Você está na página 1de 3

A expressão computação ubíqua (ubiquitous computing) foi cunhada por Mark Weiser em 1991 para

descrever a terceira onda no processo de desenvolvimento das tecnologias computacionais. De acordo com
Weiser (1991, p. 94) “as tecnologias mais profundas são aquelas que desaparecem”, uma metáfora de um
cenário em que o uso da tecnologia torna-se uma dimensão tácita nas atividades cotidianas. Em essência,
somente quando as coisas desaparecem neste sentido podemos focar em novos objetivos que estão além
delas próprias (WEISER, 1991). De acordo com o autor o ideal da computação ubíqua é fazer com que os
computadores se tornem tão integrados, tão adaptados, tão naturais, que o uso deles ocorra sem que
saibamos.

Para Weiser, a primeira onda da computação é caracterizada com o surgimento dos primeiros super
computadores, os mainframes, que serviam a um grande número de programas e usuários, com um processo
de um-para-muitos. A segunda onda da computação é caracterizada pela existência de computadores em
quase todos os processos das organizações, obtendo um sistema que permite auxiliar em execução de
atividades da empresa e nas tomadas de decisão. Dentro da segunda onda, nasce a internet, com novos
meios de comunicação, software aplicativos, sistemas de segurança , soluções de colaboração e etc. Nesta
etapa o indivíduo começa a interagir com o seu dispositivo dentro das organizações.

A partir da segunda década do século XXI houve o desenvolvimento de recursos tecnológicos que permitiram
integrar componentes e iniciar a caracterização da terceira onda: A computação ubíqua.
O impacto da terceira onda é consequência do avanço rápido no desenvolvimento de tecnologias móveis e o
aumento do uso da internet, que permite que chips sejam instalados em dispositivos diversos (smartphones,
roupas, carros, quadros, portas, eletrodomésticos etc) e passaram a estar interconectados pela estrutura da
rede de internet. Dessa forma, é possível imaginar um novo cenário em que o número de dispositivos
conectados virtualmente multiplica-se em relação aos computadores pessoais, e que a tecnologia passa ser
natural entre os humanos com uma relação de muitos (dispositivos) para um (indivíduo).

A computação ubíqua, muitas vezes chamada de computação pervasiva, integra um capo de pesquisa
científica emergente do século XXI (ZHAO e WANG, 2011), é caracterizado como um campo multidisciplinar
que pode influenciar a pesquisa em diversas áreas como mobilidade, serviços , redes sociais, formas de
energia alternativa, redes sociais etc.

O conceito de computação pervasiva implica que o computador está embarcado no ambiente de forma
invisível para o usuário. Neste contexto, o computador tem a capacidade de obter a informação do ambiente
no qual ele está inserido e utilizá-lo para construir modelos computacionais dinamicamente. Dessa forma
poderá, ajustar a aplicação para melhor atender as necessidades dos dispositivos ou usuários. O ambiente
pode ser capaz de detectar outros dispositivos que venham a fazer parte dele, a partir dessa interação surge
a capacidade dos computadores agirem de forma “inteligente” no ambiente no qual a sociedade se move, um
ambiente repleto por sensores e serviços computacionais.

A computação ubíqua se beneficia dos avanços da computação móvel e da computação pervasiva. Com a
necessidade de integrar a mobilidade com a funcionalidade da computação pervasiva , surge a computação
ubíqua, ou seja , qualquer dispositivo computacional. Enquanto em movimento conosco pode construir
dinamicamente, modelos computacionais dos ambientes nos quais nos movemos e configurar seus serviços
dependendo da necessidade.

A computação ubíqua firma-se em 3 objetivos fundamentais : A interação natural com o homem, tecnologias
inteligente e comunicação. A integração destes pilares de desenvolvimento da computação ubíqua permite
imaginar soluções em que atividades do cotidiano sejam transformadas em formas de interação com a rede
de internet, formando um potencial de compartilhamento nunca antes imaginado. A computação ubíqua pode
se apresentar por meio de diferentes dispositivos de várias formas e tamanhos (WEISER, 1991), desde
pequenas interfaces de interação, ou dispositivos de tamanho médio ou grandes. Assim, envolve diversas
tecnologias capazes de carregar informações em objetos do dia a dia como por exemplo : etiquetas de
identificação por raio frequência, leitores óticos, e dispositivos que que possibilitem a localização e a
sensibilidade a contextos. A atenção na atualidade ainda é o contexto externo ao usuário, assim como sua
localização física, temperatura, condições de luz, etc. Porém ainda exite um campo a ser desenvolvido
considerando também o contexto cognitivo dos usuários (GREENFIELD, 2006, KIM et al., 2007).

Para Greenfield (2006), que definiu este novo cenário pelo termo “everywhere”, considerando que há uma
mudança de paradigma entre o uso do computador pessoal e da computação ubíqua, e que está clara a
diferença e criação de um novo contexto organizacional, em que a transição da tecnologia e do seu uso
alterará nossa interação com o mundo. O conceito de everywhere implica que a maior parte das
funcionalidades e recursos associados aos computadores pessoais e notebooks vai estar dispersa em uma
grande variedade de dispositivos e objetos variados utilizados por todos no dia a dia, integrados em uma
grande rede que troca, armazena , combina e fornece informações e interações na rotina das pessoas.

De acordo com Hansemann (2001) ao menos três princípios que são identificados na computação ubíqua :
Diversidade, Descentralização e Conectividade.

A Diversidade dos dispositivos ubíquos , diferentes dos computadores pessoais que são dispositivos que
atendem a diversas necessidades distinta do usuário (edição de texto, navegar na web, jogos etc), são uma
nova visão de funcionalidade do computador, que é ter um propósito específico. Atender necessidades
seletas de usuários seletos. Outro aspecto da diversidade é de como gerenciar as diferentes capacidade de
diferentes dispositivos, uma vez que cada dispositivo tem características
e limitações próprias, sendo complicado oferecer aplicações comuns.

A Descentralização ocorre com a distribuição das responsabilidades entre vários dispositivos pequenos que
assumem e executam certas tarefas e funções. Os dispositivos cooperam entre si para a construção de
inteligência no ambiente que é refletida nas aplicações. Para isso uma rede dinâmica de relações é formada,
entre os dispositivos e entre os servidores do ambientes, caracterizando um sistema distribuído.

A Conectividade na computação ubíqua é vista como sem fronteiras, em que dispositivos e as aplicações que
executam neles se movem juntamente com o usuário, de forma transparente, entre diversas redes
heterogêneas, como as redes sem fio de longa distância e redes de média e curta distância. Para que a
conectividade e interoperabilidade desejada seja atingida é preciso basear as aplicações em padrões
comuns, levando ao desafio da especificação de padrões abertos.

Uma das primeiras demonstrações de como a computação ubíqua pode ajudar os usuários em suas tarefas
diárias foi realizada nos laboratórios da XeroxPARC, com o XeroxParctab, que localizava um usuário dentro
de um edifício. Outras áreas de aplicação da computação ubíqua : trabalho colaborativo, automóveis
inteligentes, ensino , residências inteligentes.
REFERENCIAS:

GREENFIELD, A. Everyware – the dawning age of ubiquitous computing. New Riders, 2006.

WEISER, M. The computer for the 21st century. Scientific American. v. 265, n. 3, p. 94-104, 1991.
http://dx.doi.org/10.1038/scientificamerican0991-94

WANG, J.-Y. A cost-effective RFID encoding method for inventory identification. African Journal
of Business Management, v. 5, n. 7, p. 2572–2581, 2011.

ZHAO, R., WHANG, J. Visualizing the research on pervasive and ubiquitous computing.
Scientometrics. n. 86, p. 593-612, 2011. http://dx.doi.org/10.1007/s11192-010-0283-8

HANSMANN, U., MERK, L., NICKLOUS, M.S., STOBER, T. (2001) Pervasive Computing Handbook, Ed.
Springer. 409 pags.

Você também pode gostar