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SIMULAÇÃO DE DESGASTE EM PRÓTESES DE QUADRIL

Rafael M. Trommer1, Marcia M.Maru1, Carlos A. Achete1,2


1
Divisão de Metrologia de Materiais, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial, Duque de Caxias (RJ), Brasil
2
Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM), Univ. Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro (RJ), Brasil
E-mail: rmtrommer@inmetro.gov.br

Resumo. A artroplastia total de quadril (ATQ) é uma cirurgia frequentemente utilizada para substituir a
junta lesionada do paciente, utilizando para tal uma prótese de quadril. Uma das próteses mais
utilizadas compreende o uso de componente acetabular polimérico e uma cabeça femoral de aço
inoxidável. Uma das causas de insucesso em cirurgias de ATQ é a justamente a inflamação que pode
ocorrer devido à presença de partículas de desgaste, denominadas de debris, geradas pelo processo de
desgaste do material da prótese, e que levam à inflamação e posterior falha do implante. Isto justifica a
importância de estudos in vitro de simulação de desgaste de tais próteses. Neste contexto, este trabalho
avaliou o desgaste de próteses de quadril com cabeça femoral de aço inoxidável e acetábulo de
polietileno de ultra-alto peso molecular (UHMWPE) segundo as recomendações de carga e movimentos
estabelecidos pela ABNT NBR ISO 14242-1. Para executar o ensaio, foi utilizado um simulador AMTI, o
primeiro instalado no Brasil, com seis estações ativas e uma estação de controle. Foi utilizado o controle
de carga e movimentos. As amostras foram limpas e a massa dos acetábulos determinada antes do inicio
do ensaio e a cada 500 mil ciclos de desgaste. Para cada uma das amostras, construíram-se curvas da
perda de massa em função do número de ciclos, permitindo assim avaliar o desgaste das próteses. Com o
auxilio de um microscópio, observou-se as superfícies das cabeças femorais e acetábulos após o ensaio
com o intuito de observar marcas de desgaste e alterações na superfície do material.

Palavras-chave: Ortopedia, Desgaste, Próteses de quadril, Simulação

1. INTRODUÇÃO

Dentro do amplo campo da ortopedia, a artroplastia total de quadril (ATQ) está


entre as cirurgias realizadas com maior frequência. Resumidamente, este procedimento
envolve a substituição da junta danificada, neste caso, quadril, por uma prótese. Próteses
ortopédicas, em especial as de quadril, podem empregar diferentes configurações de
materiais no contato entre a cabeça femoral e o acetábulo. Assim, os principais pares
tribológicos consistem de metal-polímero, cerâmica-polímero e também cerâmica-
cerâmica.
A realidade nacional apresenta em sua maioria o uso de um par metal-polímero para
ambas as próteses, sendo estes em especial o aço inoxidável-PEUAPM. Para o quadril,
também é comum o uso do CoCr na cabeça femoral. Em alguns casos, como no de
pacientes jovens, os cirurgiões optam pelo uso de próteses de cerâmica por sua vida útil
elevada, que justifica o seu alto custo. Dentre os polímeros, o polietileno de ultra-alto
peso molecular (UHMWPE), com peso molecular superior a 2.106 g/mol, é empregado
em situações onde há solicitações de carga, tais como o acetábulo de uma prótese de
quadril. Uma das propriedades do UHMWPE que o distingue de outros polímeros,
justificando assim seu intenso uso na ATQ é o fato de que suas cadeias moleculares são
longas e altamente reticuladas, fazendo deste material resistente ao desgaste (WANG et
al., 1998).
Segundo Belloti (2009), o sucesso ou a falha da cirurgia de artroplastia pode ser
influenciado basicamente por três fatores: fabricação, ato cirúrgico ou características
epidemiológicas do paciente. Em especial no quesito fabricação, que compete à área de
engenharia, é importante que haja um conhecimento da qualidade (entenda-se aqui
propriedades e especificações técnicas) do biomaterial. O problema relacionado ao
desgaste do UHMWPE é que as partículas de desgaste podem migrar para a interface do
implante com o osso. Estas partículas são agressivamente atacadas pelo sistema
imunológico, resultando na morte do tecido ósseo vizinho, causando dor ao paciente e
podendo levar à perda do implante (BLUNT et al., 2009). Quando o desgaste é
excessivo, o desempenho da junta é afetado, sendo necessária uma cirurgia de revisão.
Este fato é frequentemente observado em recirurgias feitas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Assim, é necessário conhecer os mecanismos e medir os níveis de desgaste do
UHMWPE utilizado em produtos oferecidos no mercado nacional, sendo que muitas
vezes o SUS é o responsável pela compra destas próteses. Este fato é de tal importância,
que os principais fabricantes mundiais de próteses de joelho possuem meios de medir o
desgaste in vitro de seus produtos antes de serem colocados no mercado, através do uso
de simuladores de desgaste.
De acordo com material publicado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
(CGEE) em estudo denominado “Materiais avançados no Brasil 2010-2022”; a
pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) em saúde são relevantes para diminuir
a vulnerabilidade do (SUS) e preparar o país para novos desafios tecnológicos. Nesta
linha de pensamento, Belloti (2009) ainda menciona que não há na literatura nacional
estudos que forneçam dados sobre a efetividade do emprego das próteses ortopédicas,
sendo que existem somente alguns estudos retrospectivos relacionados à casos de falha
de próteses implantadas. Também não existem estudos comparando a efetividade, ou
resistência ao desgaste, dos diversos tipos de próteses disponíveis no mercado nacional.
Um dos motivos para a falta de dados relacionados ao comportamento em desgaste das
próteses é que o ensaio de simulação de desgaste possui um elevado custo, devido ao
alto valor agregado do equipamento, longo tempo dispendido no ensaio bem como
necessidade de mão de obra qualificada.
Associados ao número de cirurgias de substituição de juntas de quadril estão os custos
com procedimentos operatórios e pós-operatórios de recuperação dos pacientes, e que
representam uma parcela significativa dos gastos para o sistema de saúde brasileiro
(OLIVEIRA, 2011). Segundo dados do CGEE, em 2007 os gastos do SUS com
procedimentos cirúrgicos ortopédicos superaram cerca de R$ 575 milhões,
correspondendo a R$146 milhões voltados para órteses e próteses ortopédicas. Esses
dados demonstram que há necessidade de uma reflexão sobre qual o melhor tipo de
prótese a ser utilizada, considerando-se a relação custo/efetividade deste procedimento
cirúrgico (BELLOTI, 2009). Dados ainda do CGEE apontam que em 2007 os
procedimentos de artroplastia de quadril e joelho foram responsáveis por cerca 17 mil
internações, gerando um gasto total com esses procedimentos cirúrgicos de cerca de R$
65 milhões, tendo sido aproximadamente R$ 38 milhões relativos à compra de próteses.
Existem diversos métodos em laboratório, tais como pino-sobre-disco, que são
comumente usados para estudar as propriedades de desgaste de diferentes combinações
de materiais. Entretanto, a geometria das faces em contato, as cargas aplicadas e as
condições ambientais são longe daquelas observadas nas próteses quando implantadas.
Assim, para uma situação mais representativa àquela observada no ser humano, são
utilizados simuladores nas quais as propriedades de desgaste podem ser avaliadas.
Ensaios de simulação de desgaste também são empregados para assegurar a qualidade
dos implantes utilizados nas cirurgias de artroplastia de quadril, sendo que estes ensaios
são realizados segundo a norma ABNT NBR ISO 14242 em suas três partes.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Cabeça femoral e acetábulo

Os principais pares tribológicos ortopédicos de prótese de quadril consistem de metal-


metal, metal-polímero, cerâmica-polímero e também cerâmica-cerâmica; cada qual com
suas vantagens e desvantagens. Neste estudo, foi simulado o comportamento in vitro do
desgaste do par metal-polímero, compreendendo um acetábulo de UHMWPE com
dimensões de Ø 56 mm x Ø 26 mm e uma cabeça femoral modular de aço inoxidável
com Ø 26 mm. Foram utilizados seis pares de amostras e um par como controle, sendo
este último submetido apenas aos ciclos de carga.
Antes do inicio do ensaio, os acetábulos de UHMWPE foram limpos, conforme as
recomendações da Norma ABNT NBR ISO 14242-2, e pesados em uma balança Mettler
Toledo (modelo AB265-S/FACT) também segundo as práticas desta norma. Para as
cabeças femorais, o mesmo procedimento de limpeza foi adotado.

2.2 Fluído lubrificante

As superfícies em contato foram imersas em um meio que simula o fluido sinovial


humano. Para tal, foi utilizado um soro fetal bovino, diluído a 25% V/V em água
deionizada e filtrado em 2 µm e com uma concentração em massa de proteínas não
menor do que 17 g/L. A temperatura do fluido durante o ensaio foi mantida em 37 ±
2ºC.

2.3 Simuladores de desgaste em prótese

Simuladores são equipamentos destinados ao estudo do desgaste de próteses in vitro, e


mimetizam as cargas biomecânicas, perfis de movimentos e condições ambientais
encontrados no corpo humano. Nestes equipamentos, a prótese é montada em um
aparato que aplica uma variação cíclica de ângulos de flexão/extensão, rotação
interna/externa e abdução/adução bem como uma força de contato, de tal modo a
simular a marcha humana normal. Neste trabalho, foi utilizado um equipamento de
simulação de desgaste de prótese de quadril AMTI (modelo H52-6-1000) com seis
estações ativas e duas estações de controle, instalado no laboratório de Biomateriais e
Tribologia (Labit), da Divisão de Metrologia de Materiais (Dimat) do Inmetro.

2.4 Parâmetros de ensaio de simulação de desgaste em prótese de quadril

Todos os parâmetros de carga e movimentos executados durante o ensaio de simulação


de desgaste de próteses totais de quadril estão descritos na Norma ABNT NBR ISO
14242-1. A variação dos movimentos angulares e da força aplicada com o tempo de
ciclo durante o ensaio é apresentada na Fig 1. A frequência dos movimentos angulares
em concordância com a força aplicada foi de 1 Hz.

(a)

(b)

Figura 1. Variação de (a) movimentos angulares e (b) carga em função da fração do


ciclo durante o ensaio de simulação de desgaste.

A cada 500 mil ciclos, o ensaio foi interrompido para a realização das medidas de
massa, perfilometria e microscopia óptica. Para evitar a degradação das proteínas, nesta
oportunidade o soro fetal bovino utilizado como lubrificante também foi reposto. Uma
vez que o objetivo deste estudo foi estabelecer os procedimentos exigidos para a
execução do ensaio de simulação de desgaste em próteses totais de quadril, fato inédito
no país, este estudo somente avaliou o desgaste das próteses de quadril até 2 milhões de
ciclos. Entretanto, mesmo não atingido o numero de ciclos recomendado na Norma
ABNT NBR ISO 14242-1, acredita-se que os resultados obtidos são representativos
para as amostras ensaiadas quanto ao seu comportamento em desgaste.

2.5 Caracterização

Em um ensaio de simulação de desgaste de prótese de quadril, o principal resultado


obtido é o nível de desgaste do material, neste caso, do acetábulo polimérico. Assim, é
necessário quantificar o desgaste que ocorre durante o ensaio. A avaliação da
quantidade de desgaste de uma prótese nos ensaios em simulador não é um processo
trivial, pois a quantidade de perda de massa da amostra é usualmente muito pequena, e
difícil de quantificar com certa precisão. A Norma ABNT NBR ISO 14242-2 sugere
dois métodos de medida do nível de desgaste: gravimetria e mudança dimensional. Por
exigir um equipamento de custo maior (máquina de medir por coordenadas - MMC), a
mudança dimensional não foi executada. Com isto, a perda de massa foi determinada
pelo método gravimétrico. Com isto, acetábulos de UHMWPE previamente limpos
tiveram a sua massa medida, antes e após cada 500 mil ciclos de desgaste. Após as
medidas de massa, foi possível obter uma curva da perda de massa em função do
número de ciclos. Esta curva representa a perda de massa média das seis amostras
utilizadas nas seis estações de trabalho, e considerando a correção de massa devido ao
uso de uma estação de controle.
Foram obtidas imagens durante as etapas dos ensaios por microscopia óptica (Olympus,
modelo BX51M) dos componentes poliméricos e da cabeça femoral das próteses
ortopédicas. Após os ensaios, o soro utilizado como lubrificante nos ensaios foi
submetido à um processo de digestão ácida seguida de filtração (abertura de 0,2 µm),
como o intuito de eliminar as proteínas presentes nestes soros e assim permitir a
separação das partículas de desgaste. Com isto, após estes processos as partículas de
desgaste foram observadas em um microscópio eletrônico de varredura (FEI- Quanta)
para analisar a sua forma e tamanho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A curva de perda de massa em função do número de ciclos do ensaio é apresentada na


Fig.2. Pode-se observar que ao final do ensaio, a perda de massa média das amostras
considerando as seis estações de trabalho foi de aproximadamente 136 mg. Além disto,
a perda de massa em função do numero de ciclos do ensaio apresenta certa linearidade.
Tal fato permite expandir os valores de perda de massa para a situação de 5 milhões de
ciclos, caso seja desejado. A partir do valor de perda de massa, é possível determinar a
taxa de desgaste, que de forma simplificada é dada pela perda de massa dividida por
milhões de ciclo. Com isto, para as amostras simuladas neste trabalho, a taxa de
desgaste foi de 67,9 mg/106 ciclos.

Figura 2. Perda de massa média das seis estações em função do número de ciclos para o
ensaio de simulação de desgaste de prótese total de quadril.
Para comparar os valores de perda de massa ou taxa de desgaste obtidos neste trabalho
com aqueles mencionados na literatura, diversos fatores como o tipo de material
empregado (metal-polímero), diâmetro da prótese, tipo de soro utilizado etc devem ser
considerados. Para facilitar a comparação com os dados da literatura, uma vez que foi
executado o ensaio somente até 2 milhões de ciclos, o valor de taxa de desgaste pode ser
assumido. Por exemplo, Liao et al. (2003) mencionam que após 2 milhões de ciclos, a
taxa de desgaste das amostras com condições próximas àquelas utilizadas neste trabalho
foi de 59,1± 1,1 mg/106 ciclos. Saikko (1995) utilizando uma cabeça de CoCr e
acetábulo de UHMWPE reportaram uma taxa de desgaste de 83,0 mg/106 ciclos.
A imagem do acetábulo utilizado como controle, após 500 mil ciclos de ensaio, é
apresentada na Fig.3. Inicialmente, pode-se observar que o acetábulo utilizado como
controle, ou seja, submetido apenas ao ciclo de carga, apresenta marcas de usinagem,
associadas ao seu processo de produção. Mesmo após os 500 mil ciclos iniciais de
ensaio, não ocorreu uma alteração na morfologia do acetábulo devido ao ciclo de carga.

Figura 3. Acetábulo de UHMWPE utilizado como controle e submetido à 500 mil ciclos
de carga.

A Figura 4 apresenta as imagens obtidas por microscopia óptica dos acetábulos a cada
500 mil ciclos. Pode-se observar que já após 500 mil ciclos de cargas e movimentos, a
superfície do acetábulo polimérico foi alterada. As marcas de usinagem, presentes
inicialmente no acetábulo e também após os primeiros 500 mil ciclos no acetábulo de
controle, não podem ser mais observadas. Somente algumas marcas remanescentes
podem ser observadas, conforme indicadas na Fig.4. Ao final do ensaio, ou seja, após 2
milhões de ciclos de carga e movimentos, pode-se observar que não há mais marcas de
usinagem presentes nos acetábulos. Tateiwa et al. (2006) também mencionam que as
marcas de usinagem gradualmente desaparecem com o decorrer do ensaio, para
acetábulos de UHMWPE e cabeças femorais de cobalto cromo (CoCr). Para o caso do
UHMWPE convencional (sem reticulação), Liao et al. (2003) também observaram uma
superfície do acetábulo lisa e sem irregularidades. Wang et al. (1998) mencionam que
do ponto de vista dos mecanismos de desgaste, tanto o mecanismo de desgaste adesivo
quanto o mecanismo abrasivo são predominantemente responsáveis pelas altas taxas de
desgaste, principalmente aquelas observadas clinicamente.
500 mil ciclos 1 milhão de ciclos

1,5 milhões de ciclos 2 milhões de ciclos

Figura 3. Imagens dos acetábulos poliméricos por microscopia óptica após os ciclos de
desgaste.

Após 2 milhões de ciclos, foi observada a superfície da cabeça femoral de aço


inoxidável, conforme apresenta a Fig.4.

Figura 4. Imagem da cabeça femoral após o final do teste com 2 milhões de ciclos
(Magnificação: 100X).
Observa-se a presença de riscos na superfície da cabeça femoral. Ito et al. (2010)
mencionam que estudos experimentais bem como estudos em próteses explantadas
indicam que o aumento da rugosidade ou presença de riscos na cabeça femoral pode
aumentar a taca de desgaste do UHMWPE convencional.
Sabe-se que o problema do desgaste do polietileno das próteses ortopédicas é que as
partículas de desgaste podem migrar para a interface do implante com o osso. Estas
partículas são agressivamente atacadas pelo sistema imunológico, resultando na morte
do tecido ósseo vizinho e levando à perda do implante e dor para o paciente
(HIRAKAWA et al., 1999; BLUNT et al., 2009). Este fenômeno é conhecido por
soltura asséptica e freqüentemente associada à osteólise causada pelas partículas do
UHMWPE (TIPPER et al., 2001). Assim, é importante analisar as partículas que são
geradas durante o ensaio de simulação de desgaste. A Fig.5 apresenta então as partículas
de desgaste, analisadas através da microscopia eletrônica de varredura. Observa-se que
as partículas de desgaste apresentam uma forma irregular, e basicamente formada por
grânulos. Além disto, são partículas que possuem aproximadamente um tamanho de 10
µm. Cho et al. (2004) identificaram partículas de desgaste (debris) com tamanho abaixo
de 1 µm e com forma granular.

Figura 5. Partículas de desgaste observadas por MEV resultantes do desgaste do


UHMWPE durante o ensaio.

4. CONCLUSÕES

A simulação de desgaste de próteses ortopédicas é uma ferramenta importante para


predizer o comportamento de novos materiais e próteses antes de seu uso clínico.
Porém, a avaliação dos resultados de desgaste obtidos em simuladores pode ser difícil,
pois não há um método exato e preciso de quantificar o desgaste do acetábulo in vivo ou
ex vivo. A perda de massa determinadas neste trabalho após o ensaio se simulação de
desgaste para 2 milhões de ciclos e do par metal-UHMWPE foram de 135,97 mg. A
taxa de desgaste foi de de 67,9 mg/10 6 ciclos, valor próximo ao reportado na literatura.
Após 500 mil ciclos, foi possível observar o desaparecimento das marcas de usinagem
associados ao processo de fabricação dos acetábulos. As imagens obtidas por MEV
mostraram a presença de partículas de desgaste irregulares. A execução do ensaio até o
numero total de 5 milhões de ciclos é necessária para a validação do simulador.
REFERÊNCIAS

ABNT NBR ISO 14242-1. Implantes para cirurgia — Desgaste de próteses totais de articulação do
quadril - Parte 1: Parâmetros de carga e deslocamento para máquinas de ensaios de desgaste e condições
do meio para ensaio
ABNT NBR ISO 14242-2. Implantes para cirurgia - Desgaste de prótese total de articulação de quadril
Parte 2: Métodos de medida.
Belloti, J.C. (2009), ”Cenário atual do uso de próteses ortopédicas – Discussão sobre próteses nacionais
versus importadas”, DiagnTratamento., 14, 9-11.
Blunt, L.; Bills, P.; Jiang, X.; Hardaker, C.; Chakrabarty, G. (2009), ”The role of tribology and metrology
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WEAR SIMULATION OF HIP PROSTHESIS

Rafael M. Trommer1, Marcia M.Maru1, Carlos A. Achete1,2


1
Materials Metrology Division, National Institute of Metrology, Normalization and Technology, Duque
de Caxias (RJ), Brazil
2
Metallurgical and Materials Engineering Program, Federal University of Rio de Janeiro , Rio de Janeiro
(RJ), Brasil
E-mail: rmtrommer@inmetro.gov.br

The total hip arthroplasty (THA) is a surgery often used to replace the damaged joint of a patient, using a
hip prosthesis. One of the most employed prosthesis comprises the use a polymeric cup and an stainless
steel femoral head. One of the causes of failure in THA é the inflammation occurred due to the presence
of wear particles, named debris, and created by the process of wear of the prosthesis material. This can
lead to inflammation and further failure of the implant. This fact justifies how important is to study the in
vitro total hip simulation wear of such prosthesis. In this context, this work evaluated the wear of hip
prosthesis with stainless steel femoral head and ultra high molecular weight polyethylene (UHMWPE)
according to the load and movements recommended in the ABNT NBR ISO 14242-1. An AMTI hip
simulator, the first one installed in Brazil, with six active stations and one control station, was used to
perform the tests. The load control and movements were used. Before the test and after 500 000 cycles,
the samples were cleaned and the cup mass measured. For each sample, the weight loss versus number of
cycles was plotted, allowing the evaluation of the prosthesis wear. With the aid of the microscopy, the
surface of the femoral head and cup after the test was observed, aiming to identify the wear scars and
changes in the material surface.

Keywords: Orthopedics, Wear, Hip prosthesis, Simulation

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