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Recursos hídricos disponíveis:

 Águas superficiais: rios, lagos, lagoas e albufeiras


 Águas subterrâneas: (até 800 metros de profundidade) nascentes naturais e lençóis de água que retêm a água da
infiltração.

Disponibilidades hídricas: quantidade de água disponível – dependem do volume de precipitação e da sua distribuição ao longo do
ano.

Em Portugal, a distribuição espacial de precipitação também apresenta contrastes:

 Norte litoral e áreas montanhosas: chega a atingir mais de 3000 milímetros;


 Sul do Tejo: valores inferiores a 800 milímetros, que decrescem para o Interior e para o Sul;
 Regiões Autónomas: (devido à situação geográfica e ao relevo) também apresentam desigualdades.

Dificultam a gestão dos recursos hídricos, tanto mais que as maiores necessidades de consumo se verificam na época de
menor disponibilidade hídrica: o verão.

Rede hidrográfica – conjunto formado pelo rio principal e os seus afluentes e subafluentes.

Dos rios portugueses destacam-se:

 Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana – rios internacionais (nascem em Espanha);


 Vouga, Mondego e Sado que nascem em território nacional.

- Na sua maioria, os rios escoam no sentido nordeste-sudoeste (inclinação geral do relevo).

- Os outros têm várias direções: Guadiana: Norte/sul; Sado: Sul/norte.

- Norte do país: rede hidrográfica mais densa; maior declive ao longo do seu percurso e vales mais profundos;

- Sul: relevo mais aplanado; cursos de água com menor declive; vales mais largos.

Características dos rios

 Perfil longitudinal: linha que une vários pontos do fundo de um rio, desde a nascente até à foz;

 Perfil transversal: linha que resulta da interseção, num determinado ponto, de um plano vertical com o vale,
perpendicularmente à sua direção.

A Norte do Tejo, os rios apresentam um perfil longitudinal mais irregular, devido ao relevo acidentado; a sul, o relevo aplanado
permite que os cursos de água tenham perfis longitudinais mais regulares.

O perfil transversal ou vale, apresenta diferentes formas da nascente até á foz.

A: A montante (nascente) quase sempre o rio corre num vale estreito e profundo (vale em V/ garganta)

B: Para jusante, vale mais largo e menos profundo.

C: vale aberto em planícies, por vezes muito extensas.


Regiões Autónomas: cursos de água poucos extensos (ribeiras); perfil longitudinal com declive pouco acentuado; vales encaixados
(V) que levam à formação de numerosas cascatas.

As principais bacias hidrográficas

Bacias hidrográficas: superfícies onde todas as águas escoam numa sequência de ribeiros, rios e, eventualmente, lagos e lagoas,
desembocando numa única foz.

As mais extensas são internacionais – bacias hidrográficas luso-espanholas – têm uma forte dependência face a Espanha, embora
em território espanhol o escoamento anual médio – parte da água da precipitação que, em média, escorre à superfície ou em canais
subterrâneos – seja inferior ao de Portugal Continental.

Balanço hídrico: distribuição da precipitação pela evapotranspiração e pelo escoamento superficial e subterrâneo.

Nas Regiões Autónomas, as bacias hidrográficas são de dimensão bastante reduzida, sobretudo nos Açores.

Variação do caudal dos rios

Acontece devido à irregularidade temporal e espacial da precipitação, que confere ao escoamento uma acentuada sazonalidade.

Tanto a precipitação como o escoamento são mais elevados nas bacias hidrográficas situadas a norte, com grande destaque para a
do Rio Minho.

A acentuada variação da precipitação e do escoamento reflete-se no caudal dos rios – volume de água que passa numa dada seção
de um rio, por unidade de tempo.

A diferença entre os caudais de inverno e verão permite considerar que, em Portugal, o regime dos rios – variação do caudal ao
longo do ano – é irregular, com caráter torrencial. No entanto existem algumas diferenças:

 Norte: ocorrência de cheias frequentes, no inverno e início da primavera, redução do caudal no verão, mas sempre com
escoamento;
 Sul: cheias pouco frequentes (inverno e primavera), redução acentuada dos caudais, chegando às vezes a secar;
 Regiões Autónomas: caudais das ribeiras atingem frequentemente volumes elevados, provocando cheias (muitas delas
secam no verão), nos Açores, a irregularidade dos caudais é menos acentuada.

A ação humana também influencia o regime dos rios. Por um lado, contribui para regularizar os caudais, construindo barragens
que:

 Na época de maior precipitação, retêm a água das albufeiras, evitando muitas cheias;
 Na época estival, impedem que os rios sequem completamente (escoamento mínimo).

Por outro lado, a ocupação humana das bacias hidrográficas agrava o efeito das cheias, pois:

 Obstrução de linhas de água;


 Impermeabilização dos solos;
 Destruição da cobertura vegetal.

Lagos, lagoas…

Existem outros reservatórios de água doce ou salobra (mistura de água doce e salgada). Uns são de maior dimensão – os lagos –
outros mais pequenos – as lagoas – ambos correspondendo a depressões de pouca profundidade onde a água se acumula.
Localizam-se sobretudo na faixa litoral, sendo a maioria de origem marinho – fluvial, como a ria de Aveiro e as lagoas de Óbidos,
de Santo André, da Pateira de Fermentelos e de Albufeira. No Interior, destaca-se a Lagoa Comprida, na Serra da Estrela, de
origem glaciária. Nos Açores formam-se numerosas lagoas de origem vulcânica.

…E albufeiras

As albufeiras – reservatórios de água doce construídos pelo homem – potencializam as disponibilidades hídricas, permitem a
acumulação de reservas para o abastecimento da população.

A distribuição geográfica do relevo e as características da rede hidrográfica tornam mais fácil a construção das barragens no Norte
e Centro do país. No Sul, as albufeiras têm contribuído sobretudo para uma melhor gestão da água, nomeadamente para os usos
domésticos e agrícola.

As águas subterrâneas

Os aquíferos

Água subterrânea – água que circula ou que se acumula no subsolo, a maior ou menor profundidade. Assim, a precipitação é a
principal fonte de abastecimento das toalhas freáticas – lençóis de água subterrânea que circulam ou que se acumulam em
aquíferos – formações geológicas permeáveis cujo limite inferior e, por vezes, também o superior, é constituído por rochas
impermeáveis.

 As formações rochosas de xisto, granito e basalto são pouco permeáveis e dificultam a infiltração da água e da formação
de aquíferos importantes;
 As rochas sedimentares de origem detrítica, como os arenitos e as areias, são bastante permeáveis, permitindo a
infiltração da água e a formação de aquíferos;
 As rochas sedimentares de natureza calcária ou cársica têm calcite na sua composição, substância que se dissolve na água
por ação do ácido carbónico provocando a abertura de fendas e fissuras por onde a água se infiltra. Origina-se, assim um
sistema de escoamento subterrâneo denominado toalha cársica – toalha freática em áreas de formações geológicas de
natureza calcária.

Produtividade aquífera – quantidade de água que é possível extrair continuamente de um aquífero em condições normais sem
afetar a reserva e a qualidade da água. Em Portugal existem quatro unidades hidrogeológicas (que influenciam as disponibilidades
hídricas, que são maiores onde formações rochosas são mais permeáveis e porosas.

No Maciço Antigo: xistos e granitos (menores disponibilidades hídricas). Nas Orlas Sedimentares Ocidental e Meridional: rochas
sedimentares detríticas e calcárias (aquíferos porosos e cársicos – elevada disponibilidade hídrica). Nas Bacias Sedimentares do
tejo e do Sado: formações sedimentares detríticas – aquíferos porosos que correspondem ao mais extenso sistema aquífero da
Península Ibérica e à mais importante unidade hidrogeológica do País.

A utilização das águas subterrâneas

Os aquíferos são importantes reservatórios subterrâneos de água, apresentando vantagens relativamente aos superficiais:

 Não há perda de água por evaporação;


 A sua dimensão não se reduz por efeito da deposição de sedimentos;
 Não existem custos de conservação.

As águas subterrâneas são a principal fonte de abastecimento de água utilizada em Portugal.

O consumo de água é mais elevado nas bacias hidrográficas do Douro, do Mondego e do Tejo, facto que se justifica por nestas
bacias se concentrarem o maior número de pessoas.

A manutenção das reservas e da qualidade de água dos aquíferos é, assim, muito importante e depende:

 Recargas naturais;

 Da intensidade da exploração;
 Dos cuidados com a sua preservação.

É fundamental que a captação de águas subterrâneas seja inferior á produtividade dos aquíferos, para evitar a sua sobre-
exploração.

A deterioração da qualidade da água subterrânea pode ser provocada, direta e/ indiretamente por processos naturais ou pelas
atividades humanas, ou ambas.

Águas Minerais e termais

A composição química da água subterrânea varia com as características geológicas das áreas que percorre, podendo encontrar-se
águas com qualidades minerais e específicas - as águas minerais.

Algumas águas subterrâneas, além do teor em sias minerais, contêm gás carbónico e são mais quentes – águas termais. A
exploração destas águas é feita com fins medicinais, mas têm também uma componente turística muito importante.

O termalismo tem registado no nosso país, um certo desenvolvimento, que se deve principalmente:

 À inscrição do turismo termal numa das tendências atuais- á procura de espaços naturais e ecologicamente preservados;

 À crescente importância atribuída ao desenvolvimento regional.

Gestão das águas

Importância de planear a utilização dos recursos hídricos

Sendo a água um recurso indispensável e fator condicionante das atividades produtivas, importa fazer uma gestão adequada da sua
utilização.

Têm-se desenvolvido:

 Plano nacional da água


 Planos da bacia hidrográfica
 Planos de ordenamentos de albufeiras de águas públicas
 Plano estratégico de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais
 Programa nacional para o uso eficiente da água.

O planeamento dos recursos hídricos é cada vez mais importante pois a pressão sobre a água tem aumentado, devido ao seu maior
consumo, isto explica-se tanto pela melhoria das condições de vida como pelo desenvolvimento dos sistemas de captação e
distribuição de água.

Principais problemas na utilização da água

Poluição

A utilização dos recursos hídricos comporta alguns problemas e riscos ambientais que poderão comprometer a quantidade e a
qualidade da água disponível.

Os efluentes domésticos são uma das maiores fontes de poluição dos cursos de água.

Os efluentes industriais podem conter elevadas cargas tóxicas e teores em metais pesados como o mercúrio: O vale do Tejo e a
faixa litoral entre Viana do Castelo e Aveiro.

Os efluentes da atividade pecuária são, no essencial, semelhantes aos dos efluentes domésticos.
A poluição provocada pela agricultura tem os produtos químicos, sobretudo os pesticidas e os fertilizantes ricos em nitratos e
fosfatos, dissolvem-se na água da rega ou da chuva e infiltram-se no solo.

Outros problemas

 A Eutrofização- crescimento anormal de algas e de outras espécies vegetais devido ao lançamento de efluentes.
 A salinização da água dos aquíferos.
 A desflorestação

Estes problemas levaram à definição legal de várias zonas sensíveis de onde se incluem as respetivas bacias drenantes, e nas quais
as descargas devem obedecer às normas que visam repor e conservar a qualidade da água.

Abastecimento e consumo de água

Em Portugal Continental, os maiores consumos e necessidades de água verificam-se nas bacias hidrográficas de maior dimensão,
à exceção da do rio Guadiana, mas o fator de diferenciação mais importante é a forte ocupação humana dessas bacias, sobretudo
junto ao Litoral.

Em todas a bacias hidrográficas, as necessidades previstas ainda são superiores ao consumo.

Nas áreas rurais, os custos médios por habitante, da instalação das redes de abastecimento são mais elevadas, tornam-se mais
difícil á construção de infraestruturas. Por outro lado, no caso do Noroeste de Portugal Continental, a abundância de águas permite
o autoabastecimento, através de furos e poços.

As captações de água fazem-se a partir de meios superficiais e subterrâneos.

A maior densidade de captações subterrâneas verifica-se nas orlas Sedimentares Ocidental e Meridional e na Bacia do tejo e do
sado.

As captações superficiais localizam-se predominantemente no Maciço Antigo; na Ilha do Porto Santo, existe uma estação de
dessalinização das águas do mar para abastecimento para a população da ilha.

E controlo da qualidade da água

A rede das estações de verificação da qualidade da água de superfície permite caracterizar a água relativamente às suas
propriedades físicas, químicas e biológicas.

No que respeita às águas subterrâneas, existe uma rede de pontos de observação da quantidade da água, ou seja, dos níveis dos
aquíferos, e outra de verificação da sua qualidade.

Armazenamento de água

Tem-se procurado garantir o armazenamento de água doce, através da construção de barragens para diferentes usos. As bacias
hidrográficas internacionais destacam-se, não só pelo maior número de albufeiras, como pela sua maior capacidade de
armazenamento de água. Com a construção da barragem do Alqueva, a bacia do Guadiana tornou-se no Maior reservatório do
país.

Devem ser feitos estudos prévios, um planeamento adequado, em articulação com outras ações de ordenamento do território, e de
ser garantida a participação da população no processo de decisão.

As barragens permitem também a transferência de reservas hídricas entre diferentes bacias hidrográficas – transvases. A opção
pelos transvases poderá ter implicações negativas como, por exemplo, a redução do escoamento a jusante do transvase e as peras
de água devido á maior evaporação e infiltração, se o transporte não se efetuar por condutas fechadas.

Tratar e preservar os recursos hídricos


As redes de drenagem e de tratamento das águas residuais desempenham um papel fundamental na proteção e conservação dos
recursos hídricos.

A distribuição regional de investimento em infraestruturas de drenagem e tratamento de águas residuais em «baixa» prevista no
PEAASAR tem em conta esta situação de desigualdade.

Outras medidas podem contribuir para a preservação dos recursos hídricos:

 Regulamentação e fiscalização de efluentes poluidores nos cursos de água e nos solos;


 A aplicação do princípio «poluidor-pagador»;
 Incentivo às empresas para a reconversão da sua tecnologia;
 Corresponsabilização dos diferentes agentes económicos.

Planear para gerir, preservar e potencializar

Plano Nacional da água, que incluiu os planos regionais dos Açores e da Madeira, e dos planos da Bacia hidrográfica é um
importante passo em frente no domínio da gestão da água.

Política Nacional da água:

 Um melhor conhecimento das disponibilidades e potencialidades hídricas;


 Uma melhor distribuição e utilização da água;
 A proteção, conservação e requalificação dos recursos hídricos;
 O estabelecimento de um quadro estável de um relacionamento com Espanha;
 Uma gestão dos recursos hídricos em articulação com os restantes setores de ordenamento do território.

De acordo com a legislação portuguesa, deverão ser elaborados Planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, que
compreendem uma área na qual se entrega o Plano de Água e a zona envolvente de proteção.

A gestão planeada e consertada dos recursos hídricos conduzirá a medidas de potencialização como:

 O aumento da capacidade de aprovisionamento;


 A organização e rentabilização dos sistemas de abastecimento público.

A cooperação internacional

Para Portugal, a regulamentação e o cumprimento das normas comunitárias e da convenção Luso – Espanhola assume maior
importância, pois é ao território português que afluem as águas vindas de Espanha. Assim, pode ocorrer problemas como:

 A poluição das águas espanholas;


 A construção das novas barragens ou a realização dos transvases no território espanhol.

A convenção Luso-espanhola prevê estas situações, e define caudais mínimos e parâmetros de qualidades das águas.

Racionalizar o consumo da água

Foi elaborado o programa nacional para o uso eficiente da água, que aponta uma maior racionalização do consumo.

Na agricultura, a atividade que consome maior quantidade de água, em Portugal, os desperdícios podem ser evitados:

 No transporte da água em condutas fechadas;


 Na irrigação, utilizando outras técnicas de rega;
 Com a seleção de culturas adaptadas;
 Pela reutilização de água tratada.

Na indústria:

 Utilização de tecnologias mais eficientes;


 Utilização da mesma água para fins diferentes;
 Da instalação de sistemas de tratamento das águas residuais que permitam a sua reutilização.

No setor urbano, o consumo mais significativo é o doméstico, cuja estrutura evidencia a importância das atitudes da
racionalização desse consumo.

O programa nacional para o uso eficiente da água preconiza o aumento significativo da eficiência do uso da água, num período de
10 anos.

Outras formas de potencializar os recursos hídricos

Os recursos hídricos também servem de suporte a inúmeras atividades de lazer, a navegação turística e a atividades como as
culturas biogenéticas e a exploração de inertes.

A navegação de lazer é praticada em muitos rios e albufeiras, mas destaca-se no Douro (e navegação comercial), onde existem
infraestruturas de apoio à navegação que permitem uma oferta de turismo fluvial qualificada.

São as culturas biogenéticas – reprodução, engorda, crescimento ou melhoramento das espécies aquícolas – sujeitas a
licenciamento e ao cumprimento de normas que visam proteger os meios hídricos.

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