Você está na página 1de 55

1

UNIVERSIDADE CEUMA
CAMPUS IMPERATRIZ

Júlia Glapinski Zacca Picoli

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA FOTOVOLTAICO COM DEMANDA DE 6000kWh

Imperatriz – MA
2018
4

JÚLIA GLAPINSKI ZACCA PICOLI

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA FOTOVOLTAICO COM DEMANDA DE 6000kWh

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação,


apresentado à Universidade Ceuma – como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Prof. Orientador: Fausto Lucena.

Imperatriz – MA
2018
5

P598i Picoli, Júlia Glapinski Zacca.

Implantação de sistema fotovoltaico com demanda de


6000kwh: Estudo de caso./ Júlia Glapinski Zacca Picoli. –
Imperatriz: UNICEUMA, 2018.

53f. ; 30 cm.

Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Civil.


Universidade CEUMA, 2018.

1. Fonte de energia renovável. 2. Sistema fotovoltaico.


3. Meio ambiente. 4. Sustentabilidade. I. OLIVEIRA, Fausto
Lucena. (Orientador) II. COLOMBO, Alberto Belotti.
(Coordenador) Título.

CDU: 621.6:504.03

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marina Carvalho CRB13/823

Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive
através de processos xerográficos, sem permissão expressa do Autor. (Artigo 184 do Código Penal Brasileiro,
com a nova redação dada pela Lei n.8.635, de 16-03-1993).
6

JÚLIA GLAPINSKI ZACCA PICOLI

IMPLANTAÇÃO DE SITEMA FOTOVOLTAICO COM DEMANDA DE 6000kWh

NA CIDADE DE IMPERATRIZ-MA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Maranhão


como requisito parcial para obtenção do Grau Bacharel em Engenharia Civil,
submetendo à Banca Examinadora composta pelos Professores:

BANCA EXAMINADORA

Orientador: ______________________________________________
Prof. Orientador: Fausto Lucena
Universidade CEUMA

Membro 1: ________________________________________________
Alberto Belotti Colombo
Universidade CEUMA

Membro 2: ________________________________________________
André Salgado Sandin
Universidade CEUMA

Julgado em: ___/___/_____


Conceito:____________

Imperatriz – MA
2018
7

“Todas as flores do futuro estão contidas


nas sementes de hoje”.
(Provérbio Chinês)
8

AGRADECIMENTOS

Como cristã, agradeço primeiramente a Deus, pois dele vem toda a vitalidade e
inteligência para que se escreva cada palavra, construa cada raciocínio e defenda cada
pensamento por mim criado.

Com muito amor, agradeço ao meu querido esposo, Felipe Picoli, pois ele está comigo
em cada momento, me dando forças e apoio para que eu alcance cada conquista. Se não fosse
por ele, não teria muito do que tenho construído hoje. Ele me dá amor, carinho, coragem,
entusiasmo, segurança e estabilidade para que, com calma, eu possa dar cada passo sem medo
de me arrepender. Obrigada, meu amor!

Aos meus pais, Noeci Feijó e Flávio Zacca, me fizeram quem sou hoje, me mostrando
o caminho a seguir, me educando de forma coesa, mostrando os valores certos a ter, construindo
meu caráter. Sou imensamente grata por cada minuto de esforço deles por mim. Especialmente
à minha mãe, que nunca me deixou sozinha, sempre esteve comigo quando precisei, de forma
incansável se dedicou para fazer com que seus filhos sejam pessoas fortes e bem preparadas
para o mundo. Obrigada, mãe, eu sou apenas um pedaço de você.

Minhas irmãs, Carla e Laura, com suas particularidades me fizeram mais fortes, não me
deixaram me sentir sozinha. Me apoiaram e me deram suporte. Um obrigada especial à Carla,
que por muitos anos me propiciou infinitas oportunidades que fizeram muita diferença em quem
me tornei.

E por último, e não menos importante, meus amigos. Sem eles eu já teria
desestabilizado. Meu escape, onde por muitas vezes me mostraram como seguir, sem me fazer
desistir de tantos projetos acadêmicos. Vocês são minha companhia e parte muito importante
da minha saúde mental.

Obrigada.
9

RESUMO

Com intuito de atenuar os dados causados pelo uso de recursos não renováveis, estudos e
criações de novas tecnologias buscam alternativas sustentáveis, como por exemplo, o uso da
energia solar. A implantação desse sistema já mostrou que não oferecer risco algum ao meio
ambiente, além de propiciar estabilidade e segurança ao consumidor. Este trabalho apresenta
um estudo de caso para a implantação do sistema fotovoltaico à uma edificação comercial que
possui demanda energética de 6000kWh mensal. Para isso, foi feito uma pesquisa bibliográfica
e documental. Tal edificação é locada no município de Imperatriz, Maranhão, região no qual
apresenta incidência solar alta e constante por todo o ano, sendo conveniente para obtenção de
uma alta eficácia do sistema. A partir disso, é feito o dimensionamento dos equipamentos
necessários, além da análise da viabilidade econômica, apontando os diversos benefícios
provenientes do sistema. Observou-se, ao final que, com o valor economizado ao longo da vida
útil dos painéis (25 anos), pode fazer a implantação de outros 70 sistemas iguais.

Palavras-chave: Fonte de Energia Renovável. Sistema Fotovoltaico. Meio Ambiente.


Sustentabilidade.
10

ABSTRACT

In order to mitigate the data caused by the use of nonrenewable resources, studies and creations
of new technologies seek sustainable alternatives, such as the use of solar energy. The
implementation of this system has already shown that it does not offer any risk to the
environment, besides providing stability and security to the consumer. This work presents a
case study for the implantation of the photovoltaic system to a commercial building that has
energy demand of 6000kWh per month. For this, a bibliographical and documentary research
was done. This building is located in the municipality of Imperatriz, Maranhão, in which it has
a high and constant solar incidence throughout the year, being convenient to obtain a high
efficiency of the system. From this, the sizing of the necessary equipment is done, besides the
analysis of the economic viability, pointing out the various benefits coming from the system.
At the end, it was observed that, with the value saved over the useful life of the panels (25
years), it can implant another 70 identical systems.

Keywords: Renewable Energy Source. Photovoltaic system. Environment. Sustainability.


11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Placas fotovoltaicas. ............................................................................................... 14


Figura 2 - Sistema Isolado ou Autônomo (off-grid)................................................................ 15
Figura 3 - Sistema ligado à rede (on-grid)............................................................................... 15
Figura 4 - Sistema Híbrido. ..................................................................................................... 16
Figura 5 - Incidência solar na Terra (1990 a 2004). ................................................................ 17
Figura 6 - Incidência solar média anual no Brasil. .................................................................. 18
Figura 7 - Estrutura de bandas de energia em condutor (a), semicondutor (b) e isolante (c).. 20
Figura 8 - Propriedades do silício à temperatura de 300 K e baixas concentrações de
dopantes. ................................................................................................................................... 21
Figura 9 - Estrutura física de uma junção pn de uma célula fotovoltaica. .............................. 22
Figura 10 - Componentes do bloco gerador. ........................................................................... 24
Figura 11 - Esquema do bloco de condicionamento de potência. ........................................... 25
Figura 12 - Cabeamento utilizado no sistema fotovoltaico. .................................................... 26
Figura 13 - Sistema Fotovoltaico Isolado em Série................................................................. 27
Figura 14 - Sistema Fotovoltaico Isolado em Paralelo. ........................................................... 27
Figura 15 - Esquema de tráfego de energia quando on-grid. .................................................. 29
Figura 16 - Irradiação Solar no Plano Horizontal em Imperatriz e região. ............................. 32
Figura 17 - Esquema de arranjo aplicado. ............................................................................... 36
Figura 18 - Tabela de tarifações da CEMAR. ......................................................................... 37
12

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Caixa acumulado. .................................................................................................. 40


13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Levantamento dos materiais necessários e custeados. ........................................... 38


Tabela 2 - Progressão de custos ao longo da vida mínima útil (25 anos). ............................... 39
14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1.1 APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 11

2 CONTEXTO ATUAL ..................................................................................................... 14

2.1 DISTRIBUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DE RADIAÇÃO SOLAR ................................................................. 16

2.2 MERCADO NACIONAL............................................................................................................ 19

3 A CÉLULA FOTOVOLTAICA ....................................................................................... 20

3.1 O SISTEMA ............................................................................................................................. 23

3.1.1 Composição do sistema .................................................................................... 23

3.1.1.1 Bloco gerador ........................................................................................................... 23


3.1.1.2 Bloco de condicionamento de potência ................................................................... 24
3.1.1.3 Bloco de armazenamento ........................................................................................ 25
3.1.1.4 Cabeamento ............................................................................................................. 25
3.1.2 Formas do sistema ............................................................................................ 26

3.1.2.1 Sistema fotovoltaico isolado ou autônomo ............................................................. 26


3.1.3 Sistema fotovoltaico ligado à rede ................................................................... 28

3.1.3.1 Normatização ................................................................................................................ 30


4 O PROJETO .................................................................................................................... 31

4.1 INVERSOR ON-GRID ............................................................................................................... 34

4.2 ARRANJO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO................................................................................ 35

5 ANÁLISE FINANCEIRA............................................................................................... 36

5.1 TARIFA LOCAL ........................................................................................................................ 37

5.2 ORÇAMENTO ......................................................................................................................... 38

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 41

7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45

ANEXOS ................................................................................................................................. 49
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Ao processo evolutivo, observa-se que matérias primas tem se tornado decrescentes


quantitativamente no meio ambiente, tendo por justificativa diversos aspectos e eventos. Porém,
se abordado especificamente, pode ser visto com clareza que a geração e consumo de energia
elétrica, pelo contrário, é crescente no mundo.
O crescimento da demanda em consumo elétrico é dado, por grande parte, ao acesso
facilitado às máquinas, tanto industriais como domésticas que tem por fonte a eletricidade.
Ponto bastante comentado por eletrônicos estarem dominando o mercado moderno.
Por consequência, a procura por recursos alternativos de geração de energia tornou-se
frequente, visando minimizar a agressão ao meio e também buscando muitas vezes reduzir os
custos financeiros gerados por conta do tal crescente consumo energético. A partir daí então,
conhece-se a implantação de placas fotovoltaicas para geração de energia.
Placas fotovoltaicas são geralmente constituídas de silício e tem por função básica
transformar luz solar (através de uma célula fotovoltaica) em energia elétrica. Isto é, a luz solar
é composta por pequenos elementos denominados fótons que, ao atingirem a célula
fotovoltaica, absorve parte deles. Com a agitação provocada pelos fótons nos elétrons do
material semicondutor das placas, gera-se energia (PORTAL SOLAR, 2017).
O consumo de energia elétrica tem causado diversos danos ambientais, além da alta
despesa gerada mensalmente. Diante de um cenário em que a natureza tem sofrido constantes
prejuízos provenientes da extração de recursos, tais como a energia elétrica, entra possibilidades
alternativas para minimizar danos, como exemplo, o sistema fotovoltaico de energia. Com isso,
tendo um ambiente completamente propício para utilização dessa tecnologia, por que não a
utilizar?
O tema foi escolhido devido a observação do alto consumo de energia elétrica e o quanto
isso acarreta despesas no orçamento mensal de diversos ramos, como residência, indústria,
comércio e afins. Além de que, a matéria prima para produção da energia fotovoltaica se dá
pela captação de raios solares, tal qual é intensa e constante durante maior parte do ano no
Brasil, principalmente na localidade estudada, Imperatriz - MA, diferente de outras matérias
primas que atualmente se encontram afetadas, gerando uma grande preocupação ambiental.
12

Logo, chega-se a seguinte indagação: quais os benefícios do uso de placas voltaicas para
geração de diversos tipos de energia? Os benefícios podem ultrapassar os custos? A partir de
então começa-se a discorrer sobre como alcançar as respostas a respeito do tema.
A partir disso, será feito um estudo de caso para a implantação de um sistema
fotovoltaico para suprir o gasto de energia do sistema que tem um consumo equivalente a
6000kWh. Esse estudo apontará todos os recursos necessários, desde locação a orçamento,
apontando ainda a perspectiva de retorno do investimento, utilizando dados reais do local a ser
estudado, como, por exemplo, a tarifação utilizada pela Companhia Energética do Maranhão
(CEMAR).
A edificação escolhida apresenta grande viabilidade para a implantação do sistema
fotovoltaico, uma vez que fica exposta ao sol por longos períodos e dispõe de áreas sem
utilização para instalação das células fotovoltaicas. Dessa forma, o estudo apresentará todos as
características locais e do projeto.
Logo, essa pesquisa apresenta uma análise de fonte de energia alternativa e totalmente
sustentável, sendo essas as placas fotovoltaicas, as quais recebem raios solares e as transformam
em energia. Não há dano ao meio ambiente durante o processo. Além de que a geração de
energia solar propicia uma economia considerável nos custos com energia elétrica a longo
prazo, o qual será demonstrado ao desenvolver deste trabalho.
Este trabalho propõe identificar os benefícios do uso de placas fotovoltaicas para
geração de energia elétrica, apontando todos os materiais necessários para a implantação do
sistema, utilizando análise de documentos e revisões bibliográficas, baseado em estudos de
placas fotovoltaicas já existentes no mercado.
Para esse fim, buscou-se fazer um dimensionamento de um sistema fotovoltaico para
um caso específico, apontando os materiais necessários para sua implantação, além dos
benefícios do recurso utilizado.
Através deste dimensionamento, trataremos de apresentar o funcionamento dos módulos
fotovoltaicos, juntamente a um breve dimensionamento dos demais materiais a serem
utilizados, como cabos e sustentação. Com isso, será feito um comparativo entre a utilização da
rede pública e do sistema fotovoltaico, apontando seus benefícios, ressaltando a supremacia por
não gerar agressão ao meio ambiente, além da relação custo-benefício.
O trabalho inicia-se criando uma familiarização do leitor com o contexto atual: as
condições meteorológicas de funcionamento do sistema como o mercado nacional. Tendo essa
visão, pode-se então apresentar o sistema, as possibilidades de arranjo e suas aplicações, onde
cada solicitação cabe uma aplicação. A partir de então, inicia-se o dimensionamento do sistema.
13

Nesse ponto, extraímos a lista de materiais necessários de acordo com a solicitação do


sistema, como a quantidade de painéis fotovoltaicos, o tipo de inversor e o posicionamento de
todos os componentes do sistema, sendo esse o arranjo. Por fim, tem-se o orçamento da
implantação do sistema, possibilitando fazer um comparativo real, gerando análise e apontando
os benefícios da utilização do sistema fotovoltaico.
14

2 CONTEXTO ATUAL

Em busca de novas tecnologias para substituir os tradicionais métodos de produção de


energia, o sistema de fotovoltaicos têm tido expressiva. Deve-se, portanto, mencionar as
informações seguintes.
Cerca de 63,2% da produção de energia no Brasil é originada de hidrelétricas (IBGE,
2014). É provado que os danos causados ao meio ambiente na implantação de uma hidrelétrica
são irreversíveis (CEPA – USP, 2000), pois retira os moradores locais de suas habitações,
agride e devasta grande parte da fauna e flora do local, muda o curso das águas, alterando o
habitat, dentre diversos outros danos causados à natureza.
A produção de petróleo através do pré-sal marca 21,9% (IBGE, 2014) da produção
nacional de energia, o qual é originado por meio de combustão, sendo grande causador do efeito
estufa e demais danos. E, representado por 34,8% (IBGE, 2014), está o gás natural. Sabe-se que
é uma fonte não-renovável altamente tóxica, além de haver um grande desperdício de água nas
usinas termoelétricas, realiza emissão de dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx)
e, em menor escala, monóxido de carbono (CO) e alguns hidrocarbonetos de baixo peso
molecular, inclusive metano (CH4), devido à combustão incompleta.
Segundo IMHOFF (2007), energia solar fotovoltaica é definida como a energia gerada
por meio da conversão direta de radiação solar em eletricidade. Isto se dá por meio de um
dispositivo conhecido como célula fotovoltaica, que atua utilizando o princípio do efeito
fotoelétrico. As células fotovoltaicas, como observado na Figura 1, são feitas principalmente
por silício (Si), segundo material mais abundante da terra, superado apenas pelo oxigênio.
Existem três formas de exploração do silício: amorfo, cristalino e policristalino (CEMIG, 2012).

Figura 1 - Placas fotovoltaicas.

Fonte: Enel Soluções (2017).


15

No mercado atual, existem três tecnologias aplicadas para à produção de células


fotovoltaicas, classificadas em três gerações de acordo com seu material e suas características.
A primeira geração é composta por silício cristalino (c-Si), que se subdivide em silício
monocristalino (m-Si) e silício policristalino (p-Si), e representa 85% do mercado, por ser uma
tecnologia de melhor eficiência, consolidação e confiança (CEPEL & CRESESB, 2014). A
segunda geração, também chamada de filmes finos, é dividida em três cadeias: silício amorfo
(a-Si), disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e telureto de cádmio (CdTe).
Existem três subdivisões dos sistemas fotovoltaicos (Portal Solar, 2017): Sistemas
Isolados (off-grid) ou Autônomos (representado pela Figura 2), Sistemas Ligados à Rede (on-
grid) e Sistemas Híbridos. Para o bom funcionamento de qualquer um desses sistemas, é
necessário que sejam associados a equipamentos auxiliadores, controladores de cargas,
inversores e baterias.

Figura 2 - Sistema Isolado ou Autônomo (off-grid).

Fonte: Grid Power, 2017.

Como representado na Figura 3, o sistema isolado é caracterizado por não haver ligação
com a rede pública. A Figura 3, mostra a diferença, já que este representa o sistema on-grid, ou
seja, ligado à rede pública.

Figura 3 - Sistema ligado à rede (on-grid).

Fonte: Grid Power, 2018.


16

E, além de on-grid e off-grid, existe ainda um Sistema Híbrido, representado na Figura


4, ou seja, um sistema que pode ser abastecido por diferentes tipos de geradores de energia, por
exemplo: eólica, diesel, sol, vento e água ou, como até mesmo, pela rede pública (DANAUER,
2018).

Figura 4 - Sistema Híbrido.

Fonte: Barloventos Recursos Naturales, 2018

Por ser um sistema tão simples e prático de operar, necessita apenas de uma única e
renovável fonte de energia: solar (com exceção do sistema híbrido); fonte essa que o Brasil, em
todos os seus estados, recebe com abundância. Ressaltando a incidência de raios solares em
Imperatriz - MA, cidade onde é realizada a pesquisa. O Brasil teve perspectiva de crescimento
do mercado de energia fotovoltaicas expressadas em 300% em 2 anos (2015 a 2017) (PORTAL
SOLAR, 2017). Acrescente-se a isso que, segundo estimativas do Governo Federal (2015), esse
mercado movimente até 2030 cerca de 100 bilhões de reais.

2.1 DISTRIBUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DE RADIAÇÃO SOLAR

Na Figura 5 é apresentada a distribuição de incidência solar anual (W/m²) que atinge a


superfície terrestre, medida por satélites durante o período de 1990 a 2004 (MICHEL
ALBUISSON, MIRELLE LEFÈVRE E LUCIEN WALD, 2006). Esse mapa é uma ferramenta
vastamente utilizada pelos profissionais que utilizam da energia solar, por servir de referência
para verificar a irradiação solar, já que a eficiência do sistema é diretamente proporcional a
irradiação solar.
17

Figura 5 - Incidência solar na Terra (1990 a 2004).

Fonte: Michel Albuisson, Mirelle Lefèvre e Lucien Wald, 2006.

Para que seja válido um sistema solar, deve-se ter uma incidência de 3 a 4 kWh/(m²/dia),
sendo estes equivalentes a 125 a 166 W/m² (CEPEL - CRESESB, 2014), como expresso no
mapa. Logo, observa-se que a maioria das áreas situadas entre os trópicos são aptas para um
sistema fotovoltaico.
18

Pode-se calcular a capacidade de energia elétrica convertida por um sistema fotovoltaico


fixo instalado, utilizando o valor da irradiação solar incidente em um plano orientado na direção
do Equador, tendo uma inclinação análoga à latitude local.
O Brasil apresenta uma potente capacidade de conversão fotovoltaica, porém esse
recurso é pouco utilizado. Tendo em comparativo a Alemanha que, conforme a Figura 6, possui
uma irradiação média anual consideravelmente menor, deste modo, pode-se verificar a
diferença na utilização deste recurso sustentável e limpo. A Alemanha encontra-se em primeiro
lugar no ranking de países que possuem mais energia solar instalada, segundo a BP Energy
Outlook 2012, havendo um consumo de 19 TWh, equivalentes a 34,1% da fatia total mundial.

Figura 6 - Incidência solar média anual no Brasil.

Fonte: Solar Gis, 2018.


19

Especificamente aplicando ao caso, a Figura 6 apresenta a incidência solar média anual


no Brasil. É possível visualizar claramente a intensidade dos raios solares aplicados na região
estudada, Imperatriz – MA, com isso, é possível constatar que a aplicação do método de
conversão de energia solar nessa localização é propícia e indicada. Inclusive, foi publicado no
G1 (2016) que “o Maranhão é um dos estados mais promissores para o desenvolvimento de
energia solar, que só no último ano cresceu 300% no Brasil”.

2.2 MERCADO NACIONAL

O Brasil, por possuir uma respeitável extensão territorial e variedade de recursos,


possibilita a criação e aproveitamento de diversas matrizes energéticas. A Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), por meio da Resolução Normativa nº 482, de abril de 2012
regulamenta a geração de energia através de placas solares fotovoltaicas. O cenário mundial de
produção de energia através das células fotovoltaicas revela que, anualmente, é possível
alcançar um total instalado de 100 GW (GERMANY SOLAR INDUSTRY ASSOCIATION,
2015).
De acordo com a Portal Solar (2017), existe uma demanda de mais de 30.000
solicitações de orçamentos, notando que no ranking de estados com mais instalações de
sistemas fotovoltaicos, em 1º lugar está Minas Gerais, seguido por Rio de Janeiro, e em 3º lugar,
o Rio Grande do Sul. A faixa etária dos usuários que mais procuram por esse sistema é de 31 a
50 anos de idade, sendo em maioria homem e tem um consumo mensal energético no intervalo
de 300 a 500 reais. O uso dessa tecnologia ocorre predominantemente no setor residencial, mas
há demanda significativa e aplicações em outros setores, como edifícios públicos e comerciais,
hospitais, restaurantes, hotéis e similares. Todas as informações apresentadas estão disponíveis
no site oficial da Portal Solar em 2017.
20

3 A CÉLULA FOTOVOLTAICA

Os semicondutores são caracterizados por possuírem uma banda de valência


completamente preenchida por elétrons e uma banda de condução sem nenhum elétron à
temperatura de 0 K (zero absoluto). Desta forma, o semicondutor comporta-se como isolante
no zero absoluto (PINHO & GALDINO, 2014).
Existe uma grande quantidade de materiais encontrados na natureza que são
semicondutores, como o Silício (Si) - material mais utilizado na fabricação das células
fotovoltaicas -, Arsênio (As), Carbono (C), Fósforo (P), Selênio (Se), Telúrio (Te) e Germânio
(Ge).
Segundo Pinho e Galdino, para que um material semicondutor a 0 K deixe de ter
comportamento isolante e torne-se um semicondutor, é necessário que haja um ganho de energia
para que saia da banda de valência e atinja a banda de condução. Essa “quantidade” de energia
que realiza essa transição é chamada de banda proibida ou gap de energia (em inglês, bandgap).
A separação entre as duas bandas pode atingir até 3 eV (elétron-volt), que distingue dos
isolantes, pois a bandgap excede 3 eV. O valor de energia contido na banda proibida é
representado por 𝐸𝑔 . A Figura 7 ilustra a banda proibida (bandgap ou 𝐸𝑔 ) de diferentes tipos
de materiais, sendo eles condutor, semicondutor e isolante, sendo o Si um semicondutor.

Figura 7 - Estrutura de bandas de energia em condutor (a), semicondutor (b) e isolante (c).

Fonte: Pinho & Galdino, 2014.

Em materiais semicondutores, o aumento da condutividade é coligado à temperatura,


pois ocorre através da excitação térmica de elétrons da banda de valência para a de condução
que, com isso, resulta em vazios, nestes constituem portadores de carga positiva. Porém, esses
vazios possuem cerca de 1/3 de mobilidade se comparada aos elétrons na banda de condução
(PINHO & GALDINO, 2014). Assim, quando um semicondutor estiver a 0 K, há sempre a
21

mesma quantidade de elétrons na banda de condução e de vazios na banda de valência, chamado


de pares elétron-lacuna.
Existe ainda a possibilidade de geração de portadores através de energia cinética dos
prótons, neutros, e afins que atinjam o material, no qual a energia das partículas são muito
maiores que das ligações químicas das moléculas. Esse fenômeno é chamado de ionização por
impacto (PINHO & GALDINO, 2014). Porém, para a fabricação de células fotovoltaicas, a
propriedade basal é a probabilidade de fótons incidentes no semicondutor com energia superior
à da banda proibida (𝐸𝑔 ) também gerarem pares elétron-lacuna.
Os elétrons e vazios gerados podem se locomover dentro do material, dessa forma,
aumenta a condutividade elétrica, esse evento é cognominado por efeito fotocondutivo.
Utilizado na fabricação de fotocélulas ou fotoresistores (LDRs³), sendo estes capazes de oscilar
a resistência elétrica de acordo com a incidência de luminosidade. Para o aproveitamento desse
efeito, é necessário que haja a dopagem do semicondutor, sendo a adição de impurezas a fim
de controlar as características elétricas do material intrínseco (PINHO & GALDINO, 2014). A
dopagem funciona como campo elétrico para separar os portadores. Sendo o material utilizado
o silício, as impurezas são os elementos tri e pentavalentes da tabela periódica. A Figura 8
apresenta, para fim complementar de informação, algumas das principais informações do
principal material que constitui as células fotovoltaicas, o silício.

Figura 8 - Propriedades do silício à temperatura de 300 K e baixas concentrações de dopantes.

Fonte: Pinho & Galdino, 2014.

Pode ser visto que o silício possui um ponto de fusão que atenderá a solicitação do
material, já que o mesmo será exposto ao sol por longos períodos, elevando sua temperatura.
22

Considerando, ainda, que a adição de dopantes excita as moléculas gerando energia,


consequentemente calor, aumentando ainda mais a temperatura da célula.
O Si é constituído por uma rede cristalina, ou seja, é um elemento que possui quatro
elétrons de valência e formam ligações covalentes com os átomos vizinhos, totalizando oito
elétrons compartilhados. Se, por exemplo, ao colocar nessa estrutura um átomo pentavalente
como fósforo (P) ou arsênio (As), haverá sempre um elétron sobrando. Esse estará com uma
fraca ligação com seu átomo de origem, dessa maneira, em temperatura ambiente, o elétron se
desprenderá e atingirá a banda de condução facilmente. Por consequência, o átomo de origem
ficará com uma carga positiva fixa. Esse processo é utilizado na dopagem tipo n (PINHO &
GALDINO, 2014).
Agora se, por exemplo, adicionar à rede cristalina um átomo trivalente como o boro (B)
ou alumínio (Al), haverá uma lacuna resultante da ausência de um elétron; em temperatura
ambiente, a ligação vizinha haverá energia térmica suficiente para arranjar nesta posição, assim,
tornando o átomo uma carga fixa negativa. Esse processo é utilizado na dopagem tipo p. Sabe-
se que a dopagem tipo n tem concentração muito maior que tipo p, onde corresponde a
aproximadamente Nd=1:10³ e Na=1:10⁷, respectivamente.
A Figura 9 mostra a estrutura de uma célula fotovoltaica que é feito o processo da
dopagem, dando destaque a área de silício tipo n (concentração de carga negativa), silício tipo
p (concentração de carga positiva) e a zona de carga especial (junção pn), segundo Pinho e
Galdino (2014).

Figura 9 - Estrutura física de uma junção pn de uma célula fotovoltaica.

Fonte: Pinho & Galdino, 2014.


23

Sintetizando, cria-se duas camadas com alta concentração de dopantes para que haja
regiões com prevalência de cargas livres negativas e positivas (tipo n e tipo p, respectivamente).
Com isso, os elétrons excedentes na região n invadem o lado p e vice-versa, formando cargas
negativas e positivas fixas, até que estabeleça o equilíbrio, criando um campo magnético que
impede que haja essa contínua troca de elétrons entre as regiões. Essa zona com carga positiva
e negativa é chamada de carga especial ou zona de depleção (Figura 9), caracterizado por não
existir mais portadores (PINHO E GALDINO, 2014).
Ao entrar em contato as duas regiões, estabelece-se o equilíbrio, isso advém do fluxo
inicial dos portadores e pela formação do campo elétrico e da diferença de potencial, sendo
estes responsáveis pela atração da corrente fotogerada (PINHO & GALDINO, 2014).

3.1 O SISTEMA

O sistema solar fotovoltaico pode ser configurar de diversas formas, tudo depende da
solicitação e como melhor será adaptado. Dessa forma, cada caso é um caso isolado. Como por
exemplo, se o sistema tiver uma maior solicitação de tensões, deverá ser feito associações em
série; já em paralelo, possibilita o aumento da capacidade de fornecimento de corrente. Além
dessas características, pode haver a necessidade de armazenamento de carga, incluindo assim
um conjunto de baterias.
Pode, ainda, ajustar o posicionamento, tanto do arranjo de todos os equipamentos
(inversores, baterias, controladores de cargas e módulos), como somente dos módulos, para
obter o resultado necessário.

3.1.1 Composição do sistema

O sistema fotovoltaico é constituído por três blocos, onde a cada caso, pode ser aplicado
uma combinação de acessórios diferente, tanto nas especificações como na combinação dos
grupos.

3.1.1.1 Bloco gerador

Responsável pela captação dos raios solares. Constituído pelos módulos fotovoltaicos,
cabeamento e a estrutura de sustentação, sendo este responsável pela captação dos raios solares.
Pode ser feito diversas associações entre os módulos, como citado anteriormente.
24

Figura 10 - Componentes do bloco gerador.

Fonte: Autoria própria, 2018.

A estrutura de fixação pode ser feita de diversas maneiras, podendo ser sobre telhados,
fixadas em paredes ou até mesmo no solo. Dependendo da angulação necessária e a superfície
a ser instalada, pode demandar distintas materiais (em sua grande maioria metálica, como inox
e alumínio) e quantidades, geralmente constituídas por perfis, bases, grampos e sistema de
aterramento (PHB SOLAR, 2018). No entanto, todos tem em comum as seguintes
especificações: ter boa resistência a água, sol, vento e efeitos do tempo.

3.1.1.2 Bloco de condicionamento de potência

Tem por função fazer o controle da carga de corrente e do tipo de corrente que circula
pelo sistema.

Bloco constituído por:

• Controladores de carga: também conhecido como MPPT ou SPPT (seguidor de ponto


de máxima potência ou Maximum Power Point Tracking). Tem função de controlar o processo
de carga e descarga das baterias, ou seja, responsável por protegê-las. Funciona da seguinte
forma: faz o controle da tensão da bateria, verificando a disponibilidade de armazenamento,
dessa forma, controlando a intensidade da corrente que flui ao banco de baterias (E-CYCLE,
2018).
• Inversores: tem como principal função transformar a corrente contínua (CC) em corrente
alternada (CA), conforme a necessidade, altera a tensão da corrente. Pode recarregar baterias
25

se associadas a um gerador. Garante que a energia gerada pelo sistema seja usual, já que a
maioria dos aparelhos utilizados são CA (E-CYCLE, 2018).
Figura 11 - Esquema do bloco de condicionamento de potência.

Fonte: Prof. Alceu Ferreira Alves, 2016.

3.1.1.3 Bloco de armazenamento

O bloco de armazenamento (ilustrado também na Figura 11) é usado apenas se houver


necessidade de armazenamento de cargas (não utilizado no sistema dimensionado). Esse é
composto por baterias e/ou outros equipamentos de armazenamento conforme a necessidade do
sistema.

3.1.1.4 Cabeamento

O sistema fotovoltaico exige uma série de cabos e conexões, onde deve-se haver uma
resistência a intempérie, ou seja, resistir a altas temperaturas extremas, radiação UV, ozônio e
à absorção de água. Deve-se também ter uma boa resistência mecânica, não danificando
facilmente devido a impactos.
Na Figura 12 é mostrado as conexões que se fazem necessárias, sendo: (1) conexões
entre placas e painéis fotovoltaicos, (2) instalação em baixa tensão CC entre painéis e caixas de
conexão, (3) instalação baixa tensão CC entre caixas de conexão e o inversor, (4) instalação
baixa tensão AC até o transformador, (5) cabos para o circuito de média tensão e (6) cabos para
linhas aéreas.
26

Figura 12 - Cabeamento utilizado no sistema fotovoltaico.

Fonte: General Cable Brasil, 2016. Adaptado pelo próprio autor.

3.1.2 Formas do sistema

Associações de células em série são necessárias para fornecer tensões maiores e


associações em paralelo são necessárias para aumentar a capacidade de fornecimento de
corrente. Os painéis fotovoltaicos comerciais são compostos por dezenas de células associadas.
Como foi visto, dependendo dos níveis de potência desejados para uma determinada aplicação,
painéis fotovoltaicos podem ser associados em série ou em paralelo.

3.1.2.1 Sistema fotovoltaico isolado ou autônomo

Sobre o sistema, Seguel (2009) declara:

Os sistemas fotovoltaicos isolados caracterizam-se por possuir como fonte primária


apenas a energia gerada pelos painéis fotovoltaicos. Assim, precisa-se de um sistema
de armazenamento da energia captada, geralmente um banco de baterias, para garantir
o fornecimento de energia durante a noite ou em períodos com baixa incidência solar.
Em geral, um sistema de energia fotovoltaico isolado está composto basicamente por
um arranjo de módulos fotovoltaicos, um regulador de carga, uma ou mais baterias e,
no caso que existem cargas que operam com tensão alternada, um conversor elevador
e um inversor. (SEGUEL, 2009 p. 22).
27

Dessa forma, seguindo o raciocínio de Seguel (2009), o sistema isolado exige a


maximização do rendimento produtivo, ou seja, tem que operar o máximo de tempo possível
em sua máxima potência, ainda solicitando uma rede de baterias preparadas para armazenar a
energia acumulada para suprir os períodos sem radiação solar. Somente se utilizado em sua
máxima eficiência, tal qual se faz viável economicamente, e, para isso, depende-se totalmente
das condições atmosféricas e a carga a ser alimentada (SEGUEL, 2009, p. 6).
O sistema fotovoltaico isolado pode ser dividido em Sistema em Série ou Sistema em
Paralelo, sendo esses diferenciados pela maneira em que é empregado o sistema de
armazenamento.
Em um sistema em série (Figura 13) segundo Seguel (2009),

O banco de baterias é colocado em série com o fluxo de energia. O carregador de


baterias tem a função de ajustar a tensão para carga das baterias, além disso, também
procura o ponto de máxima potência dos módulos fotovoltaicos. O conversor elevador
aumenta a tensão do banco de baterias para o nível necessário na entrada do inversor,
de acordo com a tensão desejada na saída do sistema. (SEGUEL, 2009, p. 23).

Figura 13 - Sistema Fotovoltaico Isolado em Série.

Painéis Carregador de Banco de Conversor


Inversor Carga
Fotovoltaicos Baterias Baterias Elevador

Fonte: Seguel, 2009.

Em um Sistema em Paralelo, a principal característica é explícita no emprego do


conjunto de baterias em paralelo com o fluxo da energia do sistema. A diferença, se comparado
ao Sistema em Série, é que o conversor é responsável por realizar a carga das baterias e o
conversor elevador de tensão estão posicionados em série com os demais equipamentos,
representado na Figura 14.

Figura 14 - Sistema Fotovoltaico Isolado em Paralelo.

Fonte: Seguel, 2009.


28

A mudança da disposição traz por resultante o aumento da eficiência total do sistema


fotovoltaico, levando em consideração ainda que, no sistema paralelo, se alguma placa obtiver
menor incidência solar, não prejudica a eficiência total do sistema, no qual é observado o
contrário no Sistema em Série, visto que a corrente fornecida se limita ao dispositivo de menor
corrente. Sendo assim, se faz mais vantajoso adotar esse arranjo em relação ao em Série
(SEGUEL, 2009), principalmente por possibilitar que o conjunto de baterias sejam
desconectados do sistema após sua completa carga, posteriormente sendo alimentada apenas
pela energia captada pelas placas fotovoltaicas.
Nesse arranjo, as baterias somente serão acionadas quando a energia gerada pelas placas
fotovoltaicas for menor que a demanda, dessa maneira, aumenta a vida útil do sistema, pois
evita cargas e descargas desnecessárias.

3.1.3 Sistema fotovoltaico ligado à rede

Segundo Rachel Besso (2017),


Os sistemas conectados à rede são aqueles em que a potência produzida é entregue
diretamente à rede elétrica, permitindo a substituição ou complementação da energia
disponível na rede. É necessária a utilização de um inversor que atenda às exigências
de qualidade e segurança da rede elétrica. Por outro lado, esse tipo de sistema dispensa
o uso de baterias uma vez que, na falta de energia, é possível consumir energia da
rede. (BESSO, 2017, p. 26).

Como dito por Besso (2017), o sistema ligado à rede é semelhante aos demais, no
entanto, o usuário possui a comodidade de ter a garantia do fornecimento de energia elétrica, já
que dispõe de duas fontes de energia. E, ainda tem a possibilidade de fazer o armazenamento
de energia via baterias juntamente ao sistema On-Grid (ligado à rede), no entanto, só se mostra
vantajoso se a localidade não possua uma linearidade no fornecimento de energia elétrica via
rede pública, como em interiores e de difícil acesso.
Na Figura 15, apresenta-se uma possibilidade de esquema de sistema ligado à rede,
onde apresenta o fluxo da energia gerada pelo sistema fotovoltaico juntamento com a mesma
que excede e a energia recebida da rede pública.
29

Figura 15 - Esquema de tráfego de energia quando on-grid.

Fonte: Solar Connect.

No sistema ligado à rede, existem duas configurações para a instalação, podendo ser
(BESSO, 2017):
1. Sistemas Distribuídos;
2. Sistemas Centralizados.
O Sistema Distribuído é caracterizado pela viabilidade dos módulos fotovoltaicos
poderem ser instalados de maneira integrada à edificação. Ou seja, se faz possível postergar
investimentos com expansão dos sistemas de distribuição de energia e transmissão, a redução
de perdas e a diversificação da matriz energética de alguns benefícios do sistema de geração
distribuída (BESSO, 2017). Porém, a complexidade de operação da rede e a dificuldade na
cobrança do uso de energia são desvantagens (ANEEL, 2016).
Para calcular a diferença entre a energia produzida pelo sistema e a consumida da rede,
é necessário realizar a medição da energia. Uma opção é a medição bidirecional de registros
independentes, no qual apenas o registro em um dos dois sentidos será realizado, de acordo com
a diferença entre a demanda (capacidade máxima exigida do sistema elétrico) (INTER
ENERGIA, 2017) e a potência (taxa temporal de gasto ou energia absorvida, dado em watts)
(ALEXANDER & SADIKU, 2012) produzida pelo sistema fotovoltaico, ou seja, quando o
sistema de energia solar produz mais energia que o consumido, a contagem regride (ENEL,
2016). Há, também, o método de medições simultâneas, sendo esse uma comparação entre a
30

energia gerada pelo sistema independente da medição de energia consumida da rede (BESSO,
2017).

3.1.3.1 Normatização

Antecedente a 2012, não havia uma normatização para fonte de geração de energia
renovável e, com isso, as companhias e distribuidoras de energia não permitiam que houvesse
acesso desses sistemas às redes públicas. No entanto, a ANEEL, em abril de 2012, designou a
Resolução Normativa nº 482/12, na qual dita as condições para que as fontes de energia
renováveis pudessem fazer devidamente as conexões em rede, o sistema de compensação de
energia e outras onipotências.
Os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
(PRODIST) são normas que tem por responsabilidade o relacionamento entre as
concessionárias e a ANEEL, padronizando e normatizando as atividades técnicas que envolvem
o sistema de geração de energia alternativo.
Segundo a ANEEL, a Microgeração Distribuída tem por definição:

Microgeração Distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada menor ou igual a 100 kW e que utilize fontes com base em energia
hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme
regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição por meio de
instalações de unidades consumidoras. (ANEEL, 2012-2015, página da web).
31

4 O PROJETO

O projeto desenvolvido neste trabalho consiste no dimensionamento e relação de


recursos necessários para a implantação de um sistema fotovoltaico a uma edificação. O
consumo médio utilizado para análise é de 6000kWh, a fim de atender o tipo de cliente
comercial, tendo rede trifásica com entrada de tensão equivalente a 380V. O sistema de geração
de energia deve suprir todo a demanda solicitada, zerando a conta (desde que não haja excedente
ao consumo dimensionado), restando apenas o pagamento à distribuidora local de energia
elétrica do encargo de iluminação pública e taxa de demanda.
O escolhido a ser implantado é sistema ligado em rede (On-Grid ou Grid-Tie), por
oferecer maior garantia de fornecimento contínuo de energia elétrica. Como já citado
anteriormente, nesse sistema há a possibilidade de que, caso não haja a geração de energia
suficiente para atender a demanda, possa ser solicitado automaticamente da rede pública. Com
isso, o sistema é composto por: placas de captação solar, inversor, contador de geração de
energia, cabos e acessórios estruturais.
Inicialmente, para que haja o dimensionamento, faz-se necessários que se saiba algumas
informações, sendo elas:
• Potência máxima exigida;
• Tensão nominal do sistema;
• Tempo em horas de solicitação de carga diária;
• Localização geográfica do local a ser instalado as placas fotovoltaicas. (Se faz
necessário para que possa verificar a angulação em que recebe os raios solares e a
incidência solar no local).
Inicialmente, faz-se uma pesquisa para que tenha o potencial energético solar da
localidade, este pode ser representado pelo somatório de horas em que os painéis solares
recebem sol pleno (equivalente a 1 kW/m² constante). Ou seja, o potencial é dado pelo acumulo
de radiação solar recebida ao longo do dia.
Com auxílio do banco de dados da Sundata (www.cresesb.cepel.br), obtém-se os valores
de irradiação solar diária média mensal [kWh/m².dia] a partir da latitude e longitude do local,
sendo estes 5.5206º S e 47.4718º W, respectivamente. A Figura 16 mostra os dados obtidos:
32

Figura 16 - Irradiação Solar no Plano Horizontal em Imperatriz e região.

Fonte: Cresesb.

Para garantir que haja geração suficiente de energia durante todo o ano, utiliza-se o valor
da média do mês que obteve menor incidência solar, sendo este janeiro com 4,65kWh/m²•dia.
33

O painel solar escolhido para compor o sistema é o Módulo Canadian Solar CS6U 325P,
apresentando as seguintes especificações:

• Potência máxima (Pmax): 325Wp


• Tolerância: 0% a +5%
• Tensão em circuito aberto (Voc): 45,5V
• Tensão de Pico (Vmpp): 37,0V
• Corrente de curto-circuito (Isc): 9,34A
• Corrente de Pico (Impp): 8,78A
• Voltagem máxima do sistema: 1000V
• Tipo de célula: Silício Policristalino
• Dimensões painel: 1960 x 992 x 40 (mm)
• Moldura: Alumínio
• Peso: 22,4 kg
A ficha técnica com todas as especificações técnicas fornecidas pelo fabricante está
inserida nos Anexos D e E. Para que se obtenha o valor de energia gerada através das placas
fotovoltaicas, fazer a seguinte equação:
(1)

𝑊𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (𝑘𝑊ℎ) = 𝑇 𝑥 𝑃𝑚á𝑥𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 𝑥 𝑁

onde:

T – tempo exposto ao sol pleno por dia (hora);

𝑃𝑚á𝑥𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 – potência máxima da painel solar (W);

𝑁 – número de painéis utilizados.

Sabendo que há um demanda de 6000kWh, esse valor deve ser dividindo por 30, que é
a quantidade de dias do mês. Assim, obtem-se o consumo médio diário de 200kWh. A partir
disso, deve-se extrair a potência mínima do sistema:

(2)

𝐶𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜
𝑃𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 =
𝐻𝑆𝑃
onde:
34

𝑃𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 – potência mínima solicitada (kWp);


𝐶𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 – consumo médio diário (kWh);
HSP – horas de sol pleno (h).
Logo, a potência mínima necessária é de 52kWp, sendo esse valor majorado
considerando perdas e possíveis oscilações. Com esse dado, pode-se, então, calcular a
quantidade de painéis necessários:
52000
𝑁= = 160 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠.
325

O modelo de módulo solar escolhido possui 72 células em cada e possui dimensão de


1960x992x40 (mm), tendo área de captação equivalente a 1,95m². Por conseguinte, serão
necessários 312m² de área para a instalação das placas solares, no entanto, deve ser reservado
320m² para garantir que haja a possibilidade de circulação de pessoas com segurança e espaço
para fazer devidas manutenções.
Conforme a Equação 1, haverá uma produção média diária de 241,8kWh e mensal de
7254kWh, mostrando que a quantidade dimensionada suprirá com sobra a demanda necessária,
cobrindo, ainda, possíveis aumentos da demanda solicitada pela edificação.

4.1 INVERSOR ON-GRID

O inversor possui função essencial para o funcionamento do sistema fotovoltaico, pois


tem a função de tornar utilizável a energia advinda dos painéis solares. Isto é, a energia
fornecida pelos painéis é recebida como Corrente Contínua (CC) e convertida em Corrente
Alternada (CA) – 110/220V, assim como vem da rede pública. Além disso, desempenha o papel
de fazer sincronia com a eletricidade da rede pública, ou seja, dá a segurança de que a energia,
independentemente de onde advenha, chegue ao consumidor de forma homogênea.
Para a escolha do inversor, deve-se atentar a algumas especificações para que se adeque
corretamente ao sistema conectado. Tem total importância que a potência seja superior à de
demanda, que, segundo a Eletrobrás/Procel (2006), a potência deve estar entre o intervado de
70% à 120% da potência solicitada. Ou seja, a potência do inversor é diretamente proporcional
a do sistema fotovoltaico. Essa condição pode ser representada da seguinte forma:
70% 𝑃𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 < 𝑃𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 < 120% 𝑃𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
Dessa forma,
36,4𝑘𝑊𝑝 < 𝑃𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 < 62,4𝑘𝑊𝑝
35

Para garantia de pleno funcionamento, deve-se atentar no momento da escolha do


inversor a algumas especificações, sendo estas:
• Temperatura de operação: levando em conta a possibilidade de ser exposto a altas
temperaturas;
• MPPT (Maximum Power Point Tracking ou, em português, SPPM): controlador de
carga para sistema fotovoltaico.
• A tensão do circuito aberto deve ser menor que a tensão de entrada do inversor.
Diante disso, o inversor escolhido foi o ABB TRIO-TM-50.0-400, atendendo os pré-
requisitos citados e possuindo as seguintes especificações:
• Voltagem máxima: 1000V;
• Tensão de entrada: 420 à 700V;
• Temperatura de operação: -26ºC à +60ºC;
• Potência nominal de entrada: 52kW
A ficha técnica de especificações do inversor em questão está nos Anexos A, B e C.

4.2 ARRANJO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

O modelo de inversor escolhido oferece 3 MPPT, ou seja, haverá um único inversor


para todo o sistema, sendo assim, será dividido em três séries, duas contendo 53 módulos e uma
com 54 módulos. Esse arranjo oferece maior flexibilidade, pois tendo arranjos em paralelo, a
possível perda de corrente de uma série não influencia no fluxo da corrente de outra, pois em
série a corrente se limita a de pior desempenho, dessa forma, ainda, não sobrecarregando os
módulos com baixo rendimento.
36

Figura 17 - Esquema de arranjo aplicado.

Fonte: Neosolar.

A Figura 17 apresenta o esquema do arranjo em relação aos módulos e ao inversor,


sendo três séries em paralelo, cada série com seu próprio MPPT, com isso, a tensão obtida em
arranjo é dada pela seguinte equação:

Vs = Σ∞ⅈ = 1Vsi

onde:

Vsi – tensão do módulo i ligado em série (V);

Logo,
Vs = 53∗45,5 = 2411,5 V

Ressaltando que, para cálculo para obter a tensão, considera a série com menor número
de módulos, pois como dito anteriormente, o valor da corrente é limitado à menor tensão
obtida.

5 ANÁLISE FINANCEIRA

O grande enfoque da implantação do sistema fotovoltaico – além de preservação dos


recursos naturais – é a economia gerada a longo prazo. Apesar de requerer um considerável
investimento inicial, as placas têm vida útil mínima de 25 anos, segundo o fabricante do
módulo, Canadian Solar, após esse período, há uma perda de eficiência de 10%. Ou seja, por
25 anos existe a garantia de que o sistema suprirá a demanda de energia dimensionado,
mostrando assim a discrepância de economia ao longo dos anos.
37

Para que haja essa análise com veracidade, existem índices econômicos que
desempenham um excelente papel a fim de mostrar com clareza se o investimento se faz
vantajoso. Utiliza-se o mais usual nesse mercado, o Pay Back: aponta o tempo em que o valor
investido obterá retorno.

5.1 TARIFA LOCAL

A concessionária fornecedora da região a ser implantado o sistema, CEMAR –


Companhia Energética do Maranhão, fornece em seu site (www.cemar116.com.br) um quadro
com as tarifações para todos os tipos de clientes, demonstrada na Figura 18. A partir disso, será
feita uma estimativa de custos.

Figura 18 - Tabela de tarifações da CEMAR.

Fonte: Cemar, 2018.


O cliente em questão, se categoriza como Comercial, dessa forma, aplica-se a tarifa de
R$ 0,80/kWh. Sabendo que há um consumo mensal fixo e que não há nenhum tipo de retorno,
a projeção de custo se dá por uma função linear crescente, diferente do sistema fotovoltaico.
38

5.2 ORÇAMENTO

A cotação da implantação do sistema será feita a partir de estimativas de mercado. Após


escolhido o modelo de painel solar e inversor, é cotado e acrescido 13% referente à mão de obra
e 2% ao cabeamento e demais acessórios que serão utilizados, totalizando então em 15%. Em
regiões melhor irrigadas pelo comércio e mão-de-obra, utiliza-se uma porcentagem total de
12%, porém devido a inacessibilidade de serviços, majora-se esse número.
Com a viabilização da comercialização on-line dos componentes do sistema, possibilita
que se faça o levantamento demonstrado na Tabela 1:

Tabela 1 - Levantamento dos materiais necessários e custeados.

Fonte: Autoria própria, 2018.

Com as dados obtidos através do dimensionamento, foi escolhido os componentes que


melhor se adequavam as solicitações, sendo estes listados na Tabela 1 (acima).

5.3 COMPARATIVOS: SFV X CONCESSIONÁRIA LOCAL

Com esses dados obtidos, é possível inferir um demonstrativo da viabilidade financeira


do sistema. Visto que se faz necessário um investimento inicial de R$ 236.598,65, comumente
há a indagação se o sistema realmente se faz viável, por ser um montante inicial alto. No
entanto, é facilmente apresentável a progressão de economia do sistema por meio de alguns
gráficos.
Ao realizar uma análise superficial, sem incluir projeções de aumentos, como inflação
e bandeiras possivelmente acrescidas, nem a perda de eficiência e custos com manutenção do
sistema, obtêm-se os resultados demonstrados na Tabela 2:
39

Tabela 2 - Progressão de custos ao longo da vida mínima útil (25 anos).

Fonte: Autoria própria, 2018.

Para resultar a diferença ou o valor economizado ao longo dos 25 anos, desenvolve a


seguinte equação:
E = Crp− Cimp.sist

onde:
E – economia gerada ao longe da vida útil do sistema;
Crp – custo total caso a energia fosse proveniente da rede pública;
Cimp.sist – custo da implantação do sistema fotovoltaico.

Resultando então em R$ 18.483.401,40, ou seja, mais de 18 milhões de reais. Com esse


mesmo valor, poderia ser implantado mais 70 novos sistemas iguais ao dimensionado. Um valor
bem significante.
40

Pode ser visualizado ainda no Gráfico 1, a projeção ao longo da vida útil mínima (25
anos).

Gráfico 1 - Caixa acumulado.

Caixa acumulado
R$1.500.000,00

R$1.000.000,00

R$500.000,00

R$-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
R$(500.000,00)

R$(1.000.000,00)

R$(1.500.000,00)

R$(2.000.000,00)

Conc. Local SFV

Fonte: Autoria própria, 2018.

A discrepância do custo x benefício entre os dois sistemas é notável, pois, apesar de


haver um investimento alto, o retorno dado ao longo dos mínimos 25 anos de vida útil das
placas faz com que seja completamente satisfatório, já que o valor economizado é 54 vezes o
valor investido.
O Gráfico 1 faz o comparativo entre o caixa acumulado entre os dois sistemas, pode ser
verificado que o sistema fotovoltaico se auto custeia no intervalo de quatro a cinco, mostrado
no Gráfico 1, no ponto em que a reta representando o sistema fotovoltaico cruza a linha 0. Dessa
forma, os 20 anos subsequentes geram apenas o lucro.
Fazendo o cálculo para obter o preço do kWh através do SFV, temos então que o valor
aproximado é de R$ 0,13/kWh, cerca de seis vezes menor que o fornecido pela concessionária.
41

6 DISCUSSÃO

O consumidor estudado tem um consumo médio mensal de 6000kWh e tem intenção de


suprir totalmente esse consumo através de energia fotovoltaica, a partir disso então, iniciou-se
um dimensionamento para a implantação do sistema fotovoltaico. Por se tratar de uma
edificação urbana, o tipo de sistema que tem melhor serventia é o on-grid, ou seja, possui
ligação em rede, pois caso haja excedente, a rede pública de fornecimento de energia, no caso
a CEMAR, poderá suprir. O sistema on-grid ainda disponibiliza o benefício de que havendo
uma produção maior que a demanda, é acumulado e gerado desconto em próximas faturas junto
a CEMAR. E por haver ligação com a rede, optou-se que não houvesse banco de baterias.
Com o desenvolver do projeto, foi-se escolhendo os equipamentos que melhor
atenderiam, foi então optado por utilizar módulos solares com 325W de potência. A potência
solicitada pelo sistema é de 52kWp, com isso, sabemos que será necessário utilizar 160 módulos
solares, utilizando uma área de 320m² para a instalação desses módulos. O inversor, parte muito
importante do sistema, tendo por função transformar a corrente contínua (CC) em corrente
alternada (CA), foi adotado um com potência nominal de entrada de 52kW. O mesmo possui
três MPPT, já iniciando então a definição do arranjo adotado nos módulos. Para que se pudesse
obter uma maior eficiência do sistema, foi utilizado um arranjo onde são associadas três séries
em paralelo, cada uma com um MPPT, ligados a um único inversor.
Feito o dimensionamento, chegamos a um custo de implantação, mas antes de apontar
os parâmetros econômicos, devo ressaltar todos os benefícios do sistema que vão além do
financeiro. Começando pelo mais importante: um sistema totalmente sustentável e não
poluente. Por necessitar apenas de raios solares e não gerar nenhum resíduo, o sistema
fotovoltaico não traz malefícios ao meio ambiente, este que tem sido vastamente lesado por
outras fontes de energia, como hidrelétricas, diesel e etc. Vive-se um momento de bastante
preocupação com o meio ambiente, e a energia solar traz uma esperança de um futuro mais
limpo e sustentável, já que o raio solar é matéria prima infinita. Ressaltando ainda que o país
estuda é por toda sua extensão bastante abastecido dessa matéria prima, ainda mais Imperatriz
– MA, onde há uma alta incidência solar média, que por todo o ano mantém uma linearidade.
O sistema também conta com outro fator muito positivo, para atuar, ele ocupa espaços
geralmente inutilizados, como telhados e coberturas, sendo um sistema que vem a agregar na
estrutura. Pode, também, ser dimensionado a uma demanda e, se futuramente necessário, existe
a possibilidade de ampliar a geração, pois pode-se associar novos módulos sem que interfira
nos outros já existente (considerando a capacidade do inversor). Além de poder ser instalados
42

em locais afastados e de difícil acesso, auxiliado ainda pelo fato de precisar de pouca
manutenção.
Sucessivamente, provém do advento mais interessante, a economia. De acordo com os
estudos realizados, chegou-se ao número que chama grande atenção, o montante economizado
ao longo do extenso período de vida útil, 25 anos, representado por mais de 18 milhões de reais.
Com esse mesmo valor, pode ser implantado outros 70 sistemas fotovoltaicos iguais ao
dimensionado, contrário ao consumo via rede pública, este que não obtém retorno algum. Ou
pode-se até comparar a outros recursos, como o à diesel, que apresenta perigo no transporte e
emissão de dióxido de carbono, ou até mesmo ao eólico, não aplicável em diversos lugares por
necessitar de uma grande e frequente quantidade de vento, além de necessitar de um alto
investimento.
A energia solar tem uma perspectiva de um futuro próspero, já que este depende apenas
do sol e de tecnologias, o sol é frequente e a tecnologia tem bastante crescimento. A cada ano
que se passa, diversas descobertas são feitas, além de que a procura por recursos sustentáveis
tem se tornado algo prioritário para as novas gerações, essas que já vem sofrendo com os
malefícios deixados pelo uso excessivo de recursos naturais finitos. A ONU em 2018, afirma
no relatório “Tendências globais de investimento das energias renováveis 2018” que os custos
decrescentes da eletricidade solar continuam a contribuir para o aumento do investimento em
fontes renováveis.
A ascensão das tecnologias fotovoltaicas tem sido tão significativas que o Ministério de
Minas e Energia criou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia
Elétrica (ProGD) para estimular a geração de energia solar dentro das unidades consumidoras,
que possa ser compartilhada junto as distribuidoras locais. O Governo Federal prevê um
investimento inicial de R$ 100 bilhões nessas tecnologias e que 2,7 milhões de unidades
consumidoras poderão aderir ao programa até 2030. Esse programa pleiteia financiamentos
para geração de energia solar que se estenda suas parcelas por 10 anos com taxas entre 7% e
9% ao ano. Por se tratar de um investimento inicial alto, viabilizará a implantação para muitos
consumidores.
Além do Governo Federal, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social) aprovou mudanças no Programa Fundo Clima. Essa mudança traz o acesso de pessoas
físicas a financiamentos para instalação de sistema de aquecimento solar e sistemas de
cogeração (placas fotovoltaicas, aerogeradores, geradores a biogás e equipamentos
necessários). No entanto, com o tempo, espera-se que não seja tão inacessível financeiramente
43

a implantação desse sistema, já que com o tempo as tecnologias tendem a popularizar e baratear,
uma perspectiva muito feliz.
A natureza usa o poder da energia solar de infinitas formas, desde o começo de sua
existência, agora cabe a nós aproveitarmos sabiamente esse recurso tão rico que é nos dado para
garantir a longevidade da nossa existência.
44

7 CONCLUSÃO

Com a crescente preocupação com a preservação ambiental, a energia solar tem tido
grande destaque, pois além de ser proveniente de uma extração limpa, tem grande durabilidade
do processo e satisfaz o consumidor. Satisfação essa comprovada pelos números que são
apresentados quando observados os resultados adquiridos ao longo da duração da vida útil dos
módulos fotovoltaicos, sendo estes o corpo principal do sistema – pode-se dizer –, pois realizam
a principal função: a captação dos raios solares.
Após se obter a demanda necessária, foi feito um levantamento de dados indispensáveis
para o dimensionamento do sistema, como a incidência solar do local estudado, considerando
o mês de pior resultado; potência máxima exigida, sendo essa 6000kWh; a tensão nominal do
sistema; tempo diário em que será solicitado carga. Com esses dados, concluiu-se que, para
compor o sistema seriam necessários 160 módulos fotovoltaicos, sendo esses associados em
paralelo, composto por três séries, cada uma com um MPPT. Como o sistema será ligado à rede,
foi dispensado o uso de baterias.
Tendo conhecimento dos equipamentos necessários, chega-se a um custo total de
implantação estimado de R$ 236.598,65. Com esse valor, fica a indagação: a economia gerada
proveniente do sistema fotovoltaico realmente se faz viável? Todo o sistema é absolutamente
auto-quitado em no máximo cinco anos. Os próximos 20 anos mínimos (dado pela vida útil
mínima dos módulos fotovoltaicos), o sistema apresenta apenas saldo total positivo. O montante
economizado equivale a aproximadamente R$ 18.483.401,40, ou seja, mais de 18 milhões de
reais. Com esse mesmo valor, poderia ser implantado mais 70 novos sistemas iguais ao
dimensionado. O que corresponde a um número significante.
Com a execução desse estudo, foi possível constatar a possibilidade de utilizar métodos
que associem a viabilidade ecológica com a econômica. Pois, como foi comprovado, pode, sim,
ter a combinação entre estes, pois esse recurso é extremamente benéfico nos dois parâmetros.
E, ao final, vantajoso ao consumidor, pois a deterioração do meio ambiente deixará herança aos
que na terra habitam, para o hoje e o amanhã.
45

REFERÊNCIAS

A. J. C. ARAÚJO; A. B. MOREIRA; V. S. C., TEIXEIRA; A. B. MOREIRA. Eficiência


Energética a partir de Sistema de Aquecimento Solar. Disponível em:
<http://www.swge.inf.br/anais/sbse2012/pdfs/artigos/97015.pdf>. Acesso em: 01 de set. 2018.

AMERICA DO SOL. <http://americadosol.org/>. Acesso em: 07 de nov. 2017.

ANEEL. Energia Solar. <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/03-


energia_solar(3).pdf>. Disponível em: 2017. Acesso em: 18 de set. 2017.

AZEVEDO, Débora de A. Espectrometria de Massas. Disponível em:


<http://cebime.propesq.ufsc.br/files/2012/07/Apostila-Espectrometria-de-Massas-
D%C3%A9bora-Azevedo.pdf>. Acesso em: 01 de set. 2018.

BARLOVENTO. MICRO-RENOVA: Cálculo Energético e Operação de Sistemas


Híbridos de Pequena Potência. Disponível em: <https://www.barloventorecursos.com/pt-
br/destaques/micro-renova-calculo-energetico-e-operacao-de-sistemas-hibridos-de-pequena-
potencia>. Acesso em: 01 de set. 2018.

BESSO, Rachel. Sistema Solar Fotovoltaico Conectado à Rede – Estudo de Caso no Centro
de Tecnologia da UFRJ. 110 f. Tese (Graduação) – Escola Politécnica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, fevereiro de 2017.

BIO ENERGY SOLUTIONS. Inversor Solar ABB 50KWp | TRIO 50.0 TM OUTD.
Disponível em: <https://lojavirtual.bioenergysolutions.com.br/produto/inversor-solar-abb-
50kwp-trio-50-0-tm-outd/>. Acesso em: 01 de set. 2018.

BORGES, Thomaz Penteado de Freitas. Síntese otimizada de sistemas de aquecimento solar


de água.139 f. Tese (Doutorado) – Departamento de Energia, Universidade Estadual de
Campinas, 2000.

BSW SOLAR - GERMAN SOLAR INDUSTRY ASSOCIATION. A energia solar nos países
em desenvolvimento e emergentes. 2015. Disponível em: 2017. Acesso em: 15 de set. 2018.

CEMAR. Regras de Cobrança. Disponível em:


<http://www.cemar116.com.br/residencial/informacoes/iluminacao-publica/regras-de-
cobranca>. Acesso em: 01 de set. 2018.

CEMIG - COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Alternativas Energéticas:


uma visão Cemig. Belo Horizonte: CEMIG, 2012.

CEPA – USP. Impactos Ambientais Disponível em:


<http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia2000/turmaA/grupo6/IMPACTOS.HTM>. Acesso
em: 07 nov. 2017.

CEPEL – CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. As energias solar e eólica


no Brasil. 2013. Disponível em:
46

<http://www.cresesb.cepel.br/download/casasolar/casasolar2013.pdf>. 2017. Acesso em: 07


set. 2018.

CORRÊA, Caroline. Dimensionamento de sistema de energia solar para aquecimento.


Disponível em: <http://maisengenharia.altoqi.com.br/hidrossanitario/dimensionamento-de-
sistema-de-energia-solar-para-aquecimento/>. Acesso em: 01 de set. 2018.

CRESESB. Curso básico de energia eólica. Disponível em:


<http://www.cresesb.cepel.br/index.php#data>. Acesso em: 01 de set. 2018.

DONAUER. Energia Solar. É o que nos move. Disponível em: <https://www.d-


solarsystems.com/>. Acesso em: 01 de set. 2018.

DUARTE, Michelle. Gás Natural: Utilização, Vantagens e Desvantagens. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/gas-natural-utilizacao-vantagens-e-desvantagens/>. Acesso
em: 02 de set. 2018.

ELETROBRÁS/PROCEL. Conservação de Energia: Eficiência Energética em Instalações e


Equipamentos. 3ª ed. Itajubá – MG. Editora EFEI, 2006.

EVEN3. 300 termos que irão ajudá-lo a escrever uma dissertação de sucesso. Disponível
em: <https://blog.even3.com.br/termos-articular-ideias-dissertacao/>. Acesso em: 01 de set.
2018.
G1. Especialistas apontam o MA como potência na geração de energia solar. Disponível
em: <http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2016/11/especialistas-apontam-o-ma-como-
potencia-na-geracao-de-energia-solar.html>. Acesso em: 01 set. 2018.

GRIDPOWER ENGENHARIA. Energia Solar. Disponível em:


<http://gridpower.com.br/energia-solar/>. Acesso em: 01 de set. 2018.
IMHOFF, J. Desenvolvimento de Conversores Estáticos para Sistemas Fotovoltaicos
Autônomos. Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. 2007. 146 f.

INTER ENERGIA. O que é a Demanda Contratada de Energia?. Disponível em:


<https://www.interenergia.com.br/single-post/2017/07/05/O-que-e-a-Demanda-Contratada-
de-Energia>. Acesso em 01 de set. 2018.

MACEDO, Emméry. Como converter megawatt (mw) em gigawatt-hora (gwh)? Quantos


mw equivalem 10.000 gwh?. Disponível em:
<http://angolapowerservices.blogspot.com.br/2012/12/megawatt-mw-versus-megawatt-hora-
mwh.html>. Acesso em: 01 de set. 2018.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Brasil estará entre os 20 países com maior geração
solar em 2018. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2016/01/brasil-estara-
entre-os-20-paises-com-maior-geracao-solar-em-2018>. Acesso em: 02 de set. 2018.

NAGAHARA, Fábio Tohimiro. Aplicação da energia solar em domicílios distantes da rede


elétrica. 45 f. Tese (Graduação) – Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, abril de 2009.
47

NEOSOLAR. Controladores PWM e MPPT. Disponível em:


<https://www.neosolar.com.br/aprenda/saiba-mais/controladores-pwm-e-mppt>. Acesso em:
01 de set. 2018.

NEOSOLAR. Inversor Grid Tie. Disponível em:


<https://www.neosolar.com.br/aprenda/saiba-mais/inversor-grid-tie>. Acesso em: 01 de set.
2018.

PARLON, Antônio. Aquecimento solar na França: norma de construção civil e produtos


compactos devem revigorar setor. Disponível
em:<http://ofrioquevemdosol.blogspot.com.br/2013/07/aquecimento-solar-na-franca-norma-de.html>.
Acesso em: 12 nov. 2017.

PENA ALVES, Rodolfo. Hidrelétricas no Brasil. Geografia Física do Brasil. (2013-2017).

PEREIRA, F.; OLIVEIRA, M. Curso técnico instalador de energia solar fotovoltaica. Porto:
Publindústria, 2011.

PINHO, J. T; GALDINO, M. A. Manual De Engenharia Para Sistemas Fotovoltaicos -


CEPEL - CRESESB. Rio de Janeiro, RJ: 2014. Disponível em <https://www.portal-
energia.com/downloads/livro-manual-de-engenharia-sistemas-fotovoltaicos-2014.pdf>.
Acesso em: 01 set. 2018.

PORTAL SOLAR. Disponível em: <https://www.portalsolar.com.br/>. Acesso em: 07 nov.


2017.

SEGUEL, Julio Igor López. Projeto de um sistema fotovoltaico autônomo de suprimento


de energia usando técnica MPPT e controle digital. 222 f. Dissertação (Mestrado) –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Minas Gerais,
agosto de 2009.

SISTEMAS DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP. Repositório da Produção Científica e


Intelectual da Unicamp. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/260742>. Acesso em: 01 de set. 2018.

SOLAR CONNECT. Unidades de produção para autoconsumo. Disponível em:


<http://solarconnect.pt/pt/ms/ms/solar-fotovoltaico-2460-395-coz/ms-90059945-p-1/>.
Acesso em: 01 de set. 2018.

SOLETROL. Como Funciona o Aquecedor Solar de Água Soletrol. Disponível em:


<http://www.soletrol.com.br/extras/como-funciona-o-aquecedor-solar-soletrol/>. Acesso em:
02 de nov. 2017.

STERN, Eliezer. A importância das ligações série e paralelo entre os módulos. Krinat Solar,
2017. Disponível em: <https://krinatsolar.com.br/ligacoes-serie-e-paralelo-entre-os-
modulos/>. Acesso em: 01 de set. 2018.

SUBMARINO.COM. Painel Solar Canadian Centrium Energy Cs6u-325p 72 Celulas


Policristalino 6 Polegadas 325w. Disponível em: <https://goo.gl/JxmU1B>. Acesso em: 01 de
set. 2018.
48

WE BIO ENERGIAS. IBGE apresenta dados sobre geração de energia no Brasil.


Disponível em: <http://www.webioenergias.com.br/>. Acesso em: 08 de nov. 2017.
49

ANEXOS

ANEXO A – Ficha técnica do inversor.


50

ANEXO B - Ficha técnica do inversor.


51

ANEXO C - Ficha técnica do inversor.


52

ANEXO D - Ficha técnica do Painel Solar


53

ANEXO E – Ficha técnica do Painel Solar

Você também pode gostar