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VACINAS –COVID -19

Ao menos 73 vacinas contra o coronavírus Sars-Cov-2, causador da covid-19, estão


atualmente em desenvolvimento no mundo, segundo monitoramento feito por
especialistas da Universidade McGill, nos EUA. Seis delas já superaram as barreiras
para uso na população em ao menos um país, e outras estão em uso há meses mesmo
sem ter passado por todos os obstáculos. Confira:
Moderna
A vacina contra a covid-19 produzida pela companhia americana de biotecnologia
Moderna foi aprovada para uso público nos Estados Unidos em dezembro de 2020.
A Comissão Europeia deu luz verde nesta quarta-feira (06/01) para o uso da vacina na
União Europeia.
A Moderna declarou que produzirá a "vasta maioria" de seu imunizante em Cambridge,
Massachusetts, onde tem sua sede. A empresa pretende produzir um mínimo de 600
milhões de doses neste ano, mas a meta de prover até 1 bilhão de doses em 2021.
Oxford-AstraZeneca
A substância fabricada pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca em parceria com a
Universidade de Oxford foi licenciada para uso no Reino Unido, Índia e Argentina. A
meta é disponibilizar cerca de 3 bilhões de doses em 2021, como informou em
novembro Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner de Oxford.
Produzir uma vacina global exigiu estabelecer "cadeias de fornecimento regionais com
mais de 20 parceiros de 15 países", consta da declaração em vídeo do vice-presidente de
Operações Biológicas Globais da AstraZeneca, Per Alfredsson, no site da companhia.
A vacina da Oxford e da AstraZeneca é a priorizada pelo governo brasileiro para a
imunização contra a covid-19. Nesta terça-feira, o Itamaraty afirmou que está
confirmada a importação pelo Brasil da carga de 2 milhões de doses da
vacina produzidas na Índia, o que pode permitir iniciar a imunização dos brasileiros
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em janeiro. A importação excepcional dessas
doses havia sido anunciada no sábado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).

BioNTech-Pfizer
Primeira vacina contra o coronavírus autorizada para uso na UE, a produzida pela
firma alemã de biotecnologia Biontech e a gigante farmacêutica americana Pfizer foi
também aprovada nos EUA, Reino Unido, Arábia Saudita e 19 outros países.
A droga foi produzida nas instalações de ambas as parceiras na Alemanha e Bélgica,
entre outras locações, divulgou a Pfizer. Como parte de sua estratégia de vacinação, a
UE fechou acordos com seis produtoras, mas até o momento as da Biontech e da
Moderna são as únicas aprovadas para uso no bloco.
A companhia sediada em Mainz declarou que pretende começar a produção "muito
antes do planejado" numa nova fábrica em Marburg, no centro da Alemanha. Com
abertura prevista para fevereiro, a nova locação terá capacidade para 250 milhões de
doses adicionais, totalizando assim 750 milhões de doses por ano.
Sputnik V
Peritos em saúde ficaram chocados quando, em agosto de 2020, meses antes do resto
do mundo, a Rússia se tornou o primeiro país a aprovar uma vacina. Desde então, sua
Sputnik V foi licenciada para uso em Belarus, Argentina e Guiné. Cientistas na Rússia e
em outros países questionaram a decisão de aprovar a vacina antes da fase 3 de testes,
que normalmente dura meses e envolve milhares de pessoas. 
A vacina será fabricada por firmas parceiras no Brasil, China, Índia, Coreia do Sul e
outros. Mais de 50 países encomendaram mais de 1,2 bilhão de doses, segundo site do
RDIF sobre a Sputnik 5.
Sinopharm
No início de janeiro de 2021, agências reguladoras concederam licença "condicional"
para uma vacina desenvolvida na unidade de Pequim da China National
Pharmaceutical Group Corporation, ou Sinopharm. Ela ainda está sendo submetida aos
últimos estágios de testes clínicos.
Embora a China esteja atrasada em relação a outros países na aprovação formal de
vacinas contra o novo coronavírus, milhões de cidadãos – sobretudo membros de
setores-chave, como saúde, alimentação e assistência comunitária – já foram
inoculados, no âmbito de um programa de emergência.
Agora a China está se concentrando em vacinar outros milhões de indivíduos,
antecipando o feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, quando centenas de milhões
viajam por todo o território nacional. Está em uso, ainda, e igualmente nas fases finais
de testes, uma segunda substância candidata, desenvolvida pela unidade da Sinopharm
na cidade de Wuhan.
Os Emirados Árabes Unidos aprovaram a vacina de Pequim em dezembro, já tendo
Coronavac
Assim como a da Sinopharm, a Coronavac, vacina contra o vírus Sars-Cov-2 da Sinovac,
sediada em Pequim, ainda está na fase final de testes, mas já sendo ministrada à
população.
Uma unidade da firma biofarmacêutica recém-construída na capital chinesa pode
produzir 300 milhões de doses por ano, como declarou seu presidente e diretor
executivo, Yin Weidong, à emissora de TV estatal chinesa CGTN.
Chile, Cingapura e Turquia já encomendaram doses. A Indonésia já recebeu seu lote,
em meio a preparativos para uma campanha de vacinação em massa.
No Brasil, o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, já importou doses da
Coronavac. O governo paulista diz que seu estoque já chega a 10,8 milhões de doses, e
as autoridades paulistas preveem que a imunização no estado comece em 25 de janeiro,
mas ainda não solicitaram o registro à Anvisa.
Covaxin
A indiana Bharat Biotech International Limited desenvolveu a Covaxin, aprovada em
caráter de emergência na Índia em 3 de janeiro de 2021, juntamente com a vacina da
Oxford-AstraZeneca.
Em 2021, a empresa planeja fabricar cerca de 700 milhões de doses, em quatro
instalações no país, um dos mais atingidos pelo coronavírus.

VACINAS EM USO NO BRASIL

Coronavac (Sinovac/Butantan): a primeira liberada e aplicada no país

Fabricante: Foi desenvolvida pela chinesa Sinovac. No meio do ano passado, o Instituto
Butantan se tornou parceiro dessa empresa para testar e fabricar a fórmula no Brasil.
Como funciona: É uma vacina de vírus vivo inativado. Os cientistas cultivam o Sars-CoV-2 em
laboratório e depois o tratam com uma substância que torna o agente incapaz de fazer suas
cópias. A tecnologia é tradicional e utilizada há décadas. O exemplo mais famoso é o da vacina
contra a gripe, feita da mesma maneira e inoculada em cerca de 70 milhões de brasileiros
anualmente.
Eficácia: O estudo que justificou a liberação do imunizante no nosso país demonstrou eficácia
de 50,7% em prevenir infecções sintomáticas. Na vida real, tem se mostrado altamente
protetora contra casos graves e mortes.
Uma pesquisa feita pela governo da Indonésia, ainda não revisada por pares, mostra uma taxa
de prevenção contra óbitos de 98% em profissionais de saúde.
Recentemente, contudo, dados preliminares apontam para uma queda da eficácia em
indivíduos de idade avançada, acima de 80 anos. O achado precisa ser confirmado, mas reforça
a necessidade de tomar as duas doses e aponta que a vacina não resolve sozinha a pandemia.
Na prática,  mesmo algumas pessoas vacinadas estão contraindo Covid-19. Quanto mais o vírus
circula, maiores as chances de qualquer uma delas falhar.
Reações adversas: Os mais comuns são dor de cabeça e dor no local da aplicação. Febre,
cansaço, diarreia e náusea também podem acontecer. Mais raramente, hematomas no local,
diminuição de apetite e vômito foram descritos nos participantes de estudos. Não apareceram
possíveis efeitos colaterais mais graves até agora.
Como deve ser tomada: Duas injeções com intervalo de duas a quatro semanas. No Brasil,
atrasos estão acontecendo por falta de doses. Nesse caso, complete o esquema assim que
possível.
Comirnaty: a vacina high-tech da Pfizer

Fabricante: Pfizer e BioNTech. Essa segunda empresa, oriunda da Alemanha e até então pouco
conhecida, é a que desenvolveu a tecnologia por trás da fórmula.
Como funciona: É uma vacina de RNA mensageiro. Ela usa o próprio corpo para fabricar o
antígeno (a parte do vírus que é apresentada ao sistema imune pelas vacinas).
O produto contém apenas um trecho do código genético do Sars-CoV-2, o responsável por
ordenar a fabricação da espícula, ou spike, uma proteína que recobre o vírus. Quando entra
nas células, o tal trecho é lido como uma receita de bolo por estruturas chamadas ribossomos,
que então montam a tal espícula.
A partir daí, o processo é o mesmo das outras vacinas: o sistema imune vai de encontro a essa
espícula e cria uma resposta personalizada para ela, que será acionada em uma eventual
invasão do vírus verdadeiro.
A abordagem promete revolucionar a medicina e estava sendo estudada há décadas, mas
enfrentava desafios técnicos e logísticos, agora praticamente superados.
Eficácia: Demonstrou 95% de eficácia em prevenir casos confirmados de Covid-19.
Reações adversas: As mais relatadas são dor e inchaço no local da injeção, cansaço, dor de
cabeça e nas articulações, febre, calafrios e diarreia. Menos de 1% dos voluntários das
pesquisas tiveram sinais de hipersensibilidade, como erupções e coceiras na pele e inchaço dos
gânglios linfáticos.

Alguns casos de reação anafilática, um evento alérgico grave que exige atendimento imediato,
foram relatados pós-vacinação nos Estados Unidos. Mas as vacinas de RNA costumam ser
seguras para a maioria dos alérgicos e essas reações mais graves são contornáveis.

Como deve ser tomada: Duas doses com intervalo maior ou igual a 21 dias.

(AstraZeneca/Oxford): da Inglaterra para o Rio de Janeiro

Fabricante: Tudo começou na Universidade de Oxford, que se aliou à farmacêutica anglo-sueca


AstraZeneca para escalonar a produção do imunizante. Ano passado, a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) firmou acordo para envasar as doses no Brasil. A transferência de tecnologia, que
permitiria a produção do zero aqui, deve ser formalizada em breve.
Como funciona: Por meio de um vetor viral. No laboratório, cientistas modificam
geneticamente um adenovírus que infecta chimpanzés, para que ele contenha em sua
estrutura uma partezinha do coronavírus. Sim, é a tal spike de novo. Durante a engenharia
genética, o vetor também é alterado para não se multiplicar. Ou seja, não é capaz de provocar
doenças.
Essa tecnologia, assim como as vacinas de RNA mensageiro, faz sua estreia global na
pandemia. Até havia uma fórmula nesses moldes, contra o ebola, mas ela não foi usada nessa
escala.
Eficácia: Cerca de 70% nos estudos que levaram à aprovação, variando entre 62 e 90%. Dados
de vida real recém-divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as
duas doses.
Reações adversas: As mais comuns são dor, calor, coceira e hematomas no local da picada.
Febre, dor no corpo, mal-estar e cansaço surgem em até 20% dos imunizados com a fórmula. É
uma indisposição leve e transitória, que traz desconforto, mas se resolve espontaneamente
em cerca de 48 horas.
No exterior e no Brasil, foram observados coágulos sanguíneos graves, associados à queda de
plaquetas no sangue. É um quadro conhecido como trombocitopenia. Os eventos estão sendo
investigados, mas foram classificados como “provavelmente associados à vacina”, com uma
frequência inferior a um caso em cada cem mil vacinados.
Como deve ser tomada: Duas doses, com intervalo entre quatro e 12 semanas. Por causa da
questão dos coágulos, gestantes que tomaram a primeira dose devem aguardar o fim da
gravidez para completar o esquema.

Para chegar: Sputnik V, Cansino e Janssen


Mais vacinas devem aportar em solo nacional nos próximos meses. A mais certa é a
da Janssen, já aprovada pela Anvisa e com lotes comprados pelo governo, que devem chegar
em agosto. Ela é parecida com a Covishield, mas usa um adenovírus modificado que
originalmente infecta humanos e é aplicada em dose única.
A mesma tecnologia está por trás da russa Sputnik V, que vive atualmente um impasse com a
Anvisa, mas ainda pode ser aprovada.
Por fim, recentemente, a Belcher Farmacêutica, do Paraná, pediu o registro da Convidecia,
fabricada pela chinesa Cansino. Trata-se também de uma fórmula de vetor viral a ser aplicada
em dose única.
PORTAS DE ENTRADA PARA O COVID-19
Olhos
Partículas virais de coronavírus podem estar presentes nas lágrimas de pessoas com a covid-
19, descobre estudo.
Uma equipe de médicos e de laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade Johns
Hopkins divulgou um novo relatório sugerindo que os olhos e a área ao redor deles são
perfeitas portas de entrada para novo coronavírus. Até aí, não há novidade, já que sabemos
desde o início da pandemia que devemos evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca para não
nos contaminar. Mas o estudo ainda descobriu que as lágrimas são fontes de contaminação.
Descobriram que seus olhos e a área sob as pálpebras produziam uma quantidade grande de
ACE2 – uma enzima conhecida por facilitar a entrada do Sars-Cov-2 no corpo humano. Essa
enzima é encontrada em muitos lugares – como na boca e nos pulmões – mas até agora não se
sabia que também estavam presentes em quantidades abundantes nos olhos.
“Esses resultados indicam que as células da superfície ocular, incluindo a conjuntiva, são
suscetíveis à infecção pelo Sars-Cov-2 e, portanto, poderiam servir como um portal de entrada
e também como um reservatório para a transmissão de pessoa para pessoa deste vírus”, disse
um dos autores do estudo o médico oftalmologista Lingli Zhou.
Como se isso não bastasse, eles também observaram que nessas áreas existe outra enzima em
grandes quantidades, chamada TMPRSS2, que ajuda o vírus a deslizar por nossos poros e vasos
sanguíneos.
Na prática, isso quer dizer que se alguém infectado espirra ou tosse perto de você e parte
dessas gotículas cai sobre seus olhos, o vírus poderá se infiltrar facilmente no seu corpo.
Não apenas o vírus pode entrar no corpo através dos olhos, mas as lágrimas também podem
servir como uma propagação da infecção, segundo os cientistas. Essa informação até então era
pouco conhecida.
Nariz
Um estudo mapeou a estrutura das células respiratórias e chegou à conclusão de que há mais
"portas de entrada" para o Sars CoV-2 nas vias superiores (nariz), e menos nas inferiores
(brônquios e pulmões). Isso reforça a importância do uso de máscara como prevenção contra
a Covid-19.

A principal "porta de entrada" do vírus, já detalhada em outros estudos, é o receptor ACE2. O


mecanismo viral funciona assim: a família coronavírus tem uma "coroa" em sua superfície com
espinhos, os "Spikes". Eles se ligam ao ACE2 para entrar na célula e, assim, conseguir modificar
o material genético. A doença se desenvolve porque começa a multiplicação do vírus Sars CoV-
2.

"Ela é uma protease celular (proteína dos seres humanos) que participa, junto com o receptor
ACE2, na entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas. Assim, TMPRSS2 e ACE2 são essenciais
para a entrada e infecção das células humanas”, explica Faria, que também pesquisa a
genética do novo coronavírus pela Universidade de Oxford, mas não assina este estudo da
"Cell".Com uma maior quantidade do receptor ACE2 e da proteína TMPRSS2, a entrada do
vírus é mais fácil pelas vias respiratórias. O uso de equipamentos pessoais de proteção, como
as máscaras, é extremamente importante para a prevenção da doença.

Boca

O vírus, que tem a boca como um dos seus principais pontos de entrada no
corpo, também tem novos mecanismos que lhe permitem começar a replicar-se
muito antes de atingir os pulmões.
Um estudo científico recente, realizado na Alemanha em doentes assintomáticos,
mostrou que o vírus começa a multiplicar-se na boca e na garganta, actuando como o
principal reservatório para a propagação da doença.
Isto poderia explicar porque os pacientes com uma alta concentração de vírus na
garganta apresentam um sintoma tão característico como a perda do sabor e do
cheiro. Se este vírus tem tal predilecção pela boca e garganta que é a sua porta de
entrada por excelência, o cuidado com a higiene oral é um factor determinante na
propagação do vírus juntamente com o resto das medidas de controlo emitidas pelas
autoridades sanitárias.
A boca representa um local robusto para a infecção pelo SRA-CoV-2 e implica a saliva
na transmissão do vírus.
Graças à presença de receptores ACE2 encontrados nestas células orais, o vírus
pode facilmente se conectar com elas para se hospedar dentro delas e ativar o
mecanismo de replicação.

Transmissão fecal-oral

A detecção do vírus SARS-CoV-2 em fezes e esgoto foi recentemente relatada, levantando a


hipótese de transmissão fecal-oral. Se confirmado, isso pode ter consequências de longo alcance
para a saúde pública e para estratégias de controle de pandemia. Os pesquisadores argumentam
que é necessária uma análise abrangente para testar essa hipótese, levando em consideração a
dinâmica ambiental e a persistência da infectividade viral. 

Science of The Total Environment


Volume 729, 10 August 2020, 138919

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