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Se eu fosse...

de António Mota

Nesta etapa do meu diário de bordo eu quero contar-vos, uma pequena história, a
história do “eu”. “Eu quem fui”, “Eu quem sou” e a do “Eu quem será”.
Se eu fosse muito pequenina talvez não pudesse mudar muito ou nada, como em
tempos aconteceu, mas podia voltar a imaginar os afetos que tanto ansiava e ninguém
me dava.
A história do “Eu quem fui” fala de uma menina pequenina, a mais nova de três
filhos que nunca soube bem quem era e o que fazia naquele meio familiar e social.
Combateu no mundo imaginário à procura da felicidade como forma de fuga, criando
uma realidade alternativa, na esperança de encontrar os afetos que não teve.
Procurava a sua identidade nos livros, mas nem isso ela podia fazer de forma
saudável.
Assim que a menina cresceu começou a história do “Eu quem sou”, mostrando
aos seus leitores que já não era um botão, mas sim uma rosa com muitos espinhos
marcados pela infância, mas que continuava a sonhar.
Hoje, adulta, esposa, mãe ela continua à procura não da felicidade pois isso é
muito abstrato na vida dela, mas do “Eu” perdido lá trás. Por esse motivo ela pensa que
quando começar a escrever “Eu quem será” as entrelinhas dirão... alguém não muito
perfeito, ou politicamente correto, mas alguém que nunca parou de procurar até onde
queria chegar.
Movida pelo sonho, quase, quase está lá e quando lá chegar irá dizer que os
espinhos são as escadas que subiu para chegar até à sépala com força para erguer todas
as pétalas.

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