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Conselho Federal de Administração

200009
9 771517
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO-AGOSTO 2019

CHOQUE
de
GERAÇÕES
Millennials, Baby Boomers, X e Z. Quem são os profissionais
que fazem hoje o mercado de trabalho no mundo
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

editorial 4

IMPORTÂNCIA DA
ADMINISTRAÇÃO
E DO CFA PARA
O BRASIL
Adm. Rogério Ramos

CRA-TO Nº 011
Vice-presidente do Conselho Federal de Administração

Desde o início do ano, temos visto com entusiasmo, no CFA, a criação de ações
e manutenção de atividades realizadas em anos anteriores pelo Conselho.
Na área de fiscalização, estamos em início de parceria e aprimoramento de
um sistema informatizado, a fim de cruzarmos informações e sermos mais
precisos, ao encontrar locais em que há problemas de registro e aplicação da
legislação que nos compete.
Em nossos projetos, temos contemplado áreas de importância para o país,
por isso trabalhamos na disseminação de ferramentas como o CFA-Gesae e o
IGM-CFA. Inclusive, neste ano, esses recursos foram aprimorados, de modo a
oferecer ainda mais informações que servem de subsídio para tomada de decisão
de gestores nas áreas de: Saúde, Água e Esgoto, e na avaliação de desempenho
gerencial de mais de 5 mil municípios brasileiros.
No âmbito da formação profissional, temos realizado cursos de capacitação
de administradores para serem consultores de negócios, especializados em
micro e pequenas empresas, e no desenvolvimento do empreendedorismo nas
escolas de ensinos fundamental e médio. Fazemos parte, com muito orgulho,
do Fórum Permanente de Micro e Pequenas Empresas, grupo seleto formado
por instituições como Ministério da Economia, Sebrae, Banco do Brasil e Caixa
Econômica - só para citar alguns dos importantes parceiros.
Projetos externos do CFA têm sempre o acompanhamento de colabo-
radores dedicados, que trabalham arduamente na proposição de temas de
interesse do profissional de Administração. Também há o incansável trabalho
de disseminação desta ciência que move a economia, não apenas do Brasil,
mas de todos os países do mundo.
Recentemente, realizamos o Fórum Internacional de Administração (FIA),
em Palmas-TO, que reuniu profissionais e empresários, em ampla discussão
sobre o tema ‘Liderança e Empreendedorismo’. Tivemos, também, a grata satis-
fação de receber na abertura do FIA o vice-presidente da república, Hamilton
Mourão, que em sua palestra surpreendeu a todos com seus conhecimentos
em História, Geografia e Geopolítica.
Representantes de entidades internacionais de administração e de diversos
países se fizeram presentes. Neste ano, o fórum foi realizado concomitantemente
à exposição ‘Arena do Conhecimento’, do SEBRAE; e à ‘Feira de Negócios de
Palmas (Fenepalmas)’, dando caráter mais profissional ao contexto dos eventos.
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ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

Trabalhamos como equipe, tanto apenas ter o diploma, e não adquirir


no FIA quanto em nosso dia a dia, a registro nos conselhos profissionais,
fim de que nossas câmaras, ou setores, eu lhes deixo uma reflexão. Se não
possam desempenhar suas atividades houver o registro, não há conselhos.
com sucesso e cooperação. Munidos E sem os conselhos, quem fará a fis-
desta ordem, podemos efetuar ser- calização para que profissionais sem
viços de fiscalização, cursos, e criar as devidas competências atuem nas
parcerias e benefícios a todos os pro- áreas de Administração, ou mesmo,
fissionais da Administração que são Medicina, Direito, Contabilidade,
registrados e nos apoiam. Nutrição, etc.?
Para aqueles que ainda não se É incontestável a importância dos
registraram, temos um chamado conselhos serem cada vez mais fortes,
especial a fazer. Sintam-se todos pois quem fará a defesa jurídica de
convidados a fazer parte do Siste- temas de interesse de toda a classe
ma CFA/ CRAs, cadastrando-se nos profissional, junto aos poderes pú-
Conselhos Regionais, e a participar blicos como Executivo, Legislativo
com sugestões e críticas, positivas, e Judiciário? Um conselho não atua
que auxiliem no desenvolvimento da apenas na fiscalização ou no ofereci-
profissão e no aumento da importân- mento de cursos e benefícios: é antes
cia que temos para o país. de tudo um guardião da profissão que
Não há dúvidas de que ocupare- eles representam.
mos um lugar de destaque no Bra- Nesse sentido, o CFA tem lutado,
sil. Isso, não apenas por que temos antes de tudo, para o aprimoramento
o maior número de formados entre dos mecanismos legais que por vezes
todos os cursos de graduação do pa- impedem ou impactam na atividade
ís, mas, sim, pela importância que a de fiscalização. Ao resolvermos tais
própria Administração tem para as questões, teremos uma fiscalização
gestões pública e privada. Ambas são mais eficiente e um conselho mais
os motores geradores de progresso, forte.
de empregos e de oportunidades. Como administradores, somos pro-
No dia do profissional de adminis- tagonistas na formação de emprego
tração, celebrado em 9 de setembro, e renda no Brasil. E não podemos nos
pudemos verificar a deferência com furtar de ocupar o nosso lugar de des-
que nosso segmento é tratado, tanto tino, uma vez que trabalhamos para
na Câmara dos Deputados quanto no a formação de novas empresas, com
Senado Federal. A discussão da Pro- vistas a alcançar a sustentabilidade
posta de Emenda à Constituição n.º das mesmas.
108, de 2019, desencadeou o apoio de Convido a todos os profissionais,
vários políticos que querem o bem do da Administração ou não, a conhe-
Brasil e têm visão de futuro. cerem a importância desta atividade
As maiores instituições públicas e para o país, bem como o trabalho do
privadas do país estão sob o comando Sistema CFA/CRAs nas articulações
de profissionais de administração. É política, legal e prática – dentro e fora
necessário, pois, ter preparo teórico, do nosso campo de atuação. Muito
técnico e experiência, adquiridos com além de críticas ou elogios, precisa-
anos de dedicação e estudo em cursos mos do seu apoio para conquistar a
especializados. mesma força que a Administração
Para aqueles que se contentam em possui em outros países.
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sumário 6

10
18
Acordo entre Senado discute a
Mercosul e União área de Coaching,
Europeia, entenda preocupado com
o que pode banalização da
mudar no Brasil profissão

22
Presidente da
Especialistas
Acad conta sua
explicam como
trajetória de vida
a má gestão
e os caminhos
e a corrupção
para o sucesso
prejudicam o país
profissional

14
26
Baby boomers,
Millennials, X e Z.
O que o choque
das gerações têm
a ver com você

30 38 52
2
Gestão Esportiva
tem potencial Dia do
Após 50 anos - O
inexplorado no Profissional de
que mudou com a
país. Por que Administração
viagem do homem
fazê-la, onde é celebrado
à Lua.
fazer e quem a no Congresso
faz no Brasil Nacional (CN)
expediente
EDITOR
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CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2019/2020
leitor Adm. Fábio Mendes macêdo (AC) • Adm. Carolina Ferreira Simon
Maia (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. José Carlos de
Sá Colares (AM) • Adm. Roberto Ibrahim Uehbe (BA) • Adm. Fran-
cisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior
(DF) • Adm. Hércules da Silva falcão (ES) • Adm. Ivany Rosa de
Oliveira (GO) • Adm. Aline Mendonça da Silva (MA) • Adm. Norma
Sueli Costa de Andrade (MT) • Adm. Gracita Hortência dos Santos
Barbosa (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm.
Mauro dos Santos Leonidas (PA) • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva
Maia Costa (PB) • Adm. Amilcar Pacheco dos Santos (PR) • Adm.
José Carlos Gomes de Souza (PE) • Adm. Pedro Alencar Carvalho
Silva (PI) • Adm. Wagner Siqueira (RJ) • Adm. Ione Macêdo de Me-
deiros Salem (RN) • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober (RS) • Adm.
André Luís Saoncela da Costa (RO) • Adm. Ellen Regina dos Santos
Lobo (RR) • Adm. Ildemar Cassias Pereira (SC) • Adm. Mauro Kreuz
A RBA é uma fonte de atualização (SP) • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa (SE) • Adm. Rogério
Ramos de Souza (TO)
que traz ótimos conteúdos
para os profissionais. DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2019/2020
Presidente: Adm. Mauro Kreuz
Paulo Guerreiro Vice- Presidente: Adm. Rogério Ramos
Diretor Administrativo e Financeiro:
Adm. Francisco Rogério Cristino
O especial da edição 131 trouxe Diretor de Fiscalização e Registro:
Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior
noção de empreendedorismo Diretora de Formação Profissional:
que agregará muito na minha Adm. Cláudia de Salles Stadtlober
Diretor de Desenvolvimento Institucional:
carreira profissional. Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa
Lúcia Carvalho Diretor de Relações Internacionais e Eventos:
Adm. Gilmar Camargo de Almeida
Diretor de Gestão Pública:
Adm. Fábio Mendes Macêdo
Utilizo muito, em minhas aulas, Diretora de Estudos e Projetos Estratégicos:
as reportagens da RBA. Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa

Raoni Oliveira CONSELHO EDITORIAL


Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero •
Prof. Milton Mira de Assumpção Filho

CONSELHO DE PUBLICAÇÕES
Adm. Francisco Rogério Cristino • Adm. Carlos Alberto Ferreira
Júnior • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober • Adm. Diego Cabral
Ferreira da Costa • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. Fábio
Mendes Macêdo • Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa •
Adm. Aline Mendonça da Silva

COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS


Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa

PRODUÇÃO
Coordenação Geral: Renata Costa
Editor: Leon Santos
Projeto gráfico: Renata Maneschy
Diagramação: André Eduardo Ribeiro
Revisão: Leon Santos e Daniel Bruce
Tiragem: 2 mil exemplares
Fotos: shutterstock.com e arquivo do CFA

A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal


de Administração sob a responsabilidade da Câmara de
Desenvolvimento Institucional.

As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA.

OUVIDORIA DO CFA
cfa.org.br/canal-ouvidoria/
Telefone: 0800-647-4769
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entrevista 10

HUMILDADE,
PERSEVERANÇA,
ESTUDO E DEDICAÇÃO
SÃO AS MARCAS DE
JOÃO ALVES DE MELO
Presidente da ACAD fala sobre administração, história
de vida e como ele chegou ao topo da carreira

POR LEON SANTOS


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Atual presidente da Academia Cearense


de Administração (Acad), e doutor em
Gestão nas Organizações de Empresas,
o administrador João Alves de Melo é
o entrevistado desta edição da Revista
Brasileira de Administração (RBA).
Funcionário de carreira do Banco do
Nordeste do Brasil (BNB), Melo passou
por cargos como caixa, chefe de setor
e gerente, até chegar à presidência do
banco, em 1992. Atualmente, também é
professor da Universidade Estadual do
Ceará (Uece).
entrevista 12

RBA: Professor, qual seria hoje o


maior desafio para um administrador,
sobretudo, um administrador público?
João Alves: Olha, o administrador
público tem um campo de atuação
imenso, porque praticamente se cons-
truiu muito pouco nessa área. A ad-
ministração pública, no Brasil, ainda
tem um viés muito forte, ela trabalha
olhando dois eixos, a política e a ges-
tão. É difícil você conseguir operar
com eficiência e eficácia recursos
escassos, olhando esses dois eixos e
fazendo o atendimento daquele que
vem através do eixo político. Dificil-
mente, você consegue ser eficiente. E,
naturalmente, para você vencer isso é
preciso mudança de cultura.

O senhor é doutor em Gestão e Or-


ganização de Empresas. Quais são os
principais erros de cultura organiza-
cional nas empresas, sobretudo, nas
instituições públicas? cimento da importância da profis- objetivamente, num prazo determi-
Com relação às organizações públicas, sionalização para o crescimento na nado. Mas, se você quer ter eficácia,
eu digo que este é um erro de origem. administração. O Ceará, por exemplo, você tem que procurar um profissio-
Começou-se a pensar no Brasil - isso já está oferecendo cursos de atualiza- nal que saiba onde é que tem água,
nas três esferas de governo, federal, es- ção para todos aqueles que queiram porque não adianta perfurar poço
taduais e municipais - que aquilo que crescer profissionalmente. sem água.
deveria prevalecer no encaminhamen- Faça primeiro um estudo para saber
to da gestão era o pensamento político. Ainda sobre administração pública, onde é que tem água, analise a quali-
Quanto ao pensamento político, eu os conceitos de eficiência e eficácia dade dessa água e veja se ela atinge
não digo que é de todo errado fazer po- são diferentes. Qual é a diferença objetivamente aquilo que se deseja. E,
lítica na administração pública. Pelo entre esses dois conceitos, e o que depois, soma a primeira a essa segun-
contrário, sem a política a gente não é preciso para obter o máximo de da parte, e aí você tem eficácia.
caminha. É importante a existência da eficiência e eficácia nos processos de Quer dizer, você não apenas entregou
política para que a gente possa cami- trabalho, sobretudo, na administra- o produto, você entregou o produto na
nhar bem. Mas se, por exemplo, mistu- ção pública? qualidade desejada. Naturalmente, is-
rar as duas coisas quem será escolhido São bem diferentes. Esses dois con- so com conhecimento de causa, fruto
para ser gestor? É o amigo do rei! ceitos a gente poderia até dar um de uma formação que efetivamente
exemplo, aqui, para a pessoa enten- se exigiu para que você chegasse a
Quando o senhor fala em formação, der o que é eficiência e que é eficácia. esse resultado.
seria a capacitação profissional? Por exemplo, alguém quer perfurar Ainda tem um terceiro ponto, é a efe-
Isso mesmo, a capacitação profissio- um poço. Procura um profissional tividade. Efetividade é exatamente
nal é o eixo de correção. E é por isso que efetivamente sabe perfurar po- a entrega do produto certo, de acor-
que eu digo que os novos tempos dos ço, faz aquilo dentro do prazo dese- do com o objetivo visado. Então,
Conselhos de Administração estão jado e executa a perfuração do poço. você tem esses três eixos, eles são
nos levando a isso. Já há o reconhe- Então, isso é eficiência. Executou, complementares.
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O futuro da administração é o empre-


endedorismo? Como ficaria a tecnolo-
gia nesse processo?
As duas palavras se completam. Uma
atua para melhorar um segmento, e a
outra para dar qualidade a esse seg-
mento. Como, por exemplo, o empre-
endedorismo é importante?
Ele é importantíssimo. Sem o empreen-
dedorismo você não terá diversificação
e nem terá crescimento da economia
nos vários segmentos que precisam
crescer. Sem o empreendedorismo, vo-
cê não sabe para onde ir, porque você
não tem conhecimento daquilo e nem
tem certeza de que aquilo possa efeti-
Da esquerda para a direita: vamente lhe dar bom retorno.
Rogério Cristino - diretor administrativo e financeiro do CFA; Tecnologia ajuda a chegar mais rá-
Mauro Kreuz - presidente do CFA e João Alves - presidente da Acad pido àquilo que se deseja e, às vezes,
até traz mais qualidade ao produto.
Quanto mais tecnológico, melhor a
qualidade deste produto.
Não podemos mais viver no século
Qual dos três é mais deficiente na ad- gestão pública. 21, numa economia puramente ma-
ministração pública? No setor privado, nós temos também nual. Então, nós temos que viver em
Eu diria que na administração pública algumas deficiências. Vou citar uma uma economia tecnológica, de cres-
os três são deficientes. Nem temos efi- delas: as empresas brasileiras, de um cimento, de absorção de novas tec-
ciência, nem eficácia, nem efetividade. modo geral, foram no passado empre- nologias, e aceitar que nós estamos
Perdemos muito recurso por conta dis- sas familiares e, muitas delas, se con- caminhando rapidamente para mais
so. Quando você não conhece bem o servam como tal, vai passando de pai uma revolução mundial, que é a inte-
objetivo daquilo onde você vai aplicar, para filho. Então, a empresa familiar ligência artificial. Isso está chegan-
e nem tem um planejamento de prio- tem um viés negativo que é fazer uma do. Não é coisa do futuro lá distante,
ridade para saber se aquela é a priori- gestão autocrata. vai chegar já, já. E isso vai mexer nas
dade maior, então você vai entregar Na gestão autocrata, só o número profissões, vai mexer com tudo.
um produto errado. Porque não teve um toma a decisão, só o número um
planejamento participativo, não procu- sabe o que é bom. Isso não existe
rou saber o que a população deseja em em administração. Administração
primeiro lugar. Então, não foi eficiente, é diálogo, é reunião, é discussão, é Veja a entrevista na
não foi eficaz e não foi efetivo. debate, é buscar o melhor caminho, íntegra em:
porque são muitas cabeças pensan-
O que falta para o Brasil chegar a um do. E como ela não faz isso, tem outro
nível alto de excelência na Adminis- viés terrível. O empresário brasilei-
tração? ro acredita que tudo, todos os seus
Falta aí mais a formação do gestor. investimentos, têm que ter retorno
Gestores com formação e visão de em curto prazo. A visão do mundo
futuro, e direcionamento do esforço é completamente diferente dessa.
para chegar àquilo. Então, nós não O investimento retornará do médio
temos esse tipo de profissional na para o longo prazo.
mercado 14

ACORDO
MERCOSUL E
UNIÃO EUROPEIA
Juntos, os dois blocos representam 1/4 da economia mundial.
Empresas europeias podem investir mais de US$ 110 bilhões no Brasil
POR LEON SANTOS

D epois de 20 anos de ne-


gociação, em junho (28) deste ano,
Mercosul e União Europeia (UE)
regulatória. Entre os segmentos que
podem ser beneficiados estão o agro-
negócio, o sucroalcooleiro, constru-
de desenvolvimento e prosperidade.
Coimbra explica que existe forte
tendência de empresas europeias se
fecharam acordo de livre comércio ção civil e de serviços. instalarem no Brasil, em razão de a
que pode sacudir o mundo. Juntos, Antes do acordo, apenas 24% das mão de obra ser mais barata, do que
os dois blocos representam 25% do exportações brasileiras estavam li- no continente europeu. Com isso, o
Produto Interno Bruto (PIB) mundial vres de tarifas na União Europeia. país teria acesso a novas tecnologias
– US$ 17 trilhões -, com mercado de Com a desgravação (redução de ta- e poderia até mesmo aprender com a
780 milhões de consumidores. rifas), 92% das importações do Mer- nova experiência.
Cálculos do governo federal es- cosul e 95% das linhas tarifárias* “A China é hoje uma potência, por
timam que o acerto poderá trazer entrarão livres de tarifas nos países causa do contato que eles tiveram
aumento de US$ 87,5 bilhões ao PIB integrantes da UE. com indústrias dos Estados Unidos
brasileiro, em 15 anos, podendo che- Para o ex-diretor da Agência Bra- e de países da União Europeia que se
gar até mesmo a US$ 125 bilhões. No sileira de Promoção e Exportações instalaram por lá. Podemos fazer o
mesmo período, poderá haver investi- (Apex), Márcio Coimbra, o acordo re- mesmo que eles: aproveitar esse con-
mentos na ordem de US$ 113 bilhões e presenta avanço considerável na inser- tato para buscar conhecimento e nos
geração de mais de 700 mil empregos. ção do Brasil na economia internacio- reestruturamos, dar um novo rumo
Segundo notas dos Ministérios da nal. Em sua visão, embora o país tenha para nossa economia”, indica.
Economia e das Relações Exteriores, tido problemas políticos e econômi- Além da oportunidade de geração
o pacto visa eliminar, em até 10 anos, cos nos últimos anos - que impediram de empregos, com os investimentos
tarifas para diferentes setores, bem crescimento mais expressivo - existe que serão aportados em território na-
como reduzir barreiras de natureza agora uma nova janela para geração cional, o Brasil terá de investir em qua-
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lificação de sua mão de obra e realizar e por investimentos equivocados”, “Isso indica que serão simplifica-
obras de infraestrutura, com a moder- avalia Coimbra. dos procedimentos de operações co-
nização de seus portos e obras nas vias merciais e reduzidas ou eliminadas

Detalhes do
de escoamento da produção, tais como restrições ao comércio. Também au-
ferrovias, rodovias e hidrovias. menta a competitividade a partir da

Acordo
Segundo o relatório “Melhores facilitação de acesso a tecnologias e
Gastos para Melhores Vidas- 2018”, a insumos necessários para a produ-
do Banco Interamericano de Desen- ção de bens de maior valor agregado”,
volvimento (BID), enquanto China Segundo dados do Ministério da explica Coimbra.
e Índia investem respectivamente Economia, no setor agrícola, o acor- A UE eliminará tarifas de importa-
US$ 500 bilhões e US$ 130 bilhões do entre os dois blocos prevê a li- ção de produtos como suco de laranja,
por ano, o Brasil investiu US$ 55 bi- beralização* de 82% do volume de frutas (melões, melancias, laranjas,
lhões em toda a década. De olho nessa comércio e 77% das linhas tarifárias, limões), café solúvel, peixes, crus-
deficiência, por meio do Programa dando acesso preferencial ao Merco- táceos e óleos vegetais. Além disso,
de Parcerias e Investimentos (PPI), o sul. Já no segmento industrial será aumentará a cota de importação de
governo federal prevê investimentos eliminado 100% das tarifas da UE, em carnes bovina, suína e de aves bem
de R$ 262,1 bilhões para tentar sanar a até 10 anos, com 80% de redução, no como, açúcar, etanol, arroz e mel.
defasagem em relação a outros países momento em que o pacto entrar em No setor industrial, haverá des-
em desenvolvimento. vigor. O Mercosul oferecerá como gravação (redução de impostos) de
“Precisamos compensar o tempo contrapartida a liberalização de 91% produtos químicos, de máquinas,
perdido, em prazo recorde. Passa- do comércio em volume e de linhas equipamentos médicos, autopartes
mos por muitos anos de estagnação tarifárias. (partes de automóveis - como chassis
mercado 16

A China é hoje
uma potência, por
causa do contato
que eles tiveram
com indústrias dos
Estados Unidos e
de países da União e painéis - e peças usadas na monta- Uma vez assinado, o acordo ainda
gem de carros), bem como de mate- deverá passar pela aprovação dos par-
Europeia que se riais têxteis, calçados e metais. lamentos de todos os países membros
instalaram por lá. Para o secretário de Comércio Ex- do Mercosul e pelo Parlamento da
terior e Assessor Internacional do Mi- União Europeia. Por ser uma espécie
Podemos fazer o nistério da Economia, Marcos Prado de confederação, a UE possui parla-
mesmo que eles: Troyjo, o acordo representa avanço mento especial, com participação de
nas questões comerciais e estratégi- representantes de todos os países que
aproveitar esse cas do Brasil, em relação a outros paí- dela fazem parte.
contato para buscar ses do mundo. Ele acredita, ainda, que Até o final desta edição, o pacto en-
haverá maior protagonismo brasileiro tre Mercosul e União Europeia não ha-
conhecimento e nos nas redes de negócios internacionais, via sofrido mudanças, em decorrência
reestruturamos, dar nos próximos anos. das queimadas ocorridas na floresta
“Entre as 15 maiores economias do amazônica. A aliança entre os dois
um novo rumo para mundo, o Brasil é o que tem menor blocos já previa rigorosas cláusulas
nossa economia. proporção e menor fatia do seu Pro- socioambientais - que foram aceitas
duto Interno Bruto, representado pelo pelo Brasil e pelos outros países do
comércio exterior. Um dos efeitos que Mercosul (Argentina, Paraguai, Uru-
Márcio Coimbra, nós esperamos aqui é um aumento guai e Venezuela), no ato da assinatu-
ex-diretor da Agência Brasileira de significativo da corrente de comércio ra. Com a contenção das queimadas, o
Promoção e Exportações (Apex) (entre os dois blocos), pois, com isso, processo foi apaziguado, após ações
o comércio exterior vai ficar mais im- de autoridades brasileiras, federais,
portante para o Brasil”, avaliou. estaduais e municipais.

Linhas tarifárias – Segundo definição do Instituto de Estudos do Comércio e


Negociações Internacionais (Icone), linhas tarifárias são representações precisas
e detalhadas de um produto, conforme o Sistema Harmonizado (padronização
de nomenclatura dos quadros tarifários adotados pela Organização Mundial do
Comércio - OMC).

Liberalização – menos regulamentação, menor interferência governamental no


setor econômico e maior participação de entidades privadas.
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gestão 18

CORRUPÇÃO
E MÁ GESTÃO
Na opinião de especialistas, os dois fatores estão diretamente
relacionados e ocorrem juntos. Entenda o que está por trás
desta realidade e o que pode ser feito para evitá-los
POR LEON SANTOS
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D ados registrados na última


década, no Brasil, têm demonstrado
relação intrínseca entre corrupção e
blicos fraudam processos adminis-
trativos, a fim de obter vantagens de
diferentes ordens: tanto financeiras
má gestão de recursos públicos. Se- quanto políticas.
gundo dados do Ministério Público Para Teixeira, a falta de conheci-
Federal (MPF), o país perde por ano mento e experiência técnica de mui-
R$ 200 bilhões com prejuízos causa- tos agentes públicos contribui para o
dos por crimes ao erário. desenvolvimento de práticas ilícitas,
Casos emblemáticos como o ocor- no âmbito da administração pública.
rido na Petrobrás, ao longo da última “Em qualquer empresa existem
década, geraram prejuízos de pelo ferramentas que ajudam a mensurar
menos R$ 6 bilhões, contabilizados resultados, acompanhar processos e
até 2017, ano da divulgação da pes- a criar indicadores em função daquilo
quisa do MPF. Segundo o pesquisa- que será desenvolvido. Porém, o mais
dor e professor da Fundação Getúlio importante é respeitar rigorosamen-
Vargas, Arthur Igreja, apenas no caso te aquilo que foi planejado: veja, por
da Petrobrás, os prejuízos são muito exemplo, os estádios superfaturados da
maiores do que aqueles calculados Copa do Mundo (realizada no Brasil). O
pelo MPF, chegando à cifra de R$ 50 preço licitado foi um e, no final, houve
bilhões – ao contabilizar mensalões, estádios com valores absurdamente
crimes em empresas concessionárias maiores, quase o dobro, do que aqueles
e superfaturamento em obras públi- apresentados na licitação”, analisa.
cas de infraestrutura.

Tolerância à
“Podemos somar a este cálculo a
desvalorização do preço de mercado

má gestão
da empresa. Com isso, é possível ve-
rificar prejuízo de pelo menos R$ 436
bilhões”, revela Igreja.
O também pesquisador da FGV, Outro problema pouco discutido no
professor Elson Teixeira, concorda Brasil, na relação entre corrupção e
com seu colega. Ele explica a diferen- má gestão, é a intolerância com rela-
ça entre os atores que fazem parte da ção ao primeiro, e a letargia quanto
corrupção e o vínculo existente com ao segundo tema. Para o professor
a má administração. da Faculdade de Direito, da Universi-
Segundo Teixeira, a corrupção dade de São Paulo (USP), José Mau-
passiva acontece quando um agente rício Conti, a corrupção causa mais
público se corrompe, com a finalidade indignação nas pessoas, no entan-
de obter ganho ilícito sobre o projeto to, a má gestão é vista apenas como
que faz parte: seja aquele em que te- despreparo e não como algo grave
nha poder de decisão ou de execução causado ao patrimônio público.
administrativa. Já a corrupção ativa “A má gestão não é facilmente iden-
é quando um agente externo (corrup- tificável e também não é tão dolorosa
tor) alicia um ator interno (servidor às pessoas quanto à corrupção, por
público ou agente público), a fim de isso é considerada culposa, sem inten-
conquistar vantagens, normalmente ção de praticá-la. Existe a percepção
financeiras, em torno de uma fraude. de que a causa da má gestão seria a
Juntos, corruptores e agentes pú- falta de técnicas e conhecimentos
Interferência
gestão 20 requeridos para realizar uma admi- política e o preço
do serviço
nistração eficiente”, revela.
Ainda no fator competência para
assumir postos técnicos, há dissí-
dios entre quem concorde com as Na visão do professor Paulo Motta, da
indicações políticas, e outros que as Escola Brasileira de Administração
veem com desconfiança. Para Conti, Pública, da FGV-RJ, um dos proble-
a indicação de cargos públicos é uma mas da má gestão no Brasil é a inter-
prerrogativa de hierarquia de poder e, ferência política. Ele acredita que tal
Seria preciso em sua visão, não há problema. Mas intromissão em assuntos técnicos
seria preciso haver competência para tem causado sérios problemas à Ad-
existir matriz de o exercício do cargo indicado. ministração Pública.
competência para Colocar alguém em cargo técnico A solução, para Motta, estaria rela-
ou de chefia "sem o devido preparo" é cionada com o ensino e treinamento
indicação de nomes tão doloso às finanças públicas quan- em técnicas de gestão, mas, sobretudo,
a cargos públicos, to à corrupção, na visão do professor estar atento às mais modernas metodo-
e pesquisador da USP. Com exceção logias de Administração e aos cenários
que cumpram dos casos caracterizados como ne- econômicos, políticos e sociais que têm
determinados potismo, para ele não há empecilho ocorrido no mundo. “Está tudo interli-
quando alguém com capacidade téc- gado, não tem jeito. A Administração
requisitos, a fim de nica é indicado para trabalhar em de- lida diariamente com fatos que pas-
não ferir o erário. terminada função. sam por todas essas esferas, por isso
O problema aconteceria quando temos de achar soluções inteligentes e
as indicações são feitas somente em racionais, dentro de um planejamento
José Maurício Conti, função do grau de amizade ou relacio- factível e que faça sentido dentro da
professor da Faculdade namento. “Seria preciso existir matriz realidade onde se vive”, analisou.
de Direito, da USP de competência para indicação de no- Além do ambiente político, outro
mes a cargos públicos, que cumpram fator que tem evidenciado cruza-
determinados requisitos, a fim de não mento entre má gestão e corrupção
ferir o erário”, explica. é a mensuração de preços e de resul-
Já o professor do Departamento de tados em serviços como publicidade,
Gestão de Políticas Públicas, da Uni- informática e consultoria. Segundo
versidade de Brasília (UnB), Ricardo José Conti, ao licitar um serviço de
Correa Gomes, vê o problema da má publicidade é difícil mensurá-lo: des-
gestão como algo mais grave do que de quanto custa de fato o serviço, o
a corrupção em si. Ele acredita que que deve ou não ser feito e como me-
a reação complacente com que são dir o serviço. Ele ressalta que é preciso
tratados os casos de má gestão seja haver mais capacitação profissional,
um dos fatores que faz com que casos de todos os atores envolvidos na ges-
semelhantes se repitam. tão pública, e, também, formar uma
“Entendemos a corrupção como um cultura de que o bem público deve ser
roubo, um desvio grave ou malversa- preservado e que está acima dos inte-
ção do mal feito. Já a má-gestão, resses pessoais.
vemos como simplesmente “Olhando os noticiários todos os
a pessoa não fazer as coisas dias, e também o passado, percebe-
direito. O problema é que mos que já evoluímos bastante neste
o prejuízo provocado pela quesito, ainda que possa parecer o
má gestão também traz contrário. No passado, tanto má ges-
danos irreparáveis ao de- tão quanto corrupção já existiam, mas
senvolvimento do país e não eram tão divulgadas, nem haviam
ao bem-estar de toda a mecanismos legais de coibir tais prá-
sociedade”, avalia. ticas, mas hoje nós temos”, concluiu.
profissão 22

COACHING
EM PAUTA
Atividade pode ser regulamentada ou criminalizada,
em razão de promessas de ‘Cura quântica’ e ‘Reprogramação do DNA’.
Proposta foi criada por iniciativa popular
POR PAULO MELO
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

23

H á pelo menos três décadas, no Brasil,


atividades de Coaching têm sido difundidas em
diferentes áreas profissionais e pessoais, ganhan-
do forte apelo popular. No entanto, promessas
inusitadas têm chamado atenção de autoridades
brasileiras e de profissionais do segmento, que
levaram o assunto ao Senado Federal e pode virar
um Projeto de Lei contra charlatanismo e propa-
ganda enganosa.
Após receber mais de 20 mil assinaturas no
site “e-Cidadania” - plataforma de sugestão de
temas aos parlamentares -, o tema será objeto
de análise na Comissão de Direitos Humanos,
do Senado Federal. Na petição eletrônica, de nú-
mero 26/2019, o texto solicita que “se tornada lei,
não permitirá o charlatanismo de muitos autoin-
titulados formados sem diploma válido” e pede
a proibição de “propagandas enganosas como
reprogramação de DNA e cura quântica, que
desrespeitam o trabalho científico e metódico
de terapeutas e outros profissionais das mais
variadas áreas”.
O Coaching (palavra inglesa que significa trei-
namento ou instrução) é uma atividade que propõe
desenvolvimento ou aumento do desempenho
profissional ou pessoal, em que o coach (profis-
sional que oferece as técnicas) ajuda os coachees
(pessoas que buscam pelos serviços) a alcançar
seus objetivos. Devido à amplitude do conceito,
está associado a diferentes segmentos, entre eles:
psicologia, administração, educação física e co-
municação.
Para a Master Coach, Sahanne Republicano,
certificada na área pela Febracis e pela The Inner
Game International School, conhecer bem a pro-
fissão e o que ela de fato representa é fundamental
não só para o desenvolvimento do profissional
de Coaching, mas também para a segurança da
sociedade.
“O profissional deve saber exatamente os limi-
tes de sua atuação. Há pessoas que confundem
coaching com processos clínicos, terapêuticos
e aconselhamentos. No entanto, a atividade é
uma metodologia multidisciplinar, com foco nos
objetivos, empoderamento do ser e olhar na so-
lução”, explica.
Proposições
profissão 24 legislativas
Tramita no Senado Federal uma pro-
posta de iniciativa popular para que
práticas e atividades do profissional
de Coach sejam criminalizadas. Em

Coach em
contrapartida, também foi apresen-
tada no Portal e-Cidadania, cujo ob-

ascensão
jetivo é participação dos cidadãos
nas atividades legislativas, outra
proposta - desta vez para reconhecer
Dados da maior associação global dos e regulamentar a profissão.
Criminalizar o profissionais de Coach, a International Em audiência pública no Senado, o
Coaching é jogar fora Coach Federation (ICF), apontam que deputado Nereu Crispin (PSL-RS), de-
o crescimento da área nos últimos qua- fendeu a não criminalização da área e
todos os benefícios tro anos aumentou 300% no Brasil, mas afirmou que “o Coaching mudou a vida
que já foram levados o número de profissionais habilitados de muitas pessoas, por meio do esforço
e com certificação não acompanhou a e trabalho desenvolvido com ética”.
a milhões de pessoas mesma proporção. A rápida expansão “Defendemos a regulamentação
e impedir que outra do segmento traz à tona discussão se do Coaching como profissão, por
qualquer profissional pode tornar-se entendermos que a sociedade brasi-
parcela da sociedade um coach. leira ainda não tem as informações
não obtenha o mesmo Na teoria a resposta é clara: desde necessárias (para avaliar o tema) e
que haja o domínio dos conhecimen- não conhece todos os benefícios e
proveito. tos dentro da própria área, mas na potencial deste profissional”, disse o
prática não funciona assim. Segundo parlamentar à agência de comunica-
Sahanne Republicano,
Sahanne, é necessário estar prepara- ção de notícias do Senado.
Master Coach certificada pela Febracis e
do para lidar com a problemática de “Criminalizar o Coaching é jogar
The Inner Game International School
cada um, identificar limites e desen- fora todos os benefícios que já foram
volver o potencial das pessoas. levados a milhões de pessoas e impe-
“Um bom profissional com conhe- dir que outra parcela da sociedade
cimentos em sua área pode atuar co- não obtenha o mesmo proveito. Além
mo mentor e prestar auxílio por meio disso, poderá prejudicar profissio-
de sua experiência e levar alguém a nais sérios e competentes, que não
resultados. Já o Coach é um profissio- compactuam com o trabalho ilegíti-
nal formado para aplicar as técnicas e mo da área”, destacou a Master Coa-
ferramentas da área, e não o oportunis- ch, Sahanne Republicano, ao afirmar
mo”, completou Sahanne Republicano. que a criminalização da atividade
Para a advogada e especialista em não é a solução.
direito do consumidor, Gabriella Ber- Já a Master Coach, Tami Saito, res-
san, toda e qualquer atividade profis- salta, no entanto, sua preocupação com
sional necessita da criação de regras a qualidade dos profissionais de Coach
para proteção dos interesses daqueles e com o mercado que se expande coti-
que utilizam os serviços prestados. dianamente com a tecnologia. Segun-
“É necessária a garantia da pres- do ela, o problema não é o certificação;
tação do serviço e imprescindível já que excelentes Coaches respondem
que ele seja baseado em princípios com resultados e não com certificados.
éticos e morais. A formalização “Há uma preocupação dos profis-
e regulamentação da atividade sionais inseguros, que ao invés de
nada mais é do que a obtenção investir em autodesenvolvimento,
legal para exercer a prática e o investem no papel de líder sem saber
desenvolvimento das compe- liderar. Há uma falta de preocupação
tências”, acrescentou. em formar Coaches”, concluiu.
nerd 26

UM
MILÊNIO
EM 50 ANOS
Viagem do homem à Lua fez humanidade
dar salto tecnológico sem precedentes:
dos processos analógicos à internet e ao mundo digital
POR LEON SANTOS
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

27

E m 20 de julho de 1969, a hu-


manidade deu salto que mudaria os
rumos da história. Por meio da missão
De acordo com o livro “Missão
Apollo - A Incrível História da Corri-
da à Lua”, do autor americano David
Apollo 11, os astronautas Neil Arms- Baker, o empenho americano surtiu
trong e Buzz Aldrin pousaram na Lua efeito e possibilitou que, em 20 de ju-
com o módulo lunar Eagle e, desde lho de 1969, Neil Armstrong e Buzz
então, o mundo tem vivido rápida mu- Aldrin pousassem o módulo Eagle
dança tecnológica que influenciou na Lua. Os astronautas ficaram duas
todo o estilo de vida atual. horas e quinze minutos fora da nave e
A história das missões espaciais coletaram 21,5 Kg de material do solo.
começou em 1919, quando o enge- A nave que levou os astronautas da
nheiro Robert Goddard publicou o Terra à Lua era composta por três par-
ensaio “Método de Alcançar Extre- tes. A primeira continha o módulo de
mas Altitudes”, que previa o uso de comando e era uma cabine semelhante
foguetes como mecanismo de propul- ao cockpit de um carro; por lá contro-
são de aeronaves. A tecnologia seria lavam o voo, desde a Terra até a Lua.
utilizada, inicialmente, em aviões de A segunda parte, o módulo de ser-
combate e tinha o objetivo de alcançar viço, continha o material de propulsão
zonas aéreas mais altas, onde naves dos foguetes e servia como despensa
inimigas não pudessem abatê-las. - nele havia reservatórios de energia
Mais tarde, na Alemanha nazista elétrica, oxigênio e água. Já a terceira
(1944), foi lançado o primeiro foguete parte era formada por módulo lunar,
a atingir o espaço, o V-2, que atingia dividido em dois estágios, sendo um
mais de 170 km de altitude. Os ale- para descida e outro para subida de
mães tinham como objetivo desenvol- volta à nave Apollo.
ver arma que vencesse, em definitivo, A parte usada para descida foi
a Segunda Guerra Mundial. chamada de Saturno V e fazia parte
Com a vitória dos aliados, o pro- do terceiro estágio da viagem de três
grama alemão ficou estagnado e deu dias: desde a decolagem da nave-mãe
lugar a duas novas potências militares até a entrada na órbita da Lua. Após a
emergentes: os Estados Unidos e a descida, os astronautas foram para o
União Soviética - composta pela atu- módulo Eagle, que ficou estacionado
al Rússia e países vizinhos a ela, hoje no satélite.
independentes. Os soviéticos foram O pouso foi assistido ao vivo mun-
os pioneiros a lançar um satélite ao dialmente, ocasião que Armstrong
espaço, o Sputnik 1, em 1957. eternizou a frase “É um pequeno
Anos depois, em 1961, Moscou passo para o homem, um passo gi-
lançou o primeiro voo tripulado ao gante para a humanidade”. Depois
redor da Terra, o Volstok, levando o da Apollo 11, os americanos viajaram
astronauta Yuri Gagarin. No auge da à Lua mais cinco vezes. Anos depois,
guerra fria, ainda na década de 1960, os americanos continuaram com os
os americanos temiam ser ultrapassa- projetos Skylab, Ônibus Espacial e,
dos na corrida espacial e armamentis- finalmente, programas em conjunto
ta. Por isso, agilizaram seu programa (com a Rússia, Canadá, Japão e União
espacial, com receio de que os sovi- Europeia) e até chegar na cooperação
éticos desenvolvessem armas que internacional que desenvolveu a Esta-
pudessem vencê-los. ção Espacial Internacional.
nerd 28

Nova Era
Tecnológica
O projeto Apollo 11 proporcionou
desenvolvimento desde a primeira
viagem do homem à Lua, como tam-
bém incentivou exponencial avanço
tecnológico. Inovações encontradas
na atualidade estão diretamente re-
lacionadas à saga espacial de 1969.
De acordo com o professor e pes-
quisador do curso de Engenharia
Mecânica, da Universidade de Bra-
sília (UnB), Carlos Alberto Veras, o
primeiro benefício trazido pelo Pro-
jeto Apollo foi em relação ao peso dos
materiais. A massa dos objetos leva-
dos ao espaço deveria ser menor para
economizar energia na propulsão.
“Era necessário você economizar
massa. Por isso, os materiais tinham
que ser mais capazes, do ponto de vis-
ta de qualidade estrutural, e tinham
que ficar mais leves, mais eficientes”,
explica.
Outro avanço necessário para
a viagem do foguete até a Lua foi a
substituição de painéis analógicos à saúde humana. Além da tecnolo- controlar os batimentos cardíacos dos
por circuitos integrados. Isso redu- gia de refrigeração contra o calor e astronautas, também foi outro gran-
ziu o peso dos controles, no sistema a radiação do Sol, os trajes espaciais de experimento surgido das viagens
de navegação da nave Apollo 11, bem serviram de base para o desenvolvi- espaciais”, esclarece o pesquisador.
como acelerou a evolução das tecno- mento da roupa de proteção utilizada Segundo Veras, o projeto espacial
logias de microchips. atualmente pelo Corpo de Bombei- ainda influenciou no desenvolvimen-
Após o lançamento da nave, e ros - que protegem o corpo contra a to de tecnologias básicas, sobretudo,
ao longo da década de 1970, a Nasa exposição ao fogo. na comunicação, uma vez que era
passou a consumir até 60% dos mi- Outra invenção originada deste preciso desenvolver uma comuni-
crochips produzidos pela indústria período foi a filtragem de materiais cação entre a Terra e os astronautas
americana. De acordo com Veras, o tóxicos da água, a partir de urina. Com que estavam na Lua. Na extensão dos
dispositivo é a base da tecnologia uti- a limitação de peso no transporte es- projetos militares e espaciais sur-
lizada hoje nos computadores, smart- pacial, era necessário haver limitação giram invenções como a internet e,
phones e tablets. da quantidade de água a bordo. posteriormente, os smartphones - que
Na indústria têxtil, os trajes dos “Hoje, além da tecnologia de fil- caíram no gosto popular e ganharam
astronautas exigiam proteção con- tragem de água, temos também as dimensão social até então inédita, na
tra raios solares, uma vez que sem a máquinas de filtragem de sangue, história da humanidade.
proteção dos gases que protegem o utilizadas nos tratamentos de hemo- Do final da década de 1990 - quan-
planeta Terra, eles são prejudiciais diálise. O marca-passo, usado para do a internet tornou-se acessível a
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

COMPORTAMENTO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

O uso de dispositivos tecno-


lógicos não só facilitou a vida
29
do Homem como também
proporcionou acentuada mu-
dança no comportamento em
sociedade, segundo o psicólo-
go especialista em Clínica Mé-
dica e Hospitalar, Alexandre
Marques. Ele ressalta que
mudanças como perfeccionis-
mo e agilidade exacerbados,
algumas das características Em pouco tempo,
das máquinas, foram captadas
pelos humanos. vimos um contexto
muito rápido de
De acordo com Marques
também é possível perceber disruptividade com a
o imediatismo na obtenção de internet das coisas e
demandas ou respostas, sobre-
tudo, após a popularização da instituição de novas
internet. “Percebemos que as maneiras até mesmo
pessoas, por vezes, têm ainda
certa preguiça para pensar, de lidar com dinheiro,
pois o computador e a internet como as moedas
fazem isso por elas”, diz.
virtuais. É difícil saber
Na visão do psicólogo, em- o que nos aguarda
bora as tecnologias tenham tra-
zido benefícios - como maior daqui a 20 anos.
acesso e aumento do conheci-
mento humano - é preciso cui- Carlos Alberto Veras,
dado para não tornar-se refém professor e pesquisador do curso de
das ferramentas eletrônicas e Engenharia Mecânica, da UnB
não comprometer a saúde e a
civis -, até a segunda década dos anos qualidade de vida. Para ele, o
2000, povos de todo o mundo viram sedentarismo e o isolamento
seu dia a dia ser mudado por tecno- podem estar presentes nos
logias. Elas mudaram sua rotina bá- comportamentos daqueles que
sica, desde a forma de comunicação usam e vivem muitas horas do
até a compra de comida ou maneiras dia cercados por tecnologia. Por
de transporte. isso, é necessário estabelecer
“Em pouco tempo, vimos um contato com outras pessoas
contexto muito rápido de disrupti- sempre que possível para não
vidade (tecnologia estabelecida no perder a habilidade social.
mercado, substituída por outra mais
evoluída) com a internet das coisas “Embora seja um ambiente
(presença de internet em dispositi- fantástico e possamos utili-
vos como casa, carro e geladeira) e zar tecnologias, por exemplo,
instituição de novas maneiras até virtuais, até mesmo no trata-
mesmo de lidar com dinheiro, como mento de fobias, é importante
as moedas virtuais. É difícil saber o esse resgate do convívio social
que nos aguarda daqui a 20 anos, mas e também não perder a noção
será muito interessante”, avalia. de realidade”, conclui.
perfil 30

CHOQUE
DE
GERAÇÕES
Conflitos entre colaboradores de diferentes gerações são responsáveis
por 12% de perda na produtividade. Para fugir dessa estatística,
especialistas ensinam que é preciso desenvolver ações organizacionais
que promovam diálogo e respeito às diferenças
POR ANA GRACIELE GONÇALVES

Imagine a situação, após uma década na mesma


empresa, um profissional na faixa dos 40 ou 50
anos é desafiado a se reinventar para continuar
no mercado de trabalho, e estar apto a disputar es-
paço com pessoas mais jovens. Já as organizações
precisam gerenciar colaboradores, de gerações
distintas, e divergências no ambiente corporativo.
31
perfil 32

Os funcionários maduros e idosos


têm receio das mudanças do merca-
do, e da pressão em manter-se no
emprego. E os mais jovens, possuem
obstinação de querer tudo rápido,
para ontem.
Administrar conflitos de forma ade-
quada tornou-se um dos grandes desa-
fios dos gestores de recursos humanos.
Tais problemas afetam não apenas o
clima organizacional, mas também
faz cair a produtividade, é o que revela
estudo das consultorias ASTD Work-
force Development e VitalSmarts.
De acordo com a pesquisa, um em
cada três entrevistados afirmou que a
empresa gasta 5 horas ou mais, por se-
mana, em conflitos entre as gerações;
o que gera perda de 12% de produtivi-
dade. Dos 1.348 pesquisados, 54,43%
trabalham em empresas com funcio-
nários de pelo menos três gerações, e
as divergências são mais frequentes
entre os Baby Boomers, (nascidos após
a Segunda Guerra Mundial) e os Mil-
lennials (nascidos entre 1980 e 1999).
Para a administradora e especialis-
ta em Gestão de Pessoas, Alexsandra
Leite, os conflitos entre profissionais
de diferentes gerações existem por
diversos fatores. “Os principais confli- laridades como faixa etária, cultura, aumento (Boom) na taxa de natalidade.
tos entre gerações estão baseados em influências econômicas e sociais. Entre as características que mar-
valores que eles têm e nas motivações “Geralmente, a gente acaba sepa- cam o grupo estão a lealdade, foco
que possuem. Aquilo que os motiva, rando por características que algumas em resultados e valorização da esta-
que está por trás do que fazem, o modo pessoas têm em comum”, revela o ge- bilidade profissional e financeira. Isso
como pensam ou agem é muito dife- rente sênior da empresa de consul- ocorre por terem nascido em período
rente entre as gerações. E isso, por si, toria em recrutamento ‘Robert Half’, marcado por escassez econômica, por
já é um fator que vai resultar em inú- Caio Arnaes. esse motivo, se preciso for, sacrificam,
meros conflitos”, esclarece. inclusive, a vida pessoal.
“Para os Baby Boomers, o emprego
Maturidade
Além dos Millennials, também
chamada de Geração Y, boa parte é para a vida toda; eles valorizam mui-

em foco
das organizações têm, ainda, cola- to a ascensão profissional. Por isso,
boradores da Geração X (nascidos ainda hoje, encontramos profissio-
entre 1960 e o final da década de 1970) nais que estão nas empresas há mais
e da Geração Z (nascidos após o ano Baby Boomers são pessoas que nasce- de 30 anos”, conta o consultor e CEO
2000 ou de 1993, não há consenso ram após a Segunda Guerra Mundial, da Newman Educação Corporativa,
entre pesquisadores). O que define entre 1946 e 1964. O termo, em inglês, Mozart Júnior.
cada grupo é o conjunto de particu- indica o período em que houve forte Depois dos Baby Boomers veio a
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ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

33

Os principais conflitos
entre gerações
estão baseados em
valores que eles têm
e nas motivações
que possuem. Aquilo
que os motiva, que
está por trás do que
fazem, o modo como
pensam ou agem.
Alexsandra Leite,
administradora e especialista
em Gestão de Pessoas

Geração X. O período entre 1960 e “Nos Estados Unidos, a idade mé-


1979 ficou conhecido por diversas mu- dia dos CEOs é de 56 anos. Até pouco
danças culturais, tais como o aumento antes da eleição de Barack Obama,
da taxa de divórcios e ingresso da mu- 65% de todos os líderes do país eram
lher no mercado de trabalho. Baby Boomers”, diz Alexsandra.
De acordo com Alexsandra Lei-

Jovens entram
te, eles tiveram que lidar com pais
workaholics (viciados em trabalho)

em cena
e sempre ausentes. “Hoje, eles fazem
questão de criar os próprios filhos de
forma diferente e têm como visão bus-
car o equilíbrio entre a vida profissio- Aos poucos, os Baby Boomers e a Ge-
nal e a vida familiar”, pontuou. ração X vão deixando o mercado de
Muitos profissionais das gerações trabalho. Com a aposentadoria, en-
X e Baby Boomers ainda estão em ati- tra em cena a Geração Y — também
vidade no mercado de trabalho. Eles conhecida como Millennials — que
continuam na ativa e ocupam, em boa está no auge de suas carreiras.
parte dos casos, cargos de liderança. De acordo com estudo do insti-
perfil 34

tuto Pew Research Center,


os Millennials serão 73 mi-
lhões e os Baby Boomers 72 Baby Boomers Geração X
milhões, em números de profis- 1946 a 1964 1965 a 1979
sionais, nos Estados Unidos, em 2030.
No Brasil, segundo o Instituto Brasi- São leais e comprometidos. São independentes e
leiro de Geografia e Estatística (IB- empreendedores.
GE), 30% da população brasileira (63 Valorizam estabilidade
milhões) é composta por Millennials. profissional. Valorizam a estabilidade.
Segundo especialistas, profissio-
nais nascidos entre 1980 e 2000 têm São competitivos, São resistentes a mudanças.
potencial de alta performance, pois contestadores e focados
chegou ao mercado de trabalho com em resultados. Buscam ascensão profissional.
mais informação e acesso à tecnolo-
gia. Alexsandra explica que é uma ge- Aprenderam a lidar com os Geração equilibrada,
ração motivada por satisfação pessoal avanços tecnológicos, de uma que não se precipita na
e, no ambiente de trabalho, precisam forma mais gerencial do que tomada de decisões.
ser estimulados com desafios. aplicada a mudança de hábitos.
“Eles já são muito mais rápidos, Tiveram que aprender a
criativos, tem muito mais versatili- Utilizam seus dispositivos usar internet, quando o
dade e grande domínio de tecnolo- para fins mais tradicionais, mundo ainda era offline.
gia — em comparação às demais ge- como fazer ligações ou
rações. E como eles receberam muita navegar pela internet. Não são nativos digitais, mas
atenção dos pais, no trabalho não é são experientes e dedicados.
diferente: eles necessitam de muito Eles tendem a ser mais
mais orientação e de treinamentos controladores e também Valorizam flexibilidade e
para que possam potencializar as ha- muito impacientes, com as aprendizagem colaborativa
bilidades”, afirma. gerações mais recentes.
Em relação aos conflitos, os Millen-
nials foram apontados como uma das
gerações que mais causam atrito no
mercado de trabalho. Segundo pes-
quisa da consultoria ASTD Workforce
Development, 45,06% das divergên-
cias acontecem entre eles e os Baby
Boomers. Quando trabalham juntos,
ambos se queixam de rejeição sobre
experiências passadas, falta de disci-
plina e foco, bem como sobre falta de
respeito e resistência a mudanças, ou
falta de vontade para inovar.
Depois dos Millennials, um
novo grupo começa a ganhar es-
paço: a Geração Z. São considera-
dos “nativos digitais”, pois estão
mais familiarizados com a inter-
net, compartilhamento de ar-
quivos e dispositivos móveis.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

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No Brasil, cerca de 30 milhões de jo-


vens adultos e adolescentes fazem
Geração Y Geração Z parte desta geração.
1980 - 2000 2001 - 2010 Segundo o consultor e CEO da
Newman Educação Corporativa, Mo-
Também chamada Nativos digitais. zart Júnior, a geração Z é mais infor-
de Millennials. mal e mais adepta à modernidade e à
Familiarizados com internet, qualidade de vida. “Como estão che-
São independentes, têm dispositivos móveis e gando agora ao mercado de trabalho,
múltiplas atividades e são compartilhamentos eles não gostam muito de burocracia
conhecidos pelo potencial de arquivos. e preferem trabalhar em casa”, relata.
inovador e empreendedor.

O segredo da
Compreensão da tecnologia
Acreditam no trabalho em e abertura social a elas.

boa convivência
equipe, são despojados
e simplistas. Não gosta de burocracia,
gosta de trabalhar em casa.
Buscam recompensas Na agência Proativa Comunicação,
tangíveis e têm prontidão Buscam popularidade dez colaboradores com idades entre
para assumir riscos. nas redes sociais. 19 e 45 anos vivem em plena harmo-
nia. Mas nem sempre o clima de paz
Alta capacidade de fazer várias Não conseguem predominou na organização.
coisas simultaneamente, trabalhar em grupo. Segundo o Diretor Executivo da
sem perder o foco. agência, Flávio Resende, no passado
São ágeis e buscam ascensão era comum haver conflitos de gera-
Cresceram em meio na vida profissional. ções. A solução foi apostar no geren-
à tecnologia. Foram ciamento dos dois lados da situação.
iniciados no desktop e Preferem os smartphones. “A geração X costuma ser mais en-
migraram para o mobile. gajada e se compromete mais com o
Valorizam a consciência trabalho, com a oportunidade. Já a
São superconectados, coletiva. geração Y tende a ser mais dinâmica,
mas não abrem mão da tem mais facilidade para adaptar-se,
comunicação ao vivo. Preocupação com a mas não aguenta pressão: tem pouca
sustentabilidade e os proatividade e bastante dificuldade
Grande capital intelectual. recursos naturais. de concentração”, revela.
Como gestor, Flávio conta que ex-
Baixa tolerância à crítica trai o melhor de cada geração e esti-
e frustração. Possui mula os colaboradores a fazerem o
dificuldade de raciocínio mesmo. Para evitar que novos confli-
mais crítico e analítico. tos apareçam, a política da empresa é
respeitar as diferenças.
Ele narra que nem sempre é fácil
lidar com a rigidez dos mais antigos
e com a imaturidade e dispersão dos
mais novos, mas que vale o esforço. “É
rico para o ambiente profissional este
caráter multifacetado. Todo mundo
ganha no fim”, garante o gestor.
perfil 36

As diferenças de perfis também


são vistas com bons olhos no grupo
Sabin — de medicina diagnóstica. A
organização conta com mais de 5 mil
colaborares de diversas gerações,
em todo o país.
As contratações e promoções de
cargos são feitas de acordo com as
capacidades e as habilidades de cada
um, independente da idade. Entretan-
to, a diretora administrativa e de pes-
soas dos Laboratórios Sabin, Marly
Vidal, conta que eles buscam formar
equipes com pessoas de idades dife-
renciadas.
“Hoje, possuímos quatro gerações
trabalhando juntas e em equipe: Ba-
by Boomers, Geração X, Geração Y
e Geração Z. Este cenário favorece a
inovação e melhora o desempenho do tor e CEO da Newman Educação Cor- Com relação ao futuro, as proje-
nosso negócio”, relata. porativa, Mozart Júnior, sugere que as ções são otimistas. Segundo Mozart
Apesar da grande quantidade de empresas apostem em programas de Júnior, os próximos anos serão pauta-
colaboradores, ela garante que no mentoria entre as gerações. dos na colaboração, diversidade e em-
Sabin nunca houve conflitos entre as “A pessoa mais jovem, que cresceu patia. “Estamos vivendo um momen-
gerações. “Possuímos uma cultura com a Internet, ensina a mais idosa to mágico de transformação, que nos
de respeito e valorização da diversi- sobre o poder das mídias sociais para exige um coração forte para aguentar
dade. Trabalhamos com práticas que gerar resultados de negócios. Enquan- a pressão e as novidades diárias, além
apoiam a inclusão, facilitando com to isso, o funcionário mais experiente de muita coragem para nos reinven-
que nossos profissionais consigam compartilha conhecimento institucio- tarmos e cocriar o futuro que quere-
exercer suas funções com respeito às nal com o trabalhador mais jovem”, mos para as próximas gerações”, diz.
diferenças”, explica Marly. relata o consultor e analista de perfil As constantes transformações vão
Uma das políticas do Sabin é de- comportamental. exigir profissionais com alta capaci-
senvolver as lideranças para que A especialista em Gestão de Pes- dade de adaptação. Para Caio, este se-
atuem mais próximas dos colabora- soas, Alexsandra Leite propõe que os rá o futuro do mercado de trabalho. “A
dores, por meio de diálogo aberto e gestores valorizem as habilidades dos mudança está aí, frequentemente, to-
transparente. Marly conta que dessa colaboradores. Segundo ela, as pesso- do dia, a toda hora: é uma coisa assim
forma a organização consegue tratar as que fazem o que gostam trabalham que está acontecendo cada vez mais
e conduzir com tranquilidade as di- “mais, melhor e felizes”. rápido. Então, os próximos donos do
ferenças entre as gerações, sem que Ao sentirem-se valorizadas, elas mercado serão os funcionários que
haja desgastes e conflitos. saberão lidar melhor com as pessoas. estão acostumados a mudar, a rever
Esse entendimento também é apos- e a mudar paradigmas”, finaliza o ge-

Respeito é tudo
ta do gerente sênior da empresa de rente da Robert Half.
consultoria em recrutamento ‘Robert
Half’, Caio Arnaes. “O segredo é ter
Entre os especialistas, o diálogo e o muita comunicação, compreensão e Fonte:
respeito às diferenças são unanimi- respeito. É compreender o próximo Especialista em Gestão de Pessoas,
dades, quando o assunto é gerenciar e respeitar o que é importante para Alexsandra Leite / CEO da Newman,
conflitos entre as gerações. O consul- ele”, avisa. Mozart Júnior.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

37

Para os Baby
Boomers, o emprego é
para a vida toda; eles
valorizam muito a
ascensão profissional.
Por isso, ainda
Proativa Comunicação hoje, encontramos
realidades de
profissionais que
DICAS DE FILMES
estão nas empresas
há mais de 30 anos.
Conta a história de dois vendedores
quarentões que, após perderem o emprego,
buscam alternativas para retornar ao Mozart Júnior,
mercado de trabalho. Eles decidem desafiar consultor e CEO da Newman
suas carreiras, atuando como estagiários no Educação Corporativa
Google, em uma das empresas mais modernas
e tecnológicas do planeta. No local, eles se
Os Estagiários deparam com líderes mais jovens, em um
ambiente totalmente inovador.

Inconformado com a aposentadoria, o viúvo


Ben (Robert De Niro) se candidata a uma vaga
de estágio sênior, em uma renomada empresa
que atua no segmento de comércio eletrônico
de roupas. Na empresa, ele se reinventa
para atender as demandas dos colegas mais
Um senhor jovens. No filme, é marcante as diferenças
estagiário comportamentais entre as gerações.

No site do CFA e nas redes sociais você encontra diversos


assuntos na área de gestão de Recursos Humanos.
especial 38

GESTÃO
ESPORTIVA
EM FOCO
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

39

D epois de sediar campeonatos de desta-


que, tais como a Copa do Mundo de Futebol, Jogos
Olímpicos e Copa América - além de corridas de
rua e mundiais de diferentes modalidades-, o Bra-
sil revelou-se nos últimos dez anos como centro
de excelência mundial em eventos esportivos. No
entanto, antes do apito inicial da partida, e da bola
rolar, um time composto por gestores de diferentes
perfis precisa entrar em campo para garantir o su-
cesso dos campeonatos.
Os profissionais de gestão esportiva estão pre-
sentes tanto nos centros de treinamento, até nos
campeonatos mundiais. Eles atuam no gerencia-
mento de clubes, academias, escolas de formação e
até na administração de carreiras de craques. Quem
quiser fazer carreira no segmento precisa, contudo,
buscar capacitação técnica e específica, por meio
de cursos na área.
Até pouco tempo, a Universidade Federal do Pa-
raná (UFPR) era a única instituição de ensino supe-
rior, do país, que oferecia bacharelado em Gestão do
Esporte. Atualmente, o Brasil tem vasta oferta de
cursos de nível superior de curta duração e de pós-
-graduação. Ambos preparam os profissionais para
atuarem como gestores no segmento desportivo.
Segundo o diretor da ‘Trevisan Escola de Negó-
cios’, Fernando Trevisan, apesar de ser um mercado
promissor, o esporte no Brasil ainda está distante do
nível de profissionalismo de países como os Estados
Unidos. “O fato de termos sediado os megaeventos
esportivos contribuiu bastante para a profissiona-
lização do setor, que teve contato com o que há de
mais avançado em termos de negócios no esporte”,
explica.
Para o coordenador acadêmico do curso em Aper-
Quem busca fazer carreira no feiçoamento em Gestão de Esportes, da Fundação
segmento deve buscar capacitação, Getúlio Vargas (FGV), Pedro Trengrouse, o Brasil
ainda está distante do seu potencial. No entanto, ele
na visão de especialistas. Embora ressalta que os cursos que o país oferece na área de
sejam poucos os cursos na área, gestão ajudam a melhorar o esporte brasileiro e a
desenvolver a área como um todo.
no Brasil, existem boas opções “Sem dúvida, qualificação é algo desejável em
de graduação e pós-graduação qualquer área do conhecimento e é em função disso
que trabalhamos. Ninguém sai da escola pior do que
para quem quer qualificar-se entrou, pelo contrário, sempre melhora e, no nosso
caso, procuramos acelerar este processo”, analisou.
POR ANA GRACIELE GONÇALVES
SAIBA MAIS
especial 40

Sem dúvida,
qualificação é algo
desejável em qualquer
área do conhecimento
e é em função disso
que trabalhamos.
Ninguém sai da escola
pior do que entrou,
pelo contrário, sempre
melhora e, no nosso
caso, procuramos
acelerar este processo.
Pedro Trengrouse, Gol de placa Gestão Esportiva existe desde 2001
coordenador acadêmico do curso na instituição. Naquela época, o setor
em Aperfeiçoamento em Gestão de Promovido em parceria com a Federa- era carente de profissionalização e
Esportes, da Fundação Getulio Vargas ção Internacional de Futebol (FIFA) e isso chamou a atenção da diretoria
o Centro Internacional de Estudo do da escola.
Esporte (CIES), o curso da FGV é um “Entendemos que poderia haver
dos pioneiros no país na modalidade uma demanda para formar e desen-
a distância. Trengrouse explica que volver gestores especializados nesta
ele é voltado para profissionais que nova indústria que engatinhava”, lem-
já atuam na área, e querem se qualifi- bra Fernando.
car, e para aqueles que desejam entrar Em princípio, ele era um curso de
nesse segmento. aperfeiçoamento, mas com o cresci-
“Um dos diferenciais é a sua di- mento da demanda, a Trevisan passou
mensão internacional, uma vez que a oferecer o primeiro MBA em Gestão
os alunos passam a ter acesso ao con- em Marketing Esportivo. O curso da
teúdo gerado pelo FIFA Master, que instituição é oferecido em São Paulo
é considerado o melhor programa de e no Rio de Janeiro.
mestrado do mundo na área do espor- Em quase 20 anos de história, a
te”, garante, ressaltando que a rede escola formou mais de mil alunos
da FIFA conta com 17 universidades em Gestão do Esporte. Já o da FGV
espalhadas pelo mundo. está na sua 11ª turma e já colocou no
Outra pioneira no assunto é a ‘Tre- mercado mais de 600 profissionais
visan Escola de Negócios’. O curso de especializados no segmento.
TECNOLOGIA EM GESTÃO DESPORTIVA E DO LAZER
Instituto Federal do Ceará REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019
Pré-requisito: ter concluído o ensino médio

41
Modalidade: curso superior de tecnologia (presencial)
Duração: 6 semestres (3 anos)
Formas de ingresso: SISU, transferência interna ou externa, ingresso
como diplomado de curso superior
Contatos: (85) 3307-3639 | emmanuelcarneiro@ifce.edu.br

pelo IFCE. “Esse resultado possibilita


PROGRAMA EXECUTIVO - APERFEIÇOAMENTO melhorias na inserção do mercado de
EM GESTÃO DE ESPORTES trabalho, por meio dos nossos futuros
FGV/FIFA/CIES gestores”, conta.
Pré-requisito: diploma de graduação em ensino

Currículo
superior ou experiência na área
Modalidade: Pós-graduação (à distância)
Carga horária: 188 horas
Duração: 12 meses abrangente
Contato: (21) 3799-6676 ou (11) 3799-3494
contatofgvonline@fgv.br A formação dos alunos de Gestão Des-
portiva do IFCE vai além da gestão do
esporte. De acordo com o coordenador,
GESTÃO DO ESPORTE Emmanuel Alves Cerneiro, o egresso
Trevisan também sai da instituição com habili-
Pré-requisito: diploma de graduação em ensino superior dades na área de gestão do lazer e da
Modalidade: Pós-graduação presencial (São Paulo e Rio de Janeiro) cultura. O currículo do curso abrange
Carga horária: 512 horas disciplinas teóricas em áreas como
Duração: 12 a 18 meses gestão, comunicação e meio ambiente.
Contatos: (11) 3138-5204 ou (21) 2223-0863 A prática pode, ainda, ser vivida
contato@trevisan.edu.br por meio dos projetos de extensão e
tecnologia que por lá são oferecidos:
‘Dança é Lazer’, ‘Escola de Gestão
Desportiva e de Lazer’, e ‘Observató-

Nota máxima
rio da Gestão do Esporte e Lazer Aca-
A capacitação tem duração de três dêmico - Plac Boom’.

no MEC
anos. Nesse período, os alunos são Já as pós-graduações da Trevisan
estimulados a participar de eventos e da FGV visam levar os profissionais
esportivos e de atividades de exten- a maior aprofundamento no assunto.
O Instituto Federal do Ceará (IFCE) é são. Além disso, o IFCE estimula a Em ambas, os alunos estudam temas
umas das poucas instituições públicas produção científica dos estudantes. como gestão estratégica, gestão fi-
de ensino, no país, que oferece o curso Um exemplo são as inúmeras partici- nanceira, direito desportivo, marke-
de graduação em ‘Tecnologia em Ges- pações em congressos e seminários ting, comunicação, mídias sociais, e
tão Desportiva e de Lazer’. Voltado aos sobre gestão desportiva. inovação tecnológica.
egressos do ensino médio, para ingres- Recentemente, o curso de Gestão “Cursos como o nosso fazem a dife-
sar no curso é necessário ser aprovado Desportiva e de Lazer do IFCE alcan- rença no Brasil, porque permitem que
no Exame Nacional do Ensino Médio çou o conceito máximo de qualidade, as pessoas se preparem melhor para
(Enem) e fazer a inscrição por meio do atribuído pelo Ministério da Educa- exercerem as funções que o esporte
Sistema de Seleção Unificada (SISU). ção (MEC). Em uma escala de 1 a 5, ele precisa e, assim, desenvolver o país”,
De acordo com o coordenador do obteve conceito final nota 5, sendo o avalia Trengrouse.
IFCE, Emmanuel Alves Cerneiro, a mais bem avaliado do Brasil com essa Emmanuel corrobora a opinião do
ideia é proporcionar ao aluno com- nomenclatura, de acordo com dados coordenador da FGV. Para ele, formar
petências e habilidades para sua do ‘E-mec’. gestores de qualidade é uma “mola
formação acadêmica e profissional. Para Emmanuel, esse reconheci- propulsora” para fazer o esporte bra-
“Eles são capacitados para desenvol- mento é fruto de trabalho coletivo sileiro crescer. “Isso nos aproxima de
ver atividades diretas ou indiretas nas entre alunos, professores, gestores e um mercado de trabalho que tem o
áreas de gestão, em diferentes tipos de parceiros na busca de um padrão de compromisso de oferecer serviço de
organizações”, conta. qualidade e excelência, promovido qualidade à sociedade”, avalia.
especial 42

MUITO ALÉM
DA GESTÃO

Quando o assunto é gestão do


esporte, os especialistas são
unânimes de que o Brasil pre-
cisa evoluir no segmento. Em
comparação com outras nações,
o país ainda engatinha quando o
assunto é gerenciar atividades
desportivas. Pedro explica que
o segmento ainda é visto apenas
como uma atividade de lazer,
quando na verdade “é uma fer-
ramenta para desenvolvimento
integral da pessoa humana”.
Na visão do coordenador
da FGV, Pedro Trengrouse, não
adianta apenas realizar negócios.
“A gente tem que trabalhar para
que o esporte esteja a serviço da
humanidade. Aí, sim, nós vamos
ter muitos trabalhos a fazer, mui-
tos investimentos no esporte e
ter mais perspectiva de negócio
também”, ressalta.
O segmento tem importân-
cia social, pois contribui para
diminuir a evasão escolar e a
violência, bem como melhora a
qualidade de vida. Para cada dó-
lar investido no esporte, são eco-
nomizados US$ 3,60 com gastos
em saúde, no futuro.
Trengrouse conta que um dos
objetivos do curso é fazer com
que o público, interno e exter-
no, entenda que trabalhar com
esporte não é só mais um traba-
lho. “É uma missão de vida que
impacta na sociedade como um
todo. Por isso, a responsabilida-
de do gestor nessa área é muito
maior do que simplesmente com
o balanço da companhia e com
a distribuição de lucros para os
acionistas”, defende.
43

Eu precisava fazer um
curso de abrangência
VIDA
DEDICADA AO
que, independente
ESPORTE de onde eu fosse
O esporte tem um papel funda- O ex-atleta, e agora gestor, reconhe-
viver, eu pudesse
mental na vida do administrador ce que do ponto de vista da capacita- carregar comigo.
Alexey Carvalho. Aos oito anos de ção, o país ainda não evoluiu. Ele com-
idade, durante uma atividade extra- para o ensino brasileiro ao dos Estados Alexey Carvalho,
curricular do colégio, ele descobriu o Unidos, e revela que lá existem mais administrador
basquete. Não demorou muito para de 300 universidades com o curso de
que ele, ainda criança, fosse encami- bacharel em Administração Esportiva.
nhado para um centro esportivo. “Aqui no Brasil, os cursos de Admi-
Nas categorias de base, de clubes nistração não têm uma matéria sequer
do Rio de Janeiro, Alexey começou a que fale de introdução à gestão do
se destacar. Jogou em clubes como esporte. Por tudo isso, somos muito
Vasco, Flamengo e Botafogo. Depois, atrasados nessa questão”, avalia.
jogou no Corinthians e fez parte da Se- Outro dilema que o administrador
leção Brasileira, nas categorias infantil revela é a falta de profissionalização
e juvenil de basquete. no setor. A falta de gestão é aponta-
Com 18 anos, ele representou o da, por ele, como causa da crise que
Brasil no mundial juvenil da modali- tem ocorrido em boa parte dos clubes
dade, ocasião em que recebeu convite brasileiros.
da instituição Lynn University, da Fló- Segundo Alexey, no Brasil, pessoas
rida. De olho no futuro, Alexey decidiu que foram atletas e ex-atletas reno-
cursar Administração. mados ocupam cargos gerenciais em
“Eu precisava fazer um curso de clubes ou em federações, sem ter a
abrangência que, independente de qualificação requerida. Ele conclui
onde eu fosse viver, pudesse carre- apelando a órgãos, como instituições
gar comigo”, relembra o ex-atleta. Nos de ensino superior, e a coordenado-
Estados Unidos, Alexey jogou ao lado res de cursos, ao Sistema CFA/CRAs,
de ícones do basquete, como Magic para olharem “com mais carinho e de
Johnson. alguma maneira fomentar a gestão do
Dos 8 aos 38 anos, Alexey teve esporte no país”.
uma carreira ininterrupta no bas- “Ajudem-nos a fazer o esporte do
quete. Depois que se despediu das Brasil um segmento profissional, que
quadras, ele fez MBA em Gestão Es- ajude no desenvolvimento do país e
portiva e, já de volta ao Brasil, passou a gerar renda para milhões de pesso-
a atuar no fomento ao esporte e a re- as. Se no exterior isso é possível, aqui
velar novos talentos. também é”, finalizou.
especial 44

BRASIL TEM
POTENCIAL,
MAS NÃO INVESTE
NO ESPORTE
Segundo especialistas, o caminho é investir em qualificação
profissional para mudar realidade do setor
POR ELISA VENTURA
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

45

U ma das primeiras palavras que as


crianças aprendem a falar no Brasil é “gol”.
A façanha revela o espírito apaixonado do
brasileiro pelo esporte, que rendeu o títu-
lo de “País do futebol” — já que é o maior
vencedor de Copas do Mundo.
A nação caminha, no entanto, a passos
lentos, quando o assunto é gestão espor-
tiva. “Enquanto o futebol europeu e os es-
portes norte-americanos se desenvolve-
ram rápido — no fim dos anos 80, anos 90
e, especialmente no fim dos anos 2000—,
o esporte brasileiro engatinhou nesse pe-
ríodo”, afirma o sócio-diretor da empresa
de consultoria em marketing esportivo,
Sports Value, Amir Somoggi.
Somoggi é um dos mais respeitados es-
pecialistas brasileiros em marketing e ges-
tão no esporte. Administrador, graduado
pela Escola Superior de Propaganda e Ma-
rketing (ESPM), especializou-se em gestão
esportiva pela FGV e é pós-graduado em
Marketing Esportivo, pela Universidade
de Barcelona, Espanha.
Ele conta que em países como Estados
Unidos, Inglaterra e França têm até sete
modalidades esportivas que movimen-
tam dinheiro. No Brasil, apenas o futebol
é a principal delas. “É um ponto positivo
ao futebol, mas muito ruim pela falta de
pluralidade de modalidades esportivas.
Nós temos um longo percurso a fazer na
administração do futebol, e de outras mo-
dalidades do esporte, em geral”, afirmou.
Segundo a enciclopédia ‘Atlas do Es-
porte no Brasil’, a administração de mo-
dalidades ou de entidades esportivas teve
suas primeiras abordagens no início do
século XX, na Associação Cristã de Mo-
ços - ACM (instituição inglesa, com filiais
no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande
do Sul). Posteriormente, ampliou-se, no
final da década de 1920 e durante a década
de 1930, nos meios militares, sobretudo,
na Escola de Educação Física do Exército
— formadora de instrutores e monitores
militares e civis.
especial 46

Apesar de todos
os problemas
enfrentados pelo
futebol brasileiro,
dentro de campo ele
é bem estruturado
e conta com Na Europa e nos Estados Unidos, ral, do que apenas pela questão de
profissionais durante o século XX, na medida em economia”, explica Somoggi.
que o esporte crescia também eram
altamente
Gargalo
criadas instituições esportivas mais
remunerados. Onde sofisticadas. O sentido de liderança
e de condução administrativa, típico
estão as falhas? dos pioneiros do esporte e da Educação Com as pessoas cada vez mais an-
É na gestão. Física, deu lugar a funções de gestão, siosas pela busca do corpo perfeito,
tais como: planejamento, direção e o Brasil possui um dos maiores mer-
Amir Somoggi, especialista em controle. cados fitness do mundo, que chega a
marketing e gestão do esporte Já no Brasil, a especialidade em faturar mais de US$ 7 bilhões por ano.
esportes teve suas primeiras apari- Para o especialista em marketing e
ções na década de 1940. Mesmo com gestão do esporte, Amir Somoggi, a
faturamento de mais de R$ 5 bilhões maior carência na gestão do esporte
em 2018, o esporte brasileiro ainda é na administração.
tem instituições com dificuldades “Apesar de todos os problemas en-
financeiras. frentados pelo futebol brasileiro, den-
De acordo com a empresa de con- tro de campo ele é bem estruturado e
sultoria Sports Value, o Brasil é potên- conta com profissionais altamente
cia em mídia e entretenimento, sendo remunerados. Onde estão as falhas? É
o maior entre os emergentes, mas em na gestão, é na administração”, avalia.
termos de esporte ainda engatinha. Segundo Somoggi, departamen-
“Enquanto um clube brasileiro tos jurídicos e de contabilidade se
se vangloria de faturar 150 milhões mostram robustos, pela necessidade
de euros, um time europeu já fatu- inerente às suas funções, mas isso não
ra, hoje, quase um bilhão. Estamos é regra em todos os setores. Os presi-
falando de uma discrepância muito dentes e vice-presidentes de clubes
maior do que o PIB (Produto Inter- e instituições esportivas são eleitos
no Bruto) ou do que PIB Per Capi- democraticamente, mas não enten-
ta (média entre PIB e número de dem de gestão.
habitantes). É muito mais pela má “O administrador fica, na maioria
administração do esporte, em ge- das vezes, no departamento adminis-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

47

DIVERSIDADE, MAS
NEM TANTO

Entre as modalidades do “Esporte


Espetáculo” – de alto rendimen-
to-, as que mais se destacam no
país são o futebol, seguido do vô-
lei, basquete, natação, atletismo e
judô. O futebol também lidera no
recorte de prática esportiva, com
39,3% dos entrevistados, segun-
do dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad
– 2015), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
trativo-financeiro e não no marketing campo de atuação. Por esse motivo, Já no quesito atividade física, a
ou no planejamento estratégico. Em passam a ocupar cargos — por meio caminhada é a preferida dos brasi-
geral, o homem do marketing é um pu- de indicações de amigos ou políticos leiros, com 49,1% de praticantes. O
blicitário, com menor formação em — e acham que podem atuar sem a ne- surfe, atletismo, futsal e tênis tam-
conceitos e disciplinas de gestão; e cessidade de especialização. bém reúnem grande quantidade de
isso é fundamental para a administra- Ângela conta que o cenário come- adeptos no Brasil.
ção de uma entidade esportiva, de uma çou a mudar, e que os gestores atual- O impasse acontece, todavia,
liga ou de uma confederação”, relata. mente buscam capacitação, pois há no investimento — que não é divi-
A pesquisadora em ‘Desporto e La- conhecimentos de administração que dido entre todas as modalidades.
zer’, do projeto Rede Cedes, da Secre- não existem na formação de um edu- “Todo o dinheiro acaba indo para
taria Especial do Esporte (atualmente cador físico. “Quando você faz o curso, o futebol. Só os times de futebol
no Ministério da Cidadania), Ângela adquire um olhar mais apurado para conseguem realmente ter recei-
Maria Nunes da Silva, concorda. Ela essa área (do esporte) que antes não tas extraordinárias, como R$ 500
viu a necessidade de especializar-se era tão valorizada, por não termos o milhões, R$ 600 milhões por ano.
no segmento, por isso, decidiu estudar destaque que temos hoje, em especial Nenhum outro esporte produz is-
‘Tecnologia em Gestão Desportiva e após a Copa e eventos de grande porte so”, diz Amir Somoggi.
do Lazer’, no Instituto Federal do Ce- no Brasil”, diz. O especialista lembra, também,
ará, e vai graduar-se em dezembro. Os dois profissionais discordam, que apesar da discrepância, o país
“Acredito que um dos principais no entanto, quanto à forma de geren- é um gigante no consumo varejis-
gargalos seja a falta de formação. Po- ciar as modalidades. “A meu ver, há ta do setor esportivo. Representa,
rém, ultimamente, as pessoas estão diferenças, sim, porque são atividades proporcionalmente, mais do que os
sentindo a necessidade de buscar essa diferentes, públicos diferentes”, diz Estados Unidos.
especialização e, quando isso aconte- Ângela. “Embora lá o varejo seja também
ce, a área passa a crescer e a se desen- Para Amir, em termos de gestão, to- a principal renda da indústria, você
volver melhor”, ponderou. das seguem o mesmo modelo. “Desde a tem um desenvolvimento muito
Ela considera que a lacuna de época de Getúlio Vargas, o Brasil criou maior do esporte profissional. Nós
gestão, no mundo esportivo, se deve um padrão centralizado de poder. En- temos um baixo desenvolvimento
ao fato de que a maioria dos líderes tão, para cada esporte existe uma confe- dos esportes profissionais — não
que atuam no meio é de áreas como a deração nacional, como se fosse a CBF só o futebol —, mas principalmente
Educação Física. Para a pesquisado- (Confederação Brasileira de Futebol): de outras modalidades que inexis-
ra, isso acontece por falta de esclare- tem as confederações estaduais e ainda tem do ponto de vista econômico”,
cimento, em razão de conhecerem o as dos esportes amadores”, explica. explica.
especial 48

CARTÃO
VERMELHO
PARA
AMADORES
Fator decisivo, a gestão profissional
vem se mostrando campeã
em diversas modalidades esportivas
POR ELISA VENTURA
49

E xperiência. O substantivo
feminino é temido por muitos pro-
fissionais em início de carreira, pois
é pré-requisito em alguns postos de
trabalho. Mas no caso do dirigente
esportivo Radamés Lattari o concei-
to joga a favor.
Participantes do Enbra

especial 50

Não existe mais


espaço para
amadorismo, para
você colocar um
amigo ou um familiar.
É momento de
investir maciçamente
em profissionais.
Radamés Lattari, dirigente esportivo

O currículo de peso do ex-treina- como superintendente da Confedera-


dor de voleibol do Brasil mostra que ção Brasileira de Voleibol (CBV), on-
o meio de campo da gestão esportiva de trabalha atualmente como diretor
brasileira mudou. “Nos últimos anos, executivo.
todos os clubes, confederações e fede-

Time em campo
rações tiveram que investir muito na
área de governança. A seriedade com
que esse assunto vem sendo tratado
aumentou a demanda por profissio- Com o cenário em mudança, Rada-
nais da área, que cresceu muito em més faz uma nova leitura sobre o se-
termos de qualidade de prestadores tor, no país. Segundo ele, os antigos
de serviços”, afirma. dirigentes que dominavam apenas
Carioca da gema, Lattari já con- uma parte do conhecimento foram
quistou 23 títulos em sua carreira, ficando para trás. Com isso, despon-
tornando-se um dos mais respeitáveis taram no mercado dois tipos de perfis:
treinadores do cenário nacional. Em jovens executivos, que vêm fazendo
1997, foi campeão da Copa do Mun- diversos cursos de gestão esportiva,
do de Voleibol, à frente da seleção e ex-jogadores, ex-treinadores, que
masculina. No mesmo ano, venceu acumularam funções e experiências
dois títulos da Copa América e dois a partir das quais tiveram a oportuni-
Campeonatos Sul-Americanos Mas- dade de estudar novamente e, assim,
culinos. Nas Olimpíadas de Sidney, passaram a exercer cargos de gestão
nos anos 2000, conseguiu alcançar esportiva.
o sexto lugar. Entre 2001 e 2002, acu- “Não existe mais espaço para ama-
mulou uma importante passagem dorismo, para você colocar um amigo
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

51

(de 2007 até 2016) — quando sediou


eventos como Jogos Pan-americanos,
Copa do Mundo, Olimpíadas, Jogos
Mundiais Militares e Paralímpicos —
o mercado ainda é pequeno. De acor-
do com Lattari, tais eventos inflacio-
naram o setor no período, e o esporte
sofreu com a crise econômica dos úl-
timos anos. “Foi um dos setores que
mais sentiu essa queda econômica.
Creio que o desafio hoje é manter a
qualidade, com a mesma eficiência e
uma verba menor.”

Tipos de gestão
As paixões da infância e da adoles-
cência de Radamés Lattari, o futebol,
o basquetebol e o voleibol, definiriam
seu futuro. O professor de educação
física é, hoje, uma referência no seg-
mento. Ao ser questionado pela re-
ou um familiar. É momento de investir No exterior, radamés trabalhou portagem da RBA sobre as singulari-
maciçamente em profissionais que em Portugal e na Itália, dirigindo o dades da gestão em cada modalidade,
possam agregar e que possam fazer Leixões (POR), Olimpia Sant'antioco explica: "O mundo do futebol é uma
com que a empresa, o clube, o patro- (ITA), Trentino Volley (ITA), Taranto realidade à parte. A meu ver, é um dos
cínio, enfim, possam se desenvolver Volley (ITA), Martina Franca Volley mundos que relutou mais, até admitir
cada vez mais”, enfatiza. (ITA) e Castellana Grotte (ITA). que era inevitável a chegada de ges-
Formado em Educação Física, De volta ao Brasil, ele trouxe ba- tores esportivos, profissionais, para
pela Universidade Castelo Branco, gagem recheada de experiências que ocuparem cargos importantes nos
Lattari possui formação nas áreas de o permite fazer análises mais claras clubes”, avalia.
Administração e Psicologia Esporti- do cenário atual. É taxativo ao dizer Há modalidades, segundo ele, que
va. No futebol, foi vice-presidente do que ainda existe bastante espaço de têm mais fluxo de patrocínio, o que faz
Flamengo, em 2003, e depois assu- crescimento para gestores esportivos. com que elas se desenvolvam mais
miu o cargo de diretor executivo. Ao “Acredito que a tendência é crescer rápido. Outras, por terem dificuldades
longo dos anos, consolidou-se como cada vez mais, já que para adquirir pa- de conseguirem verbas para se profis-
profissional e teve uma extensa car- trocínio é necessário pessoas que en- sionalizar, caminham mais lentamen-
reira como treinador, passando por tendam de governança, Compliance te rumo ao profissionalismo. O gestor
clubes do Brasil e do exterior, tais e de outros fatores fundamentais na destaca o papel do Comitê Olímpico
como: Botafogo (RJ), Flamengo (RJ) administração de qualquer empresa. Brasileiro (COB) no desenvolvimento
e Tijuca Tênis Clube (RJ). Também E a gente tem que levar em conside- das modalidades esportivas no país.
trabalhou em agremiações como CRB ração que, hoje, um clube ou uma con- “O COB é hoje nosso maior aliado,
(AL), América (RJ) e Atlético Mineiro federação tem que ser administrada seja pela ajuda econômica ou pelo
(MG), bem como na AABB-Brasília dessa forma", explica. auxílio na área de administração: ao
(DF) e Cimede (SC). Foi, ainda, trei- Mas nem tudo são flores, e apesar ministrar inúmeros cursos e promo-
nador das seleções cariocas infantil, do rápido crescimento do Brasil como ver capacitações para que os profis-
juvenil e adulta. celeiro mundial de eventos esportivos sionais possam evoluir”, finaliza.
CFA 52

DIA DA
ADMINISTRAÇÃO
NO CONGRESSO
NACIONAL
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

53

O Dia do profissional de Ad-


ministração a cada ano ganha mais
notoriedade, devido à importância
estratégica que a profissão tem para o
Brasil. Em 2019, a data foi comemora-
da com sessão solene tanto na Câma-
ra dos Deputados quanto no Senado
Federal, e teve adesão de profissionais
da administração (bacharéis, tecnó-
logos, técnicos, mestres e doutores),
estudantes e de parlamentares que
prestigiaram o evento.
Considerada pelo CFA, como o dia
do profissional de Administração, o
dia 9 de setembro celebra a data em
foi sancionada a Lei n.o 4.769/1965,
que regulamenta a profissão. Em seu
texto, a lei prevê quais são as ativida-
des consideradas dentro do âmbito da
Administração, bem como descreve o
perfil do profissional que deverá reali-
zar as funções.
O profissional de Administração
tem entre suas atribuições plane-
jar, organizar e gerenciar o uso de
recursos financeiros dentro de uma
organização. Além disso, visa propor
estratégias para melhorar o desempe-
nho global da empresa, maximizar os
lucros, evitar desperdícios e reduzir
despesas.

Câmara dos
Deputados
Em sessão solene realizada na Câ-
mara dos Deputados, proposta pelo
Data é celebrada na Câmara e no Senado, deputado federal Hildo Rocha (MDB-
e ganha apoio de parlamentares no estímulo -MA), a Lei n.o 4769/1965 foi citada
mais de uma vez, como dispositivo
à profissão e também contra a PEC 108 que organizou o mercado de trabalho:
entre pessoas que têm competência
POR LEON SANTOS
para trabalhar com Administração
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ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019

CFA 54

profissional, e aqueles que exercem a


profissão ilegalmente. O parlamentar
frisou que a carreira de administrador
é importante, pois ela contribui para
o crescimento e progresso de toda a
sociedade brasileira.
“Temos visto, há tempos, que a
Essa proposta Administração é a chave da prospe-
não pode avançar, ridade do país, tanto no campo da
gestão pública quanto na particular”,
pois ela não faz destacou.
sentido. Precisamos Na sequência, a diretora de For-
mação Profissional do CFA, Cláudia
urgentemente de Stadtlober, destacou o papel dos ges-
um projeto de nação tores nas instituições públicas, e rela-
tou qual tem sido o trabalho do CFA
e esta PEC não na capacitação de administradores
representa nada para atuarem em micro e pequenas
empresas. Já seu colega, o diretor de
disso. Ainda assim, Fiscalização e Registro, Carlos Al-
faremos o possível berto Ferreira Júnior, conclamou os
profissionais presentes — bem como
para reverter os que assistiam o evento pela TV — a
este quadro, de prestarem atenção a fatos que podem
desestabilizar a profissão.
modo que a PEC “Existe uma movimentação nes-
acolha as nossas te instante para desregulamentar
as profissões; não somente a nossa.
reivindicações Muitos ainda não entenderam que
e também as ao desregulamentá-las, haverá bre- existência da PEC 108 com espanto e
chas para que amadores que não indignação. Segundo ele, ao saber da
demandas do estudaram Administração ocupem existência da proposta, quis entender
governo. espaço de um profissional qualifi- o objetivo da PEC e quais benefícios
cado: e também não haverá quem os ela traria; porém, não conseguiu veri-
Mauro Kreuz, fiscalize”, explicou. ficar nenhum benefício para a socie-
presidente do CFA O diretor se referiu à Proposta de dade com a medida.
Emenda Constitucional (PEC) n.o “Esta PEC anda na contramão dos
108, de 2019. O texto contém dispo- esforços para melhorar a gestão pú-
sitivos que fazem com que os conse- blica do Brasil. Analisando seu con-
lhos profissionais percam autono- teúdo, concluímos que sua aprovação
mia em suas atividades, uma vez que inviabilizaria a atuação dos conselhos
pretende transformá-los em institui- e impossibilitaria as atividades de fis-
ções privadas e retira a exigência de calização do exercício legal das pro-
registro e fiscalização. fissões”, explicou Silva.
O presidente do Conselho Re- Na sequência, discursaram os pre-
gional de Administração do Distri- sidentes do CRA-MA, José de Melo
to Federal (CRA-DF), Udenir Silva, Júnior; e do CRA-BA, Tânia Dias. Os
contou que recebeu a notícia sobre a dois ressaltaram a gravidade que a
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trabalho desenvolvido pelo Sistema


CFA/CRAs, ao disponibilizar ferra-
mentas que ajudem a administração
pública e a sociedade a fim de me-
lhorar e profissionalizar a gestão pú-
blica. Na sequência, ela agradeceu o
apoio do senador contra o atual texto
da PEC 108.
“Os produtos que nós temos de-
senvolvido visam sempre à melhoria
e seguridade da nossa sociedade. De
antemão, gostaria também de agrade-
cer ao senador o apoio com relação a
PEC 108”, proferiu.
O diretor de Fiscalização e Regis-
tro do CFA, Carlos Alberto Ferreira
Júnior, voltou a falar sobre a PEC
108, desta vez, no Senado. Ele pediu
apoio aos parlamentares presentes,
contra a proposta que pode virar
lei e desregulamentar, na prática,
diversas profissões.
“A PEC que desobriga a inscrição
em conselhos profissionais é uma
ameaça à ordem na sociedade. Es-
Presidente do CFA, Mauro Kreuz tando, aqui, e após observar algumas
declarações, fico mais otimista em ver
que podemos chegar a um entendi-
mento e evitar que esta proposta siga
PEC 108 representa para o mercado Na sequência, o senador Eduardo adiante”, afirmou.
de trabalho e disseram não ver algo Gomes (MDB-TO) iniciou seu dis- No final, o presidente do CFA
concreto que justificasse sua criação, curso falando sobre a importância da Mauro Kreuz ressaltou a importân-
ou algo factível para ficar no lugar do data para o país e também posicio- cia da data, ao dizer que o Brasil
sistema atual existente. nou-se contra a Proposta de Emenda precisa de “ainda mais Administra-
Constitucional (PEC) n.o 108. Em sua ção” e maior número de profissio-

Senado
fala, ressaltou que confia no Conselho nais qualificados. Em seguida, es-
Federal de Administração (CFA) pa- boçou preocupação com a ameaça
ra apresentar melhorias no texto da da PEC que pode desregulamentar
Além da Câmara, o Senado Federal proposta e confirmou seu apoio ao 33 profissões.
também homenageou, no dia 09 de se- Sistema CFA/CRAs. “Essa proposta não pode avançar,
tembro, a profissão de administrador. “Confiamos no Conselho Federal pois ela não faz sentido. Precisamos
Em discurso, o senador Izalci Lucas de Administração para propor as urgentemente de um projeto de na-
(PSDB-DF), propositor da solenidade, melhorias e correções necessárias no ção, e esta PEC não representa nada
falou da importância da profissão de texto da PEC. Podem contar comigo disso. Ainda assim, faremos o possível
administrador para o progresso da nesta causa”, proferiu. para reverter este quadro, de modo
sociedade brasileira, e para impulsio- Na mesma direção, a diretora de que a PEC acolha as nossas reivin-
nar o país a tornar-se uma nação rica Estudos e Projetos Estratégicos do dicações e também as demandas do
e bem gerenciada. CFA, Gracita Barbosa, destacou o governo”, sentenciou.
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CFA 58

CFA NA
FISCALIZAÇÃO
CFR realiza processos de fiscalização e ainda dá apoio a tecnólogos
POR LEON SANTOS
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C
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riado com a missão princi- atreladas à carreira.
pal de orientar e disciplinar o exer- De acordo com a mesma lei, a ati-
cício de cargos ligados à Adminis- vidade de Administração poderá ser
tração, o Conselho Federal de Admi- exercida por profissional liberal ou
nistração (CFA) tem desenvolvido não, por meio de pareceres, relatórios,
trabalho estratégico de fiscalização, planos, projetos, arbitragens, laudos,
por meio de sua Câmara de Fiscali- assessoria em geral, chefia intermedi-
zação e Registro (CFR), em parceria ária e direção superior. Também estão
com os Conselhos Regionais (CRAs) previstas funções como administra-
Existe limitação de
de todo o Brasil. Com a utilização de ção e seleção de pessoal, organização recursos, de número
sistema informatizado, capaz de fazer e métodos, orçamentos, administra-
o cruzamento de informações, eles ção de material, administração finan-
de profissionais
conseguem identificar profissionais ceira, administração mercadológica e e tempo, por
e empresas que por lei deveriam estar administração de produção.
registrados, mas não o fazem. Já no quesito exploração de imó-
isso utilizamos
Os dados utilizados pelo CFA pro- veis de terceiros, o TRF da 3ª região novas tecnologias
vêm de banco de dados próprio, e tam- consolidou entendimento de que a
bém são oriundos de parcerias com função estaria no âmbito da Lei n.o
para conseguir
órgãos públicos federais. Em breve, 4769/1965, como função privativa mais economia e
novo acordo poderá ser firmado; desta dos profissionais de Administração.
vez, com a Receita Federal, o que au- “Tivemos importantes vitórias nesse
assertividade.
mentará ainda mais a base de dados sentido e também em outros referen-
Carlos Alberto
do conselho. tes à obrigatoriedade do registro. É im-
Ferreira Júnior, diretor
Segundo o diretor da Câmara de portante que cada profissional atue em
de Fiscalização e Registro
Fiscalização e Registro, Carlos Alber- seu respectivo segmento, pois desta
to Ferreira Júnior, conhecido como maneira a sociedade terá segurança
Carlão, o sistema de inteligência cor- com relação à competência técnica de
porativa direciona os fiscais para os quem está contratando”, avalia Carlão.
locais em que eles constatam haver Outra demanda que o CFA, com
problemas, reduzindo custos de des- sua Câmara de Fiscalização e Re-
colamento e perda de tempo dos pro- gistro, tem abarcado e defendido é
fissionais que farão a vistoria. “Existe a regulamentação das atividades de
limitação de recursos, de número de tecnólogo em Segurança do Traba-
profissionais e tempo, por isso utili- lho. A profissão possui carga voltada
zamos novas tecnologias para conse- predominantemente a processos ad-
guir mais economia e assertividade”, ministrativos, embora haja peculiari-
explica. dades de outras áreas.
Um dos trabalhos pouco conheci- Para o diretor, o setor ainda não
dos do CFA, e da Câmara de Fiscaliza- possui lei que regula suas funções.
ção, é em relação à fiscalização de pes- Com isso, muitos tecnólogos por ve-
soas físicas e jurídicas que atuam nos zes são impedidos de atuar em suas
setores de administração de condo- áreas de formação, pois outras carrei-
mínio e exploração de bens imóveis ras acabam impedindo-os de traba-
de terceiros. Decisões de tribunais, lharem no segmento, por meio de
como o TRF da 3ª região, têm confir- processos jurídicos.
mado entendimento de que atuar nes- “Existe reserva de mercado que
sas áreas estariam como atividades impede a atuação desses profis-
previstas na Lei n.o 4.769/1965, que sionais, mas vamos comprar
regulamentou a profissão de adminis- esta briga. Vamos defender o
trador e também definiu as funções espaço desses tecnólogos".
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ASSIM
FUNCIONA O
IGM-CFA
Ferramenta possui dados estratégicos de mais de 5 mil municípios do Brasil
POR LEON SANTOS

O Índice CFA de Governan-


ça Municipal (IGM-CFA) é, atual-
mente, a ferramenta mais poderosa a
cia de cobertura (dados sobre todos os
campos avaliados) e qualidade – pre-
cisão dos dados. No segundo tipo, é
apenas dar uma visão ampla sobre o
que está acontecendo no município,
mas também melhorar planejamen-
fornecer subsídios sobre a fotografia possível analisar dados quantitativos, tos de políticas públicas e resolver
da gestão pública no Brasil. Com ob- que fazem correlação com demais in- problemas pontuais de cada setor.
jetivo de contribuir para o desenvol- dicadores do IGM — seu objetivo é “Quando é possível saber como um
vimento nacional, o Conselho Federal evitar sobreposição e redundância município está em relação à outro, de
de Administração (CFA) tem orga- das informações. mesmo porte e característica, isso faz
nizado workshops (minicursos), por Para o diretor da Câmara de Ges- com que os outros administradores
todo o país, a fim de divulgar a ferra- tão pública (CGP) do Conselho Fe- públicos possam perceber que algo
menta, explicar como ela funciona e deral de Administração (CFA), Fábio pode ser feito ou melhorado efetiva-
formar capacitadores. Mendes Macêdo, o IGM permite não mente”, analisou.
Há dois tipos de base de dados.
A primeira é do tipo qualitativo que
apresenta características como perio- MAIS INFORMAÇÕES
dicidade de apuração de dados (apre- A ferramenta IGM-CFA está disponível
sentados pelo município), abrangên- em www.igm.cfa.org.br
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COMO FUNCIONA
Caso o visitante do site não saiba n Na sequência, é possível verificar
o número de habitantes, do local gráfico, onde o retângulo (torre na
a ser pesquisado, basta clicar em cor verde) representa a realidade
“Veja Mais”. Na próxima página, em do município pesquisado. Já na cor
“Procurar Município no Ranking”, azul, está a nota da cidade melhor
digita-se o nome da cidade e, au- posicionada no ranking: ela serve
tomaticamente, aparecerá uma lis- de referência para mostrar que é
Quando é possível
ta; bastando apenas conferir se ela possível alcançar nota semelhante, saber como um
pertence ao estado de onde se quer uma vez que um município com as
extrair os dados. mesmas características também o
município está em
conseguiu. relação à outro,
n Ao aparecer o nome da cidade, no
sistema de busca, será informado n O próximo gráfico, em formato
de mesmo porte e
também a qual grupo ela pertence. de pirâmide ou triângulo, mostra a característica, isso
Em seguida, aparecerá uma lista de dimensão de equilíbrio dos fatores
municípios do mesmo conjunto, finanças, gestão e desempenho.
faz com que os outros
com realidades semelhantes. Na cor azul, mostra-se novamente administradores
o município melhor colocado no
n Na tabela que aparecerá, o pesqui- grupo, e na cor verde, a realidade
públicos possam
sador visualizará dados como o nome do local pesquisado. perceber que algo
da cidade e estado (UF), a posição
geral (em relação aos seus pares, do n O gráfico piramidal tem como
pode ser feito
mesmo grupo), nota no IGM e, tam- objetivo mostrar deformações nos ou melhorado
bém, nos quesitos finanças, gestão e três quesitos. Ao colocar o cursor
desempenho. em uma das pontas da pirâmide, é
efetivamente.
possível ver a nota dos quesitos fi-
Fábio Mendes Macêdo,
n Outra forma de ver as mesmas nanças, gestão e desempenho geral.
diretor de Gestão Pública do CFA
informações, com mais destaque vi-
sual, é clicar no nome do município n Na mesma página, em “Explo-
que foi apresentado na lista geral. Na re Dimensões”, é possível esco-
próxima tela, aparecerá um quadro lher e verificar dados específicos
com os dados “IGM-CFA 2018” (é a nos quesitos finanças, gestão e
nota geral da cidade — considera a desempenho. Ao escolher, por
média de todos os quesitos, no ano exemplo, a opção “Gestão” será
de 2018) e, ao lado, a “Posição no possível entender o porquê das
Grupo” (a posição da cidade entre notas. O visitante pode selecionar,
todas do mesmo grupo). ainda, as opções “finanças” (caso
queira analisar outro quesito) e
n Na segunda linha, à esquerda, em “desempenho”.
“População” aparecerá o número de
habitantes da cidade pesquisada, e n Utilizando como exemplo o
à direita, o “PIB Per capita” (é a mé- quesito “gestão”, no início de cada
dia que considera o valor total da página haverá um gráfico, em plano
renda gerada pela cidade, dividida cartesiano, onde são apresentados
pelo número de habitantes locais). dados como: gastos com colabo-
Na última linha, em “Área Territorial” radores, notas de planejamento,
aparecerá área total do município transparência e qualidade de in-
(em quilômetros quadrados). vestimento.
CFA 62

PROGRAMA PARA
MPES TEM MAIS DE 500
INSCRITOS EM 2019

O Programa de Capacita-
ção de Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte (MPEs), do Conse-
se curso é fundamental para todos
aqueles que querem agregar valor ao
currículo e ir além do que é oferecido
conhecimento, no mesmo assunto.
Entre os conteúdos do curso estão
o estudo sobre conceito, evolução e
lho Federal de Administração (CFA), nas faculdades”, explicou. tendências de consultoria, a descri-
tem atraído administradores de todo A capacitação em MPEs existe ção do que faz os consultores interno
o Brasil que estão buscam conheci- desde 2014 e é oferecido a todos os e externo, estudo de cenário de ne-
mento e experiência profissional estados que a solicitarem, por meio gócios, competitividade e gestão de
para agregar ao currículo. Em 2019, de seus CRAs. Todo ano são ofereci- mudança organizacional. Também
o programa foi aplicado nos estados das gratuitamente 50 vagas para cada são abordados o ciclo de consultoria
do Rio Grande do Sul, Amapá, Ceará, estado, aos administradores inscritos, (contratação, diagnóstico, feedback e
Amazonas, Rio Grande do Norte e por meio de sorteio público. decisão), as habilidades interpessoais
Acre. A capacitação é oferecida pelo requeridas do consultor, as caracterís-
Até o início de setembro, mais de CFA e faz parte de Acordo de Coope- ticas do comportamento empreende-
560 pessoas inscreveram-se como ração Técnica junto à ‘Secretaria de dor, os processos administrativos nas
aluno do programa. Segundo o vice- Desenvolvimento das Micro e Peque- MPEs (planejamento, arquitetura de
-diretor de Formação Profissional do nas Empresas, Empreendedorismo e pequenas empresas) e processos de
Conselho Federal de Administração Artesanato’, do Ministério da Econo- liderança e autogestão.
(CFA), Mauro Leonidas, o programa mia (SEMPE). O objetivo do curso é O curso ainda apresenta o pro-
visa estimular o desenvolvimento capacitar administradores para se- cesso de Gestão de Pessoas nas
pessoal e profissional, bem como o rem consultores com foco em MPEs Organizações e seus subsistemas
empreendedorismo dos alunos. “Es- e também serem multiplicadores de (recrutamento, política de treina-
63

Curso atende importância de MPEs ao Brasil. Só no primeiro


bimestre foram mais de 430 mil empregos gerados
POR LEON SANTOS

mento, remuneração, recompensas, Importância das “São números extremamente ex-

MPEs
acompanhamento e avaliação), Ges- pressivos, por esse motivo, o CFA
tão Financeira (técnicas de plane- acredita na força das MPEs e investe
jamento financeiro, princípios de nos cursos de formação e capacita-
contabilidade para MPEs, análise e De acordo com o Sebrae Nacional, ção profissional. Queremos que elas
elaboração de relatórios financeiros, as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) estejam cada vez mais nu-
resultado econômico e resultado fi- (MPEs) geraram 437,6 mil empre- merosas, fortes e sólidas, produzindo
nanceiro). Outro assunto oferecido gos, no Brasil, entre janeiro e julho cada vez mais riquezas para o país,
pelo curso são técnicas de Marketing de 2019. Apenas em fevereiro, foram com abundância de emprego e renda”,
(avaliação de mercado, planejamen- 125,2 mil empregos com carteira as- avalia Leonidas.
to, pesquisa, elaboração de plano de sinada, o que representou 72,3% do No primeiro bimestre do ano, no
marketing, sistema de inteligência total de vagas abertas no país no setor de Serviços foram criados 117,4
de mercado). mesmo período. mil postos de trabalho, seguidos
“Esses são apenas alguns dos con- Os números de fevereiro represen- pelos setores de Indústria e Trans-
teúdos encontrados nos módulos 1 e tam 3,5 vezes mais vagas que o nú- formação (53,2 mil) e Comércio (27,8
2. O curso ainda contempla os módu- mero gerado por médias e grandes mil). As Micro e Pequenas Empresas
los 3 e 4, com conteúdos ainda mais empresas - 36,5 mil vagas. Nos dois já respondem por mais de 27% do PIB
aprofundados e úteis para o micro e primeiros meses, as MPEs produ- brasileiro, gerando mais de R$ 600
o pequeno empreendedor”, revela a ziram 189,5 mil vagas, com saldo 17 bilhões, de acordo com a última pes-
coordenadora de Formação Profissio- vezes maior que os das empresas de quisa do Sebrae (2014) sobre a renda
nal do CFA, Sueli Moraes. porte médio e grande. gerada pelas MPEs.
CFA

CAPACITAÇÃO E
EMPREENDEDORISMO
EM ALTA
A té setembro de 2019, o
Conselho Federal de Administração
(CFA) já tinha realizado avanços es-
Também têm sido discutidas medi-
das para reduzir burocracia em MPEs,
parcerias com instituições públicas e
positivo para gerar riquezas para o
país”, ressaltou.
Outra conclusão foi a de que é preci-
tratégicos para o melhoramento dos particulares para incrementar cursos so ensinar os alunos a desenvolverem
cursos de capacitação em Micro e Pe- e a sobrevivência dos negócios em maior habilidade de aprendizagem e,
quenas Empresas (MPEs), bem como longo prazo. com isso, tirarem maior proveito dos
no amadurecimento de temas que De acordo com o conselheiro fe- ensinamentos. Por vezes, o conteúdo
possam ajudar no desenvolvimento deral e vice-diretor de Formação Pro- não é assimilado em sua integralidade.
do empreendedorismo no Brasil. fissional, do Conselho Federal de Ad- O grupo componente do fórum tam-
Durante reuniões, ao longo do ano, ministração (CFA), Mauro Leonidas, bém discute ações para reduzir a buro-
foram discutidos no ‘Fórum Perma- além de oferecer boa formação — con- cracia que afeta o crescimento de orga-
nente das Microempresas e Empre- forme as necessidades e realidades nizações no Brasil, sobretudo, as micro
sas de Pequeno Porte’ — grupo que das empresas—, é preciso ter asserti- e pequenas empresas. Em julho, o dire-
reúne instituições como CFA, Sebrae, vidade quanto aos resultados gerados tor da Secretaria de Desburocratização,
Ministério da Economia e Banco do pelos cursos de formação. “Temos em do Ministério da Economia, Geanluca
Brasil — temas como ensinar métodos mente que devemos atender o cliente Lorenzon, adiantou que o Governo Fe-
de aprendizagem para melhorar ab- final, que são os micro e pequenos em- deral já trabalha para “descontinuar o
sorção de conteúdos e também boas preendedores, assim como garantir E-Social, e que a intenção é acabar com
práticas de ações empreendedoras. que esses cursos resultem em algo o sistema até o final de 2019”.
65

Além de aperfeiçoamento de cursos, CFA propõe medidas que visam gerar


melhores resultados e mercado favorável para Micro e Pequenas Empresas
POR LEON SANTOS

Parcerias cacional. O objetivo é a formação e Para o vice-diretor de Formação


capacitação de administradores, bem Profissional do Conselho Federal de
CAIXA ECONÔMICA como de estudantes universitários de Administração (CFA), Mauro Leoni-
Em maio, o CFA e a Caixa Econômica Administração, e de jovens dos Ensi- das, a parceria é importante, pois en-
Federal (CEF) iniciaram tratativas nos Fundamental e Médio. sinará novos conhecimentos técnicos,
para o desenvolvimento do ‘Progra- CFA e BB visam oferecer cursos e criará postos de trabalho e despertará
ma de Capacitação de Multiplica- palestras sobre temas ligados à práti- interesse pelo empreendedorismo —
dores de Conhecimento’. A parceria ca da Administração. Entre os conteú- em sua visão, essenciais para a in-
tratará da formação conjunta de con- dos que poderão ser oferecidos estão: clusão social e desenvolvimento da
sultores para tornar o profissional Banking (disciplinas e conhecimentos economia brasileira.
vinculado ao CRA capaz de orientar referentes a serviços bancários), es- “As pessoas precisam entender
empreendedores do segmento das tudos de fluxo de caixa e casos de su- que não há emprego para todo mun-
Micro e Pequenas Empresas. cesso de micro e pequenas empresas. do. O futuro está no empreendedoris-
“Queremos focar mais em situações mo e na qualificação em torno desse
BANCO DO BRASIL práticas: aquilo que o micro e pequeno setor. Além de possibilitar maior co-
Em reunião realizada entre represen- empresário precisa saber para manter nhecimento técnico, por outro lado, as
tantes do CFA e do BB, em julho, foi a saúde financeira de sua empresa”, pessoas ainda vão gerar sua própria
iniciada rodada de conversas para o explicou o diretor de micro e pequenas renda e até empregar seus familiares”,
desenvolvimento de parceria edu- empresas do BB, Luiz Claudio Batista. explicou Leonidas.
endereços
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 30 Nº 131 JULHO/AGOSTO 2019
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ)

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DO ACRE (CRA-AC) DO MARANHÃO (CRA-MA) DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN)
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Presidente: Adm. INÁCIO GUEDES BORGES Presidente: Adm. JEHU PINTO DE AGUILAR FILHO DE RORAIMA (CRA-RR)
Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - Manaus/AM Avenida Olegário Maciel, 1233 – Lourdes Presidente: Adm. SATURNINO MORAES FERREIRA
Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 30180-111 - Belo Horizonte/MG Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco
E-mail: conselho@craamazonas.org.br Fone: (31) 3218-4500 – 3218-4535 - Fax: (31) 3273-5699 69305-170 - Boa Vista/RR
Site: craamazonas.org.br E-mail: presidencia@cramg.org.br • Site: cramg.org.br Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448
Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 Horário de funcionamento: das 9h às 17h E-mail: craroraima@crarr.org.br • Site: crarr.org.br
Horário de funcionamento: das 8h às 14h – externo e das 14h
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO às 18h interno
DA BAHIA (CRA-BA) DO PARÁ (CRA-PA) • INTERVENÇÃO
Presidente: Adm. TÂNIA MARIA DA CUNHA DIAS Presidente interventor: Adm. AMILCAR PACHECO DOS SANTOS CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
Av. Tancredo Neves, 999 - Ed. Metropolitano Alfa Rua Osvaldo Cruz, 307 - Campina - 66017-090 - Belém/PA DE SANTA CATARINA (CRA-SC)
Salas 601/602 e 401/402 - Caminho das Árvores Fone: (91) 3202-7889 - Celular: (91) 98896-1257 Presidente: Adm. PAULO SÉRGIO JORDANI
41820-021 - Salvador/BA Site: cra-pa.com.br Av. Pref. Osmar Cunha, 260 - 8º andar Sl.: 701 a 707/ 801 a
Fone: (71) 3311-2583 • 3311-2557 - Fax: (71) 3311-2573 Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 807 Ed. Royal Business Center
E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br • Site: cra-ba.org.br 88015-100 - Florianópolis/SC
Horário de funcionamento: das 9h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Fone: (48) 3229-9400
DA PARAIBA (CRA-PB) E-mail: crasc@crasc.org.br • Site: crasc.org.br
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Presidente: Adm. GERALDO TADEU INDRUSIAK DA ROSA Horário de funcionamento: das 8h às 18h
DO CEARÁ (CRA-CE) Av. Piauí, 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 - João Pessoa/PB
Presidente: Adm. LEONARDO JOSÉ MACEDO Fone: (83) 3021-0296 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
Rua Dona Leopoldina, 935 - Centro - 60110-484 - Fortaleza/CE E-mail: crapb@crapb.org.br • Site: crapb.org.br DE SÃO PAULO (CRA-SP)
Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 Horário de funcionamento: das 12h às 18h Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO
E-mail: presidente@craceara.org.br • Site: craceara.org.br Rua Estados Unidos, 865/889 - Jardim América
Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO 01427-001 - São Paulo/SP
DO PARANÁ (CRA-PR) Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3473
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Presidente: Adm. SERGIO PEREIRA LOBO E-mail: secretaria@crasp.gov.br • Site: crasp.com.br
DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Rua Cel. Dulcídio, 1565 - Água Verde - 80250-100 - Curitiba/PR Horário de funcionamento: das 8h15 às 17h50
Presidente: Adm. UDENIR DE OLIVEIRA SILVA Fone: (41) 3311-5555 - Fax: (41) 3311-5566
SAUS Quadra 6, 2º Pav. Conj. 201 - Ed. Belvedere E-mail: presidencia@cra-pr.org.br • Site: cra-pr.org.br CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
70070-915 - Brasília/DF Horário de funcionamento: das 9h às 18h DE SERGIPE (CRA-SE)
Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 Presidente: Adm. SIDNEY VASCONCELOS ANDRADE
E-mail: presidencia@cradf.org.br • Site: cradf.org.br CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Rua Senador Rollemberg, 513 - São José
Horário de funcionamento: das 9h às 17h DE PERNAMBUCO (CRA-PE) 49015-120 - Aracaju/SE
Presidente: Adm. MAURI VIEIRA COSTA Fone: (79) 3214-2229/3214-3983
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Rua José de Vasconcelos, 93 - Tamarineira E-mail: presidencia@crase.org.br • Site: crase.org.br
DO ESPIRITO SANTO (CRA-ES) 52110-040 - Recife/PE Horário de funcionamento: das 8h às 17h
Presidente: Adm. MAURÍLIO JOSÉ MARTINS INÊS Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - Fax: (81) 3268-4414
Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 - Vitória/ES E-mail: cra@crape.org.br • Site: crape.org.br CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
Fone: (27) 2121-0500 ou 2121-0504 Horário de funcionamento: das 8h às 14h / Atend. Público 08h DE TOCANTINS (CRA-TO)
E-mail: craes@craes.org.br • Site: craes.org.br às 12h Presidente: Adm. FRANCISCO ALMEIDA COSTA
Horário de funcionamento: das 9h às 17h 602 Norte Av.: Teotônio Segurado Cj 01 Lt 06
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO 77006700 - Palmas/TO
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Fone: (63) 3215-1240/3215-8414
DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. ROBERTHY DOS SANTOS BARBOSA E-mail: atendimento@crato.org.br • Site: crato.org.br
Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 - Teresina/PI Horário de funcionamento: das 8h às 18h
Rua 1.137, Nº 229, Setor Marista - 74180-160 - Goiânia/GO Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704
Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: superintendencia@cra-pi.org.br • Site: cra-pi.org.br
E-mail: presidencia@crago.org.br • Site: crago.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h ATUALIZADO EM 15/10/2019
Horário de funcionamento: das 8h às 18h
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