Sinceramente acho que sim Fui envelhecido pelas muitas vidas que vivi Já fui viajante, religioso, Revolucionário, músico, Louco... e até trabalhador.
Hoje sou poeta, faço versos
Uso as palavras Sou possuído por elas Tomam-me de assalto E quando percebo, escrevo Saem de mim correndo Para encontrarem seu papel São como as espumas Que o mar não consegue esconder, Brotam, esbravejam, quebram
Tenho um caso de amor com as palavras
Um romance secreto, adultério São minhas amantes caladas E me cobram encontros noturnos Na calada da noite, na praia... E eu vou, contestando a moral Ao encontro fugaz dessas doidas Que me enchem a mente arredia Fazendo de mim refém Se não escrevo, maltratam-me Pois não saem da cabeça
Tenho que escreve-las, me ordenam
Dominam-me, como na cama Domina a mulher sorrateira Enlouquecem-me até que de gozo Chego a explodir muitas delas Prazer, choro, alívio Elas já não me aprisionam Agora me deixam livre... Livre ???