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“Pois eu fui estrangeiro, e vocês me acolheram; (...

)
Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos?
O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores
irmãos, a mim o fizeram’.” (Mateus 25.35-40)

O Brasil assistiu, consternado e violentado, às cenas da barbárie cometidas contra nosso irmão
Congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, assassinado de forma cruel e absurda no último dia 24
do mês de janeiro, no Rio de Janeiro, mais precisamente na Barra da Tijuca.

Nós, da Aliança de Batistas do Brasil, queremos publicamente demonstrar nossa indignação e


repúdio ao ódio institucionalizado em nosso país, principalmente voltado ao povo pobre e
preto. A violência racista, que vergonhosamente faz parte de nossa história e está visivelmente
entranhada no racismo estrutural que solapa nosso chão encharcado de sangue negro, parece
alcançar patamares ainda maiores e legitimados pelo descaso e, às vezes, estímulo do atual
mandatário de nossa nação.

Como seguidores do Cristo, o pobre não-branco de Nazaré, refugiado político em seu


nascimento e violentamente torturado e executado pelos poderosos de seu tempo numa
aliança terrível com os chefes religiosos, não podemos nos calar diante de tal violência a um
jovem negro, também refugiado político, trabalhador que, na busca pelo justo pagamento do
trabalho realizado, foi cruelmente espancado até à morte, causando em nós dor, tristeza e
revolta.

Desta forma, como cidadãs e cidadãos brasileiros, reiteramos nosso clamor por uma rigorosa
apuração dos fatos com a devida aplicação da lei a todos os envolvidos, sem medo de ameaças
ou quaisquer interferências de grupos milicianos que dominam a região. “Deixai correr livre o
direito como um rio caudaloso, e a justiça como um ribeiro eterno!” (Amós 5.24)

Nos solidarizamos com a dor da família e dos amigos de Moïse e estendemos a destra da
comunhão e do afeto a todos os enlutados, sofrendo com vocês a dor de mais um irmão negro
que sucumbe diante da violência estrutural de nosso país, que em nada se apresenta aos
pobres, pretas e pretos, como “mãe gentil” dos filhos deste solo e de todos que nele
encontram morada e acolhida.

"Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os
desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos
necessitados". (Provérbios 31:8,9)

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