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Construção de tanques e açudes

para piscicultura

João L. Campos, Eng. Agrônomo


joaocampos@acquaimagem.com.br

Acqua & Imagem Serviços


www.acquaimagem.com.br

Iniciando uma piscicultura

 Planejamento do empreendimento
 Produto / mercado / valor
 Viabilidade técnica e econômica
 Concepção, design, construção e
operacionalidade e longevidade

 Custo de operação/manutenção
A escolha do local

 Topografia - declividade até 2


2--3%
 Tipo de solo – baixa permeabilidade, teor de
argila, ausência de cascalho ou rocha
 Qualidade e quantidade de água –
abastecimento por gravidade, perdas por
evaporação e infiltração
 Compatibilidade de clima – espécie
 Restrições ambientais – legais, éticas

A escolha do local

 Infra-estrutura básica – eletricidade, vias de


Infra-
acesso
 Disponibilidade de recursos humanos,
insumos e serviços (construção)
 Mercado consumidor – distância, acesso e
perfil
 Crédito e incentivos fiscais
Princípios básicos de construção de
instalações em piscicultura

Princípios de construção de viveiros e


represas
• Características desejadas em um viveiro/represa:
– Baixa taxa de infiltração
• Teor de argila superior a 50%
• Redução da infiltração:
– Compactação
– Dispersão/gradeamento
– Uso de material vegetal/adubação
– Uso de argilas (bentonita)
– Fundo regular, livre de obstáculos como pedras
• Remoção de todo material não terroso
• Nivelamento do fundo
• Trabalho com operadores experientes
– Fundo firme, sem excesso de lodo
• Tipo de solo/subsolo no local
• Construção de taipas suavemente inclinadas (3:1)
– Drenagem completa e independente
• Nivelamento do fundo
• Tubo de drenagem deve ficar pelo menos 0,1 m abaixo da parte mais funda.
• Idealmente a drenagem total não deve ser atrapalhada por outro viveiro ou nível de
água elevado
• Sem vazamentos de água ao longo do tubo de drenagem
• Declividade do fundo deve ser de no mínimo 0,1% para se obter a drenagem total 6 e
no máximo 2% para evitar erosão
Princípios de construção de
viveiros e represas
• Características desejadas em um viveiro/represa:
– Taludes com inclinação suave e gramados
• Importante pois influenciam a durabilidade dos taludes – susceptibilidade à
erosão
• Deve-se trabalhar com uma inclinação na face interna (água) de pelo menos
2,5:1 (ideal = 3:1) e ao menos 2:1 na face externa
• Grama deve proporcionar cobertura, sem invadir o tanque e apresentar
crescimento moderado. (Ex. grama batatais/ Mato Grosso)
– Profundidades:
• Mínima de 1,0 m na parte rasa para evitar crescimento de algas
• Máxima de 3,0 m na parte funda para evitar zonas de estratificação
– Acesso com veículos ao redor dos tanques sob qualquer clima
• Taludes devem ser cascalhados
• Largura mínima das taipas para acesso de veículos deve ser 4,0 m. Para
acesso com veículos pesados, 5,0 m.
• Cantos devem ser arredondados para facilitar curvas
• Taipas devem ser bem compactadas para evitar que cedam
– Abastecimento de água por gravidade
– Controle de abastecimento e fornecimento independente de água
• Facilidade de encher o tanque conforme a necessidade
• Capacidade de receber de água limpa, sem ter passado por outras
unidades de cultivo 7

Solos para construção de viveiros

Horizonte superficial (A),


com mais material
orgânico no solo.

Horizontes intermediários
(B1 e B2) que, nos solos
aptos para a construção
de viveiros, apresentam
elevados teores de argila

Horizonte profundo (C), onde


geralmente há presença de
cascalho e material rochoso.
Quando próximo ao fundo
dos viveiros pode atuar
como dreno
Solos para construção de viveiros

Avaliação da infiltração

Velocidade de Infiltração Básica (VIB)

 Método da trincheira
Colocar água até estabilizar a infiltração e
determinar a VIB (mm/h)

 Método dos anéis concêntricos


Encher o espaço entre os anéis
Colocar água no anel interno até estabilizar e
determinar a VIB (mm/h)
Taludes

Taludes largos e cascalhados Proteção contra erosão


abastecimento

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Princípios de construção de
viveiros e represas

• Principais causas do rompimento de taludes:


– Água passando por cima do talude (erosão) devido
ao mau dimensionamento do ladrão ou borda livre
– Percolação sob a taipa (não retirada de material
original e má compactação)
– Rachaduras (má compactação)
– Percolação ao longo do cano de drenagem e raízes
– Erosão da taipa (ausência de proteção – grama)

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Princípios de construção de
viveiros e represas

• Definição do número de tanques e seu tamanho:


– Topografia
• Quanto mais íngreme o terreno, menores os tanques
– Densidade de cultivo
• Quanto mais intensivo, menor deverá ser a unidade produtiva.
– Mercado
• O tamanho da unidade produtiva deverá ser compatível com a
expectativa de mercado. Ex: Trabalhar com a idéia que os peixes de
um viveiro em sua capacidade suporte devem ser vendidos em um
período máximo de algumas semanas.
– Regra geral – Construir o maior possível
• Acima de 8 ha – dificuldade no controle da qualidade de água
• Tanques grandes – elevada ação de ondas

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BPP na elaboração de projetos e


construção de estruturas de criação
• Impactos associados:
– Contaminação do corpo d’água receptor (sólidos em suspensão,
nutrientes;)
– Riscos físicos do rompimento dos taludes;
– Escape de animais cultivados;

• BPP:
– Projetos devem ser elaborados por técnicos qualificados;
– Obtenha a aprovação do projeto perante os órgãos governamentais
antes de iniciar a construção;
– Viveiros e represas devem possuir uma borda livre de pelo menos 30
cm;
– Represas devem ter a bacia de contribuição dimensionada e vertedouro
adequado aos volumes de grandes chuvas, projetados por técnicos
capacitados;
– Represas não devem ser previstas em locais onde seu rompimento
possa trazer riscos à população;
– Prever estruturas para tratamento mínimo dos efluentes como por
exemplo bacias de sedimentação; 14
BPP na elaboração de projetos e
construção de estruturas de criação
• BPP:
– Prever estruturas para evitar o escape de peixes cultivados;
– Taludes não devem ter inclinação maior que 3:1 (horiz:vert)
– Controlar a erosão durante a construção da piscicultura mantendo uma
área mínima sem vegetação e evitando que enxurradas passem pela
área sendo trabalhada;
– Construir represas/viveiros que possam ser despescados sem serem
drenados;
– No caso de represas/viveiros com profundidade superior a 3,0 m a
construção deve ser supervisionada por profissional qualificado;
– Todos os taludes deverão ser gramados imediatamente após a
construção e estradas deverão ser cascalhadas;

– Tanques-rede e gaiolas devem ser construídos de materiais resistentes


e atóxicos, de forma a evitar o rompimento dos mesmos ou a liberação
de resíduos indesejáveis na água;
– Na instalação dos tanques-rede, devem ser observados o
posicionamento e a distância entre os mesmos, com vistas ao máximo
aproveitamento do fluxo natural da água e a manutenção das demais
atividades usuárias do corpo hídrico.
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O lay-
lay-out dos viveiros

Objetivos
 Aproveitar a área e reduzir os custos de terraplanagem
 Reduzir os custos de operação
 Dimensionar e alocar corretamente as estruturas
hidráulicas e as redes elétricas
 Facilitar a operação, pela padronização dos viveiros
 Adequar a inclinação dos taludes e a larguras dos
diques, para aumentar a durabilidade (erosão e
tráfego)
O lay-
lay-out dos viveiros

Critérios
• Tamanho e formato da área disponível
• Topografia da área, tipo de solo e restrições à
construção na área escolhida
• Aproveitamento da infra-
infra-estrutura já existente na
propriedade (canais, barragens, drenos, depósitos,
estradas, linhas de energia)
• Sistema de cultivo e o grau de mecanização das
operações de rotina (alimentação, colheitas e
transferências de peixes)
• Características dos peixes que serão cultivados:
facilidade de captura, tolerância ao frio, número de
fases de cultivo, entre outras.

O lay-
lay-out dos viveiros

• O clima local influenciando na oscilação da


temperatura da água
• Restrições quanto à disponibilidade de água
podem demandar estruturas para acumular a água
de drenagem para o posterior reaproveitamento
• O plano de produção e as metas de
comercialização do projeto, são importantes na
definição do tamanho e do número de viveiros
• A disponibilidade de recursos para a implantação
• As restrições ambientais podem exigir o controle
ou o tratamento dos efluentes
• A presença de predadores
As dimensões dos viveiros

• Quanto mais quadrado, menor a volume de


terra necessário para a construção dos diques
• Viveiros quadrados são de difícil despesca
• A construção de diversos viveiros pequenos é
mais cara e requer mais área
• Padronizar as dimensões dos viveiros (largura)
é conveniente pois permite usar as mesmas
redes, os mesmos equipamentos de aeração

As dimensões dos viveiros

• Viveiros muito largos demandam redes longas


e mais pesadas, dificultando as operações de
coleta
• Inclinação dos taludes internos de 1:2,5 a 1:3,5
para aumentar a longevidade
• Inclinação dos taludes externos a partir de
1:1,5
• Taludes muito largos aumentam a necessidade
de área e muito estreitos requerem maior
manutenção
As dimensões dos viveiros

• A largura do topo do talude varia de 3,0m a


8,0m dependendo do tipo de tráfego e
equipamento de construção usado
• Ocupar 75
75%% da área total com lâmina d’água
• Profundidade livre entre 1,2 e 1,5m para
prevenir crescimento de plantas aquáticas e
reduzir estratificação
• Borda livre entre 0,3 e 0,5m para garantir o bom
tráfego de veículos sobre os diques e não
encarecer demais a construção

Inclinação do talude
BL Área mais rasa que 0,80m

1:1

BL Área mais rasa que 0,80m

1:2

BL Área mais rasa que 0,80m

1:3
Declividade taipas

Muito inclinada Inclinação 3:1


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Inclinação do talude
O preparo para construção

• Levantamento planialtimétrico – curvas de 0,2m


• Definir o lay
lay--out e dimensões dos viveiros de acordo
com o terreno
• Calcular corte/aterro e movimentação de terra para
minimizar o custo de terraplanagem
• Definir as cotas do fundo, do topo do dique, do
abastecimento e drenagem dos viveiros, das vias de
acesso
• Elaborar o projeto com todos os detalhes da
construção (hidráulica, elétrica e estruturas
auxiliares)

Levantamento topográfico
A construção dos viveiros

• Limpar a área (vegetação, m.o.)


• Marcar no terreno com as cotas de corte e aterro
aterro::
• Vértices dos viveiros, as estradas
• A crista dos diques
• As linhas de abastecimento e drenagem
• Terraplanagem (escavação, transporte, deposição,
compactação, modelagem e acabamento)
• Implantar as estruturas hidráulicas e rede elétrica
• Vegetação de proteção dos taludes
As etapas da construção

• Escavação – corte máximo de 7cm por camada,


manter boa drenagem da camada de corte
• Transporte, deposição e compactação – camadas de
no máximo 2020cm
cm para permitir boa compactação por
pneus ou rolo
rolo.. Observar a umidade do solo
• Modelagem e acabamento – dar forma desejada,
uniformizar a superfície do fundo e dos taludes
taludes..
Cobertura do topo dos diques com cascalho (tráfego)
e dos taludes com grama
• Instalação das estruturas hidráulicas –
abastecimento e drenagem dos viveiros
viveiros.. Colocar na
medida do possível durante a terraplanagem

Equipamentos usados na construção

• “Scrappers” ou raspadores – realizam corte,


transporte, deposição, compactação e
acabamento
• Trator de esteira – realizam corte e transporte
a pequena distância (espalham), não
compactam
• Retroescavadeira – abertura de valas e canais,
retiram pedras e carregam pequenos volumes
de solo
Equipamentos usados na construção

• Pá carregadeira, escavadeira – realizam


carregamento da terra escavada em
caminhões basculantes
• Pé de carneiro ou rolo compactador –
realizam compactação das camadas de solo
depositadas
• Motoniveladora – usadas para espalha a terra
e realizar o acabamento dos taludes
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Nivelamento e uniformização do
fundo do viveiro/represa
• Em represas é bom, mas não absolutamente necessário, remover
tocos da parte rasa uma vez que nestas áreas normalmente não se
passa a rede.
• É fundamental dispor de pelo menos uma área sistematizada e livre
de obstáculos para permitir a despesca dos peixes, o que
normalmente é feito nas áreas laterais da represa.

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Nivelamento e uniformização do fundo
do viveiro/represa

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Estruturas hidráulicas

• Abastecimento – gravidade, bombeado, misto


• Filtros mecânicos – tela fixa ou rotativa, pedras
• Drenagem – gravidade, misto
• Controle de saída - monge, cachimbo, caixa de
manejo/despesca
Sistema drenagem

Colar anti-percolação

Saída com registro 37

Estruturas hidráulicas - controle

Alça da comporta Parede interna do monge

Nível da água Colares


no viveiro anti-infiltração

Comporta com
guias laterais

Tela na entrada
do monge
Base do monge Tubo de drenagem
Estruturas hidráulicas - controle

Alça da
comporta
Parede interna Nível da água no viveiro
do monge
Comporta
com
guias
laterais

Valeta de
drenagem Tubo de
drenagem

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