Daiane Zacharias pelo carinho.
8
SUMÁRIO
Página
1 - INTRODUÇÃO 17
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18
3-3.2 – Larvas 37
da resistência 42
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 43
4-2.1 - Bovinos 46
4-2.2 – Caprinos 49
4-2.3 – Ovinos 51
4-2.4 – Bubalinos 53
Página - 36
Gráfico – 1 - Frequência de genótipos por animal com OPG positivo infectado por
Haemonchus placei no rebanho de bovino de Teófilo Otoni –MG-2010
Página - 47
% Porcentagem
= igual
µl Microlitros
BZ Benzimidazol
dNTP Desoxorribonucleotídeo
g Grama
He Heterozigosidade esperada
Ho Heterozigosidade observada
mA Mileamper
ml mililitro
ng Nanograma
ºC Graus Celsius
pb Pares de bases
Phe Fenilalanina
R Resistente
rs Genótipo heterozigoto
S Sensível
Tyr Tirosina
14
μM Micromolar
χ2 Qui-quadrado
15
RESUMO
O objetivo deste trabalho é caracterizar geneticamente a resistência ao anti-helmíntico
benzimidazol (BZ) em helmintos Haemonchus sp isolados de ruminantes. Para tanto
trinta animais pertencentes a um rebanho de bovinos, um rebanho de Caprinos, um
rebanho de Ovinos e um rebanho de Bubalinos, tiveram amostras de fezes coletadas e
analisadas para a presença de ovos de Tricostrongilídeos. As propriedades foram
avaliadas quanto ao histórico de uso de BZ para controle de nematódeos. Nos rebanhos
bovinos e ovinos é utilizado BZ a mais de dez anos enquanto que nos rebanhos de
bubalinos e caprinos não se utiliza este fármaco a pelo menos cinco anos. Dentre os 120
animais testados, dezoito (~15%) apresentaram ovos de Tricostrongilídeos nas fezes,
com contagens de 200 a 33000 ovos por grama de fezes. A presença da mutação
Phe200Tyr no gene da β-tubulina, que confere a resistência ao BZ foi avaliada em todas
as amostras e suas frequências variaram de 0,074 a 0,476 (N= ~20 larvas/hospedeiro).
Para a identificação do helminto que infectava os rebanhos foi realizado o
sequenciamento do DNA nuclear na região ITS-2 de ovos e larvas. No rebanho de
bovinos o principal nematódeo presente foi identificado como Haemonchus placei e nos
demais rebanhos foi identificado a espécie Haemonchus contortus. O estudo revelou a
presença de alelos resistentes em alta frequência entre espécimes de Haemonchus sp,
principalmente nas propriedades que mantêm contínua pressão seletiva por meio do uso
de BZ. A identificação da resistência nas subpopulações dos rebanhos de ruminantes
foi realizada por genotipagem, os testes estatísticos χ2 realizados revelaram não haver
diferença significativa entre os isolados de Haemonchus presentes em diferentes
animais de um mesmo rebanho. Todavia, foram encontradas diferenças significativas
entre rebanhos. Este estudo reforça a necessidade do uso de métodos moleculares para o
monitoramento da ocorrência da resistência anti-helmíntica, visando o uso racional de
antiparasitários.
ABSTRACT
The purpose of this study is to genetically characterize the resistance to benzimidazole
(BZ) anthelmintic in Haemonchus sp helminths isolated from ruminants. With this
purpose, thirty animals from herds of cattle, goats, sheep and buffalos, had stool
samples collected and analyzed for the presence of trichostrongylus eggs. Properties
were evaluated as for the history of using BZ to control nematodes. In herds of cattle
and sheep, BZ has been used for over ten years whereas in herds of buffalos and goats,
it has not been used for at least five years. Among the 120 animals tested, eighteen
(~15%) had trichostrongylus eggs in their feces, with counts from 200 to 33000 eggs
per gram of feces. The presence of Phe200Tyr mutation in the β-tubulin gene, which
confers a resistance to BZ was evaluated in all samples and its frequencies ranged from
0.074 to 0.476 (N= ~20 larvae/host). In order to identify the helminth which infected
herds, nuclear DNA was sequenced at the ITS-2 region of eggs and larvae. In the herd
of cattle, the main nematode was identified as Haemonchus placei and in the other
herds, it was the Haemonchus contortus species. The study has shown the presence of
resistant alleles in a high frequency among specimens of Haemonchus sp, particularly in
properties which maintain a continuous selective pressure by using BZ. Resistance in
isolates of ruminant livestock was identified through genotyping; χ2 statistical tests were
carried out and have not shown a significant difference among isolates of Haemonchus
present in different animals from the same herd. However, significant differences were
observed among herds. This study emphasizes the need to use molecular methods for
monitoring the occurrence of anthelmintic resistance, encouraging the rational use of
anti-parasitic drugs.
1 – INTRODUÇÃO
Os rebanhos de ruminantes no mundo são acometidos de infecções causadas por
helmintos. Estas infecções provocam perdas de animais e consequentemente prejuízos à
produção. No entanto, a aplicação incorreta de anti-helmínticos usados comumente no
controle das principais helmintoses nestes rebanhos, desencadeou o aumento da
resistência aos principais fármacos comercializados.
infecção pode ser detectada antes da expressão dos sinais subclínicos da infecção nos
animais.
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As helmintoses estão entre as doenças que mais afetam a produtividade dos ruminantes
em várias regiões do mundo. Os nematódeos tricostrongilídeos são importantes
parasitos de ruminantes domésticos e causam perdas econômicas significativas em
regiões tropicais e temperadas (Charlier, et.al, 2009).
O Brasil é um país tropical que apresenta o maior rebanho bovino comercial do mundo,
aproximadamente 205,3 milhões de animais em 2010. Os rebanhos de ovinos, caprinos
e bubalinos são menores, mas expressivos e apresentam 16,9; 9,3; e 3 milhões de
animais respectivamente em 2010 (IBGE 2011).
Quando os animais são tratados com dose inferior àquela recomendada, esta atingirá
somente os indivíduos muito sensíveis da população parasitária, sobrevivendo
indivíduos resistentes e medianamente resistentes, que darão origem a novas gerações
(Craig, 1993).
Sangster, (2001) e Coles (2005) indicaram como fatores que determinam a taxa de
seleção, a dominância dos alelos para resistência, o número e a frequência inicial dos
genes envolvidos, a diversidade genética da população, a relativa adaptabilidade dos
organismos resistentes e a oportunidade para recombinação gênica. A resistência aos Bz
foi identificada em estudos realizados com Teladorsagia circumcincta, onde a
hereditariedade dos genes é incompletamente recessiva, com apenas uma mutação
pontual no gene da proteína β-Tubulina (F200Y) (Elard et al., 1996; Dobson et al.,1996;
Prichard, 2001). Além da mutação F200Y, Silvestre e Cabaret, (2002) identificaram a
resistência ao Benzimidazol associada a uma mutação pontual F167Y. A mutação
pontual E198A foi identificada por (Rufener et al., 2009).
Em Teladorsagia circumcincta não foi observada por Ellard et al. (1998) diferença
entre os genótipos resistente e sensível na produção de ovos, taxa de desenvolvimento
de ovos até L3, capacidade de estabelecimento destas larvas e sobrevivência dos
adultos. Apresentaram, no entanto, diferença quanto ao comprimento dos adultos, sendo
os parasitos resistentes maiores que os sensíveis aos 60 dias de infecção, esperando-se
que haja, assim, aumento da fertilidade nas fêmeas (Leignel e Cabaret, 2001).
27
Rufener et al., 2009, demonstraram outra mutação para o isotipo-1 β-tubulina resistente
ao Benzimidazol, como sendo a troca do Glutamato por Alanina na posição 198
(E198A), onde foram realizados testes controlados em laboratório para estudar a
resistência à droga.
F167Y F200Y
N C
C
E198A
β-tubulina (Isotipo 1)
As mutações não sinônimas são tipos de mutações pontuais onde um único nucleotídeo
é mudado provocando a substituição de um aminoácido. Isto por sua vez pode fazer
29
com que a proteína resultante não seja funcional. Nesse caso, as proteínas formadas
podem ter novas funções, mas no geral estas têm maior potencial deletério (Calcagnotto,
2001). No caso da proteína β-tubulina (Isotipo-1) as modificações não sinônimas
confere resistência ao Benzimidazol.
S1 e S2 são alelos Bz susceptíveis para β-tubulina nos isótipos I e II, os alelos R1 e R2 são alelos Bz
resistentes para β-tubulina nos isotipos I e II
30
2 .4.1-Teste in vivo
Na sua maioria os testes in vitro são de fácil execução e aplicação, podendo ser
realizados em larga escala (O’Grady e Kotze, 2004). Dentre os testes in vitro o mais
usado é o de eclosão de ovos (Craven et al, 1999).
31
Estudando a variação entre indivíduos de cada uma das espécies nos Estados Unidos e
comparando a estrutura genética dos tricostrongilideos, foi observada a diversidade
genética dentro da população de cada espécie sem, contudo comparar a relação
filogenética entre as espécies. A avaliação percentual da diferença na medida do
sequenciamento de indivíduos foi igual a 2,6% para Haemonchus contortus e 2,0% para
Haemonchus placei e entre indivíduos das duas espécies iguais a 15,6%. O
32
suportar uma infecção por Haemonchus contortus, tornando possível tratar somente os
animais que sofrem um parasitismo severo e deixar sem tratamento aqueles que não têm
anemia clínica. Desta forma a pressão de seleção para resistência aos anti-helmínticos
será menos intensa (Van Wyk et al., 1997; Vatta et al., 1999).
3 - MATERIAL E MÉTODOS
3-1-2- Rebanho de ovino - amostras coletadas na região de São José do Rio Preto-SP
(20º49’S/49º22’ 0) altitude 528m, propriedade tem histórico de uso de albendazol por
mais de dez anos, rebanho e um total de 15 ha, divididos em pastos de tamanhos
variados de um a três hectares e um rebanho de 70 animais.
Para a padronização dos testes realizados nos rebanhos estudados foi desenvolvida a
estratégia de trabalho esquematizada abaixo:
OPG Necrópsia
Extração do DNA
PCR
Genotipagem Sequenciamento
Do material coletado, foi realizada a contagem de ovos nas fezes (OPG) em Câmara.
McMaster de acordo com Gordon e Whitlock (1939), modificada por Whitlock (1948)
de acordo com Ueno e Gonçalves (1998) e a produção de larvas através da cultura de
larvas (coprocultura), onde foram realizadas coproculturas nas amostras de fezes
positivas ao exame de OPG de acordo com a metodologia de Roberts o O’Sullivan
(1950), descrita por Ueno e Gonçalves (1998). Estes procedimentos foram realizados no
laboratório de Endo e Ectoparasitose do Departamento de Medicina Preventiva da
UFMG. Os isolados foram fixados em álcool 95-100% e genotipado no Laboratório de
Genética do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG
3.3.1 – Ovos:
3.3.2 – Larvas
As larvas foram produzidas a partir da coprocultura de sete dias. As fezes foram bem
homogeneizadas misturadas em igual quantidade de vermiculita e acondicionadas em
vasilhames de vidro limpos e identificados, cobertos com gaze e colocados em estufa da
marca Fanem a 27ºC e umidade relativa de 75º. A mistura de fezes e vermiculita
mantidos em estufa por sete dias. As larvas dos helmintos foram coletadas utilizando a
técnica de Baermann, citado por Ueno e Gonçalves (1998).
38
Aos frascos contendo amostras de ovos e larvas estocadas em freezer com tampão TEN,
foram acrescidos 5 μl de tampão de extração ( 1mM Tris-HCl, 0,1mM EDTA, 5 mg/ml
proteinase K). Para os vermes adultos acrescentou-se 50 μl do mesmo tampão de
extração e em seguida foram deixados a 41ºC por uma noite. Após este procedimento os
frascos foram deixados a 95ºC por 20 minutos (Coles et al, 2006). O DNA extraído foi
quantificado e ajustado para 50ng com H2O milli-Q estocado a -20ºC até a genotipagem
e sequenciamento.
cada primer (10 µM), 2.5 µl de cada dNTP (1 mM), 0.25 µl de GoTaq polymerase
(Promega) (5 U/µl) e 1.0 µl DNA molde (50-100 ng/µl). O protocolo de amplificação
utilizado foi: 94ºC por 2 minutos, 35 ciclos de 94ºC por 30 s, 50ºC 30s e 72ºC por 1
minuto. O produto de PCR (5 μl), foi visualizado em gel de agarose e selecionado direto
para o sequenciamento.
Reagentes 1 amostra μl
H2O milli-Q 12,6
Tampão 5X 4,0
Primer 36F 10 μM 0,5
Primer 961R 10 μM 0,5
dNTPs 10 mM 0,2
Taq 5,0 U/μl 0,2
TOTAL 18,0
PN3S: 5’ – GGA ACA ATG GAC TCT GTT CG- 3’ (primer Foward)
Reagentes 1 amostra μl
H2O milli-Q 15,6
Tampão 5X 4,0
PN3S 10 μM 0,5
PN4S 10 μM 0,5
dNTP 10 mM 0,2
Taq 5U/ μl 0,2
Total 19,0
ciclo 94ºC por 2 minutos, 94ºC 55s, 55ºC 55s, 72ºC 55s por 40 ciclos, extensão de 72ºC
por 10 minutos.
79: 5’ – AAA TAA GTC TCA CCA CCT GTA AAC – 3’ (primer Foward controle)
RO: 5’- CCA GAC ATT GTG ACA GAC AGA ACA TTCA-3’ (primer Reverse
controle)
Ph3: 5’- CTG GTA GAG AAC ACC GAT GAA ACA TA-3’ (primer Foward para
Resistência)
RIT: 5’ – CAG AGC TTC GTT GTC AAT ACG GA-3’(primer Reverse para
susceptibilidade)
Reagentes 1 amostra μl
H2O milli-Q 5,9
Tampão 5X 2,0
Primer 79 10 μM 0,25
Primer RO 10 μM 0,25
Primer Ph3 10 μM 0,2
Primer Rit 10 μM 0,2
dNTPs 10 mM 0,1
Taq DNA 5,0 U/ μl 0,1
TOTAL 9,0
Foram medidos 5,5 ml de acrilamida 30%, onde foram acrescidos 4 ml de tampão TBE
5X, 200 μl de PSA, 10 μl de TEMED e H2O milli-Q q.s.p 20ml.
Após o tempo de corrida o gel foi retirado da placa sendo levado ao fixador (H2O milli-
Q 90 ml, Etanol absoluto 10 ml e Ácido Acético 0,5 ml) por 5 minutos. Findado o
tempo de fixação foram acrescidos 50 ml de solução de Nitrato de Prata (50 ml H20
milli-Q, 0,2 g de Nitrato de Prata) por 10 minutos.
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela -3 – Histórico de uso de anti-helmínticos usados nos rebanhos de ruminantes nas propriedades em
estudo
MG contortus
MG contortus 5 anos
*Rebanho da propriedade formado por compra de animais para recria sem informações anteriores de uso de
Benzimidazol.
A partir dos vermes isolados, foi extraído o DNA e em seguida foi sequenciado a região
ITS-2 (Internal Transcribed Spacer) (Stevenson, 1995). A região ITS é uma região
presente no DNA nuclear bem conservada entre espécies estreitamente relacionadas,
sendo empregada como ferramenta para estudar tanto a diversidade genética quanto a
filogenia das espécies (Galdino et al. 2010). Os vermes isolados a partir de bovinos
foram identificados como pertencentes à espécie Haemonchus placei e aqueles isolados
a partir dos demais animais como Haemonchus contortus. Os resultados destes
sequenciamentos serviram como referência na identificação de isolados nos rebanhos
estudados.
44
Resultado do sequenciamento, baseado na mutação das regiões no alelo 1 e 2 para Haemonchus placei
Alelos 3 e 4 e para Haemonchus contortus pode-s diferenciar as espécies em estudo.
Identificação das espécies de Haemonchus por meio do sequenciamento de alelos ITS-2. Árvore
filogenética construída pelo método UPGMA (Unweighted Pair Group Method With Aritmetic Mean) em
escala. Sequência de regiões geográficas distintas resgatadas do GenBank por pesquisa no Blast usando
sequência de alelos obtida foram incluídas nas análises, juntamente com a sequência de referência do
Haemonchus longistipes.
45
A partir do material de fezes coletados nos animais dos rebanhos de bovinos, caprinos,
ovinos e bubalinos foi realizada a contagem de OPG e separado os ovos e as larvas
obtidas por coprocultura conforme descrita por Ueno e Gonçalves (1998) e
posteriormente este material foi genotipado. A genotipagem destes isolados possibilitou
caracterizar a resistência ao anti-helmíntico benzimidazol (BZ). O levantamento da
frequência dos genótipos resistentes e susceptíveis nos isolados de Haemonchus sp foi
realizado em 120 animais sendo testados 30 animais por rebanho e identificados 18
animais OPG positivos, o que representa 15% de animais infectados para todos os
rebanhos estudados. O perfil dos genótipos possíveis no levantamento de isolados
resistentes e sensíveis está ilustrado na figura 5. O alelo susceptível (S) apresenta o
códon TTC na posição 200 enquanto o alelo resistente (R) possui o códon TAC na
posição 200 do gene da proteína β-tubulina. As bandas no gel identificam o genótipo
homozigoto resistente RR (198 pb), heterozigoto resistente RS (198/146 pb), e
homozigoto susceptível SS (146 pb).
296 pb
198 pb
146 pb
RR RS SS
CONTROLES
Estes perfis serviram como parâmetros para a realização dos estudos na identificação
dos alelos resistentes e sensíveis como descritos por (Prichard, 2001; Humbert, et al.,
2001).
46
Como proposta de redução de custos, a extração direta dos ovos foi testada e se mostrou
eficiente no diagnóstico da resistência ao Bz em Haemonchus sp. Com tal
procedimento, não há necessidade da realização de coprocultura para obter as larvas ou
o sacrifício de animais para obtenção de vermes adultos. A nova metodologia permite o
diagnóstico seguro e rápido e os resultados são obtidos em três dias.
4.2.1 - Bovinos
Gráfico - 1 Frequência de genótipos por animal com OPG positivo infectados por Haemonchus placei no
rebanho de bovino de Teófilo Otoni –MG, 2010.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
BOV1 BOV2 BOV3 BOV4 BOV5
SS 27 16 18 26 15
RS 3 4 2 4 3
RR 0 0 0 0 0
Gráfico – 2 Frequência de alelos resistentes e susceptíveis por animal OPG positivo infectado por
Haemonchus placei no rebanho de bovino de Teófilo Otoni – MG, 2010.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
BOV1 BOV2 BOV3 BOV4 BOV5
S 57 36 38 56 33
R 3 4 2 4 3
R – alelo resistente, S – alelo susceptível, nos animais BOV1 a BOV5 no rebanho de bovinos.
Este tipo de helminto passa a maior parte do ano no ambiente durante seu ciclo de vida,
liberando uma quantidade elevada de ovos que eclodem quando as condições
ambientais de temperatura e umidade estão favorecidas. Os ruminantes no rebanho
estudado compartilham do mesmo ambiente de pasto. Alimentando-se de pastagens,
onde existe a presença elevada de ovos e larvas de tricostrongilídeos. Estes helmintos,
identificados por sequenciamento como Haemonchus placei, têm o ciclo de vida direto
sem hospedeiro intermediário. Os hospedeiros pastam em áreas restritas aumentando a
48
Tabela 4 – Teste Equilíbrio Hardy-Weinberg nos parâmetros de estatística F da nos isolados do helminto
Haemonchus placei no rebanho de bovinos de Teófilo Otoni – MG-2010
mais de 40 dias após a vermifugação. Dado que o ciclo destes nematódeos é de cerca de
30 dias, o princípio do equilíbrio de Hardy-Weinberg explica que a tendência do isolado
de helmintos é equilibrar-se logo na primeira geração após a seleção por benzimidazol.
O rebanho bovino deste estudo tem histórico de uso contínuo de Benzimidazol, com
aplicações anuais (duas no período seco e duas no período chuvoso). Mesmo estando o
rebanho estudado sob seleção pelo benzimidazol, foi identificado um número maior de
alelos susceptíveis entre os isolados de helmintos sugerindo que os isolados o
identificados pelo sequenciamento do DNA da região nuclear ITS-2 como Haemonchus
placei, seja mais susceptível à ação do anti-helmíntico.
4.2.2 - Caprinos
Tabela 5 – Teste Equilíbrio Hardy-Weinberg nos parâmetros de estatística F da nos isolados do helminto
Haemonchus contortus no rebanho de caprinos de Pedro Leopoldo – MG-2011
Gráfico – 3 - Frequência de genótipos por animal OPG positivo infectado por Haemonchus contortus no
rebanho de caprino de Pedro Leopoldo – MG- 2011.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CV1 CV2 CV3 CV4 CV5
SS 17 10 11 8 8
RS 2 2 2 2 2
RR 1 0 0 0 0
Gráfico – 4 -Frequência de alelos resistentes e susceptíveis por animal OPG positivo infectado por
Haemonchus contortus no rebanho de caprinos de Pedro Leopoldo – MG, 2011.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CV1 CV2 CV3 CV4 CV5
S 36 22 24 18 18
R 4 2 2 2 2
O rebanho não está sob seleção por benzimidazol, mas os isolados de Haemonchus
contortus apresentam homozigotos resistentes e estão em equilíbrio. Isto pode indicar
que animais oriundos de propriedades onde o benzimidazol é utilizado rotineiramente
tenham sido introduzidos neste rebanho, carregando consigo parasitas resistentes. De
fato, o trânsito animal é considerado o principal fator promotor de fluxo gênico entre
populações de nematódeos e um fator preponderante na disseminação de resistência aos
anti-helmínticos (Blouin et al., 1995; Prichard, 2001).
4.2.3 - Ovinos
Tabela 6 – Teste Equilíbrio Hardy-Weinberg nos parâmetros de estatística F da nos isolados do helminto
Haemonchus contortus no rebanho de ovino de São José do Rio Preto – SP-2011
Gráfico – 5 Frequência de genótipos por animal OPG positivo infectado por Haemonchus contortus no
rebanho de ovinos de São José do Rio Preto – SP, 2011.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
OV1 OV2 OV3 0V4 0V5 OV6
SS 0 1 1 0 1 2
RS 10 8 9 15 23 13
RR 0 1 0 0 1 0
Gráfico – 6 Frequência de alelos resistentes e susceptíveis por animal OPG positivo infectado por
Haemonchus contortus no rebanho de ovinos de São José do Rio Preto – SP, 2011.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
OV1 OV2 OV3 OV4 OV5 OV6
S 10 10 11 15 25 17
R 10 10 9 15 25 13
O rebanho está sob seleção pelo benzimidazol e as amostras de fezes foram coletadas 10
dias após a aplicação do anti-helmíntico, o que justifica o número elevado de
heterozigotos nos isolados. Não houve tempo para uma nova geração surgir após a
seleção e indivíduos heterozigotos apresentam níveis moderados de resistência.
4.2.4 – Bubalinos
Gráfico – 7 Frequência de genótipos por animal OPG positivo contaminado por Haemonchus contortus
no rebanho de bubalinos de Campos Altos – MG, 2011.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
BF1 BF2
SS 12 11
RS 3 1
RR 0 0
Gráfico – 8 Frequência de alelos resistentes e susceptíveis por animal contaminado por Haemonchus
contortus no rebanho de bubalinos de Campos Altos – MG, 2011.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
BF1 BF2
S 27 23
R 3 1
Tabela 7 – Teste Equilíbrio Hardy-Weinberg nos parâmetros de estatística F da nos isolados do helminto
Haemonchus contortus no rebanho de bubalino Campos Altos - MG
O rebanho bubalino, segundo dados do IBGE (2010), está em torno de três milhões de
cabeças e a aceitação de leite, carne e derivados, vem abastecendo o mercado
estimulando a produção. No entanto há escassez de relatos de estudos sobre a resistência
às parasitoses, muito em função de recente introdução destes animais no mercado
consumidor, principalmente quando comparados com pequenos ruminantes e bovinos.
Sendo assim, é necessária maior atenção, quanto à sanidade parasitária destes animais
visando o controle mais eficiente e evitando a expansão das verminoses.
Gráfico – 9 Frequência genotípica em animais OPG positivos por rebanho de ruminantes infectados por
Haemochus sp
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
BOVINOS OVINOS CAPRINOS BUBALINOS
SS 102 5 55 23
RS 16 78 9 4
RR 0 2 1 0
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
BOVINOS OVINOS CAPRINOS BUBALINOS
S 220 88 36 27
R 16 82 4 3
R – alelo resistente, S – alelo susceptível, nos rebanhos bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos
O teste estatístico χ2= 105,71 indicou que há diferença significativa (p=0,00) entre as
frequências alélicas dos isolados de Haemonchu sp nos diferentes rebanhos de
ruminantes das propriedades testadas. A frequência de alelos R foi maior para
Haemonchus contortus que para Haemonchus placei. De fato ocorrem mais relatos na
literatura de ocorrência de resistência em Haemonchus contortus e poucos relatos de
resistência em Haemonchus placei (Coles, 2002; Suherland and Leathwick, 2011).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ABOTT, E. M.; PARKINS; J. J.; HOLMES, P. H. The effect of dietary protein on the
parthogenesis of acute ovine haemonchosis. Veterinary Parasitology, v.20, n.4, p.275-
289, 1986.
ABRÃO, C.A.; ABRÃO, S.; VIANA, C.H.C.; VALLE, R.C. Utilização do método
Famacha no diagnóstico clínico individual de hemoncose em ovinos no Sudeste do
Estado de Minas Gerais, Revista Brasileira de Parasitologia veterinária, v.19, n.1,
p.6870, 2010.
BEECH, R.N.; PRICHARD, R.K.; SCOTT, M.E. Genetic variability of the beta-tubulin
genes in benzimidazole-susceptible and resistant strains of Haemonchus contortus.
Genetics, v.138, p.138-10, 1994.
BLOUIN, M.S., YOWELL C. A.; COURTNEY, C.H.; DAME, J.B. Host movement
and the genetic structure of populations of parasitic nematodes, Genetics, v.141, p.
1007-1014, 1995.
60
BRUCE, J.I., New anthelmintics. International Journal for Parasitology, v.17, p.483-
491. 1987.
COLES, G. C.; BAUER, C.; BORGSTEED, F. H. M.; GERTS, S. et al Methods for the
detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary importance. Veterinary
Parasitology, v.44, p. 35-44, 1992.
CRAVEN, J.; BJORN, H.; BARNES, E.H.et al; Comparison of in vitro tests and faecal
egg count reduction reduction test in detecting anthelmintic resistance in horse
strongyles. Veterinary Parasitology, v.85, n.1, p.49-59, 1999.
DRUDGE, J. H.; SZANTO, J.; WYATT, Z. N.; ELAM, G.- Field studies on parasite
control in sheep: Comparison of thiabendazole and phenothiazine. American Journal of
Veterinary Research, v.25, p. 1512-1518, 1964.
ELARD, L.; CABARET, J.; HUMBERT, J.F. PCR diagnosis of benzimidazole susceptibity
or – resistance in natural populations of the small ruminant parasite, Teladosargia
circumcincta. Veterinary Parasitology, v.80, p.231-237, 1999.
ELARD, L.; COMES, A.M.; HUMBERT, J.H. Sequnces of β-tubulin cDNA from
benzimidazole-susceptible and –resistant strains of Teladorsagia circumcincta, a
62
HALL, C.A. ; KELLY, J. D.; WHITLOCK, H.V. et al., Prolonged effect of closantel
and disophenol against thiabendazole select resistant strain of Haemonchus contortus in
sheep. Resarch in veterinary science, v.31, p.104-306 1981.
HARTL, D.L. Princípios de genética de população. 3 ed. São Paulo: Editora Funpec,
2008. Endogamia. p.41.
HASHMI, S.; TAWE, W.; LUSTGMAN, S. Caenorhadbditis elegans and study of gene
function in parasites. Trends in Parasitology, v.17, p.387-393. 2001.
JABBAR, A.; IQBAL, Z.; KERBOEUF, D.; MUHAMMAD, G.; KHAN, M.N.; AFAQ,
M. Anthelmintic resistance: the state of play revisited. Life Sci, v.79, p.2413-2431,
2006.
64
JASMER, D.P.; YAO, C.; REHMAN,A.; JOHSON, S. Multiple lethal effects induced
by a benzimidazole anthelmintic in the anterior intestine of the nematode Haemonchus
contortus. Molecular Biochemical Parasitology, v.105, n.1, p.81-90. 2000.
KREVECK, R. C.; GROENEVELD, H. T.; VAN WIK, J. A., Effects of time of day,
season and stritum on Haemonchus contortus and Haemonchus placei third-stage larvae
on irrigated pasture. Veterinary Parasitology, v.40, n.(1-2), p.87-98, 1991.
LACEY, E. The role of the cytoskeletal, tubulin, in the mode of action and mechanism
of drug resistance to benzimidazoles. International Journal for Parasitology, v. 20, n.7,
p.105-111.1988.
O’GRADY, J.; KOTZE, A.C. Haemonchus contortus: in vitro drug screening assays
with the adult life stage. Experimental Parasitology, v. 106, n. 3-4, p.164-172.2004.
RAMOS, C. I.; BELLATO, V.; SOUZA, A.P.; ÁVILA, V.S. et al Epidemiologia das
helmintoses gastrintestinais de ovinos no Planalto Catarinense. Ciência Rural, v.34, n.6,
p.1889-1895. 2004
SILVESTRE, A., SAUVE, C., CORTET, J., CABARET, J., Contrasting genetic
structures of two parasitic nematodes, determined on the basis of neutral microsatellite
markers and selected anthelmintic resistance markers. Molecular Ecology v.18, n.24, p.
5086-5100. 2009.
SILVESTRE, A., SAUVE, C., CORTET, J., CABARET, J., Contrasting genetic
structures of two parasitic nematodes, determined on the basis of neutral microsatellite
markers and selected anthelmintic resistance markers. Molecular Ecology , v.18, n.24,
p. 5086-5100. 2009.
68
TAMURA, K.; PETERSON, D.; PETERSON, N.; STECHER, G.; NEI, M., KUMAR,
MEGA5: molecular evolutionary genetics analysis using maximum Likelihood,
evolutionary distance, and maximum parsimony methods. Molecular Biology and
Evolution (submitted) (Publication Disponível em: (http//:kumarlab.net/publications).
2011
Van WYK, J.A.; STENSON, M.O.; Van DER MERWE, et al; VILJOEN, P.G.
Anthelmintic resistance in South Africa: surveys indicate an extremely serious situation
in sheep and goat farming. Oderstepoort Journal Veterinary Research, v.66, p.273-284,
1999.
Van WYR, J. A.; HOSTE, H.; KAPLAN, R. M.; BESIER, R. B., Target selective
treatment for worm management-How do we sell rational program to farmers?
Veterinary Parasitology, v.139, p.336-346, 2006.
VATTA, A.F.; LETTY, B. A. van der LINDEN, M. Testing for clinical anaemia
caused by Haemonchus spp. In goats farmed under resourcepoor conditions in South
África using na eye colour chart developed for sheep. Veterinary Parasitology, v.80,
p.239-249. 1999.
69
WILIANS, J. C., Anthelmintic treatment strategies: current status and future. Veterinary
Parasitology. v.72, p.461-477, 1997.