Você está na página 1de 35

POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS

ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS

PEDOFILIA:
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO
POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS

PEDOFILIA:
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO

Administração: Dra. Cinara Maria Moreira Liberal


Belo Horizonte – 2020
PEDOFILIA:
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO

Coordenação Geral
Dra. Cinara Maria Moreira Liberal

Subcoordenação Geral
Dr. Marcelo Carvalho Ferreira

Coordenação Didático-Pedagógica
Rita Rosa Nobre Mizerani

Coordenação Técnica
Dr. Helbert Alexandre do Carmo

Conteudista:
Dr. Guilherme da Costa Oliveira Santos
Dra. Isabela Franca Oliveira
Larissa Dias Paranhos

Produção do Material:
Polícia Civil de Minas Gerais

Revisão e Edição:
Divisão Psicopedagógica – Academia de Polícia Civil de Minas Gerais

Reprodução Proibida
SUMÁRIO

1 A REDE DE PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ........................ 3


1.1 A Constituição Federal e demais leis.................................................... 3
1.2 A Lei nº 13.431/2017 e o sistema de garantia de direitos da criança e
do adolescente vítima ou testemunha de violência............................. 5
1.3 Atuação da Polícia Civil de Minas Gerais ........................................... 12
1.4 Atuação do Conselho Tutelar .............................................................. 14
1.5 O papel dos pais na proteção das crianças e adolescentes ............. 16
1.6 Como e onde denunciar ....................................................................... 23

2 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 27
1 A REDE DE PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

As crianças e adolescentes são as principais vítimas de violência em todas as


partes do Brasil e do mundo e, neste cenário, como visto ao longo deste curso, os
problemas relacionados à violência sexual vem ganhando cada vez mais visibilidade,
devido à sua abrangência e gravidade.
A prática da violência sexual contra meninos e meninas, seja para satisfação
do prazer sexual próprio, produção de material pornográfico ou em redes organizadas
de exploração sexual, representa uma ofensa aos direitos fundamentais de liberdade
sexual, intimidade e, antes de tudo, da dignidade humana. Além disso, há uma
violação dos direitos vinculados ao desenvolvimento físico, psicológico, moral e social.
O combate a essa triste realidade e a
preservação dos direitos e garantias do público
infantojuvenil exige a ativa participação de todos,
incluindo não apenas o Estado e as instituições
criadas especificamente para esse fim, mas, em
especial, toda a comunidade e as famílias.
Considerando isso, neste capítulo, será feita uma abordagem sobre a rede de
proteção das crianças e adolescentes, com especial enfoque no papel dos pais.

1.1 A Constituição Federal e demais leis

O Brasil é um Estado Democrático de Direito e tem como fundamento a


dignidade da pessoa humana, consagrado pela Constituição Federal de 1988. A Carta
Magna traz de forma expressa, em seu art. 227, garantias à criança e ao adolescente:

Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

Dispõe ainda que a lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração


sexual da criança e do adolescente.
Em 1989, a Assembleia Geral das
Nações Unidas adotou a Convenção sobre os
Direitos das Crianças, que foi ratificada por
196 países, incluindo o Brasil, que o fez em
1990. Essa Convenção visa à proteção de
3
crianças e adolescentes de todo o mundo. Estabelece direitos sociais, culturais,
econômicos e civis para todas as crianças e adolescentes e retrata o direito à vida, à
sobrevivência digna, ao desenvolvimento, à dignidade, ao respeito, à liberdade, a não
discriminação, devendo sempre ser levado em consideração o interesse superior da
criança. Além disso, define as obrigações e deveres da família, da sociedade e do
Estado perante as crianças e os adolescentes. O art. 34 traz obrigações ao Estado na
prevenção e enfretamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.

Artigo 34

Os Estados Partes comprometem-se a proteger a criança contra todas as formas de exploração e abuso
sexual. Para tanto, os Estados Partes devem adotar, em especial, todas as medidas em âmbito nacional,
bilateral e multilateral que sejam necessárias para impedir:
 o incentivo ou a coação para que uma criança dedique-se a qualquer atividade sexual ilegal;
 a exploração da criança na prostituição ou em outras práticas sexuais ilegais;
 a exploração da criança em espetáculos ou materiais pornográficos (ONU, 1990).

No mesmo sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que


completou 30 anos no dia 13 de julho deste ano, traz diversas garantias e direitos das
crianças e adolescente, reconhecendo-os como sujeitos de direitos. Tem por objetivo
possibilitar uma proteção efetiva e integral de crianças e adolescentes, que estão em
desenvolvimento físico, psicológico, moral e social.
A garantia de prioridade deve ser observada na primazia de receber proteção
e socorro em quaisquer circunstâncias, na precedência de atendimento nos serviços
públicos ou de relevância pública, na preferência na
formulação e execução das políticas sociais
públicas, bem como destinação privilegiada de
recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.
De acordo com o ECA, é dever de todos
prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
O Estatuto cria os Conselhos Tutelares e estabelece obrigações para os órgãos da
rede de proteção dos menores, visando à efetivação dos direitos garantidos a eles.
Somado a isso, como já estudado, no ECA, estão elencados diversos crimes
relacionados à violência e exploração sexual de crianças e adolescentes. Trata-se de
uma das leis mais avançadas no mundo sobre a proteção do público infantojuvenil.
Além da Constituição Federal e do ECA, outra importante legislação
relacionada à proteção de crianças e adolescentes é a Lei nº 13.431, de 04 de abril
de 2017, que estudaremos a seguir.

4
1.2 A Lei nº 13.431, de 04 de abril de 2017, e o sistema de garantia de direitos
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência

A Lei nº 13.431/2017 prevê que a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios desenvolvam políticas integradas e coordenadas visando a garantir os
direitos humanos da criança e do adolescente no âmbito das relações domésticas,
familiares e sociais, de modo a resguardá-los de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, abuso, crueldade e opressão.
Referida lei traz importantes inovações na temática da violência contra o
público infantojuvenil, pois estabelece o
sistema de garantia de direitos da criança e
do adolescente vítima ou testemunha de
violência, medidas de assistência e proteção
aos menores em situação de violência e cria
mecanismos para prevenir e coibir a
violência, bem como formas especiais de escuta dessas vítimas.
A aplicação da lei é obrigatória para todas as crianças e adolescentes vítimas
e testemunhas de violência e facultativa para as pessoas entre 18 e 21 anos de idade,
em conformidade com o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 8.069/90.
Além da violência sexual, que já foi estudada e conceituada no início deste
curso, a lei traz outras formas de violência contra crianças e adolescentes, conforme
se verifica em seu art. 4º, caput:

Art. 4º – Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de
violência:
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade
ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;
II - violência psicológica:
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento,
ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu
desenvolvimento psíquico ou emocional;
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação psicológica da criança ou
do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou
à manutenção de vínculo com este;
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a crime violento contra
membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometido,
particularmente quando isto a torna testemunha;
III - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou conveniada, inclusive quando
gerar revitimização (BRASIL, 2017).

O Decreto nº 9.603, de 10 de dezembro de 2018, define violência institucional


como a “praticada por agente público no desempenho de função pública, em instituição
5
de qualquer natureza, por meio de atos comissivos ou omissivos que prejudiquem o
atendimento à criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência” (art. 5º,
I). Traz também o conceito de revitimização, qual seja, discurso ou prática institucional
que submeta menores a “procedimentos desnecessários, repetitivos, invasivos, que
levem as vítimas ou testemunhas a reviver a situação de violência ou outras situações
que gerem sofrimento, estigmatização ou exposição de sua imagem” (art. 5º, II).
O art. 6º da Lei nº 13.431/2017 prevê que a criança ou adolescente vítima ou
testemunha de violência “tem direito de solicitar, por meio do representante legal,
MEDIDAS DE PROTEÇÃO em desfavor do autor da
violência” (BRASIL, 2017).
As medidas de proteção previstas no art. 101
do ECA e arts. 22 a 24 da Lei Maria da Penha – Le
nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 –, continuarão
sendo aplicadas em conjunto com as medidas
previstas no art. 21 da Lei nº 13.431/2017 em relação às crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de violência.
Os menores, independente do sexo, gozam de proteção expressa quando
vítimas ou, até mesmo, testemunhas de infrações, o que não era possível com a Lei
nº 11.340/2006, que restringe sua aplicação às vítimas do sexo feminino.
Acrescenta-se que o art. 4º da Lei 13.431/2020 conceitua alguns atos de
violência que não são necessariamente criminosos, como a alienação parental e o
bullying, sendo possível a utilização e aplicação de medida protetiva de urgência,
buscando torná-la mais efetiva, abrangendo qualquer espécie de violência perpetrada
em desfavor de crianças e adolescentes (BRASIL, 2017).
O art. 21 da Lei nº 13.431/2017 estabelece algumas medidas para proteger a
criança ou o adolescente em risco, conforme dispositivo legal a seguir:

Art. 21 – Constatado que a criança ou o adolescente está em risco, a autoridade policial requisitará à
autoridade judicial responsável, em qualquer momento dos procedimentos de investigação e
responsabilização dos suspeitos, as medidas de proteção pertinentes, entre as quais:
I - evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência com o suposto
autor da violência;
II - solicitar o afastamento cautelar do investigado da residência ou local de convivência, em se tratando de
pessoa que tenha contato com a criança ou o adolescente;
III - requerer a prisão preventiva do investigado, quando houver suficientes indícios de ameaça à criança ou
adolescente vítima ou testemunha de violência;
IV - solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão da vítima e de sua família nos atendimentos a que têm
direito;
V - requerer a inclusão da criança ou do adolescente em programa de proteção a vítimas ou testemunhas
ameaçadas; e
VI - representar ao Ministério Público para que proponha ação cautelar de antecipação de prova,
resguardados os pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5º desta Lei, sempre que a demora
possa causar prejuízo ao desenvolvimento da criança ou do adolescente (BRASIL, 2017).
6
Para fins de conhecimento, segue quadro contendo as medidas protetivas
previstas na Lei Maria da Penha e as medidas de proteção do ECA:

Quadro 2 – Comparativo das Medidas Protetivas


Medidas Protetivas da Lei Maria da Penha Medidas Protetivas do Estatuto da Criança e do Adolescente
• suspensão da posse ou restrição do porte de armas. • encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
• afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida. responsabilidade.
• proibição de determinadas condutas, entre as quais: aproximação da ofendida, • orientação, apoio e acompanhamento temporários.
de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre • matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial
estes e o agressor; contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por de ensino fundamental.
qualquer meio de comunicação; frequentação de determinados lugares a fim de • inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família,
preservar a integridade física e psicológica da ofendida; à criança e ao adolescente.
• comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; • inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de
• acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual proteção, apoio e promoção da família, da criança e do
e/ou em grupo de apoio. adolescente.
• encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção ou de • requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em
atendimento. regime hospitalar ou ambulatorial.
• recondução ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor. • inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
• restituição de bens indevidamente subtraídos. orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
• suspensão das procurações conferidas. • acolhimento institucional.
• prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos • inclusão em programa de acolhimento familiar.
materiais. • colocação em família substituta.

No tocante à INTEGRAÇÃO DAS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO, o contato


de crianças e adolescentes com a rede de proteção, que é parte do Sistema de
Garantia de Direitos, embora não intencional, pode ser revitimizante. Ainda hoje, há
casos de criança vítima de violência sexual que passa pelo Conselho Tutelar, por uma
Unidade da Polícia, pelo Instituto Médico Legal, por uma Unidade de Saúde e por uma
Unidade de Assistência Social; e, mais tarde, ainda passa pelo Sistema de Justiça.
A falta de integração dos serviços e de preparação específica dos profissionais
para lidar com crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência faz com
que demorem a receber ajuda, tenham que relatar os fatos ocorridos inúmeras vezes
e, ainda assim, recorrentemente, não recebam o cuidado adequado. Esta falta de
integração dos serviços e de capacitação adequada e a repetição dos relatos dos
episódios de violência terminam por revitimizar os menores.
Com o objetivo de evitar essa revitimização, a Lei nº 13.431/2017 estabelece
diretrizes para a integração das políticas públicas de atenção e proteção, mediante a
implantação de centros integrados de atendimento a crianças e adolescentes vítimas
de violência, compostos por multidisciplinares especializadas. Os centros integrados
poderão contar com delegacias especializadas, serviços de saúde, perícia médico-
legal, serviços socioassistenciais, varas especializadas, Ministério Público e
Defensoria Pública, entre outros possíveis de integração, e deverão estabelecer
parcerias em caso de indisponibilidade de serviços de atendimento (BRASIL, 2017).

7
Antes mesmo da referida lei entrar em vigor, algumas cidades, como Brasília,
Rio de Janeiro, Porto Alegre e Teresópolis, já haviam implantado iniciativas nesse
sentido (SANTOS; GONÇALVES, 2017). Reúnem em um mesmo espaço diversos
serviços públicos de áreas como Saúde, Assistência Social, Segurança Pública e
perícia médica, dentre outros. Cada um tem formato
particular, baseado na realidade institucional, social,
cultural e econômica em que estão inseridos.
Nos centros, é ofertado o atendimento integrado,
protetivo e de articulação do Sistema de Garantias de
Direitos, mediante o estabelecimento de fluxos que promovem a integração dos
órgãos, a qualidade e a celeridade dos procedimentos. Em geral, eles concentram o
provimento de serviços de atenção em um único espaço físico, visando evitar
sofrimento adicional aos menores, que, para serem atendidos no modelo tradicional,
têm que percorrer vários locais, o que quase sempre resulta em revitimização.
Em Belo Horizonte, em novembro de 2017, foi inaugurado o Centro Integrado
de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente, que é formado pela Vara
Especializada de Crimes Contra Crianças e Adolescentes, o Ministério Público, a
Polícia Militar e a Polícia Civil, através da Delegacia Especializada de Proteção à
Criança e ao Adolescente.

SAIBA MAIS!
O art. 14 da Lei nº 13.431/2017 traz as diretrizes para a implementação de centros integrados de
<
atendimento integrado à criança e ao adolescente vítima. Confira na Lei!

No caso de violência sexual, a rede de proteção deve garantir a urgência e a


celeridade necessárias ao atendimento de saúde e à produção probatória, preservada
a confidencialidade.

SAIBA MAIS!
Aprofunde seus conhecimentos e leia o documento Centros de Atendimento Integrado de Crianças e
Adolescentes Vítimas de Violência – Boas Práticas e Recomendações para uma Política Pública de Estado, que
se encontra disponível no material complementar, e aprenda alguns aspectos primordiais a serem observados para a criação de novos
<

centros integrados (páginas 184 e 185). Não deixe de conferir!

Nas cidades de pequeno porte, visando à implementação das determinações


da lei, o documento Centros de Atendimento Integrado de Crianças e Adolescentes
Vítimas de Violência: Boas Práticas e Recomendações para uma Política Pública de
Estado sugere que sejam definidos os procedimentos para esse atendimento
8
integrado, o que deve incluir o desenho de fluxos integrados, os protocolos de escuta
de menores e parâmetros para criação de ambientes amigáveis e para capacitação
dos profissionais da rede de proteção (SANTOS; GONÇALVES, 2017).
A lei prevê a criação de Delegacias Especializadas no Atendimento de Crianças
e Adolescentes Vítimas de Violência, com equipes multidisciplinares, devendo ser as
vítimas encaminhadas à Delegacia Especializada em Temas de Direitos Humanos até
a criação das Unidades Policiais Especializadas. Há a previsão de criar Juizados ou
Varas Especializadas em Crimes contra a Criança ou Adolescente, devendo o
julgamento e execução das causas decorrentes da prática de violência ficar a cargo,
preferencialmente, dos Juizados ou Varas Especializadas em Violência Doméstica.

ATENÇÃO!
A lei inova ao determinar que qualquer pessoa que tiver conhecimento ou presenciar ação ou omissão que
constitua violência contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediatamente ao serviço de
recebimento e monitoramento de denúncias, ao Conselho Tutelar ou à autoridade policial. O Código de Processo Penal (CPP) – Decreto-
lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941 –, em seu art. 5º, § 3º, dispõe que qualquer pessoa tiver conhecimento da existência de
infração penal em que caiba ação pública poderá comunicar à autoridade policial, sendo, portanto, uma FACULDADE. Com a
entrada em vigor da Lei nº 13.431/2017, caso, qualquer pessoa tenha conhecimento da ocorrência de violência contra criança ou
adolescente deverá, ou seja, está OBRIGADO a comunicar o fato ao Conselho Tutelar, à Autoridade Policial ou ao serviço de
recebimento de denúncias, em atendimento ao princípio da proteção integral.

Outrossim, a Lei nº 13.431/2017 recomenda que o Poder Público realize


campanhas periódicas de conscientização da sociedade, promovendo a identificação
das violações de direitos e garantias de crianças e adolescentes e a divulgação dos
serviços de proteção e dos fluxos de atendimento, como forma de evitar a violência
institucional. Estimula-se a criação de “serviços de atendimento, de ouvidoria ou de
resposta, pelos meios de comunicação disponíveis, integrados às redes de proteção,
para receber denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes” (art. 15).
A lei determina que as denúncias recebidas serão encaminhadas à Autoridade Policial
do local dos fatos, para apuração; ao Conselho
Tutelar, para aplicação de medidas de proteção; e,
ao Ministério Público, nos casos que forem de sua
atribuição específica.
O Estado de Minas Gerais, reforçando o
disposto na Lei nº 13.431/2017, no dia 22 de maio
de 2020 sancionou a Lei nº 23.643, que trata do dever de os condomínios localizados
no território do Estado comunicarem à Delegacia de Polícia Civil e/ou aos órgãos de
segurança pública especializados, por seus síndicos ou administradores, a ocorrência
ou o indício que aponte a existência de atos de violência doméstica e familiar contra
9
criança ou adolescente, trazendo a obrigação de afixar, nas áreas de uso comum dos
condomínios residenciais, placas ou comunicados que informem sobre o disposto na
Lei, além de incentivar os condôminos a notificar o síndico ou o administrador da
ocorrência, ou do indício de ocorrência, de violência doméstica e familiar contra
criança e adolescente.
Outro importante assunto tratado pela Lei nº 13.431/2017 é a ESCUTA DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA. Pesquisas apontam que os
menores vítimas são ouvidos cerca de 8 a 10 vezes
entre o período que noticia o crime e o término do
processo judicial, precisando repetir e reviver a
situação de violência sofrida para os diversos
órgãos de atendimento, investigação e responsabilização. A criança e o adolescente
são pessoas vulneráveis, visto que são pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento físico, psíquico e moral, que se encontram em situação ainda mais
vulnerável após serem vítimas ou testemunhas de alguma violência. Assim, é preciso
haver um mecanismo diferente para se relatar e colher as provas do crime, para não
ferir ainda mais essa criança ou adolescente, uma vez que a simples lembrança e a
mera narrativa do ocorrido já causam a revitimização.
Com o objetivo de mudar esta situação, a Lei nº 13.431/2017 prevê que a
criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de
escuta especializada e de depoimento especial.
Uma das principais diretrizes da referida lei, juntamente com a integração de
programas e serviços, é a escuta de crianças e adolescentes vítimas de violência, que
deve ser realizada de forma protegida e não revitimizante, obedecendo ao disposto
na legislação. Tais instrumentos de escuta têm por finalidade impedir que o menor
reviva o drama sofrido (o que dificulta a superação da violência e o seu posterior
desenvolvimento), protegendo-a. Permite também combater a impunidade, ao evitar
influências externas ao depoimento da vítima, por vezes promovidas pelo agressor,
bem como que contradições inerentes aos sucessivos depoimentos de uma vítima,
em particular situação de desenvolvimento, sejam utilizadas para impedir a
responsabilização dos agressores.
Vale mencionar que o art. 28, § 1º, do ECA já determinava que o menor, sempre
que possível, seja previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado o seu
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida,
e terá sua opinião devidamente considerada (BRASIL, 1990). No mesmo sentido, a
10
Convenção Internacional sobre Direitos das Crianças, em seu art. 12, assegura à
criança a oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que
afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante ou órgão
apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional
(ONU, 1989). Considerando isso, antes mesmo da promulgação da Lei nº
13.431/2017, várias comarcas já adotavam o depoimento especial como forma de
escuta das crianças e adolescentes vítimas durante o processo judicial.
Assim sendo, a ESCUTA ESPECIALIZADA
é o procedimento de entrevista sobre situação de
violência com criança ou adolescente perante
órgão da rede de proteção, limitado o relato
estritamente ao necessário para o cumprimento de
sua finalidade (Lei nº 13.431/2017, art. 7º). Trata-
se do procedimento realizado pelos órgãos da rede de proteção nos campos da
educação, saúde, assistência social, segurança pública e direitos humanos, com o
objetivo de assegurar o atendimento da vítima em suas demandas, na perspectiva de
superação das consequências da violação sofrida, inclusive no âmbito familiar. Deve
se limitar estritamente ao necessário para o cumprimento da finalidade de proteção.
O menor será resguardado de qualquer contato, ainda que visual, com o
suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou
constrangimento (Lei nº 13.431/2017, art. 9º). A escuta deve ser realizada em local
apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade
da criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência (Lei nº 13.431/2017, art.
10). A criança ou o adolescente deve ser informado em linguagem compatível com o
seu desenvolvimento acerca dos procedimentos formais pelos quais terá que passar
e sobre a existência de serviços específicos da rede de proteção, de acordo com as
demandas de cada situação (Decreto nº 9.603/2018, art. 19, §1º).
Já o DEPOIMENTO ESPECIAL é o procedimento de oitiva de criança ou
adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária
(Lei nº 13.431/2017, art. 8º). Busca a apuração da materialidade e autoria dos fatos
criminosos no âmbito de um processo investigatório
e de responsabilização judicial do suposto autor da
violência. A autoridade policial ou judiciária deverá
avaliar se é indispensável a oitiva do menor, dadas
as demais provas existentes, de forma a preservar
sua saúde física e mental e o seu desenvolvimento
11
moral, intelectual e social (Decreto nº 9.603/2018, art. 22, § 2º). Tanto durante a
investigação policial como na instrução criminal, a criança ou adolescente também
deverá ser resguardado de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor
ou acusado, ou com pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento.
O depoimento especial deverá ser gravado com equipamento que assegure a
qualidade audiovisual. A sala destinada ao depoimento poderá ter sala de observação
ou equipamento tecnológico destinado ao acompanhamento e à contribuição de
outros profissionais da área da segurança pública e do sistema de justiça.
A criança ou o adolescente devem ser respeitados em sua iniciativa de não
falar sobre a violência sofrida. O contato direto com a vítima será feito pelo profissional
habilitado, com expertise na área de atuação (psicólogos e assistentes sociais) e a
Autoridade Judicial terá contato com as informações por meio remoto e terá acesso
posterior às informações colhidas, que serão gravadas por meio de áudio e vídeo.
Por fim, vale citar que a Lei nº 13.431/2017 possibilita à vítima ou testemunha
de violência prestar depoimento diretamente ao juiz. Assim, caso a vítima entenda ser
melhor, poderá ser ouvida no sistema tradicional.

1.3 Atuação da Polícia Civil de Minas Gerais

As atribuições definidas pela Constituição


Federal à Polícia Judiciária envolvem a realização
de investigações, colaborando com o Sistema de
Justiça na coleta de indícios da prática de crimes
contra a criança e o adolescente. Dessa forma, a
atividade da Polícia Judiciária pode ser o marco
inicial para a persecução penal, devendo sua
atuação ser pautada de forma técnica, legal e imparcial.
No caso de relato espontâneo da vítima ou se a Autoridade Policial entender
ser imprescindível a oitiva da criança ou adolescente, esse relato deve ser colhido de
forma ética e humanizada, por profissionais qualificados, em ambiente próprio e
acolhedor, objetivando colher apenas as informações necessárias à investigação.
O Decreto nº 9.603/2018 estabelece que, ao tomar conhecimento da prática de
crime envolvendo criança e adolescente vítima ou testemunha de violência, a
autoridade policial procederá ao registro da ocorrência policial e realizará a perícia
(BRASIL, 2018). Esse registro consiste na descrição preliminar das circunstâncias em
que se deram o fato e, sempre que possível, será elaborado a partir de documentação
12
remetida por outros serviços, programas e equipamentos públicos, além do relato do
acompanhante da criança ou adolescente. A autoridade policial deverá priorizar a
busca de informações com a pessoa que acompanha o menor, de forma a preservá-
lo, observado o disposto na Lei nº 13.431/2017. Ressalta-se que a descrição do fato
não será realizada em lugares públicos que
ofereçam exposição da identidade da
criança ou adolescente e, sempre que
possível, não será realizada diante do
menor.
A Autoridade Policial deverá
assegurar o registro da ocorrência policial,
ainda que a criança ou o adolescente
esteja desacompanhado.
A perícia médica ou psicológica
primará pela intervenção profissional
mínima. Os peritos deverão, sempre que possível, obter as informações necessárias
sobre o fato ocorrido com os adultos acompanhantes da criança ou adolescente ou
por meio de atendimentos prévios realizados pela rede de serviços. A perícia física
será realizada somente nos casos em que se fizer necessária a coleta de vestígios,
evitada a perícia para descarte da ocorrência de fatos.
Além do registro da ocorrência policial e solicitação de perícia da vítima, será
realizada da oitiva criança ou adolescente caso seja necessário, que poderá ser por
meio de escuta especializada ou depoimento especial, conforme já estudado. Será
instaurado o procedimento investigatório, no qual serão ouvidas as testemunhas,
representante legal da vítima e do investigado, solicitação de outras perícias cabíveis,
além de outras diligências que a Autoridade Policial entender necessárias. Ao final da
investigação, o Delegado de Polícia produzirá um relatório detalhado das diligências
realizadas, concluindo pela prática ou não do delito.
A Autoridade Policial poderá representar pela prisão do agressor, bem como
por outras medidas cautelares relacionadas à investigação. Há, também, a
possibilidade de prisão em flagrante delito, que ocorre nos casos previstos no art. 302
do Código de Processo Penal, que assim prevê:

Art. 302 – Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração;
13
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor
da infração (BRASIL, 1941).

Após concluir a investigação, o procedimento é remetido ao Ministério Público,


que oferecerá a denúncia se estiverem presentes os requisitos. Assim, o investigado
responderá ao processo criminal e poderá ser condenado pela prática do crime.
Além da investigação dos crimes sexuais contra menores, a Polícia Civil de
Minas desempenha importante papel na prevenção de novos crimes, ministrando
cursos e palestras sobre a temática, além da divulgação, junto à imprensa e redes
sociais, de informações sobre os canais de denúncias, como identificar se a criança
ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência e a importância da notificação.
Vale mencionar que a Polícia Civil deve atuar de forma integrada e articulada
com os demais órgãos da rede de proteção de cada município, permitindo uma
proteção efetiva e integral da criança e adolescente em situação de vulnerabilidade.

1.4 Atuação do Conselho Tutelar

O Estatuto da Criança e do Adolescente criou o Conselho Tutelar, que é órgão


permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Em cada Município haverá, no
mínimo, um Conselho Tutelar como órgão
integrante da administração pública local,
composto de 5 (cinco) membros escolhidos
pela população local para mandato de 04
(quatro) anos, permitida recondução por
novos processos de escolha. Para ser candidato a membro do Conselho Tutelar, a
pessoa deverá ter reconhecida idoneidade moral, idade superior a 21 (vinte e um)
anos e residir no município.
O Conselho Tutelar é integrante do Sistema de Garantia dos Direitos da
Criança e do Adolescente e tem um papel importantíssimo na proteção e garantia dos
direitos de crianças e adolescentes, contra qualquer ação ou omissão do Estado ou
dos responsáveis legais que resulte na violação ou ameaça de violação dos direitos
estabelecidos pelo ECA. De acordo com Digiácomo (2011, p. 9):

Trata-se de uma instituição essencial ao “Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente”,
instituído pela Lei nº 8.069/90 com o objetivo de proporcionar, de maneira efetiva, a “proteção integral”
prometida à criança e ao adolescente já pelo citado art. 1º, do citado Diploma Legal. Evidente, no entanto, que
14
agindo de forma isolada, por mais que o Conselho Tutelar se esforce, não terá condições de atingir tal objetivo
e/ou de suprir o papel reservado aos demais integrantes do aludido “Sistema de Garantias”, não podendo
assim prescindir da atuação destes.
Um dos desafios a serem enfrentados pelo Conselho Tutelar, portanto, é fazer com que os diversos órgãos,
autoridades e entidades que integram o referido “Sistema de Garantias” aprendam a trabalhar em “rede”,
dialogando e compartilhando ideias e experiências entre si, buscando, juntos, o melhor caminho a trilhar,
tendo a consciência de que a efetiva e integral solução dos problemas que afligem a população infanto-juvenil
local, é de responsabilidade de TODOS.

O Conselho Tutelar tem diversas atribuições previstas no ECA. Uma importante


função é o atendimento de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos
ameaçados por falta ou omissão da sociedade ou Estado, por falta, omissão ou abuso
dos pais ou responsável ou em razão de sua conduta, aplicando as seguintes
medidas, dependendo da gravidade do caso:

 encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;


 orientação, apoio e acompanhamento temporários;
 matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
 inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
criança e do adolescente;
 requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
 inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
 acolhimento institucional;
 inclusão em programa de acolhimento familiar;
 colocação em família substituta (BRASIL, 1990).

O Conselho Tutelar deve realizar o atendimento de pais ou responsável,


aplicando as medidas de encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; inclusão em programa oficial
ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; encaminhamento a cursos
ou programas de orientação; obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
sua frequência e aproveitamento escolar; obrigação de encaminhar a criança ou
adolescente a tratamento especializado e advertência.
O órgão pode ainda requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança, bem como representar junto à
autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
O Conselheiro Tutelar deve encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; expedir notificações
e requisitar certidões de nascimento e de óbito de menores quando necessário.
O Conselho Tutelar deve representar ao Ministério Público para efeito das
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de

15
manutenção da criança ou adolescente junto à família natural, além de promover e
incentivar, na comunidade e grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.
Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário
o afastamento do convívio familiar, comunicará o fato imediatamente ao Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as
providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
É importante ressaltar que as decisões do Conselho Tutelar somente poderão
ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
O ECA, em seu art. 13, prevê que os casos de suspeita ou confirmação de
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. O Estatuto traz, em seu art.
56, a obrigatoriedade de comunicação ao Conselho Tutelar dos casos de maus-tratos
envolvendo os alunos pelos dirigentes de estabelecimentos de ensino. Assim, ao
tomar conhecimento da suspeita ou confirmação de violência contra menores, caberá
ao Conselho Tutelar aplicar as medidas de proteção cabíveis ao caso concreto para
garantir, com absoluta prioridade, a efetivação dos seus direitos. Vale reforçar que o
Conselho Tutelar deve atuar de forma integrada e articulada com os demais órgãos
da rede de proteção de cada município, como Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério
Público, Poder Judiciário, além da saúde, educação, assistência social, dentre outros.
Por fim, vale acrescentar que o Conselho Tutelar aplica as medidas de
proteção, mas a execução delas é de responsabilidade do Poder Público, das famílias
e da sociedade civil em geral.

1.5 O papel dos pais na proteção das crianças e adolescentes

Além do Estado (que atua através da Polícia


Civil, do Conselho Tutelar, do Poder Judiciário e
demais órgãos e instituições) e de toda a sociedade,
os pais exercem um papel primordial na proteção
das crianças e adolescentes.
A partir do nascimento de uma criança, os
pais (sejam eles biológicos ou adotivos) tornam-se seus principais modelos de como
se relacionar consigo mesmo e com o mundo e, neste cenário, eles têm um papel
fundamental na educação e proteção do filho.
16
Para exercer essa função, é essencial que haja entre eles uma relação de afeto
honestidade e confiança, baseada no diálogo, que sempre deve estar presente nas
relações familiares – ainda que para tratar de assuntos difíceis, como, por exemplo, a
violência sexual –, pois esta é a maneira mais eficaz de prevenção.
Nesse sentido, é muito importante orientar as crianças desde cedo sobre a
educação sexual infantil, mostrando quais são as partes do corpo, quais partes são
consideradas íntimas e que não devem ser tocadas por ninguém, a importância de
contar para alguém de confiança caso aconteça algo de errado, etc. A criança precisa
conhecer o seu corpo e saber que tem autonomia sobre ele. Com educação
apropriada, as crianças “são muito capazes de entender o que é carinho e o que é
abuso. Quando se despir é normal, por exemplo, quando a criança está na praia com
a família, e quando a pessoa está mal intencionada” (MORI, 2020). Existem livros e
vídeos adequados para cada idade que auxiliam, e muito, nesta conversa.

DICAS DE CONTEÚDO!
A campanha Defenda-se promove a autodefesa de crianças contra a violência sexual por meio de vários
vídeos educativos com linguagem acessível, amigável e preventiva, apropriados para meninas e meninos entre
4 e 12 anos de idade. As histórias apresentam situações do dia-a-dia em que os meninos e meninas têm condições reais de agir
<

preventivamente para sua autodefesa, especialmente pelo reconhecimento dos seus direitos sexuais e de estratégias que dificultam a
ação dos agressores. Acesse o site em <https://defenda-se.com/videos/#pt> e mostre os vídeos para as crianças de sua convivência!
Outra indicação é a série “Que corpo é esse?”, lançada em 2018, através de parceria com a Childhood Brasil e a Unicef Brasil e
disponível em <https://www.childhood.org.br/crescer-sem-violencia>. Os vídeos buscam alertar educadores, crianças, adolescentes
e famílias sobre o conhecimento do próprio corpo, a importância da autoproteção e do respeito ao direito à sexualidade. Os vídeos são
excelentes para conscientizar crianças e adolescentes e prevenir a prática de violência sexual.
Por fim, como sugestão de leitura, indica-se o livro infantil “Pipo e Fifi”, que opera como uma ferramenta de proteção, explicando
às crianças, a partir dos 3 anos de idade, conceitos básicos sobre o corpo, sentimentos, convivência e trocas afetivas. De forma simples
e descomplicada, ensina-se a diferenciar toques de amor de toques abusivos, apontando caminhos para o diálogo e a proteção.

Os pais devem deixar claro para os meninos e meninas a importância de pedir


ajuda caso aconteça algo errado e não guardar segredos que não sejam
saudáveis ou possam lhes trazer perturbação, vergonha e medo. Os filhos devem
ter liberdade e sentirem-se seguros para conversar com os pais e responsáveis.
Além disso, é essencial que os pais sempre
confiem e acreditem na palavra dos filhos, não os
responsabilizando ou culpando caso tenha ocorrido
algum tipo de violência. Crianças e adolescentes
são vítimas e precisam de apoio e proteção. Não
devem, em hipótese alguma, ser questionados ou
responsabilizados por atos praticados por adultos.
Infelizmente, há casos em que a vítima narra uma situação de violência sexual para a
família e, por não acreditarem no relato da criança ou adolescente (sobretudo quando
17
se trata de violência intrafamiliar), os abusos e agressões sexuais acabam se
repetindo por vários anos. A criança ou adolescente sente-se ainda mais culpada, com
medo, vergonha e perde a confiança em outras pessoas, o que traz reflexos
irreversíveis para a vida daquela vítima, como os já analisados neste curso.
Em situações como essa, o responsável legal pela criança ou adolescente
pode ser responsabilizado pelo mesmo crime praticado contra o menor,
justamente em virtude da sua omissão. De acordo com a legislação brasileira, os
pais têm a obrigação de cuidado, proteção e vigilância dos filhos e o Código Penal
(art. 13, § 2º) prevê a possibilidade de responsabilização criminal de pessoa que devia
e podia agir para evitar determinado resultado, no caso, a violência sexual. A título de
ilustração, em uma investigação realizada pela Delegacia Especializada de Proteção
à Criança e ao Adolescente, a genitora foi responsabilizada pelo estupro de vulnerável
em sua forma omissiva, visto que tinha conhecimento das violências sexuais que o
pai praticava contra as três filhas e nada fazia para impedir que as condutas
criminosas continuassem ocorrendo.
Acreditar na palavra da criança e do
adolescente é essencial. Isso faz com que a vítima
se sinta amparada, segura, protegida e consiga
superar o trauma da violência. Como já estudamos, o
menor pode não conseguir falar sobre a violência
sofrida. Se os pais identificarem sinais ou comportamentos analisados no Capítulo
anterior e que sugerem que o menor tenha sofrido violência sexual, devem procurar
ajuda de um profissional, que trará a orientação correta e necessária em cada caso.
Qualquer órgão do Sistema de Garantias de Direitos, como o Conselho Tutelar e o
CREAS, poderá auxiliar os pais e a criança ou adolescente.
A proteção dos filhos contra a violência sexual exige medidas básicas, tais
como sempre procurar saber onde as crianças e adolescentes estão, com quem
estão e o que estão fazendo; ensiná-los a jamais
aceitar convites, dinheiro, comida ou favores de
estranhos, sobretudo em troca de carinho;
acompanhá-los em consultas médicas; e conhecer
os amigos deles, principalmente os mais velhos.
Ainda neste contexto, considerando que, nos dias de hoje, as crianças e os
adolescentes estão, cada vez mais conectados à internet, é importante que os pais
também exerçam o seu papel de proteção nesse ambiente, que, apesar de possuir
inúmeros benefícios, é também cheio de perigos:
18
[...] existem sites, pessoas e redes criminosas que podem enganar, seduzir ou induzir crianças e
adolescentes a acessar conteúdos inadequados, como pornografia, incluindo a infantojuvenil. Elas podem ser
encorajadas a enviar fotos e informações pessoais com propósitos duvidosos. [...] Por meio das ferramentas
de bate-papo, como chats, e-mails ou sites de relacionamento, crianças e adolescentes podem ser
convidados a participar de jogos online ou para encontros no “mundo real”. Essas mensagens podem
esconder intenções de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Existem casos de crianças e
adolescentes que foram aliciados, cooptados ou raptados para fins sexuais, levados de um local para outro
com falsas ofertas de trabalho, como para se tornarem modelos ou jogadores de futebol (CHILHOOD BRASIL,
2013, p. 15).

Alcançar a proteção desejada não é uma tarefa impossível. Os pais devem


aprender sobre a internet e, sempre incentivando o diálogo aberto, conversar com
os filhos sobre o que eles também sabem. Entender o conhecimento da criança e
adolescente em relação aos acessos à internet permitirá um controle mais efetivo. É
importante conhecer as possibilidades de uso da internet (para o bem e para o
mal), acessando sites, redes sociais, aplicativos de mensageria, jogos virtuais,
filmes, desenhos e demais conteúdos de interesse dos seus filhos e constatar
se realmente possuem conteúdo adequado e oferecem um ambiente seguro.
Essa compreensão, na visão de Barreto e Fonseca (2020), facilitará a tomada
de medidas de segurança e assegurará maior proteção e privacidade para as crianças
e adolescentes. Nesse sentido, os autores citam algumas medidas que podem ser
adotadas quando da utilização dessas plataformas:

 Configuração de privacidade nas redes sociais, especialmente dos dados relacionados com
geolocalização, data de nascimento, telefone, e-mail, nome dos pais e qualquer outro referente a
informações pessoalmente identificáveis;
 Ajustes no WhatsApp para ocultar informações sobre fotos de perfil, permissão para adição em grupos,
compartilhamento de status além de habilitar a configuração em duas etapas para evitar a “clonagem”
do WhatsApp;
 Orientação na postagem de conteúdo;
 Cautela com smart toys e outros devices conectados;
 Cuidados com o acesso remoto de dispositivos, especialmente de webcams. Recomenda-se a utilização
de adesivos ou outro meio que permita sua ocultação quando não estiver em uso e;
 Atenção para os games online e os recursos de configuração de privacidade e segurança (BARRETO;
FONSECA, 2020).

FAÇA VOCÊ MESMO!


COMO ATIVAR A ‘CONFIRMAÇÃO EM DUAS ETAPAS’? Para ativar esse recurso no WhatsApp abra: Configurações (Android) /
Ajustes (iOS) > Conta > Confirmação em duas etapas > ATIVAR. Ao ativar esse recurso, você pode inserir o seu endereço de e-mail.
Caso você esqueça o seu PIN de seis dígitos, o WhatsApp enviará um link a esse e-mail para desativar a ‘Confirmação em duas etapas’.
Isso também ajudará você a proteger sua conta e suas informações.

Quanto mais bem informados os pais estiverem, mais fácil será a conversa com
os filhos, orientando-os sobre os riscos existentes e a supervisão da navegação. Para
realizar essa supervisão, é possível criar filtros nos celulares, tablets e jogos
online. Há várias formas de monitorar ou impedir o acesso a conteúdos
impróprios para crianças e adolescentes. Ative o Controle Parental (ou Controle
19
dos Pais), que “é um conjunto de recursos de segurança disponível em diversos
sistemas operacionais, sites e equipamentos, como roteadores e consoles de jogos.
Também pode ser instalado por meio de aplicativos pagos ou gratuitos” (CERT.BR,
2019, p. 12). Sobre este assunto, Barreto e Fonseca (2020) assinalam que existem
diversos softwares com ferramentas para restrição de acesso, definição de horários e
monitoramento de assuntos a serem acessados
pelas crianças. E adolescentes. Dentre as várias
opções existentes, eles indicam as seguintes: Bark
(www.bark.us), para o monitoramento de redes sociais;
Qustodio (www.qustodio.com), para o controle de
adolescentes; Net Nanny (www.netnanny.com), para o
controle de crianças, e, também, o Kaspersky Safe Kids (www.kaspersky.com/safe-kids), com
funções semelhantes.

DICAS DE CONTEÚDO!
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, atentando-se à importância e necessidade de munir os pais e
responsáveis do conhecimento necessário para proteger as crianças e os adolescentes no ambiente virtual,
disponibilizou através do link <https://www.justica.gov.br/seus-direitos/classificacao/Controle-parental> informações sobre como
<

ativar o Controle Parental em diversas plataformas virtuais.

Os menores também devem ser orientados sobre a privacidade, não devendo


divulgar dados pessoais, como nome, endereço, telefone, fotografias, escola e
e-mail em locais públicos da internet, como salas de bate-papo e sites de
relacionamento. Não é recomendado postar fotos com uniformes de escola. Os
mecanismos de segurança de sites ou redes sociais devem ser ativados, uma vez que
há informações que podem ser classificadas como ‘públicas’ e ‘privadas’.
Da mesma forma, deve-se nortear os menores a não conversarem com
estranhos na internet, pois infelizmente há pessoas que se aproximam com más
intenções. As crianças e adolescentes precisam ser orientadas a nunca marcar
encontros com desconhecidos ou pessoas que conhecem apenas na internet. Os pais
podem ainda verificar com regularidade o histórico de acesso dos computadores. A
melhor opção é que “os equipamentos de acesso à rede estejam situados em
locais comuns da casa, onde possa haver supervisão de adultos,
diferentemente do isolamento de um quarto” (BARRETO; FONSECA, 2020)
Somado a isso, é essencial observar o comportamento do menor no uso da internet.

Atitudes como minimizar ou fechar aplicativos, trancar a porta do quarto, bloquear o celular ou tablet
e ficar nervoso quando você está por perto podem indicar que seus filhos estão tentando esconder
20
algo e, possivelmente, correndo riscos. Esse é o momento para tentar conversar e entender o que
está ocorrendo. A relação de confiança é o mais importante. Converse e ouça antes de julgar, para que eles
não tenham medo de relatar algum incômodo (CERT.BR, 2019, p. 9). (grifo nosso)

Por fim, deve-se sempre limitar o tempo de utilização da internet por


meninos e meninas. “O uso excessivo da Internet pode colocar em risco a saúde
física e psicológica dos seus filhos, atrapalhar o rendimento escolar e afetar a vida
social” (CERT.BR, 2019, p. 4). Não é saudável permitir que eles fiquem por longos
períodos em frente ao computador, tablet ou celular. A compra de um celular ou tablet
para crianças deve, inclusive, ser analisada com cautela, verificando se há maturidade
para o uso de tais equipamentos, uma vez que o acesso oferece diversos riscos.
Em síntese, é essencial que os pais orientem seus filhos quanto a uma
navegação segura, de modo a permitir que eles desfrutem das facilidades e
oportunidades do mundo virtual com responsabilidade e as orientações necessárias
sobre como proceder diante de possíveis riscos de
contato com pessoas mal-intencionadas e
conteúdo impróprio. Por isso, é fundamental
estimular o diálogo aberto, contribuindo para
que a criança ou adolescente se sinta
confortável e seguro para compartilhar e tirar
dúvidas com os adultos de sua confiança.
Por fim, em quaisquer hipóteses, se a criança ou adolescente relatar situação
de violência sexual, esteja disponível para ouvi-lo e incentivá-lo a falar devagar o
que aconteceu, sem muitas perguntas e comentários. É muito importante não o
culpar pela situação e sempre oferecer proteção e apoio, assegurando-lhe de que
tomará as providências necessárias, o que deve ser feito o mais rápido possível. De
acordo com a situação relatada, deve-se consultar um médico e um psicólogo e
informar as autoridades competentes, como a Polícia Civil de Minas Gerais.

MEU(MINHA) FILHO(A) FOI VÍTIMA. COMO PROCEDER?

De imediato, 1) Verifique todos os canais por meio dos quais a criança ou adolescente teve contato com o possível criminoso e não
apague nenhuma das conversas e conteúdos (vídeos ou fotos) compartilhados. 2) Se o diálogo se deu em uma rede social, por exemplo,
copie a URL1 (link) do perfil e o nome do usuário (veja como fazer mais adiante). 3) Tire cópia de todas as conversas e demais conteúdos;
salve em um CD ou pendrive, se for preciso. 4) Anote o(s) dia(s), horário(s) e a cidade(s)/UF(s) em que o menor estava durante as conversas
com o suposto criminoso. 5) De posse dessas informações e, se possível, acompanhado do menor de idade, dirija-se à Delegacia mais
próxima e registre um boletim de ocorrência.

1
URL significa Uniform Resource Locator (Localizador Padrão de Recursos) e, neste curso, será utilizada apenas para indicar o endereço ou link
de um site, como, por exemplo, www.policiacivil.mg.gov.br.
21
FAÇA VOCÊ MESMO!
COMO SALVAR A URL (ou LINK) DE UM PERFIL? Uma das primeiras medidas a ser adotada quando ocorre a prática de um crime
em uma rede social é coletar os dados do titular da conta ou perfil. E isso a própria vítima (ou responsável) pode fazer. Tratando-se de
crime praticado no Facebook ou Instagram, por exemplo, deve-se coletar de imediato a URL (ou link) da conta a ser investigada, isto é,
o seu endereço web completo.
Quando o acesso ao Facebook é feito através de um computador, a URL pode ser identificada na barra de endereços do navegador,
conforme imagem abaixo:

Nesse caso, a URL é www.facebook.com/luiza.paranhos.581.


Quando o acesso ao Facebook é feito pelo aplicativo do celular, o procedimento é o seguinte:

No Instagram, quando o acesso é feito a partir do computador, a identificação da URL do perfil opera-se de maneira semelhante,
isto é, a partir da barra de endereços do navegador. Veja:

Esses dados também podem ser coletados no aplicativo do celular:

22
Quando o acesso ao Facebook é feito através de um computador, a URL pode ser identificada na barra de endereços do navegador,
conforme imagem abaixo:
Esse é um procedimento deve ser usado em relação a quaisquer crimes praticados nessas redes sociais. É muito simples e
representa uma ajuda muito importante para a investigação criminal. NÃO SE ESQUEÇA!

DICAS DE CONTEÚDO!
O Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.BR), juntamente
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.BR) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR),
criaram uma cartilha com o título “Internet segura para seus filhos: sua participação é muito importante”, que dá diversas dicas
<

para os pais sobre como orientar seus filhos a navegarem com segurança na internet, atentando-se para os riscos existentes. Acesse
o conteúdo em: <https://internetsegura.br/pdf/guia-internet-segura-pais.pdf>.
No mesmo sentido é a Cartilha “Navegar com Segurança: por uma infância conectada e livre da violência sexual”, da
CHILDHOOD BRASIL, que dá maior enfoque à proteção das crianças e adolescentes contra as várias formas de violência sexual e pode
ser acessada pelo endereço <https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/childhood/navegue_com_seguranca_3ed_2012.pdf>.

1.6 Como e onde denunciar

Diante de todas as informações apresentadas ao longo deste curso, resta-nos,


por fim, apresentar as várias formas e locais em que é possível realizar denúncias de
situações (e, até mesmo, suspeitas) da prática de violência sexual contra crianças e
adolescentes.
Assim, é possível proceder às denúncias junto à POLÍCIA CIVIL DE MINAS
GERAIS (e de outros Estados). Em Belo Horizonte, há uma Delegacia Especializada
em Proteção à Criança e ao Adolescente, localizada na Avenida Nossa Senhora de
Fátima, 217 – Carlos Prates. Esta delegacia apura os crimes sexuais praticados contra
crianças e adolescentes ocorridos na capital e conta com profissionais qualificados
para realizar a escuta dos menores. O atendimento da Especializada também é feito
23
no Centro Integrado de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente, localizado na
Avenida Olegário Maciel, 515 – Centro, Belo Horizonte / MG.
Os crimes de natureza sexual praticados por meio da internet, por sua vez, são
investigados pelas Delegacias Especializadas em Investigação de Crime Cibernético,
localizadas na Avenida Francisco Sales, 780 – Santa Efigênia, em Belo Horizonte /
MG. Essa Unidade Especializada também possui profissionais capacitados para a
investigação de crimes cujas evidências estão contidas no meio virtual, com a devida
identificação dos autores. A competência para realizar as investigações abrange a
cidade de Belo Horizonte e o suporte técnico é dado a todas as demais Unidades de
Polícia Civil do Estado.
O registro da ocorrência pode ser realizado nas Delegacias Especializadas ou
em qualquer outra Unidade Policial. Após o registro, a Polícia Civil irá apurar os fatos
noticiados através de um procedimento investigatório.
Outra forma de realizar as denúncias é através do DISQUE DIREITOS
HUMANOS – DISQUE 100. Por meio desse serviço, o Ministério da Mulher, da Família
e dos Direitos Humanos recebe, analisa e encaminha aos órgãos de proteção e
responsabilização as denúncias de violações dos direitos de crianças e adolescentes,
pessoas idosas, pessoas com deficiência, população LGBT, população em situação
de rua, entre outros. Funciona diariamente, 24 horas por dia, e qualquer pessoa pode
noticiar violações de direitos humanos.
Se o cidadão tiver o interesse de acompanhar a denúncia, basta ligar para o
Disque 100 e fornecer os dados da denúncia. Além disso, algumas informações são
muito importantes para realizar o registro de qualquer denúncia pelo Disque 100. São
elas:

Quem sofre a violência? (vítima)


Qual tipo violência? (violência física, psicológica,
maus tratos, abandono, etc.)
Quem pratica a violência? (suspeito)
Como chegar ou localizar a vítima/suspeito?
Endereço (estado, município, zona, rua, quadra,
bairro, número da casa e ao menos um ponto de
referência)
Há quanto tempo ocorreu ou ocorre a violência?
(frequência)
Qual o horário?
Em qual local?
Como a violência é praticada?
Qual a situação atual da vítima?
Algum órgão foi acionado?

As denúncias também
podem ser feita na POLÍCIA
24
MILITAR. Nos casos de urgência, a Polícia Militar deve ser acionada através do
número 190, e policiais militares comparecerão ao local dos fatos para a condução
dos envolvidos à Delegacia de Polícia, em estado de flagrante ou lavratura do Boletim
de Ocorrência.
É possível, ainda, fazer as denúncias no CONSELHO TUTELAR. Como
estudado neste capítulo, o Conselho Tutelar é um órgão essencial na proteção de
crianças e adolescentes e pode receber informações de violências praticadas contra
meores, ocasião em que comunicará aos órgãos cabíveis, como a Polícia Civil e o
Ministério Público, além de adotar de forma imediata medidas de proteção.
As unidades de saúde deverão notificar os casos suspeitos ou confirmados de
violência contra crianças e adolescentes no Sinan (setor Saúde) e ao Conselho
Tutelar, de forma obrigatória, conforme previsto no art. 13 da ECA. No mesmo sentido,
as unidades de ensino também deverão notificar ao Conselho Tutelar os casos de
maus tratos envolvendo seus alunos, de acordo com o art. 56 do ECA.
O MINISTÉRIO PÚBLICO, através das Promotorias de Justiça que atuam na
defesa dos direitos das crianças e adolescentes, também está apto a receber
denúncias da prática de violência sexual.
Por fim, é possível realizar denúncias na INTERNET, através da SaferNet
Brasil, cujo site pode ser acessado através do endereço https://new.safernet.org.br/denuncie#.
A SaferNet Brasil oferece um serviço de recebimento de denúncias anônimas de
crimes e violações contra os Direitos Humanos na Internet, contando com
procedimentos efetivos e transparentes para lidar com as denúncias. Caso encontre
imagens, vídeos, textos, músicas ou qualquer tipo de material que seja atentatório aos
Direitos Humanos, faça a sua denúncia.
Vê-se, portanto, que muitos são os canais para proceder à denúncia de crimes
de violência sexual contra crianças e adolescentes, os quais devem ser usados por
todos nós para a proteção dos meninos e meninas em condição de violência e risco.

25
2 CONCLUSÃO

As crianças e adolescentes são as principais vítimas de variadas formas de


violência, praticadas em todas as partes do mundo e, também, no Brasil. Infelizmente,
dentre essas abomináveis práticas, destaca-se a violência de natureza sexual, que
demanda uma reprimenda ainda maior por parte do Estado.
Como visto neste curso, várias são as condutas que caracterizam a violência
sexual contra meninos e meninas, não se limitando, apenas, à própria prática do ato
sexual. Condutas como divulgar material pornográfico e exigir que uma criança se
apresente de forma sensual e erótica é tão grave quanto a prática do estupro, uma
vez que todos, em conjunto, integram uma rede que financia o crime organizado, a
máfia mundial de exploração sexual de crianças e adolescentes e muitos outros
crimes, que, diariamente e de forma violenta, tiram a vida, a integridade e a dignidade
de inocentes meninos e meninas, sem escolha e sem defesa.
A prática de crimes relacionados à violência sexual contra menores constitui,
além da violação, uma verdadeira crueldade à individualidade e à coletividade de
crianças e adolescentes, em tenra idade e pleno estágio de desenvolvimento físico,
moral, psíquico e social, em situação de extrema vulnerabilidade, que, muitas vezes,
são torturadas de forma desumana e degradante. A Constituição Federal impõe
integral, absoluta e especial proteção, conforme se extrai do citado art. 227.
A dimensão e gravidade dos delitos praticados devem ser encaradas com a
devida importância, levando-se em consideração a necessidade de preservar a
dignidade e privacidade de cada menino e menina, brasileiro ou estrangeiro, bem
como o direito humano de que cresçam sem abusos, sem vícios, sem ferimentos na
honra, traumas, maus-tratos, torturas ou violência de qualquer natureza. As crianças
e adolescentes merecem respeito em seus valores mais íntimos e a eles deve ser
ofertado um lar acolhedor, uma família integrada, uma escola e uma sociedade
baseada em princípios sólidos e saudáveis, onde possam estar protegidos de toda
forma desumana de violação de sua integridade corporal, moral e psíquica. Do
contrário, essas crianças e adolescentes estarão fadados a mortes prematuras e,
quando sobreviventes, serão, na grande maioria das vezes, assombrados por marcas
irremediáveis e distúrbios pós-traumas de todas as ordens.
A prevenção é, sem dúvidas, de suma importância para o enfrentamento ao
abuso e à exploração sexual infanto-juvenil, incluindo os cuidados com a internet. O
Estado, a sociedade e os pais têm um papel primordial nessa proteção e todos
devemos fazer, diariamente, a nossa parte. DENUNCIE!
26
REFERÊNCIAS

ARCARI, Caroline. Pipo e Fifi. 2016. Disponível em:


<https://www.pipoefifi.org.br/proteja>. Acesso em: 11 set. 2020.

BARRETO, Alesandro Gonçalves; FONSECA, Ricardo Magno Teixeira. Abuso e


exploração sexual infantojuvenil na internet: seu filho pode estar sendo caçado
durante a pandemia. Justiça & Polícia, 11 de abril de 2020. Disponível em:
<https://juspol.com.br/abuso-e-exploracao-sexual-infantojuvenil-na-internet-seu-filho-
pode-estar-sendo-cacado-durante-a-pandemia/>. Acesso em: 11 set. 2020.

BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 11
set. 2020.

______. Decreto nº 4.229, de 13 de maio de 2002. Revogado pelo Decreto nº


7.037, de 2009. Dispõe sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH,
instituído pelo Decreto no 1.904, de 13 de maio de 1996, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4229.htm>.
Acesso em: 09 set. 2020.

______. Decreto nº 5.814, de 26 de junho de 2006. Promulga o Acordo de


Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da
República do Panamá no Campo da Luta contra o Crime Organizado, celebrado em
Brasília, em 21 de agosto de 2001. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/D5814.htm>.
Acesso em: 09 set. 2020.

______. Decreto nº 9.603, de 10 de dezembro de 2018. Regulamenta a Lei nº


13.431, de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da
criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9603.htm>.
Acesso em: 13 set. 2020.

______. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 08 set. 2020.

______. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>.
Acesso em: 11 set. 2020.

______. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a


violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 13 set. 2020.

______. Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de


direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm>.
Acesso em: 07 set. 2020.

______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 07 set. 2020.

______. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial nº


1830026 RJ 2019/0229370-8. Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de
Julgamento: 26/11/2019, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
03/12/2019. Disponível em
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/860006275/agravo-regimental-no-recurso-
especial-agrg-no-resp-1830026-rj-2019-0229370-8?ref=serp>. Acesso em: 10 set.
2020.

______. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 593. (TERCEIRA SEÇÃO, julgado


em 25/10/2017, DJe 06/11/2017). Disponível em: <http://crianca.mppr.mp.br/pagina-
2068.html>. Acesso em: 08 set. 2020.

______. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 0087951-45.2020.1.00.0000


PE. Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 25/03/2020, Data de
Publicação: DJe-076 30/03/2020. Disponível em:
<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/862022067/habeas-corpus-hc-182485-pe-
pernambuco-0087951-4520201000000?ref=serp>. Acesso em: 09 set. 2020.

______. Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Apelação Criminal nº 0011226-


49.2015.4.01.3900. Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA
SIFUENTES, Data de Julgamento: 02/04/2019, TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: 12/04/2019. Disponível em: <https://trf-
1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/890403553/apelacao-criminal-acr-apr-
112264920154013900/ementa-890403628?ref=juris-tabs>. Acesso em: 10 set. 2020.

CASTRO, Joelíria Vey de; BULAWSKI, Cláudio Maldaner. O perfil do pedófilo: uma
abordagem da realidade brasileira. Revista Liberdades, São Paulo, n. 6, jan./abr.
2011. Disponível em:
<http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rco
n_id=74>. Acesso em: 11 set. 2020.

CENTRO DE ESTUDOS, RESPOSTA E TRATAMENTO DE INCIDENTES DE


SEGURANÇA NO BRASIL (CERT.br). Cartilha Internet segura para seus filhos.
Disponível em: <https://internetsegura.br/pdf/guia-internet-segura-pais.pdf>. Acesso
em: 31 jul. 2020.
CHILDFUND BRASIL. 18 de maio: Campanha “Quem não denuncia também
violenta!”. 2016. Disponível em: <https://www.childfundbrasil.org.br/blog/campanha-
quem-nao-denuncia-tambem-violenta/>. Acesso em: 10 set. 2020.

______. Navegar com Segurança: por uma infância conectada e livre da violência
sexual. São Paulo: Childhood, 2013. Disponível em:
<https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/childhood/navegue_com_seguranca_
3ed_2012.pdf>. Acesso em: 10 set. 2020.

COMO reconhecer quando uma criança é vítima de abuso sexual. Vida & Ação, 18
de maio de 2019. Disponível em: <http://www.vidaeacao.com.br/como-reconhecer-
quando-uma-crianca-e-vitima-de-abuso-sexual/>. Acesso em: 18 set. 2020.

DIGIÁCOMO, Murillo José. Limites e obstáculos para o cumprimento do papel


dos ConselhosTutelares na garantia de direitos de crianças e de adolescentes
emsituação de violência sexual. Brasil, 2011. Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUK
EwjjqbmXgPvrAhW-
IrkGHXFoCtAQFjAAegQIAxAB&url=http%3A%2F%2Fwww.mppr.mp.br%2Farquivos
%2FFile%2FConselho_Tutelar_e_violencia_sexual.pdf&usg=AOvVaw2QYnWrHkV7
7OoFn398ZiBV>. Acesso em: 19 set. 2020.

FOLHAPRESS. Tio suspeito de estuprar menina de 10 anos esperava a família sair


para cometer os abusos. Diário de Pernambuco, Recife, 18 de agosto de 2020.
Disponível em: <https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/brasil/2020/08/tio-
suspeito-de-estuprar-menina-de-10-anos-esperava-a-familia-sair-par.html>. Acesso
em: 11 set. 2020.

FURNISS, Tilman. Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar; trad.


Maria Adriana Veríssimo – Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 15.ed. Niterói: Impetus,
2018. v.3.

______. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 20.ed. Niterói: Impetus, 2018. v.1.

IBIAPINA, Bruna. Caput. Jus.com.br, 2014. Disponível em:


<https://jus.com.br/artigos/34437/caput>. Acesso em: 08 set. 2020.

LEITE, Victor Hugo de Freitas. A Importância do Depoimento sem Dano na


Apuração de Crimes Sexuais contra Crianças e Adolescentes. Tribunal de Justiça
do Estado do Ceará, Fortaleza, 2014. Disponível em:
<https://bdjur.tjce.jus.br/jspui/handle/123456789/8/browse?type=subject&order=DES
C&rpp=40&value=depoimento+sem+dano>. Acesso em: 19 set. 2020.

MARINGÁ. Prefeitura do Município de Maringá. Protocolo de proteção à mulher,


criança e adolescente vítimas de violência sexual, doméstica e intrafamiliar.
Maringá, 2012. Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uac
t=8&ved=2ahUKEwi3mvnagPvrAhX-
IrkGHYq0AXwQFjAAegQIARAB&url=http%3A%2F%2Fcrianca.mppr.mp.br%2Fpagin
a-2129.html&usg=AOvVaw2aulTHtABhFpB1JPpSXGaU>. Acesso em: 19 set. 2020.

MINAS GERAIS. Lei nº 23.643 de 22 de maio de 2020. Publicado no DOE-MG em


23 de maio de 2020. Dispõe sobre a comunicação a órgãos de segurança pública de
ocorrência, ou indício de ocorrência, de violência doméstica e familiar contra mulher,
criança, adolescente ou idoso nos condomínios residenciais localizados no Estado,
durante o estado de calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19.
Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=395903>. Acesso em:
11 set. 2020.

______ Polícia Civil de Minas Gerais. Crianças e Adolescentes Vítimas. Belo


Horizonte: Armazém SIDS_REDS. 2020.

MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS. Ministério


divulga dados de violência sexual contra crianças e adolescentes. Governo Federal,
18 de maio de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-
br/assuntos/noticias/2020-2/maio/ministerio-divulga-dados-de-violencia-sexual-
contra-criancas-e-adolescentes>. Acesso em: 07 set. 2020.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Todos contra a


pedofilia. Fundo Estadual do Ministério Público. 2010. Disponível em:
<http://todoscontraapedofilia.ning.com/>. Acesso em 19 ago. 2020.

MORI, Letícia. Como falar sobre abuso sexual com as crianças. BBC Brasil, São
Paulo, 06 de outubro de 2017. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-41533221>. Acesso em: 10 set. 2020.

ONU. Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral


da ONU em 20 de novembro de 1989 e em vigor desde 2 de setembro de 1990.
Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-
crianca>. Acesso em: 13 set. 2020.

PACHECO, Adriana; CABRAL, Cláudia. A efetivação da proteção integral a partir do


campo psicossocial: considerações sobre a violência doméstica contra a criança. In:
CHILDHOOD. Violência sexual contra crianças e adolescentes: novos olhares
sobre diferentes formas de violações. São Paulo: Childhood Brasil (Instituto WCF-
Brasil), 2013. p.145-176. Disponível em: <http://crianca.mppr.mp.br/pagina-
1869.html>. Acesso em 05 set. 2020.

PARÁ. Secretaria Estadual de Saúde do Pará. Protocolo de Atenção Integral a


crianças e adolescentes vítimas de violência: uma abordagem interdisciplinar na
Saúde. Belém, 2010. Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uac
t=8&ved=2ahUKEwjyuePlgPvrAhWlK7kGHU1SCP4QFjACegQIARAB&url=https%3A
%2F%2Fwww.mpdft.mp.br%2Fportal%2Findex.php%2Fconhecampdft-
menu%2Fpromotorias-justica-menu%2Fpjij-menu%2F279-publicaes%2F1020-guias-
cartilhas-congressos&usg=AOvVaw2Vr7_xfrMS8-OD_3pU1bx2>. Acesso em: 19 set.
2020.
POLASTRO, Mateus de Castro; ELEUTÉRIO, Pedro Monteiro da Silva. Exames
relacionados à pornografia infatojuvenil. In: VELHO, Jesus Antônio. Tratado de
Computação Forense. Campinas: Millennium Editora, 2016. p. 245-287.

ROVINSKI, Sonia Liane Reichert; PELISOLI, Cátula da Luz. Violencia Sexual


Contra Crianças e Adolescente: testemunho e avaliação psicológica. [livro
eletrônico]. São Paulo: Vetor Editora, 2020. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?id=99fkDwAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=vi
ol%C3%AAncia+sexual+contra+crian%C3%A7as+e+adolescentes&hl=pt-
BR&sa=X&ved=2ahUKEwidvKyb8LvrAhUaCrkGHVNuAbQQ6AEwAXoECAYQAg#v=
onepage&q=viol%C3%AAncia%20sexual%20contra%20crian%C3%A7as%20e%20a
dolescentes&f=false>. Acesso em: 04 set. 2020.

SANTOS, Benedito Rodrigues dos Santos; GONÇALVES, Itamar Batista Gonçalves.


Centros de Atendimento integrado a crianças e adolescentes vítimas de
violência: Boas práticas e recomendações para uma política pública de Estado. São
Paulo: Instituto WCF, 2017. Instituto WCF/Brasil, 2017. Disponível em:
<https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/childhood/crianca_adolescente__livro
_childhood2017.pdf>. Acesso em: 13 set. 2020.

______. Guia de referência: construindo uma cultura de prevenção à violência


sexual. São Paulo: Childhood – Instituto WCF-Brasil, 2009.

SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Caderno de Violência Doméstica e


Sexual Contra Crianças e Adolescentes. 2007. São Paulo: Coordenação de
Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde (CODEPPS). Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUK
EwiT78rI7OHrAhUwDrkGHdECBocQFjAAegQIBBAB&url=https%3A%2F%2Fwww.pr
efeitura.sp.gov.br%2Fcidade%2Fsecretarias%2Fupload%2Fsaude%2Farquivos%2F
crianca%2FAdolescente.pdf&usg=AOvVaw3qaWmHTCCfQMH9WzdnMkDF>.
Acesso em: 11 set. 2020.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Como identificar abuso sexual contra


crianças e adolescentes? Pediatria para Família, 2020. Disponível em:
<https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/adolescencia/como-
identificar-abuso-sexual-contra-criancas-e-adolescentes/>. Acesso em: 18 set. 2020.

SOUZA, Felipe. Isolamento dificulta denúncias de abuso infantil e deve levar a alta
de casos, diz especialista BBC News Brasil, São Paulo, 20 de maio de 2020.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52735898>. Acesso em: 07
set. 2020.

TAVARES, Vitor. Likee: a rede social 'moda' entre crianças que virou alvo de
pedófilos. BBC News Brasil, São Paulo, 26 agosto 2020. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-53871669>. Acesso em: 07 set. 2020.

WELTER, Carmen Lisbôa Weingärtner; et al. Considerações sobre o depoimento de


criança/adolescente vítima de violência sexual. Revista Digital MP-RS, nº 01,
julho/setembro, 2010. Disponível em: <http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1412.html>.
Acesso em: 10 set. 2020.
MATERIAIS COMPLEMENTARES

ALEGRETTI, Laís. Quem abusa de criança não tem transtorno mental, só se sente
no direito'. BBC News Brasil, Londres, 19 setembro 2020. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
54180470?at_custom2=facebook_page&at_custom3=BBC+Brasil&at_medium=custo
m7&at_campaign=64&at_custom1=%5Bpost+type%5D&at_custom4=B3AD2556-
FAA5-11EA-B094-B9824D484DA4>. Acesso em: 31 jul. 2020.

ARCARI, Caroline. Pipo e Fifi em: Como conversar com as crianças sobre nudez?
Instituto CORES, 2017. Disponível em: <https://7bade3ca-175c-4091-a883-
617da1919eff.filesusr.com/ugd/5117a5_dc61270940974548aa8078f2fd46eb54.pdf>.
Acesso em: 11 set. 2020.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional dos Direitos da


Criança e do Adolescente. Parâmetros de Escuta de Crianças e Adolescentes
em Situação de Violência. Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUK
Ewixro-
ZsfvrAhXlIrkGHSr9DqUQFjAAegQIAhAB&url=https%3A%2F%2Fwww.childhood.org.
br%2Fchildhood%2Fpublicacao%2FPara%25CC%2582metros_de_Escuta_de_CeA
_em_Situac%25CC%25A7a%25CC%2583o_de_Viole%25CC%2582ncia.PDF&usg=
AOvVaw3J14jRZ7AUVg07NHvIREVd>. Acesso em: 07 set. 2020.

CENTRO DE ESTUDOS, RESPOSTA E TRATAMENTO DE INCIDENTES DE


SEGURANÇA NO BRASIL (CERT.br). Cartilha Internet segura para seus filhos.
Disponível em: <https://internetsegura.br/pdf/guia-internet-segura-pais.pdf>. Acesso
em: 31 jul. 2020.

______. Cartilha de Segurança na Internet: Fascículo Redes Sociais. Disponível


em: <https://cartilha.cert.br/fasciculos/redes-sociais/fasciculo-redes-sociais.pdf>.
Acesso em: 31 jul. 2020.

CENTRO MARISTA DE DEFESA DA INFÂNCIA. Campanha Defenda-se.


Disponível em: <https://defenda-se.com/videos/#pt>. Acesso em: 07 set. 2020.

CHILDHOOD BRASIL. Navegar com Segurança: por uma infância conectada e


livre da violência sexual. São Paulo: Childhood, 2013. Disponível em:
<https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/childhood/navegue_com_seguranca_
3ed_2012.pdf>. Acesso em: 10 set. 2020.

CHILDHOOD. Que corpo é esse? YouTube, 25 de junho de 2020. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=9Yxf6yahjMU&list=PL6ezBjfEAXFlpfWmbUPj8Da
ELL-GmhVPO. Acesso em: 07 set. 2020.

CRESCER sem violência. CHILDHOOD, 10 de setembro de 2018. Disponível em:


<https://www.childhood.org.br/crescer-sem-violencia>. Acesso em: 07 set. 2020.

MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS. Cartilha


Família Protetora. Governo Federal, 18 de maio de 2020. Disponível em:
<https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-
2/maio/FAMILIAPROTETORA.pdf>. Acesso em: 07 set. 2020.

______. Maio Laranja – Ministério divulga dados de violência sexual contra crianças
e adolescentes. YouTube.com, 18 de maio de 2020. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3qy871LdwJs#action=share>. Acesso em: 07
set. 2020.

______. Proteção de Crianças e Adolescentes na Internet: Recomendações para


pais e responsáveis. 2020. Disponível em <https://www.gov.br/mdh/pt-
br/assuntos/noticias/2020-2/junho/proteodecrianaseadolescentesnainternet.pdf>

MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS. Navegar com Segurança: por uma


internet mais segura, ética e responsável. 4 ed. Belo Horizonte: MPMG, 2019.

MORI, Letícia. Como falar sobre abuso sexual com as crianças. BBC Brasil, São
Paulo, 06 de outubro de 2017. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-41533221>. Acesso em: 10 set. 2020.

MUSEU DA PESSOA. Documentário "Desumanidades: cinco relatos sobre violência


sexual". YouTube,15 de junho de 2016. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=NFPSS3qoWeU&feature=emb
_logo>. Acesso em: 07 set. 2020.

ODILLA, Fernanda. O 'manual para pedófilos' encontrado no computador de um


médico no Brasil que surpreendeu a polícia BBC News Brasil, Londres, 11 de abril
de 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47825687>.
Acesso em: 11 set. 2020.

PEDOFILIA é uma doença que não tem cura, mas tem tratamento. Globo News, 1º
de novembro de 2017. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
54180470?at_custom2=facebook_page&at_custom3=BBC+Brasil&at_medium=custo
m7&at_campaign=64&at_custom1=%5Bpost+type%5D&at_custom4=B3AD2556-
FAA5-11EA-B094-B9824D484DA4>. Acesso em: 31 jul. 2020.

RORAIMA. Coordenadoria da Infância e da Juventude. Centros de Atendimento


Integrado de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência: Boas Práticas e
Recomendações para uma Política Pública de Estado. Disponível em:
<https://www.tjrr.jus.br/cij/index.php/noticias/936-boas-praticas-conheca-o-centro-
integrado-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-de-vitoria-da-conquista>. Acesso
em: 07 set. 2020.

SAFERNET. Exploração sexual infantil afeta todos nós: Vídeo 2. (2014).


Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=84VGPqx7x2w&feature=youtu.be>. Acesso em:
31 jul. 2020.

SANTOS, Benedito Rodrigues dos Santos. Guia de referência: construindo uma


cultura de prevenção à violência sexual. São Paulo: Childhood – Instituto WCF-
Brasil, 2009.

Você também pode gostar