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EPI [EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL] / EPI: a quem compete indicar?

IDÉIAS
EPI : a quem compete indicar?
Cosmo Palasio de Moraes Júnior*
Todo profissional da área de segurança e higiene do trabalho, por oficio, conhece a NR-6, onde é
previsto que a recomendação ao empregador, quanto ao EPI adequado ao risco, é de competência
do
SESMT, da CIPA - nas empresas desobrigadas a terem SESMT, ou em último caso, ao
empregador,
mediante orientação técnica, quando não houver SESMT e nem CIPA.
Ao mesmo tempo, qualquer profissional com um pouco de sensibilidade e conhecimento da nossa
área de atuação sabe que a realidade da determinação de EPIs em nosso país é complexa. Sabe
também que tal assunto merece uma atenção essencialmente técnica, visto que não basta apenas
escolher modelos ou tipos pela mera estética ou valor similar.
A realidade assusta. Dentro das grandes empresas os SESMT desdobram-se na busca de
medidas
de proteção coletivas e quando não as encontram, ou até que seja possível concretizá-las,
recomendam EPIs, no entanto o fazem de forma técnica, com bases em diversos referenciais que
conhecem por formação Por outro lado, nas pequenas empresas, na maioria das vezes a escolha
do
EPI é feita com base em conceitos nem sempre razoáveis. Com o intuito de não pagarem o
adicional
devido pelo risco propiciado e, sempre, visando reduzir custos, optam pelos EPIs mais baratos, ou
pelos que lhe são oferecidos aleatoriamente. Nestes casos, o critério da escolha em nada favorece
a
proteção individual do empregado, que até pode ocorrer por mera coincidência em algumas
circunstâncias.
Escolher um EPI não é uma tarefa tão fácil quanto parece. Muitos profissionais de nossa
área, quando conscientes, mesmo após anos de experiência sentem dificuldades na escolha
correta
do EPI. Entende-se que o ato de comprar o EPI por si é muito simples. No entanto, indicá-lo
tecnicamente exige conhecimentos
inerentes ao técnico.
Tais situações, aliadas a uma série de outros fatores com certeza colaboraram e colaboram em
muito
para a recusa dos EPIs por, parte dos empregados. O EPI mal indicado será sempre mal recebido
e
raramente será usado. Vale lembrar que a
legislação no que diz respeito à recusa do uso do EPI refere-se à recusa injustificada como ato
faltoso.
No entanto, não seria o desconforto, a falta de qualidade, motivos para recusa justificada?
Como se não bastasse tudo isso, sabemos ainda que a guarda, conservação e
substituição dos EPIs também é assunto que carece de atenção especial. Não é raro encontrarmos
em algumas empresas EPIs jogados em meio a produção, protetores auriculares deixados sobre
bancadas sujas e logo depois inseridos no canal auditivo. Tudo isso, soma-se aos fatos já
expostos,
formando um quadro que mostra uma situação por demais conhecida de todos nós: o EPI é
fornecido
para não proteger, mas somente para cumprir a legislação e suspender o pagamento do adicional
devido.
Diante deste quadro, o que propomos? Propomos o que é simples, o que já existe em outras áreas
de
atuação onde, tal como em nossa área, exige-se habilitação e conhecimento para definir uso de
produtos pelo ser humano. Propomos responsabilidade para indicar um equipamento que alguém
vai
usar 8, 10, 12 horas por dia. por toda a sua vida, e que se for ineficiente ou impróprio causará
seqüelas graves.
Entendemos que seja necessário a criação do receituário de EPIs, ou algo que tenha esta
finalidade e
que seja feito de forma estritamente técnica, pois quem recomenda é
responsável por aquilo que indica (tem formação para tanto). Quem assegura hoje, que os EPIs em
uso são os mais indicados e corretos? Quantos leigos que indicam e compram EPI sabem o que é
CA?
Através do receituário o profissional devidamente registrado na DSSMT indicará o EPI, informará
ao
lado da sua indicação o porquê da necessidade do uso e recomendará meios de guarda e
conservação, cabendo também revisar periodicamente a condição dos EPIs em uso e a
necessidade
da continuidade.
É importante que no receituário conste o porquê do uso, visto que em muitos locais há uso
indiscriminado de EPIs, que não só penalizam os operários, como geram custos desnecessários.
Nas empresas que mantém SESMT em funcionamento, seria o SESMT o responsável pela
indicação
do EPI. Nas demais empresas, profissionais do SESMT prestariam
serviços neste sentido assegurando condições iguais de proteção em todos os níveis. Hoje, o
empregado da empresa que tem SESMT tem certamente a possibilidade de estar usando EPI
adequado em detrimento aos empregados de outras empresas.
Nos casos específicos que careçam de avaliações ambientais para a definição do uso de EPIs
(hoje
muito em uso o supositômetro), caso o contratado não seja habilitado para esta finalidade, contaria
com o apoio de profissional qualificado. Tal proposta não oneraria como novidade visto que já é
prevista na legislação. A partir da avaliação, indicando a intensidade do agente e outras
particularidades necessárias, para uma análise correta, ocorreria então a indicação correta e
segura
do EPI.
Complementando o sistema, cópia desta receita seria encaminhada ao órgão fiscalizador, que
poderia
tê-la como ponto de referência em sua fiscalização.
Concluímos aqui a parte inicial de nossa proposta, a qual tem como único objetivo aprimorar e
melhorar as condições de segurança dos trabalhadores de nosso país, antes de tudo, nossos
irmãos.

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