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Pra eu falar sobre Empoderamento Financeiro e Político do negro, é incondicional que diga que,
como negro, luto por uma representação autêntica que me inclua na sociedade com o mesmo
resultado das lutas da mulher branca e negra que vive em comunidades carentes, dos homossexuais,
dos deficientes, que torna esta reflexão de cunho identitário.
Neste momento, no Brasil, assistimos a manifestação do preconceito de vários alcances, como étnico,
social, sexual, ideológico e de crença, num claro abandono a tantas conquistas que não podem ser
olvidadas e impõem permanecer.
A África do Sul permanece como modelo para o que estamos a dizer e, apesar do impacto do governo
de Nelson Mandela na inclusão do negro como forte ente social e de influência política, no Brasil,
ainda não conseguimos o mesmo resultado.
Entretanto, cabe examinar o que acontece nos Estados Unidos, país que a população negra representa
somente 13% dos habitantes, pois vê-se a conquista de interesses que dizem respeito ao
empoderamento ora analisado, tanto no aspecto financeiro, quanto no político, que em 2013
empossou o primeiro presidente negro, Barack Obama., pelo enfrentamento a tudo que impele contra
a inclusão.
Há uma clara presença do negro que se impões, na estética, assumidamente cultural e étnico, como
cabelo, aparência, orgulho e fixação da personalidade reconhecidas pela mídia televisiva, pela
publicidade e pelo comércio e mercado de trabalho.
Apelar para reafirmar que aquele passado da ama de leite, servindo à Senzala, até para alimentar os
filhos do senhorio da Casa Grande, e das negras que se expunham a sol e chuva carregando seus
tabuleiros de doces e salgados para o ganha-pão da família, ou lavando e passando roupas na
resistência história de evolução social desde a Lei Áurea em 1888 é despiciendo demais quando temos
uma realidade de clara presença do negro na moda, nas artes, nas telas e em grande matiz de
interesse de mercado financeiro.
Partindo deste ponto, ainda que no campo político o negro não é uma presença constante, a trajetória
é olhar o futuro e colecionar as experiências de sucesso nesta inclusão social para aperfeiçoar o
sentido de conquista financeira no mesmo volume também o poder político.
Significa dizer. O negro e afrodescendente tem de vir ocupar os cargos e funções em grandes
organizações e ser dono do seu negócio e empreendimento, alcançar postos de destaques como
diretor-presidente, gerente geral, Diretor de hospital, Construtor ou Gerente de Construtoras,
Empreendedor, Médicos, Juízes, Desembargadores, etc.
Significa interpretar. As Cotas de inclusão do negro nas universidades públicas e no mercado, para
ocupação dos espaços aproveitando as oportunidades e principalmente por significar uma
manifestação de justiça, ainda que tardia, para recomendar aquele que serviu no regime escravocrata
mais longo e mais duro no período de construção do país.
Significa discernir. Urge que o negro tome consciência da necessidade de mover políticas públicas
para continuar conquistando ainda que buscando uma prática de justiça de compensação histórica.
O caminho para estes significados é o de participação política mais ampliada e com a presença do
negro no legislativo e no executivo dos 3 níveis de administração por mandato: municipal, estaduala e
federal.
O cenário que se verifica ao examinar a página de estatística do portal do Tribunal Superior Eleitoral -
TSE das eleições de 2018, de que, no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas Estaduais e na
Câmara Legislativa do Distrito Federal apresentam-se somente 27,8% de candidatos miscigenados
para a cor parda e somente só 4,28% de negros.
Projeto de lei, como o da Lei Complementar 102/21 que determinou aos Partidos Políticos agraciar
com divisão por igual do recurso financeiro do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, e que
regulariza em tempos de exposição em pé de igualdade na propaganda eleitoral no rádio e na
televisão ainda precisa de outras propostas para que chamem a atenção do negro para a participação
política.
As eleições majoritárias que se avizinham terá de ser a oportunidade de divulgar mais que um convite,
e sim, a convocação para negros e negras, também homens e mulheres de todas as marcas raciais,
para permanecerem numa sociedade livre e que tem aprimorada a ruptura de preconceitos, para a
manutenção de seus lares, na produção de bens e serviços e que lutará para manter a aperfeiçoar esta
nação justa e solidária que frequentemente reconhecemos.
Decio Couto Clemente. Presidente do IBPN – Instituto Brasileiro do Pensamento Negro - sede Santos