São
Paulo:
Paz e Terra, 2005. Capítulos: II. A decupagem clássica; III. Do naturalismo ao realismo
crítico: A. A representação naturalista de Hollywood.
O uso do corte no interior de uma cena – a mudança do ponto de vista para mostrar de
um outro ângulo ou de uma distância o “mesmo fato” que supostamente, não sofreu
solução de continuidade, nem se deslocou para outro espaço. Efeito de identidade e
continuidade ( a ação é mostrada em todos os seus momentos, fluindo sem
interrupção, retrocessos ou saltos no tempo)
“O conjunto é percebido como um universo contínuo em movimento, em relação ao
qual nos são fornecidos alguns momentos decisivos. Determinadas relações lógicas,
presas ao desenvolvimento dos fatos, e uma continuidade de interesses no nível
psicológico conferem coesão ao conjunto, estabelecendo a unidade desejada”
Foi fundamental para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica
“ A invenção de pretextos para o adiamento da ação, que, pela sua natureza, levaria a
um desfecho fulminante
A LINEARIZAÇÃO DA HISTÓRIA
Busca por um modelo de linearização da imagem confusa
Para mostrar de forma inteligível e inequívoco uma ação que se passa num
único intervalo de tempo, o diretor necessita desmembrar a cena em instantes
sucessivos mostrando ações que ocorreriam ao mesmo tempo, em planos
diferentes seguindo uma determinada sequência linear
Linearozação do signo icônico e a construção d euma sequência diegética pelo
desmembramento dos elementos da ação em fragmentos simples e unívocos,
os planos.
Pois, a bem dizer, o corte e a mudança de posição da câmera para se aproximar
ou se afastar do motivo nem sempre eram determinados pela necessidade de
se ver mais e melhor o que acontece numa cena. Eles tornavam possível
também descrever a ação em termos de causa e efeito, ação e reação,
anterioridade e posterioridade, numa palavra, analisá-la com a lógica
dissecatória da decupagem.
Divisão da ação em etapas, de modo a poder analisa-la em termos de causa e
efeito e linearizá-la numa sequência de signos elementares, cada um deles
portador de uma função única na série sintagmática
Criar um encadeamento lógico entre dois fragmentos de imagem
A fragmentação da história em unidades elementares de sentido traz
consequências inúmeras para a nascente narrativa cinematográfica, e tanto os
realizadores quanto o público vão demorar ainda algum tempo para entendê-
las inteiramente. A noção de plano, entendida como fragmento de uma ação
em que apenas um dado essencial é colocado de cada vez, começa a ser
esboçada na mesma medida em que o quadro primitivo é triturado em
unidades diferenciadas. Aos poucos, vai se generalizando a constatação de que
uma cena não precisa ser filmada em uma única tomada e de que ela pode
ganhar melhor inteligibilidade se for desmembrada em fragmentos, que serão
depois recompostos numa sequência linearizada, capaz de guiar os olhos do
espectador.
Os planos vão sendo hierarquizados segundo estratégias de ordenamento
a câmera pode ser deslocada para qualquer ponto, de acordo com a intenção
enunciadora de privilegiar este ou aquele detalhe, e pode igualmente colocar-
se nos ângulos de visualização que possibilitem intensificar o interesse da cena
Uma mesma cena que pudesse se desenrolar alternativamente sob duas
perspectivas diferentes
espaço onde ocorria a ação deveria ser fragmentado em unidades mais ou
menos discretas, que a câmera deveria mover-se durante esse processo para
proporcionar sempre o ponto de vista mais adequado daquilo que acontece em
cena.
Mas, por outro lado, era preciso fazer com que esses fragmentos desfilassem
uns depois dos outros num espaço/tempo contínuo, ou que – na pior das
hipóteses – uma descontinuidade inevitável pudesse ser de alguma forma
dissimulada.
Raccords de continuidade responsáveis pela codificação dos sinais de
orientação. Permitem que fragmentos colem-se uns nos outros da forma
menos ruidosa possível, sugerindo um fluir contínuo e natural da ação.
Só quando as regras de continuidade estiverem estabelecidas e bem-
assimiladas, poderá o espectador ilustrado sentir-se “em casa” e acompanhar
um filme sem aquela sensação desagradável (para ele) produzida pelas
sobreposições de tempo, elipses abruptas e jump-cuts.
Mas é claro que os efeitos de intercalação dos planos já eram concebidos na
própria fase de roteirização. Trabalhando dessa forma, a montagem paralela –
que se tornou a marca registrada de Griffith – era quase uma decorrência
lógica, uma fatalidade inevitável do método de filmagem: tratava-se,
basicamente, de intercalar duas (ou mais) cenas tomadas em lugares
diferentes, fazendo-as alternarem-se ao longo da evolução do filme. A
mudança de pontos de vista da câmera num mesmo e único cenário só viria
numa fase mais madura.
Em que pesem esses “limites”, Griffith deu a contribuição mais decisiva para o
processo de linearização narrativa, colocando-a resolutamente para os fins de
construção do discurso moralizante. Com Griffith, a câmera encontra-se
sempre muito mais próxima de seu objeto do que aquela de seus precursores.
Ele trouxe para o cinema a solução do plano americano, que permitia focalizar
o conjunto da cena, mas já tomando o ator com maior intimidade, de modo a
destacar a sua face, as expressões mais íntimas e os gestos menores
A proximidade faz o espectador partilhar dos dramas mais íntimos dos
personagens, chorar com eles nos momentos de maior emoção, como se a tela
– tantas vezes acusada de locus iniquuos – ganhasse finalmente uma densidade
“humana”.
A partir de The lonedale operator (1911), o estilo de Griffith torna-se ainda
mais complexo. O mestre americano aprende a mudar a posição da câmera no
interior de uma mesma cena, visando, entre outras coisas, extrair efeitos
dramáticos do ângulo de visão.
Em The birth of a nation, Griffith já não espera uma ação acabar para cortar; ele
dá o corte em pleno ápice da ação, tornando mais ágil a montagem e
provocando no espectador a excitação da própria ação que se desenha na tela.
Aos poucos, ele vai substituindo as elipses abruptas, os encavalamentos
temporais e os quadros autônomos do primeiro cinema por uma sequência
sintagmática sui generis, na qual o que conta, acima de tudo, é a continuidade
do tempo e a homogeneidade do espaço.
O espaço é construído com base em um rosário de metonímias: o todo é
sugerido por uma hábil seleção de detalhes, graças à disposição dos dados
essenciais na ordem que a instância narradora considerou mais expressiva e
mais significante. A perfeita disposição dos dois protagonistas principais a
mulher dirigindo-se à esquerda e o marido, à direita do quadro – constitui um
par de planos contrapostos chamado campo/contracampo, já então
reconhecido como a forma básica para representar o direcionamento da ação
entre os personagens.
Ninguém melhor do que Griffith encarna o espírito do cinema que se impôs a
partir da superação do burlesco inicial e da recuperação moralizante dos
nickelodeons.
O FILME DE PERSEGUIÇÃO
relação potencial de contiguidade espacial e de continuidade temporal, que o
cinema ainda não explora, mas que já se faz sentir como uma possibilidade a
ser desenvolvida.
Filmes de perseguição inauguram a continuação de uma ação de um quadro a
outro
dois conceitos que serão fundamentais para o processo de linearização
narrativa: o de uma sucessão dos eventos no tempo e o de uma contiguidade da ação
no espaço
a ação continua de um quadro a outro
Griffith começa sua carreira de cineasta na Biograph dirigindo narrativas que se
aproximam estreitamente do modelo da perseguição e, às vezes, até mesmo filmes de
perseguição puros e simples
Como o interesse da audiência estava na perseguição, mais do que na
exposição ou na resolução final, ela deveria durar o máximo possível, fazendo
acumular-se ao longo do percurso o maior número de obstáculos possível, de modo a
adiar o desfecho e aumentar o frenesi da plateia.
Esse filme exemplar mostra bem as novidades introduzidas pelo filme de
perseguição e também os seus limites. De um lado, ocorre aqui uma certa recusa do
modelo anterior do tableau primitivo: em vez de uma sucessão em que cada quadro
mostra uma ação separada e independente das outras, o encadeamento de quadros
agora dá continuidade ao engendramento de uma única ação narrativa, que
“continua” de um quadro a outro.
Como o filme de perseguição “unificava” até certo ponto o espaço, criando uma
espécie de “geografia sintética” (termo devido a Tom Gunning), o expediente das
cartelas de texto tornava-se obsoleto.
a maioria esmagadora dos filmes dessa natureza ainda não consegue produzir
cortes “com continuidade”, ou seja, com raccord dos movimentos de um quadro a
outro e manutenção da direção da ação.
Ainda permanece um certo sentido de “autonomia” dos quadros, pois os
lugares onde ocorre a perseguição são completamente distintos de um quadro a outro
e não a “continuação” (real ou suposta) do mesmo cenário.
Mas havia ainda outros problemas. Os realizadores de filmes de perseguição já
sabiam que o deslocamento físico exigia uma sucessão de quadros (quase planos),
mostrando as etapas sucessivas da ação; já pressentiam também que cada fragmento
não poderia ser senão um elemento parcial, uma “etapa” de uma evolução mais
complexa e que só podia ser mostrada ao longo de toda a sucessão de quadros.
sequencialização da ação e de uma linearização da narrativa, portanto, na
direção de um esboço de montagem, ele ainda está solidamente ligado aos
pressupostos mais básicos do tableau primitivo e do burlesco inicial, pois sua
destinação continuava sendo ainda o vaudeville e seu público forte permanecia ainda
as populações marginalizadas dos cordões industriais.
Se é certo que a perseguição liga entre si os quadros, é também certo que esses
quadros continuam guardando sua relativa autonomia, sua qualidade de “mundo em
si”. Esse princípio irá durar cerca de dez anos e constituirá um elemento de
contradição fundamental; ele impedirá inclusive a perseguição de se integrar nesse
movimento de “naturalização” que avançará com mais vigor em outros gêneros.
“filme” no novo sentido defendido por aqueles que queriam mudanças no
regime institucional do cinema: como uma sucessão coerente de unidades
interdependentes e discretas (“planos” e não mais tableaux autônomos), ligadas entre
si por nexos internos de sucessão no tempo e de progressão no espaço.
O NASCIMENTO DO NARRADOR
Mas narrativas com ações paralelas no verdadeiro sentido da expressão e com
salvação no último minuto só serão plenamente exploradas e desenvolvidas com o
surgimento de Griffith, que fará delas a sua marca registrada. Griffith saberá
justamente extrair desse modelo narrativo o seu potencial emotivo, pela exploração
do suspense inevitável das situações de perigo e de afastamento físico do salvador.
os planos perdem a sua autonomia, eles são agora pensados em razão de uma
manipulação consciente do tempo e do espaço e já não podem ser intercambiados
numa ordem diferente daquela proposta pelo realizador. Tudo deve caminhar
teleologicamente na direção da catarse final. O tempo encontra-se agora marcado
fisicamente (às 12 horas termina a ação, para o bem ou para o mal), ele já não pode
ser estendido indefinidamente por meio de mais e mais planos de perseguição
interpostos na sequência. Os diferentes protagonistas estão agora afastados no
espaço, o que significa que devem necessariamente ser tomados em planos separados
e não mais num único plano geral como ocorria no filme de perseguição. Pode-se
dizer, portanto, que o filme de ações paralelas resulta o mais bem-sucedido, dentre
todos os gêneros examinados até agora, na análise, na decomposição e na decupagem
da trama em unidades sequenciais discretas. As ações paralelas com desfecho
redentor apontam, portanto, para um maior controle do fluxo narrativo e já deixam
entrever o surgimento de uma instância narradora que manipula o tempo e o espaço
por uma implicação da audiência dentro da trama. O cinema aproxima-se cada vez
mais do ideal literário de uma narrativa controlada nos seus mínimos detalhes, capaz,
ao mesmo tempo, de trabalhar os afetos do espectador na sala escura.
o filme de perseguição, malgrado sugerir uma sucessão linear dos eventos,
colocava em relação planos que não eram a continuidade imediata da cena vista no
plano anterior. Essa forma de “descontinuidade” básica do cinema dos primeiros
tempos permanece ainda no filme editado em paralelo.
Vê-se, portanto, que as ações paralelas não estão, na verdade, evoluindo de
forma contínua no tempo. Há repetição, distensão ou elipse durante o tempo em que
uma cena é omitida para dar lugar a outra. Mas a interrupção faz com que o
espectador perca os pontos de referência sobre o estágio das ações e tenha uma
impressão geral de continuidade, mesmo quando a trajetória dos personagens é
descontínua.
Daí que Griffith vai preferir multiplicar infinitamente a matriz a-b-a-b em mais
de uma centena de filmes, visto que ela não apresentava grandes problemas de
decupagem.
Ainda assim, a contribuição de Griffith para a consolidação de um modelo
narrativo de cinema é inegável. Em primeiro lugar, a interrupção das ações permite
introduzir no cinema a técnica do suspense emotivo, já conhecida em outras artes
narrativas, mas que terá um desenvolvimento superlativo no cinema. Ademais, o corte
exigido pela montagem paralela permite superar o antigo cânone segundo o qual uma
cena não podia ser cortada enquanto toda ação nela representada não fosse
concluída, ou enquanto todos os protagonistas não saíssem do campo. Os filmes de
Griffith vão mesmo beneficiar se do acréscimo de dinamismo resultante dos cortes
praticados em plena duração da ação. Mais do que isso: Griffith vai aprender a dar
ritmo à ação, abreviando a duração dos planos progressivamente, à medida que se
aproxima o fim. Enfim, as ações paralelas ainda vão permitir ao cinema descobrir o
papel fundante da montagem como articuladora de sentidos.
a montagem alternada vai se converter, em alguns de seus filmes mais maduros
do primeiro período, num poderoso modelo conceitual, que permitia engendrar
comparações e construir ideias visuais, tal como já se podia ver precocemente nos
antigos filmes de Porter
Esse filme é muito instrutivo por mostrar claramente como Griffith vai
passando, de modo gradual, de um modelo ainda descontínuo de cinema, baseado na
montagem alternada de ações paralelas, para um modelo “clássico”, baseado na
continuidade da ação de um plano a outro. Quando os dois espaços paralelos se
encontram na estrutura do campo/contracampo, pode-se dizer que o cinema
finalmente logra sucesso definitivo na tentativa de linearizar o significante icônico: a
contra posição de dois planos contíguos (representando o sujeito que mira e a coisa
visada por seu olhar) marca enfim a conquista daquela continuidade espaçotemporal
que estava no horizonte da geração cujo empenho maior era elevar o cinema ao nível
das belas-artes. O campo/contracampo é a transformação da ação paralela naquela
sucessibilidade espaçotemporal tão desejada e tão difícil de ser obtida no primeiro
cinema.
À parte a astúcia metalinguística de Griffith, que coloca em cena as virtudes
pedagógicas da própria representação, fazendo a peça-dentro-do-filme cumprir
aquelas funções que se supõe serem as do próprio cinema, temos aqui uma das
primeiras tentativas griffithianas de manejar o campo/contracampo, malgrado ainda
dentro de uma concepção inteiramente afetada pela estrutura da montagem paralela.
uma continuidade de causa e efeito entre os dois campos confrontados. A
estrutura básica já é a do campo/contracampo, embora não exista ainda
representação exata do olhar, uma vez que os dois espaços são vistos igualmente num
enquadramento frontal, sem aquela obliquidade que, algum tempo depois, definirá os
pontos de vista contrapostos.
montagem paralela vai gradativamente se transformando em
campo/contracampo, um dos pilares da linguagem clássica do cinema, e como, ao
mesmo tempo, a cena frontal “primitiva” vai se tornando interiorizada, subjetiva, de
modo a representar o ponto de vista de um personagem da trama. O cinema descobre,
enfim, a sua produtividade narrativa, ao mesmo tempo em que efetiva a sua função
moralista e regeneradora dentro da sociedade.
A constituição de um sistema de convenções que deixasse claras essas questões só se completaria em
1917, mas desenvolveu-se no período de transição, envolvendo três maneiras básicas de conexão entre
planos: montagem alternada, montagem analítica e montagem em contigüidade
inventado" a montagem alternada, ele transformou essa técnica num método narrativo
poderoso para criar cenas de suspense.
A partir de 1910, apareceu um novo tipo de plano subjetivo, que transmitia a sensação
de contigüidade dos planos pela direção dos olhares. Nesse caso, o plano seguinte
mostrava aquilo que o personagem do plano inicial estava vendo, mas não do seu ponto
de vista. Esse tipo de corte é chamado de continuidade de olhar (eyeline match) e
precisa obedecer à chamada
regra dos 180 graus" Segundo essa regra, a câmera não pode se deslocar para uma
segunda posição que esteja a mais de ] 80 graus da linha que une objeto e câmera,
definida no plano inicial. No período de transição, essa continuidade de olhar se
generalizou.
Outra maneira de produzir a sensação de proximidade entre planos, que começou a ser
usada nesse período, é o contraplano - planos tomados de direções opostas
Essa técnica de plano/ contraplano servia para dar a sensação de continuidade nas
situações em que dois ou mais personagens interagiam. Assim, um plano inicial
(campo) mostrava um ator olhando para fora do quadro e, no plano seguinte, outro
personagem aparecia, olhando para a direção oposta, deixando implícito que um estava
olhando para o outro.
Entre 1908 e 1913, Griffith dirigiu mais de 400 filmes na Biograph, num contexto em
que a indústria cinematográfica alcançava um público de massa e procurava conseguir
respeitabilidade e trazer o cinema para perto do modelo narrativo de tradições burguesas
de representação, como o teatro e os romances literários. Nos anos da Biograph, Griffith
desenvolveu o uso da montagem paralela de maneira inventiva e original, inaugurando
uma tradição narrativa que desembocaria na montagem invisível do cinema clássico. Ele
teve um papel único ao utilizar a montagem paralela não apenas para misturar diferentes
linhas de ação, de modo a criar suspense e emoção, mas também para construir
contrastes dramáticos, delinear o desenvolvimento psicológico de personagens e criar
julgamentos morais. O uso desse tipo de montagem revela-se como clara intervenção do
narrador que, pelos contrastes, aponta motivações, injustiças e paralelismos.
Nesses casos, o narrador pede ao público que reconheça os contrastes e tire conclusões
morais. Griffith também utilizou a montagem paralela para apresentar dois personagens
que estariam ligados, mas antes de eles realmente se encontrarem. Outras vezes, usou
esse padrão para juntar personagens que estavam separados no espaço mas relacionados
emocio- malmente
Outra inovação importante de Griffith foi usar a montagem para apontar ao espectador a
motivação que impulsiona os personagens, intercalando o que Gunning chama de plano
motivacional.
Ao interromper a continuidade das ações, o cineasta empurrou a maneira de narrar para
um novo nível, criando a figura de um narrador que articula, compara, interrompe e
unifica ações.
Em Grifflth, o que se tornaria invisível no período posterior ainda está visível, deixando
o mecanismo narrativo demasiadamente explícito. Nesse sentido, Jacques Aumont
acerta quando considera os filmes de Grifflth na Biograph como "a antítese da tendência
para o cinema da transparência", já que são diferentes do cinema clássico do qual
Grifflth é tradicionalmente visto como o criador (Aumont 1990, p. 350).
BAZIN, André. O cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991. Capítulo: VII. A
Montagem acelerada – multiplicação de planos cada vez mais curtos – criam a ideia de
aceleração
Montagem de atrações – montagem metafórica – o reforço do sentido de uma imagem
pela aproximação de outra imagem que não pertence necessariamente ao mesmo
acontecimento. Elipse/ comparação/ metáfora
Grandes gêneros com regras bem elaboradas, capazes de agradar o maior público
internacional e interessar também uma elite culta, contanto que ela não dosse a priori
hostil ao cinema.
A colocação de um objeto em relação aos personagens é tal que o espectador não pode
escapar à sua significação. Significação que a montagem teria detalhado num desenrolar
de planos sucessivos.
A imagem – sua estrutura plástica, sua organização no tempo -, apoiando-se num maior
realismo, dispões assim de muito mais meios para infletir, modificar de dentro ds
realidade.
ANOTAÇÕES
AULA 4
Narrador cinematográfico - a capacidade do cinema narrar com o seus próprios
elementos/ meios/ recursos visuais seja pelo controle da mise-en-scene seja pela
decupagem/montagem - narra histórias complexas a partir de meios visuais
Decupagem - cortar a cena em enquadramentos diferentes e eixos diferentes - close,
plano médio, plano de detalhe - controle do que é visto pelo espectador - isola
elementos das cenas em planos mais fechados
montagem - operação de pegar os planos com enquadramentos diferentes e coloca-
los em uma ordem - linearização da narrativa
linearizar permite a criação de um sentido de leitura - criação de uma ordem
necessariamente linear
Extracampo - aquilo que está fora do campo de imagem
Controle da mise-en-scene
A imersão passa a ser mais explorada no cinema narrativo clássico - ilusão
cinematográfica
O cinema narrativo clássico quer criar interpretações unívocas - um único sentido sem
ambiguidade dentro do contexto criado pela linguagem audiovisual do filme - controle
total do sentido em todo o filme
Ponto de vista fluido - pessoa dentro e fora da cena ao mesmo tempo
Aula 5
ponto de vista da personagem - como o personagem vive aquela cena - como ele
sente a cena, mostra as suas reações
Decupagem feita na pré-produção do filme
Montagem na pós-produção
Raccord orgânico - pode ser lógica (ação e reação- relação de causalidade entre um
plano e outro) e ou sensíveis ( movimento - objeto em uma determinada direção,
sentido e tempo em um plano será mantido no plano seguinte) Entre planos colados -
um imediatamente depois do outro e entre 2 planos
Raccord de olhar - plano 1: personagem olhando para fora de quadro. Nao pode
aparecer aqui o que está sendo visto pelo personage, plano 2: aparece o que está
sendo visto pelo personagem
aula 6
eixos - qual a direção que uma câmera está filmando dentro do espaço da cena
ângulos - de câmera está filmando para cima ou para baixo - plongée - posição de
mergulho
contra plongée - filmar de baixo para cima
efeitos estéticos: multiplicação dos pontos de vista, unidade espacial, imersão/ inserção
dentro da cena, identificação psicológica, invisibilidade dos recursos técnicos do filme,
ponto de vista emocional
recursos : decupagem e montagem orgânica, enquadramentos com eixos e ângulos
diferentes, close, aproximação da câmera, plano e contraplano (pode ser feito do
personagem criando ponto de vista emocional ou de um espaço gerando localização
espacial)
regra de 180 serve para manter o referencial da cena entres os espectadores - define
a posição dos personagens dentro do espaço e gera orientação do espectador em
relação ao espaço mostrado -manutenção da espacialidade da cena
aula 7
movimentos de câmera:
panorâmica - eixo horizontal em cima de um tripé - direita a esquerda ou vice e versa
tilt - eixo vertical de um tripé
travelling - (carrinho com trilho ou dolly ou steadicam - reto ou em curva) deslocamento
da câmera dentro do espaço
grua - guindaste que levanta a câmera no espaço com movimento ascendente ou
descendente (movimento vertical) - produção de imagens com câmera alta - “subida”
câmera na mão
Plano de conjunto - mais de um personagem - inserção espacial dentro da cena
Os planos mais fechados são usados nos momentos de mais emoção dentro do filme
plano geral - mais de 10 personagens
AULA 6
D W GRIFFITH
O primeiro diretor a utilizar os recursos de decupagem/montagem orgânica de modo
sistemático e eficiente em seus filmes, consolidando a linguagem e a estética do cinema
narrativo clássico. Trabalha de modo empírico. Aquilo que funcionava como linguagem
cinematográfica ele guardava. Compilou, selecionou e reuniu estes recursos na
produção de seus filmes.
Griffith foi o primeiro diretor a utilizar de forma sistemática as variações do
enquadramentos dos ângulos e dos eixos de filmagem dos planos em seus filmes para
produzir efeitos dramáticos (emocionais), e identificação e de narração.
A decupagem da cena em diversos planos com enquadramentos, ângulos e eicos
diferentes gera efeitos narrativos: isola os elementos da cena – guiar o olhar dos
espectadores durantes as cenas – a apresentação dos pontos de vista dos personagens na
cenas, efeito de identificação entre espectadores e personagens, aumenta o efeito de
imersão dos espectadores do filme
A descoberta do uso da distância entre a câmera e os objetos filmados como recurso de
linguagem – gera efeitos dramáticos/ emocionais diferentes ( descoberto por Griffith).
Explora enquadramento dos planos e decupagem das cenas.
O close em um rosto aumenta a intensidade emocional e a tensão dramática de uma
cena
Planos mais próximos – propiciam ao espectador a capacidade de assimilar o ponto de
vista das personagens, já que os espectadores conseguem ver com maior clareza como
os personagens vivem/ reagem às situações na cena. Assim os espectadores podem se
identificar com as personagens e imergir emocionalmente na cena.
Ao mesmo tempo, os planos mais abertos (gerais) permitem mostrar e descrever aos
espectadores a situação espacial das ações das cenas.
Sobre o arco dramático do cinema narrativo clássico e sua implicação ideológica
O arco dramático regula os momentos de tensão e de distensão dramática do filme
Estrutura do arco dramático: momento inicial de equilíbrio – a harmonia é ameaçada ou
quebrada por algum tipo de perigo – ocorre uma ou mais lutas entre as personagens para
se tentar restabelecer a harmonia inicial – no final a harmonia é reestabelecida ou não
/......