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Robert Rowland ANTROPOLOGIA, HISTORIA E DIFERENCA Aluns Aspects EDIGOES AFRONTAMENTO 1987 ‘Tilo: Araoplog, Tine iene agus peice ‘Autor: Robert Rowland igo: Eger AowamentR, Conta Cara SP Colegio: Hii © His? Depo Leal 1007 Impress: Lacgrafi Ach, Bo APRESENTACAO, sx ui fein on 8, Dena cen a eal ae ete om Mt Det iran et Te ae etre anlar i mil ee Sn ec itn Se are ou ee ste cy sg cae aes roc aa a a cee wen “pralhromaaearacd ea re Es la ee phate erect See ee ee ea rein on cen ae ‘Dicintodequcndesterasdabserfi rica prcade cence tl ahora raced, als gs a ions lore ‘cyt Ee eee eee pone abo irlpte nee pine aes ee et (gases ers aubropsloguss (Pars, 1982), por Ban Sperbh 0 volume co ee este a Renblon (outed 9), orga or Maran Holts Sees Eager 08% 1) oa ‘Muitas das formulagdes deste tewo, ea pripria ideta de sistemaizar wht conjuno de reflecsessobre'a Maria a ‘ropologia ca diferenga,tveram asa rigem no trabalho realizado, enire 1975 1979, pela equipa de cadeira de is ‘iria Econamica Geral na Patuldae de Economia do Ports Gostaria de agradecer aqui a esses meus clegas © anges O ‘muito que com eles aprendh [sta Dente de 1986 6 ‘The ps i fori courte do igs Seen tere LPattaerey © emocentism — a tendéncia a wconsiderr a cultura de ‘seu prdprio povo como a medida de todas as outasy | — & uma tentago que deve ser evitada. Esta, pelo menos, 6 « mew sagem rinalmentetansmiia, todos os anos, aos estedantes (ue iniclam qualquer cursode atropologis.Antgarhente —€ Ihes dito — 6s europeus tiham tendéncia a considerar 0s restanies povos como selvagens sem civilizagio ou incom pletamentecivilizados, Hoje, pelo contro, reconhece-se que esa allude no passa de um preconceito, Este preconceito foi (1) Auto Bure de Holanda Fei, Peg Diorio Brae iar dang Prego, Rode lane, 198 5 ‘ubstinido pelo respeito pola diversidade das cultura, cada ima das qusis considerada como sendo, nos seus préprios termes, tdo vilida como qualquer outa, No se pode cons ecar como inferior agulo que € apenas diferente. Quem guise aniropdiogo teri de aprender a superar os ses pre conceit eincéitricos epré-cienifcos,encarando a diveri- dae das cultuas de um modo rigorosamentenio vaorativo © locus classcus desta roeusa antopolégica do. ctno- centrismo € o conhecido enssio de Claude Lévi Strauss, Race _thsiive 3. Nesta obra, publcada pela UNFSCO como abe tivo explcito de combatero preconceitoracista¢ Lévi-Suauss rocurajustamente valriaradivesidade das culturas. 1A ventaderaconribuigo das esta no conse ma sa das suas iavengesparculres, mas no devi dferencal (Gear diferente) que apresetar ene sO semimensa de Tio e de humldade que eala membro de uma cate dtr mmiada pode deve sear em tclagso a odes oor apes Poder fundamenarse na conviepio de quo a ours calor So diferemes das, das mae variadss mania [J A divert ¢valrizada em dois sentidos: em primeiro Jagat por ser nea que residem a posibiidades de progresso da humanidade, uma vee que 0 progresso deriva da eaabo ‘apo ene culrs diferentes © cama humsnidade conn dana ico geo de vids € nconcebivel pois tase de uma humane osificada "em segundo lugar «por ip aso, por ser avs da diversidade que se toma posivel & @) Ct mest Gener, “Cones snd Sci son rg atonal, Oxfr, 190 9p 28-2, {G1 Cie LévrSrause Race ocr Pas, 1952. Gio 5 (Syst pas (Oi, pas (yi pa compensa des_calurs, na_medida em ue $6 a com: reenso das dferencasenguanto sistema perm airbur a qualquer cla ‘ndvidual 0 seu sentido verdadero Ao ‘mesmo tempo, para Lév-Srauss a avalagoecompeensio ada cultura em tps pelo relavioma culpa, pos 5 cle taas devem ser compreedidas et Tunguo da Sas _preocupagieke tio ataves de ertriosderivados das peocu- ces epecfes da vizio cient fia mesma conluio nos € ofr por quae tor os manuals de intodo &antropologia. Mustos explcam 0 in teense eo aleance da espns memos das possbilidades CCabert aqui perguntar: em que sentido poder dere que um antropélogo que se conseguiu colocar ‘na pele’ de um sel- vagem, aprendendo ‘por dentro’ o que significa ser etmecént 0, e eacontra melhor armado para se defender do einocen- ‘rismo ou para o combater? Haver algumadiferenga eal entre ‘esta experiéncia exétia ea de aprender, através de uma convie véncia intense ver os judeus com os clos de um anti-semi- | cobaseendas ancloseimarapendiazen sem uta manera de ver ede ser, por mais diferente que possa set cultura esudada, que se encontard a chave para a com. “peso a oes Ortop ou pein sper inane me toques bre emreoevs ee outenio aap tibclubte dove oo curs spp ages onde saps de compre siopaispenagum aE mero upre ses 8 tepge gud se Gos amen eas ie conn Spent Gn pncar asa eats comgerneis perseno como fom nave A sua milo ssp Sie portant quando thr sal tne th seed sats du peng tale eon ic gan cfr scree de profissio. A missio do antonsloge (09 Op. et, p. . © enacenismo dos pinto costa ev sent lo is © € pao pent mo cient Be ue so como 0 de Liv Sus. Ar sat formas al extrem os set ‘Snider camo incarndo a clase meio anpls Se cones oe ‘tas cus) retort eaonaon rss quran aetna cam 5 czas, on 4 afta de qv wk SHORES coe edema pod er quacinads em de a ie, “Bas de srendaugen Ou socaieato aaa r tomando-s aossivel comunidad cientfica. O antoptiogo do pods lmitarse a absorver acuta estudah, Fle wem de a ‘radu. clr pode scr waduids aperss 105, os emo, cha] eno gained -absordo fale oprocesto raves do qual um antopslogo Fende a conhecer uma culls alia O antropélogo no como uma ean, ons thularasacuitral. Asa sciaizagio era na eluraextudada no €equvalenle& scilizacio Em rigor, o anropblogo nfo - sociale caltrl que o rain Grane o seu trabalio de campo, apende a reconhecé-la, esa belecendo relagdes de equivalence e deren ene o que vai observandoc ouvindo oie i canbscia Fass que apren- dea Tingua, indagando o nome dado a objectos matriais € Sdqucindo um conhecimento rogressivamente menos ra Inentar das regres pranicas, O pequeno ion’ que vat laborando na sua prpria cabega éindspensével & apreni “age 6 lingo, e ser spar esse vocabulro Bisico que poder avangar para tenttiva de compreensio de ralavrs © onccits cujo referent nfo € material nem observdvel. Mes- sno que desembarcesse eqipado apenas com asva lingua ma tem oantopélogo 36 podeia ‘penetra a cultura aleia es tabelecendo relagbes dé equivaléncae diferengae wilizando, Como guadro de referéacia ermanenic, s palavas © 0s co eis du spa clear. "Mas oansepdlogo — se for atropélogo — no se encon tra equpado apenas com a sua lingua mternae com s nogdes de senso comum i sua cultura de origem. E porad sparelbo conceptual especalizado, adquinico durante sua sprendizagem académica, ¢¢ m [elo de fenomenos js obsenagos num grande nim dec: {ura que ndo «sua propia. Esse coneeiton ind refiner alrgaro gus ds slestia gue ped wlzae 5 para se orienta cullura desconhecia, © esforg de tradugso {que oartropclogo se v condenado no comeqa no momento em que abandonaa sua ihe ribo ou alia e regress 20 seu dzpartamento uiversitirio. Ta a sua aprendizagem da cl tum alheia eye Fe iau58n, OantopSlogo aque realmente conseguir comreender ums out cultura nio. ‘erdsubstiuidoa su cultura pela our: ter, antes encontado uma manera derelacionar ess cultura com a sa ppria cul {ura de ofigem e com a sua eultu especifcamenteanropo -logica. Terd encontrado um_sédigo apropriade de tradugio, © antopéiogo que nio conseauisse encontrar este cdigo de tradi nfo poderiavalerse nem 6a sua prpria cata nem da sta formagoaneopolica para se orienta n cultura aia. Admitndo que conseguiseexaeleerequvalncias rire algumas palavra aprender as regres da ramtica local, nas que a parr dese pono no conseguste mais radi, to incencebiel que, com oempo e aa de ua obs. ‘apo inocent,conseguisse absorver uma boa parte a cul ‘ura naivae queaprendeseaapire até pensr como um na- tivo Teria eno iteiorizado uma outa ella sem ate re lacionado nem com asia ultra de origem nemcom sta Cul tur’ antropol6gca. Masa sa visto subjectiva desacultra 6 podetia ser partada com os naves. Face 4084s co- Jeg estaracondenado ao seni. Contanorsosinssniismnoyeaivisngcuunlo _prensi de onras clues nor seus propos tesmos com: 06 (15) 0 fc de 0 anropsogo rome onstnente 8 tatio nto exci que aun widow acura ales sj irda de sap ‘is ou mos consent DSS le pe veer 8 conta Quando esa tan cla de gem ps po unt emai oem po. Sengna de dessa, Ha experi eat com fineza por Bea Jaan ONei em Cara de egress a Lanes als opie 18 (1979, pe 8s 6 ssn uma slice, relativism cult lvado ts is Tas consequtnciay tors _cada. ulus incompeensivel_ a foe sous, isolado-a no sea pro camp de ial ses, Sarco ce alu on Sesabclesimeno eum {Sign anrpolgico de radu er cally, podria rom: ocrelo Maya adigso— qualquer tio — tn ‘Sus vegas as sa exigeclae m © jogo de sate eines pelo conjut as suas eg. Um jogudr ster 6 alate goo one a roi a Segue to decuro da paid A dteag ee um beac om ta jognor dra, no plea das ese, mas da me litem qu cada um consgac spender as us nplcges aporelaroeiaye de niernnagie que dam thet SadaJogador,ocopaco ne init do qual Se desela cade furtado aces Una parti entoum mes ua can te, sequindo enbor as rogtay, movesse a uns pga seme ote is pes co obvotio lo cna dest ta par ida de es ma a ean lease ers, oven 2 suas ees or exemplo, como foe Wap, 0 ogo bisa de tnd eng jgo de aader © sno on deriva da corn esa tt at Jot Se Bias orators meso tpumenoyoe epcarse&comuniasigsuze dooauanay. Scouts hlacn a mesma ingen Seto ‘suas regras de maneira sistemitica, a comunicagao sera — pelo ienos em piio-= pose. Mosse rn dus guns ‘Htocncs tcomuntaydcsurerquanonsoaprstton ‘zpree capaz de efectuar a tradugio de um lingua para outa 7 © inwérnet utilizar. para tanto um cé¥igo que estabelesa eg de tradugio entre uma lingua e outra. A visbildade dessa radugio dependerd da coerénci inlema das repras de cada uma das linguase da sua aplicaposistemstica por ada lum des interlocutores, pois s6 essa eneréncia tora vidvel a tentatva de estabelecereutliar um eédigo. ‘Se qualquer dos interlocuoresdeixase de eplicar as regras da sua lingua de manera regular esstomitis, usando a mes- 1a palavra para designar umas vezes it, ovtras vezesaqulo, de maneicaarbitrsis ou violando o principio ligico da no ~contradigso, a comunicasto dexaria de ser posse ‘Um dos conos sais de van Gennep ' exempiiica cada uma dessassituagdes — a auséncia de eédigo, © um e6digo tornado intl pela incoeréncia daquilo que deveri servi para trade Désiré Pepin, um joer ¢ ingéou aspirate 2 anopsiogs, tempreene uma capediio um povo solo na Afica cent ropondo se evar cabo vest gagcesantropometias eum in {utes etogrtco,Devido daa ignorinciaga igus a onsegu superar a desconfansa dos peo face sos sets cone Pliadssimosinsrumentas de medics, Apis vis semanas du Fate as quai els fugiam mal le avi qualquer das eatss de insrumetosesolve desist das suas ivesgaséesfisico-anto- poligiesseconoentarseningutrita cinogifca, Toone pars Sele aposar de no saber inglés) oconhecio questions de 1°G. Frame MwA teminologia concn € que satica em (06) Amol vn Genep, "The Quesionai: er, cinoppb xg ‘The Som Schelrs, Loa, 196, pp. 2681. Se nl ‘ene propos Inc iq mus qb un Tso Sst sia sl iz) Tse och de Si J. (FRG) Que son te Cur Quins on Jom, Beli ad Lansuaves. of Sanazes, CanPige, THT), qe ea d= ‘rit env mia eeutor qu nam vs pos tax, com Dobjevo de cetvararecne de intermages sed rp esc qe qundo sl prgutc 2 Faas aa costco lum os 8 todas Knguas europea. Pasienemente Désité Pepin leu © rele o uetondio me porceber mais ok meres te quar ‘Quatto a0 estan colle no su nod ena ua magico. Uma ver enpscod o stamens, os mato perder asuadesconflangs, Todas atatdesconvefsavam amigavelmente amo dss tendas do Chee Branco, e ol ali que Desie Pepin, omar wunfane, formule a prgura N “= Encontas-vos dvidides em tbo, cls on cast? AS oss tribes, lou estan encontrar Se sbividias? Ene ‘has wossas bose, com a espetivassubdivisies. “Apergnta fo fom meade em geo, meta em ran cfs Um sidaio sbroptoiterompeu a conversa. Obviamente ‘te temo ram incomreenfel para os pretos. Désiré Pepin ‘ped em vo a perguniaN" I de vias manera. Niocbieve ‘esptay Resolve eno, premier lng ds natives Uma ver supetada esa difeldade, conseguin dpimas respi is primeias quo pergutas do Quesonirio de 1.6, aime uma Tit dog wosos ions, ‘vo gupodlsslverse mum rsoincontliveL» Faroe, Désr Pin sped opens qe desaparecersm trate wma semona, Apesetos se enti oma Slogan, aie ‘caro que em toca de cerns presents seem acordads, respondent in perp que o Homem Branco quiere for ular “A parr daguole dia memorivel houve reunies dro, Abandonando oqbestonito- modelo, Désiré Pépininventou um ‘nGiodo de improving e oteveesposas sass. “Todeis ter mais que uma spo leptin? ‘Sim, — Bris a potgamia mas vss tbs? Nie As ages sexi pématrioniais olives? ‘Sn ‘As mulheres conserva nds virgindade? ‘snag amps dos quis emt ervey, le ex espe, «Deus tm lets (Gd fot, 19 — Sn Exe alguma amore pots? Ni Seis govemudos poe is? Sim. Posts armas? [Nas baths wins lavas ech? 2, Estas duas afirmagées de identidade ente seres vsivel ‘mente diferentes si intinsecamenteincompreensiveisaqual- quer observador ocidensl. Do mesmo medo toda 0 canjunto, de crengas a sespeito da magi, nas mais diversas sociedades, “prmlvas, dsata a nosa compreensi (2) A monopratiacléssca sobre afeiaria muna sociedad pimiira 61. E Bras Pahrd Wickert Oracle and Moss aneng he haa de, Osi 997 at oa pa ns, Lay Mat ch (Gi) EE BransPikca Mer Relen, Oxo 1956p. 84, aise 2

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