Porque choras meu Senhor?

Choro pelos pecados dos homens. Choro pela sua ingratidão e indiferenças para com
meu Corpo Santo, para com a minha Igreja e para com o seu próximo. Choro sim e não
encontro quem me console! Não encontro quem me abrigue! Não encontro quem chore
comigo! Vede minha dor! Minha tão grande dor! Dor essa proporcional ao amor que derramei
sobre minha criação, tão bela e perfeita mas que livremente se lançou na lama e simplesmente
virou as costas para mim, cuspiu em meu rosto e não quis mais o meu amor.

Como éramos felizes quando passeávamos pelo jardim, corríamos por montes e vales
no final das tardes e a noite, minha mão os envolvia e o calor do meu coração dispersava o frio
da noite. Eu era um abrigo para o homem mas o homem decidiu se abrigar no desconfortável e
frio colo da serpente, e envolvido em seu abraço mortal esqueceu Aquele que o amparou e
acolheu, Aquele que o formou nos mais mínimos detalhes e derramou mais amor do que a
qualquer outra coisa criada por minhas mãos.

Choro para que você não chore! Sofro para que você não sofra! E no meu silêncio
mortal na Cruz as minhas lágrimas eternamente enxugam as vossas lágrimas. Hoje meus
braços abertos, presos nesse madeiro frio, só desejam que você me aqueça, como eu te
aqueci, me envolva, como eu te envolvi. Porém, deixe que aqui, preso, machucado e cheio de
chagas eu cure as suas chagas, para que assim, eu e você, possamos nos alegrar eternamente
nos montes e vales da eternidade.