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Universidade de Brası́lia

Faculdade de Tecnologia
Vibrações 2

Trabalho Prático 6

Lucas Costa Arslanian - 18/0022482


Brası́lia - DF
11 de novembro de 2021
Lista de Sı́mbolos
ρ - Densidade dos materiais

µ - Coeficiente de Poisson

E - Módulo de Elasticidade

fi - Frequência natural do i-égimo modo

Izz - Momento de Inércia de Área

1
Sumário
1 Introdução 3

2 Hidrogerador de Coaracy Nunes 4

3 Mancais Fixos 6
3.1 Modelo Unidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.2 Modelo Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Modelo Tridimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.4 Análise dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4 Mancais Flexı́veis 21
4.1 Modelo Unidimensional - Flexı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Modelo Misto - Flexı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.3 Modelo Tridimensional - Flexı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5 Conclusão 33

6 Referências 34
1 Introdução
Neste trabalho será realizada a análise modal do hidrogerador de Coaracy Nunes uti-
lizando a discretização por elementos finitos. Assim, serão analisados seis modelos desse
sistema, de diversos graus de complexidade, quais sejam: dois modelos unidimensionais,
dois modelos tridimensionais e dois modelos mistos - de modo que cada par constitui um
modelo com mancais rı́gidos e um com mancais flexı́veis. A representação do conjunto
turbina-gerador, que formam o hidrogerador, está representado na figura 1.
Dessa forma, sabe-se que a análise modal estuda a resposta dinâmica de elementos e
estruturas ao vibrarem. Por meio dessa análise, encontra-se as frequências naturais e seus
modos de vibrar, associados a cada uma dessas frequências. As frequências de ressonância
encontradas nesse tipo de análise são fundamentais para compreender e dimensionar os
elementos e estruturas a serem analisadas.
A análise por elementos finitos é uma técnica que consiste em subdividir um sistema
complexo em partes menores e mais simples que são chamadas de elementos. Para isso,
há uma discretização espacial do sistema, que é implementada pela construção de uma
malha, que é o conjunto de todos os elementos. Essa técnica de análise resulta num sistema
de equações algébricas que são resolvidas computacionalmente. Para esse trabalho, será
utilizado o software ANSYS - versão estudantil 2020R2.
Com o intuito de verificar os resultados obtidos, serão comparados os modos adquiridos
em cada um dos modelos construı́dos. Sabe-se que, para isso, deve-se comparar modos
compatı́veis, ou seja, modos que possuem a mesma forma. Dessa maneira, espera-se
que as diferentes modelagens do hidrogerador produzam os mesmos modos, sendo que as
modelagens mistas e tridimensionais devem apresentar pares de modos para cada modo
de flexão. Assim, visa-se comparar as frequências naturais obtidas para cada modo, entre
os diversos modelos construı́dos.
Desse modo, neste o trabalho, a seção 2 introduz as caracterı́sticas do hidrogerador
de Coaracy Nunes, bem como as dimensões e propriedades que cada componente dessa
estrutura possui. Em seguida, na seção 3, apresenta-se os três modelos do hidrogerador
adotadas, admitindo que as restrições nos mancais sejam fixas. Além disso, apresenta-se
e compara-se os resultados da análise modal realizada por meio da simulação no ANSYS
utilizando a técnica de elementos finitos. Em sequência, na seção 4, repete-se o procedi-
mento da seção 3, mas adotando que as restrições impostas pelos mancais sejam flexı́veis.

3
Para fechar a análise, na seção 5, são sumariados os resultados obtidos.

2 Hidrogerador de Coaracy Nunes


O conjunto turbina-gerador da usina hidrelétrica de Coaracy Nunes, localizada no
estado do Amapá, a ser analisado neste trabalho pode ser representado esquematicamente
pela figura 1 abaixo. Esse conjunto é composto pelo gerador, localizado na extremidade
esquerda da figura, um eixo no formato de tubo e pela turbina, na extremidade direita do
desenho esquemático.

Figura 1: Hidrogerador de Coaracy Nunes

Dessa maneira, as dimensões do eixo que liga o gerador à turbina estão exibidas na
tabela abaixo. Nota-se que o eixo é um tubo de diâmetro externo DE e diâmetro interno
DI .

DE DI a b c d e
650 220 900 1680 1478 4034 1018

Tabela 1: Dimensões do Eixo

As dimensões estão expressas em milı́metros.


Para as diversas modelagens a serem realizadas, tem-se que as propriedades dos com-
ponentes que formam o hidrogerador de Coaracy Nunes estão exibidas na tabela 2.

4
Propriedades Turbina Eixo Gerador
ρ [kg/m3 ] 7800 7800 3690,4
E [GPa] 210 210 210
ν 0,3 0,3 0,3
Izz [m4 ] 11437,6 ASC 225000

Tabela 2: Propriedades dos Componentes

Verifica-se que o momento polar de inércia em torno do eixo z para o eixo será calculado
para eixo pelo software ANSYS na simulação. Além disso, sabe-se que o hidrogerador
está restringido por três mancais ao longo de seu eixo. A dimensão a e a dimensão de
a → d indicam a localização dos dois mancais guias e a dimensão a → c indica a posição
do mancal de escora do conjunto.
Constata-se, também, pela figura 1, que há uma flange no eixo entre as dimensões b e
c. Essa flange surge por uma necessidade de manufatura e montagem do conjunto, visto
que as peças são de grande escala. Para as modelagens realizadas, considerou-se que o
eixo é uniforme, ignorando os efeitos da flange no eixo.

5
3 Mancais Fixos
Inicialmente, realiza-se três modelagens para o hidrogerador, de forma a considerar
que o conjunto é formado por diferentes elementos tipos no ANSYS, variando de elemen-
tos concentrados a elementos tri-dimensionais. Nessas três modelagens, adota-se que os
três mancais são considerados rı́gidos, ou seja, os mancais guia não permitem nenhum
deslocamento no sentido radial do eixo e o mancal de escora não permite deslocamento
axial do eixo.

3.1 Modelo Unidimensional

Com intuito de obter a analise modal do hidrogerador de Coaracy Nunes, inicialmente


adota-se um modelo simplificado, em que a turbina e o gerador são considerados como
massas concentradas nas extremidades do eixo. O eixo, por sua vez, é considerado como
um elemento de viga de seção transversal anular.
Para as massas concentradas, utilizou-se o elemento MASS21 do ANSYS. Esse ele-
mento tipo é uni-dimensional, ou seja, definido por apenas um nó. Além disso, esse
elemento possui seis graus de liberdade, sendo três de translação e três de rotação. Dessa
forma, para o gerador, criou-se uma constante real associada a esse elemento tipo, de
forma a definir uma massa de 100.000 kg no sentido do eixo y e um momento de inércia
de 225.000 m4 no sentido do eixo z. Para a turbina, criou-se outra constante real, com
massa de 34.000 kg e um momento de inércia de 11.437, 6 m4 .
Para a viga, adotou-se o elemento BEAM188, que é um elemento tipo viga definida
por dois nós, possuindo seis graus de liberdade em cada nó - três de translação e três de
rotação. Ademais, criou-se um perfil para a seção transversal desse elemento, que é de um
anel, com as dimensões da tabela 1. Dessa forma, o comprimento da viga é o comprimento
do eixo do hidrogerador, com tamanho de a → e da figura 1. Além disso, criou-se três
KEYPOINTS nos locais dos mancais.
Finalmente, criou-se a malha no elemento BEAM188, sendo definido que serão cri-
ados cem elementos na linha que define o elemento de viga. Ademais, restringiu-se as
translações necessárias nos KEYPOINTS criados, de forma a estabelecer as restrições
que os criam no eixo do hidrogerador de Coaracy Nunes. Dessa forma, o modelo criado
no ANSYS para essa modelagem pode ser observado na imagem da figura 2 e a seção

6
transversal da viga está divulgada na figura 3.

Figura 2: Modelo Unidimensional Simplificado

Figura 3: Seção da Viga

Uma vez concluı́do o primeiro modelo, pode-se realizar a analise modal dessa estrutura.
Dessa forma, utilizou-se a técnica de Block Lanczos para obter os dez primeiros modos de
vibrar do hidrogerador e, consequentemente, as respectivas frequências naturais associadas
a esses modos. As frequências obtidas estão expostas na tabela 3 nos resultados desta
seção.
Para essa análise modal, obteve-se os seguintes modos de vibração:

7
Figura 4: Modo 1 Figura 5: Modo 2

Figura 6: Modo 3 Figura 7: Modo 4

Figura 8: Modo 5 Figura 9: Modo 6

8
Figura 10: Modo 7 Figura 11: Modo 8

Figura 12: Modo 9 Figura 13: Modo 10

Ao observar os modos de vibração do modelo unidimensional simplificado do hidro-


gerador de Coaracy Nunes, percebe-se que o primeiro modo, da figura 4, corresponde a
um modo de vibração de corpo rı́gido, uma vez que a frequência desse modo é nula. A
presença de modo de corpo rı́gido era esperada, visto que o conjunto ainda possui um
grau de liberdade com as restrições impostas pelos mancais.
Além disso, verifica-se que os demais modos obtidos por meio da simulação correspon-
dem a modos de flexão, visto que as deformações ao longo do eixo se dão nos planos XY
e XZ. Desse modo, os modos das figuras 7 e 10, que correspondem ao quarto e sétimo
modo de vibração, representam os modos de flexão no plano XZ, enquanto os demais
modos são modos de flexão no plano XY .
Uma exceção a esses modos é o décimo modo, que está representado na figura 13, visto
que o resultado obtido na simulação indica que o eixo está em repouso, uma vez que a
maior amplitude de translação está na ordem de 10−13 metros. Dessa maneira, como esse

9
fenômeno não condiz com o que é esperado fisicamente, propõe-se que esse resultado é um
erro numérico da simulação no ANSYS - versão estudantil 2020R2. Então, desconsidera-se
esse resultado.
Analisando os modos obtidos, percebe-se que estão dentre das expectativas do modelo.
Nesse sentido, observa-se que a amplitude de movimento do lado da turbina é mais elevada
que a do gerador, uma vez que possui menor massa e um menor momento de inércia de
área. Além disso, há uma limitação desse modelo, visto que não possibilita a identificação
dos modos de torção, algo que se espera fisicamente em uma estrutura dessas dimensões
e configurações.

3.2 Modelo Misto

A próxima análise a ser realizada aumenta um pouco o grau de complexidade do


modelo. Nessa modelagem, o gerador e turbina deixam de ser analisados como massas
concentradas e passam a ser representados por volumes cilı́ndricos. O gerador deve ser
um cilindro de raio igual a 3 m e comprimento de 0, 96 m, enquanto a turbina deve ter
um raio igual a 1, 16 m e comprimento de 1, 03 m. O eixo permanece como um elemento
de viga de seção transversal anular.
Assim, utiliza-se o elemento SOLID185 do ANSYS para modelar o gerador e a turbina
do hidrogerador. Esse elemento tipo é usado na modelagem tridimensional de estruturas
sólidas e é definido por oito nós, com os três graus de liberdade de translação em cada
nó. O elemento tem capacidade de plasticidade, elasticidade, endurecimento por tensão,
grande deflexão e grande deformação. Dessa forma, para a turbina se definiu um material
com densidade de 7800 kg/m3 , enquanto para o gerador, definiu-se um material com
densidade de 3690, 04 kg/m3 . Observa-se que para ambos os materiais criados a módulo
de elasticidade e o coeficiente de Poisson são os mesmos e estão indicados na tabela 2.
Para a modelagem, criou-se, inicialmente, a mesma viga unidimensional ao longo do
eixo z com o elemento BEAM188 e mesma malha e restrições nos nós dos mancais.
Todavia, agora a viga terá suas coordenadas deslocadas em 0, 96 m, visto que esse valor
corresponde ao comprimento do gerador. Assim, para o gerador e a turbina, utiliza-se o
comando CYLIND para criar seus volumes extrudados ao longo do eixo z, de modo que
o cilindro do gerador começasse na origem e terminasse em z = 0, 96 m e que a turbina
começasse no final do eixo e tivesse um comprimento de 1, 16 m.

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Para finalizar a modelagem, deve-se construir uma malha para os dois volumes e unir
esses volumes ao elemento unidimensional. Nessa sequência, a malha dos cilindros é obtida
pelo comando MeshTool e escolhendo o elementos tetraédricos com nı́vel de refinamento
5. Uma vez que a malha está completamente definida para o sistema, pode-se unir os
elementos por meio do comando Coupling e selecionando a restrição de Regid Region. Para
concluir essa operação, seleciona-se o nó mestre da viga, ou seja, o nó da extremidade que
se quer unir ao volume, e, em seguida, seleciona-se nós da superfı́cie do cilindro com que
o nó mestre deve criar ligações rı́gidas. Faz-se isso para ambos os cilindros. Finalmente, o
modelo criado no ANSYS para essa modelagem pode ser observado na imagem da figura
14.

Figura 14: Modelo Misto

Com esse modelo pronto, realiza-se a analise modal. Para isso, utiliza-se a técnica de
Block Lanczos para obter os dez primeiros modos de vibrar desse modelo do hidrogerador
de Coaracy Nunes e as suas primeiras dez frequências naturais. As frequências obtidas
estão expostas na tabela 3 nos resultados dessa seção.
Para essa modelagem, obteve-se os seguintes modos de vibração:

11
Figura 15: Modo 1 Figura 16: Modo 2

Figura 17: Modo 3 Figura 18: Modo 4

Figura 19: Modo 5 Figura 20: Modo 6

12
Figura 21: Modo 7 Figura 22: Modo 8

Figura 23: Modo 10 Figura 24: Modo 11

Dado os modos de vibração do modelo misto do hidrogerador de Coaracy Nunes obtidos


por meio da análise modal, nota-se que o primeiro modo, da figura 15, corresponde a um
modo de vibração de corpo rı́gido, uma vez que a frequência desse modo é nula. A
presença de modo de corpo rı́gido era esperada, visto que o conjunto ainda possui um
grau de liberdade com as restrições impostas pelos mancais. Esse modo corresponde à
rotação do hidrogerador ao longo do eixo z.
Em sequência, observa-se que os demais modos obtidos por meio da simulação corres-
pondem a modos de flexão e torção, visto que as deformações de flexão se dão nos planos
XZ e Y Z e o modo de torção se dá no plano XY . Desse modo, os modos das figuras
16, 20, 21 e 24, que representam ao segundo, sexto, sétimo e décimo primeiro modo de
vibração, são os modos de flexão no plano XZ, enquanto os modos das figuras 17, 19,
22 e 23, que correspondem ao terceiro, quinto, oitavo e décimo modo de vibração, são os
modos de flexão no plano Y Z. Por último, o modo da figura 18 representa o quarto modo

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de vibração da estrutura e mostra a torção da turbina no plano XY .
Assim, nota-se que há uma exceção a esses modos, o nono modo, não representado
nas figuras, uma vez que se observa uma incoerência fı́sica em seu resultado obtido por
meio da simulação, que indica que há um modo de vibração longitudinal. Nesse resultado,
verifica-se que há um deslocamento no sentido axial do eixo até a restrição do mancal de
escora.
Nesse sentido, nota-se que há uma compressão no eixo e não o deslocamento do gerador
sobre o eixo, o que permite concluir que as restrições estabelecidas entre os dois está
correta, porém, como o elemento BEAM188 com a seção transversal anular, utilizado
para modelar o eixo, permite compressão [2], despreza-se esse modo em decorrência de
ser consequência do elemento tipo adotado na modelagem. Dessa forma, não se utilizou o
elemento PIPE288, que possui um grau de liberdade a mais para evitar essa compressão,
em razão deste elemento não permitir a espessura desejada para o eixo.
Em suma, pode-se dizer que esses resultados obtidos estão coerentes, visto que todos
os modos de flexão possuem um par de mesma frequência no outro plano de flexão, de
modo que os modos das figuras 16 e 17, 19 e 20, 21 e 22, 23 e 24 possuem o mesmo modo e
mesma frequência, só que em planos distintos. Esse fenômeno era esperado, uma vez que
a estrutura é simétrica. Além disso, ao se analisar os modos obtidos, pode-se afirmar que
estão dentre das expectativas do modelo. Nesse aspecto, observa-se que a amplitude de
movimento do lado da turbina é mais elevado que a do gerador, uma vez que possui menor
massa e um menor momento de inércia de área. Ademais, conclui-se que há melhora nos
resultados obtidos por dessa modelagem, visto que permite identificar os modos de torção,
algo que esperado fisicamente desse conjunto gerador-turbina.

3.3 Modelo Tridimensional

Em seguida, realiza-se a análise modal do hidrogerador de Coaracy Nunes aplicando


um modelo mais realı́stico, de modo que a turbina, o gerador e o eixo são modelados com
elementos sólidos. Por questão de simplicidade, admite-se que o gerador e a turbina são
cilindros co-cêntricos com o eixo.
Assim, utiliza-se o elemento SOLID185 do ANSYS para modelar esses componentes
do hidrogerador. Esse elemento tipo é usado na modelagem tridimensional de estruturas
sólidas e é definido por oito nós, com os três graus de liberdade de translação em cada

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nó. O elemento tem capacidade de plasticidade, hiper elasticidade, endurecimento por
tensão, grande deflexão e grande deformação. Dessa forma, para a turbina e para o eixo,
definiu-se um modelo de material com densidade de 7800 kg/m3 , enquanto para o gerador,
definiu-se um modelo de material com densidade de 3690, 04 kg/m3 . Além disso, nota-se
que para ambos os materiais criados a módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson
são os mesmos e estão indicados na tabela 2.
Para a modelagem, criou-se cinco cilindros, de forma que os cilindros do gerador e da
turbina são os mesmos da modelagem mista realizada. O eixo foi modelado por quatro
cilindros ocos de diâmetros externos e internos iguais a, respectivamente, DE e DI , de
modo que o primeiro cilindro começa no ponto em que o gerador acaba e tem comprimento
a, o segundo cilindro começa no final do primeiro e tem comprimento de , o terceiro começa
no mancal de escora e vai até o mancal guia inferior b + c e o último começa no final do
terceiro e vai até a turbina. Essa escolha se deve ao fato de as áreas comuns aos três
cilindros que formam o eixo poderem ser utilizadas para impor as restrições dos mancais.
Dessa forma, uma vez definidos os volumes com seus respectivos materiais, utilizou-se
o comando VGLUE, ALL para transformar os cinco cilindros em um único volume sólido.
Feito isso, aplicou-se as restrições impostas pelos mancais nas três áreas de união dos
cilindros. Finalmente, criou-se a malha utilizando o comando MeshTool e escolhendo o
elementos tetraédricos com nı́vel de refinamento 7. Dessa maneira, o modelo criado no
ANSYS para essa modelagem pode ser observado na imagem da figura 25.

Figura 25: Modelo Tridimensional

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Dada a construção da malha, permite-se obter a resposta modal dessa estrutura. As-
sim, utilizou-se a técnica de Block Lanczos para obter os dez primeiros modos de vibrar
do hidrogerador de Coaracy Nunes e as respectivas frequências naturais. As frequências
obtidas por meio dessa simulação estão expostas na tabela 3 nos resultados dessa seção.
Com o intuito de verificar a qualidade da malha construı́da, seleciona-se um modo
de torção do hidrogerador para verificar o comportamento da malha nesse modo. Assim,
pela animação desse modo abaixo, percebe-se que a a torção da turbina se propaga para
o eixo, o que torna possı́vel concluir que a malha construı́da engloba a estrutura completa
e a estrutura se comporta como um único volume, como esperado.

*essa animação funciona no Acrobat Reader

Por meio da simulação dessa modelagem, obteve-se os seguintes modos:

Figura 26: Modo 1 Figura 27: Modo 2

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Figura 28: Modo 3 Figura 29: Modo 4

Figura 30: Modo 5 Figura 31: Modo 6

Figura 32: Modo 7 Figura 33: Modo 8

17
Figura 34: Modo 9 Figura 35: Modo 10

Uma vez obtidos os dez primeiros modos pela modelagem tridimensional do hidroge-
rador de Coaracy Nunes, observa-se que o primeiro modo, da figura 26, corresponde a
um modo de vibração de corpo rı́gido, uma vez que a frequência desse modo é nula. A
presença de modo de corpo rı́gido era esperada, visto que o conjunto ainda possui um
grau de liberdade com as restrições impostas pelos mancais. Esse modo corresponde à
translação do hidrogerador ao longo do eixo x, como mostrado na figura.
Ao analisar os demais modos obtidos pela simulação, constata-se que os demais modos
correspondem a modos de flexão e torção, visto que as deformações de flexão se dão nos
planos XZ e Y Z e o modo de torção se dá no plano XY . Dessa maneira, os modos
das figuras 27, 30 e 32, que representam ao segundo, quinto e sétimo modo de vibração,
são os modos de flexão no plano XZ, enquanto os modos das figuras 28, 31 e 33, que
correspondem ao terceiro, sexto e oitavo modo, são os modos de flexão no plano Y Z. Por
último, os modos das figuras 29 e 34 representam o quarto e nono modo de vibração da
estrutura e mostra a torção do gerador e da turbina no plano XY .
Distingue-se o décimo modo da figura 23, dado que há uma inconsistência fı́sica com
esse resultado. Assim, essa figura mostra que esse modo corresponde a um modo de
vibração longitudinal. Nesse resultado, verifica-se que há um deslocamento no sentido
axial do eixo até a restrição do mancal de escora.
Nessa análise do décimo modo, percebe-se que há uma compressão do eixo e não o
deslocamento do gerador sobre o eixo, o que permite concluir que as restrições estabele-
cidas entre os dois está correta, como mostrado na animação. Todavia, como o elemento
SOLID185 é hiper elástico e permite grandes deslocações [3], despreza-se esse modo em
decorrência de ser consequência do elemento tipo adotado na modelagem. Dessa forma,

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esse modo seria evitado caso se implementasse mais restrições de deslocamentos axiais,
porém, essas novas restrições comprometeriam os resultados dos demais modos.
Dessa forma, por meio dos modos obtidos, afirmar-se que estão divergindo das expec-
tativas do modelo tridimensional criado. Nesse aspecto, observa-se que só há um modo de
flexão para cada frequência e dada as restrições nos mancais, esperava-se que cada modo
de flexão se repetisse para ambos os planos de flexão. Todavia, nota-se que a amplitude
de movimento do lado da turbina é mais elevado que a do gerador, uma vez que possui
menor massa e um menor momento de inércia de área, algo que está de acordo com o
modelo criado.

3.4 Análise dos Resultados

Foram realizados três modelos do hidrogerador de Coaracy Nunes, de modo que os


resultados desses modelos estão exibidos nas subseções 3.1, 3.2 e 3.3. Dessa forma, juntou-
se as frequências obtidas nas análises desses três modelos na tabela 3 abaixo. Como a
ser explicado em breve, os modos de flexão são analisados apenas para fins comparativos
. Nota-se que os números das frequências dos modos representam os números da lista
gerado pelo ANSYS, e, portanto, não representam o mesmo modo entre os modelos.

fi M odelo 1 M odelo 2 M odelo 3

f1 - - -
f2 6.719 4.0614 5.2164
f3 18.975 4.0644 6.1566
f4 26.217 - -
f5 41.925 13.673 9.5076
f6 55.460 13.675 22.359
f7 96.542 34.636 42.422
f8 110.16 34.647 50.937
f9 135.70 - -
f10 176.62 51.172 -
f11 - 51.176 -

Tabela 3: Frequências Naturais

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Os modos de flexão do modelo misto estão duplicados, como explicado antes, em
razão de ficar evidente a flexão em ambos os planos. Esse fato era esperado no modelo
tridimensional, porém não foi encontrado. Uma possı́vel explicação para isso é o fato
de todos os nós da área da posição do mancal terem sido restringidos, não apenas os
da superfı́cie. Para restringir os nós da superfı́cie, teria que se escolher manualmente os
nós ou implementar três sistemas de coordenadas polares nas posições dos mancais, para
selecionar os nós que estão DE do centro do elemento de viga.
Além disso, por ser unidimensional, o modelo da subseção 3.1 não apresenta os modos
de torção. Ademais, o modelo misto só apresenta um dos dois modos de flexão. Então,
para comparar os resultados adquiridos por essas três simulações, apenas serão analisados
os modos de flexão correspondentes.
Assim, observando os modos obtidos, percebe-se que os seguintes modos podem ser
comparados:

Modo i Modelo 1.1 Modelo 1.2 Modelo 1.3

fI 6.719 4.0614 6.1566


4.0644
fII 18.975 13.673 22.359
13.675
fIII 26.217 34.636 42.422
34.647
fV 41.925 51.172 50.937
51.176

Tabela 4: Comparação dos Modos

Em sı́ntese, percebe-se que os diferentes modelos apresentam resultados semelhantes e


conseguiram identificar os mesmos modos de flexão. Dessa forma, o modelo unidimensio-
nal é relevante, pois consegue-se o modelar rapidamente, porém não consegue mostrar os
modos de torção. O modelo misto, possui uma modelagem mais complexa, visto que se
precisa fixar os nós do elemento de viga nos elementos sólidos, mas conseguiu-se resulta-
dos coerentes com a modelagem. Finalmente, o modelo tridimensional apresentou todas
as formas dos modos esperados e sua modelagem foi mais complexa que o modelo unidi-

20
mensional, mas achou-se menos complexo que o misto, porém, as restrições nos mancais
geraram algumas dificuldades, de modo que não se obteve os modos duplicados de flexão,
como esperado. Todavia, o fato de não mostrar o modo duplicado, se correto, não seria
um problema, mas teria de se avaliar futuramente esses resultados obtidos.

4 Mancais Flexı́veis
Uma próxima análise realizada consiste em realizar uma análise modal do hidrogerador
de Coaracy Nunes, como as mesmas três modelagens realizadas anteriormente na seção
3, porém, em vez das restrições dos mancais serem fixas, adota-se que os mancais são
flexı́veis nessa nova análise . Dessa forma, as restrições que os mancais promovem na
estrutura são modeladas como a presença de molas nessas regiões. Para isso, utiliza-se o
elemento COMBIN14 no ANSYS.

4.1 Modelo Unidimensional - Flexı́vel

Inicialmente, utiliza-se o mesmo modelo simplificado do hidrogerador de Coaracy Nu-


nes adotado na subseção 3.1. Assim, a única mudança é a utilização do elemento tipo
COMBIN14 para atuar como uma restrição elástica nos mancais, em vez das restrições
rı́gidas utilizadas anteriormente.
Nesse sentido, criou-se três nós acima dos mancais do eixo, distantes de um metro
no sentido do eixo y, com o intuito de ligar o elemento COMBIN14 entre esse nó e o
nó correspondente do elemento BEAM188. Dessa forma, as constantes elásticas para as
molas desse elemento foram adotadas como constantes reais no ANSYS e estão expressas
na tabela 5 abaixo:

Mancal Rigidez N/m


Guia Superior 13,7
Guia Inferior 16,4
Escora 18,4

Tabela 5: Rigidez das Molas nos Mancais

Dessa maneira, o modelo criado no ANSYS para essa modelagem pode ser observado

21
na imagem da figura 36.

Figura 36: Modelo Unidimensional - Mancais Flexı́veis

Pode-se utilizar o comando /ESHAPE,1,1 para visualizar as molas no modelo. Assim,


utilizando esse modelo e ampliando para a mola do mancal guia superior, por meio da
figura 37, observa-se que o elemento COMBIN14 foi devidamente modelado.

Figura 37: Elemento COMBIN14

Feita a modelagem do primeiro modelo com mancais flexı́veis, pode-se realizar a mesma
analise modal nessa estrutura. Feita a análise modal desse modelo, obteve-se os seguintes
modos de vibração:

22
Figura 38: Modo 7 Figura 39: Modo 8

Figura 40: Modo 9 Figura 41: Modo 10

Figura 42: Modo 11 Figura 43: Modo 12

23
Figura 44: Modo 13

Ao analisar os modos de vibração do modelo unidimensional simplificado do hidroge-


rador de Coaracy Nunes com mancais flexı́veis, os seis primeiros modos de vibrar possuem
frequência zero e correspondem ao modos de corpo rı́gido, o que era esperado, uma vez
que não há restrições rı́gidas no sistema, permitindo os seis graus de liberdade de corpo
rı́gido.
Além do mais, verifica-se que os demais modos obtidos por meio da simulação corres-
pondem a modos de flexão, visto que as deformações ao longo do eixo se dão nos planos
XY e XZ. Desse modo, os modos das figuras 40 e 42, que correspondem ao nono e dé-
cimo primeiro modos de vibração obtidas nessa análise, representam os modos de flexão
no plano XZ, enquanto os demais modos são modos de flexão no plano XY .
Comparando os modos obtidos nessa análise com os modos obtidos na subseção 3.1,
percebe-se que há uma equivalência entre os resultados obtidos. Verifica que os seguintes
modos apresentam a mesma forma:

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M odo1.1 F requencia1.1 M odo2.1 F requencia2.1

2 6.6046 7 8.0348
3 18.458 8 25.656
4 25.118 9 37.563
5 40.864 10 59.428
7 92.614 11 100.44
8 110.157 12 109.48
10 172.83 13 176.62

Tabela 6: Comparação entre os Modelos Unidimensionais

Comparando esse modos, percebe-se que as frequências para os modos com mancais
flexı́veis (Modelo 2.1) apresentam, para o mesmo modo, frequências ligeiramente superio-
res, o que pode ser explicado pelo fato deles terem uma maior liberdade de deslocamento,
uma vez que não há nenhuma restrição rı́gida limitando o deslocamento da estrutura.
Algo interessante de se notar nessa comparação é que os modos correspondentes as
frequências de 172.83 Hz do modelo 1.1 e 176.62 Hz do modelo 2.1, que estão representados
nas figuras 13 e 44, estão em repouso, de acordo com os resultados obtidos nas simulações,
uma vez que a maior amplitude de translação está na ordem de 10−13 metros. Dessa
maneira, como esse fenômeno não condiz com o que é esperado fisicamente, conclui-se
com mais certeza que esse resultado é um erro numérico da simulação no ANSYS - versão
estudantil 2020R2. Então, desconsidera-se esses resultados.

4.2 Modelo Misto - Flexı́vel

Em sequência, adotou-se o modelo utilizado para o hidrogerador na subseção 3.2.


Dessa maneira, a única mudança feita nessa modelagem foi a utilização do elemento
tipo COMBIN14 em vez das restrições rı́gidas para modelar as condições de contorno
provocadas pelos mancais.
Assim, os elementos de molas utilizados foram os mesmos empregadas na modelagem
da subseção 4.1. Logo, as constantes elásticas para as molas estão expressas na tabela 5.
Nessa perspectiva, a modelagem implementada no ANSYS pode ser analisada na imagem
da figura 45.

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Figura 45: Modelo Misto - Mancais Flexı́veis

Com o modelo pronto, realizou-se a análise modal do mesmo, empregando a mesma


técnica utilizada nos modelos anteriores. Os primeiro dez modos obtidos, que não repre-
sentam modos de corpo rı́gido, foram:

Figura 46: Modo 7 Figura 47: Modo 8

26
Figura 48: Modo 9 Figura 49: Modo 10

Figura 50: Modo 11 Figura 51: Modo 12

Figura 52: Modo 13 Figura 53: Modo 14

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Figura 54: Modo 15 Figura 55: Modo 16

Nessa análise, observando os modos de vibração do modelo misto do hidrogerador


de Coaracy Nunes com mancais flexı́veis, os seis primeiros modos de vibrar possuem
frequência zero e correspondem ao modos de corpo rı́gido, o que era esperado, uma vez
que não há restrições rı́gidas no sistema, permitindo os seis graus de liberdade de corpo
rı́gido.
Assim, observa-se que os demais modos obtidos por meio da simulação correspondem
a modos de flexão e torção, de modo que as deformações de flexão se dão nos planos XZ
e Y Z e o modo de torção se da no plano XY . Os modos das figuras 46, 49, 52 e 55 são
os modos de flexão no plano XZ, enquanto os modos das figuras 47, 50, 51 e 54, são os
modos de flexão no plano Y Z. Por último, o modo da figura 48 representa o modo de
torção da turbina no plano XY .
Nota-se que esses resultados obtidos estão coerentes, visto que todos os modos de
flexão possuem um par de mesma frequência no outro plano de flexão, de modo que os
modos das figuras 46 e 47, 49 e 50, 51 e 52, 54 e 55 possuem o mesmo modo e mesma
frequência. Esse fenômeno era esperado esperado, uma vez que a estrutura é simétrica.
Ademais, nota-se que há uma exceção a esses modos é o décimo quarto modo, re-
presentado na figura 53, uma vez que se observa uma incoerência fı́sica em seu resultado
obtido por meio da simulação, que indica que há um modo de vibração longitudinal. Nesse
resultado, verifica-se que há um deslocamento no sentido axial do eixo até a restrição do
mancal de escora.
Em seguida, pode-se comparar os modos obtidos nessa análise com os modos obtidos
na subseção 3.2, percebe-se que há uma equivalência entre os resultados obtidos. Verifica
que os seguintes modos apresentam a mesma forma:

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M odo1.2 F requencia1.2 M odo2.2 F requencia2.2

2 4.0614 7 5.9188
3 4.0644 8 5.9361
4 13.260 9 13.254
5 13.673 12 58.069
6 13.675 13 58.112
7 34.636 10 22.702
8 34.647 11 22.705
10 51.172 15 112.38
11 51.176 16 112.49

Tabela 7: Comparação entre os Modelos Mistos

Comparando esse modos, percebe-se que as frequências para os modos com mancais
flexı́veis (Modelo 2.2) apresentam, para o mesmo modo,superiores, de modo que essa
discrepância aumenta nas frequências mais altas. Algo que pode ser intendido pelo fato
deles terem uma maior liberdade de deslocamento, uma vez que não há nenhuma restrição
rı́gida limitando o deslocamento da estrutura.
Nessa análise, percebe-se que há um salto nas frequências dos modos obtidos no modelo
misto com mancais flexı́veis, uma vez que os modos 10 e 11 são equivalentes aos modos 7 e
8 do modelo com mancais fixos, enquanto os modos 12 e 13 são equivalentes aos modos 5
e 6 do modelo com mancais fixos. Não se sabe o motivo dessa descontinuidade nos modos
obtidos.

4.3 Modelo Tridimensional - Flexı́vel

O último modelo a ser implementado será o mesmo da seção 3.3, porém, utilizando
o elemento tipo COMBIN14 em vez das restrições rı́gidas dos efeitos que os mancais
promovem na gerador.
Dessa forma, os elementos de mola utilizados foram implementadas igualmente como
nas subseções 4.1 e 4.2. O modelo pronto está exibido na imagem da figura 56.

29
Figura 56: Modelo Tridimensional - Mancais Flexı́veis

Uma vez modelado, realizou-se a análise modal desse modelo. Assim, os primeiros dez
modos obtidos, que não representam modos de corpo rı́gido, foram:

Figura 57: Modo 7 Figura 58: Modo 8

Figura 59: Modo 9 Figura 60: Modo 10

30
Figura 61: Modo 11 Figura 62: Modo 12

Figura 63: Modo 13 Figura 64: Modo 14

Figura 65: Modo 15 Figura 66: Modo 16

Analisando os resultados obtidos, os seis primeiros modos de vibrar possuem frequência


zero, ou seja, são modos de corpo rı́gido, o que era esperado, uma vez que as restrições
são flexı́veis, permitindo os seis modos de corpo rı́gido.

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Além disso, observa-se que os modos seguintes correspondem ao modos de flexão e
torção, de modo que as deformações de flexão se dão nos planos XZ e Y Z e o modo de
torção se da no plano XY . Os modos das figuras 57, 60, 62 e 65 são os modos de flexão
no plano XZ, enquanto os modos das figuras 58, 61, 63 e 66, são os modos de flexão no
plano Y Z. Por último, o modo da figura 59 representa o modo de torção da turbina no
plano XY .
Verifica-se que os resultados obtidos estão coerentes, visto que todos os modos de
flexão possuem um par de mesma frequência no outro plano de flexão, de modo que os
modos das figuras 57 e 58, 60 e 61, 62 e 63, 65 e 66 possuem a mesma forma e a mesma
frequência. Esse fenômeno era esperado esperado, uma vez que a estrutura é simétrica.
Além do mais, décimo quarto modo é uma exceção, representado na figura 64, uma vez
que se observa uma incoerência fı́sica em seu resultado obtido por meio da simulação, que
indica que há um modo de vibração axial. Nesse modo, nota-se que há uma compressão
no sentido longitudinal do eixo.
Uma análise pertinente é a comparação dos modos obtidos nessa análise com os mo-
dos obtidos na subseção 3.3. Desse modo, percebe-se que há uma equivalência entre os
resultados obtidos. Verifica que os seguintes modos apresentam a mesma forma:

M odo1.3 F requencia1.3 M odo2.3 F requencia2.3

3 6.1566 7 8.8476
8 8.9110
9 57.144 9 20.345
6 22.36 10 33.831
11 33.956
8 50.94 12 86.019
13 86.261
10 59.29 14 100.60

Tabela 8: Comparação entre os Modelos Tridimensionais

Por meio dos dados das frequências associados a cada modo da tabela 8, nota-se que
as frequências para os modos com mancais flexı́veis (Modelo 2.3) apresentam, para o
mesmo modo, valores maiores, de maneira que essa diferença se torna mais evidente nas

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altas frequências. Isso pode ser explicado pelo fato deles terem uma maior liberdade de
deslocamento, uma vez que não há nenhuma restrição rı́gida limitando o deslocamento da
estrutura.
Uma exação a esse fato é o modo de torção da turbina, porém isso pode ser em razão
de uma modelagem insatisfatória do modelo tridimensional com mancais rı́gidos. Visto
que se esperava que o modo 4 desse modelo fosse a torção da turbina e não do gerador,
uma vez que, em todos os outros modelos, esse modo é a torção da turbina e não do
gerador. Então, se esse modo fosse de torção da turbina e não do gerador, a análise feita
no paragrafo anterior estaria satisfeita, uma vez que a frequência associada a esse modo
é de 9.489 Hz.

5 Conclusão
O presente estudo foi capaz de apresentar os seis modelos criados para o hidrogerador
de Coaracy Nunes e as suas análises modais. Essas análises foram realizadas utilizando
a técnica de elementos finitos por meio do software ANSYS. Ao comparar os resultados
obtidos, para cada uma dessas modelagens, concluiu-se que o modelo unidimensional foi
capaz de identificar corretamente os modos flexão, porém não foi capaz de identificar
os modos de torção. Ademais, verificou-se que o modelo misto foi capaz de identificar
tantos os modos de flexão como os modos de torção. Finalmente, o modelo tridimensional
também foi capaz de identificar os modos de flexão como os modos de torção, porém esse
modelo com mancais rı́gidos desviou dos resultados esperados, de maneira que não se
identificou os pares de modos de flexão e houve um modo de torção de baixa frequência
que não está coerente com os resultados dos outros modelos, algo que foi comprovado na
adoção de mancais flexı́veis. Em sı́ntese, após a analise desses seis modelos, determina-se
que o modelo misto é o que apresenta o melhor ”custo benefı́cio”, uma vez que consegue
identificar todos os modos corretamente e possui um custo computacional bem menor que
o modelo tridimensional, pois apresenta menos da metade do número de nós.

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6 Referências
[1] - Elementos De Maquinas De Shigley - 10ª Ed Budynas, Richard G. Mcgraw Hill
[2] - https://www.mm.bme.hu/~gyebro/files/ans_help_v182/ans_elem/Hlp_E_BEAM188.
html - acesso em maio de 2021
[3] - https://www.mm.bme.hu/~gyebro/files/ans_help_v182/ans_elem/Hlp_E_SOLID185.
html

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