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Abram as Igrejas, por favor!

Mais uma vez a abertura das igrejas para realização de cultos toma conta do noticiário.
Declaradas como “serviços essenciais” em São Paulo, o lobby das empresas da fé deu certo.
Terão o seu negócio aberto e a arrecadação poderá correr solta. Só isso explica a sanha dos
líderes religiosos que ainda insistem na abertura dos templos no momento em que
enfrentamos o pior estágio da pandemia desde que chegou no Brasil.

Mas eu sou a favor da abertura das igrejas. Aliás, isso deveria ser lei. Que em casos de
calamidade, as igrejas deveriam estar abertas para acolher e cuidar dos doentes. Isto sim
transformaria as igrejas em “serviços essenciais”. Assim, a isenção fiscal de seus templos seria
compensada pela função social dos prédios, muitas vezes fechados de segunda à sábado e
abertos somente para o “grande momento da arrecadação”, que disfarçam como momentos
de “adoração e louvor”.

Qualquer cristão pouco informado sabe que não há a necessidade de ir ao templo para manter
a comunhão com Deus, Jesus deixou isso claro ao dizer que “onde dois ou três estivessem
reunidos em seu nome, ali Ele estaria”. Isso quer dizer que uma casa, ou até mesmo uma
reunião online “em nome dEle”, bastaria. Isso para quem acredita no que Jesus disse. Mas
parece que acreditar em Jesus tem passado longe de muitas igrejas, vide as que fazem
arminhas com as mãos e defendem Bolsonaro. É impossível seguir Jesus e defender Bolsonaro.
Impossível!

Mas, voltando às igrejas abertas, eu gostaria que nesse momento, as igrejas estivessem todas
abertas. E que não houvesse pessoas em situação de rua. É um momento crítico. Quem dera as
igrejas estivessem abertas como locais de refúgio e cuidado dessa gente. Onde pudessem ter
sua higiene pessoal feita, um canto seguro para dormir, recebessem máscaras e álcool em gel
para seu cuidado contra o covid. Não seria essa a “vontade de Deus”? Que os “espaços de
adoração” se transformassem em locais de cuidado? Não seria essa a verdadeira adoração a
Deus, cuidando dos seus filhos empobrecidos e descuidados?

Pois fica aqui a minha súplica. Que as igrejas abram suas portas. Não para os momentos
catárticos de cânticos sem sentido e “coreografias de aflitos” como cantaria o Sérgio Pimenta,
mas para a realização do desejo do Mestre e cumprimento da palavra bíblica de que “a
verdadeira religião é cuidar dos órfãos e das viúvas e não se deixar corromper pelo sistema”
(Tiago 1.27). Garanto que isso seria muito mais cristão que os ajuntamentos egoístas e
contagiosos.

Mais Igrejas abertas (para os pobres)! Menos cultos vazios (de significado)!
Amém!

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