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CAMINHO VERDADE E VIDA

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CONVERSAR

Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a
edificação, para que dê graças aos que a ouvem.

Paulo – Efésios: 4,29.

O gosto de conversar retamente e as palestras edificantes caracterizam as relações de legítimo


amor fraternal.

As almas que se compreendem, nesse ou naquele setor da atividade comum, estimam as


conversações afetuosas e sábias, como escrínios vivos de Deus, que permutam, entre si, os
valores mais preciosos.

A palavra precede todos os movimentos nobres da vida. Tece os ideais do amor, estimula a
parte divina, desdobra a civilização, organiza famílias e povos.

Jesus legou o Evangelho ao mundo, conversando. E quantos atingem mais elevado plano de
manifestação, prezam a palestra amorosa e esclarecedora.

Pela perda do gosto de conversar com alguém, pode o homem avaliar se está caindo ou se o
amigo estaciona em desvios inesperados.

Todavia, além dos que se conservam em posição de superioridade, existem aqueles que
desfiguram o dom sagrado do verbo, compelindo-o às maiores torpezas. São os amantes do
ridículo, da zombaria, dos falsos costumes. A palavra, porém, é dádiva tão santa que, ainda aí,
revela aos ouvintes corretos a qualidade do espírito que a insulta e desfigura, colocando-o,
imediatamente, no baixo lugar que lhe compete nos quadros da vida.

Conversar é possibilidade sublime. Não relaxes, pois, essa concessão do Altíssimo, porque pela
tua conversação serás conhecido.

MINHA REFLEXÃO

Paulo nos informa que devemos ter cuidados ao falar. Que as nossas palavras precisam ser
mais valiosas que o silêncio, quando bem utilizado. Sócrates já nos dizia que precisamos passar
nossos pensamentos pelos crivos, ditos por Humberto de Campos: o da verdade, da utilidade e
da bondade. Somente depois de filtrar nossos pensamentos por esses 3 crivos é que devemos
expô-los através de palavras. Se o pensamento é bom, é útil, é verdadeiro podemos leva-lo a
terceiros, através da palavra. Desta forma teremos a certeza de que levaremos graças ao
outro.

Conversar é uma das possibilidades maiores de elevação humana, pois a partir daí pode-se
acalmar quem está aflito, iluminar quem estás às cegas do conhecimento (Jesus se serviu da
palavra para nos iluminar), acarinha o ser que estima, pedir perdão quando se falta com
alguém. Sim, “conversar é possibilidade sublime”, como diz o Espírito Emmanuel, nos afirma.
Mas também nos afirma que é preciso conversar retamente, ou seja, de forma que edifique,
que agregue.

Uma conversa pode estimular o interlocutor tanto para o bem quanto para o mal. Se quem nos
pede um conselho, a fim de solucionar um grande problema, ouve de nós algo insensato, pode
gerar um problema ainda maior. Quantas pessoas chegam à casa espírita querendo apenas
conversar, ser ouvido e se fazer ouvir? É nesta hora que precisamos levar as palavras mais
edificadoras, de esperança, de amor, que pudermos. A palavra, se bendita, transforma a
atitude do ouvinte, pode mudar o rumo de uma estória, pode evitar catástrofes, crimes,
suicídios e muitas outras coisas. Sobretudo, as palavras precisam ser verdadeiras, ditas com o
que o coração está cheio, mas cheio de amor.

Paulo nos ensina que devemos ter vigilância quanto ao que falamos ao semelhante, pois nem
tudo que dizemos será útil aos que nos ouvem. Uma palavra depois de dita, não se tem como
ter o seu retorno, é como uma flexa lançada pelo arco.

O Cristo, usando da palavra nos asseverou, quando lhe questionaram sobre lavar as mãos
antes da refeição:

– Não é o que entra na boca que macula o homem; o que sai da boca do homem é que o
macula. – O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; –
porquanto do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as
fornicações, os latrocínios, os falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. – Essas
são as coisas que tornam impuro o homem; o comer sem haver lavado as mãos não é o que o
torna impuro (MATEUS, 15: 10; 18-20).

Essa passagem evangélica é muito utilizada de forma blasfêmica por aqueles que querem
justificar, como de brincadeira, um vício relacionado à ingestão de ingredientes nocivos à
saúde. No entanto, Jesus quis nos ensinar que devíamos ter cuidados com os pensamentos
que nos fazem muito mal ao nos levar a fazer o mal ao nosso semelhante. De outro modo quis
dizer que atender religiosamente apenas às práticas exteriores, esquecendo-se de iluminar o
Espírito, de nada adianta a religião, como diz Allan Kardec:

Nula é a crença na eficácia dos sinais exteriores, se não obsta a que se cometam assassínios,
adultérios, espoliações, que se levantem calúnias, que se causem danos ao próximo, seja no
que for. Semelhantes religiões fazem supersticiosos, hipócritas, fanáticos; não, porém, homens
de bem. Esta passagem está no O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 8, item10.

Podemos imaginar como foram edificantes as conversas com Jesus, com Alan Kardec, com
Eurípedes Barsanulfo, com Chico, com aqueles privilegiados amigos e seguidores
contemporâneos que tiveram essa oportunidade. Com certeza, quem teve essa oportunidade
com esses e com muitos outros elevados espíritos, mudaram o rumo da história de quem os
escutou.

Que aprendamos a fazer uso da palavra conforme Paulo, inspirado em Jesus Cristo. Se não
temos nada que edifique, que silenciemos...

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