Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br/artigos/temas-biblicos/a-deficiencia-na-otica-biblica/
24-08-17Fale conosco
Artigos
Assim é que em Ex 4,11, respondendo a Moisés, que alega falta de destreza para falar,
se diz que Deus é quem dá boca ao mudo e visão ao cego. No Salmo 146(145),8 o
SENHOR devolve a vista aos cegos e levanta quem caiu. Entre as maldições de Dt 28
encontra-se esta, nos vv. 28 e 29: O SENHOR te ferirá de cegueira, loucura e delírio.
Em pleno meio-dia andarás tateando como cego na escuridão. Não terás êxito em
nenhum de teus projetos, ao contrário, serás sempre oprimido e espoliado, sem que
ninguém te socorra. É evidente que se trata de uma imagem, para falar de situações bem
piores do que a simples deficiência física (cf. Lm 4,14). Por outro lado, fica também
claro o que significa, por exemplo, a cegueira simbólica e quais as suas consequências.
Quem não enxerga e é conduzido por outros será sempre explorado e nada conseguirá.
Os profetas, quando anunciam a esperança de retorno do exílio da Babilônia, falam de
deficientes que podem ser reais ou/e simbólicos. Seriam deficientes reais quando os
textos parecem aludir aos que tiveram os olhos vazados ao ser levados para o exílio e
aos mutilados de guerra. Por outro lado, a presença deles entre os que retornam é
símbolo de enorme alegria e cura de todos os deficientes físicos, psicológicos ou
sociais. Assim é que lemos em Jr 31,8: Pois vou trazê-los do país do norte, dos
extremos da terra hei de reuni-los. Entre eles cego e aleijado, mulher grávida e
parturiente. Em grande multidão voltam para cá. E em Isaías 29,18: Os surdos nesse
dia vão ouvir a leitura das palavras deste livro e, sem névoa ou escuridão, os cegos hão
de ver.
A evidência do sentido simbólico aparece em Is 43,8: Manda vir este povo que é cego,
embora tenha olhos perfeitos, manda vir este povo que é surdo, embora tenha ouvidos.
E, vendo a gravidade maior ainda das deficiências simbólicas, mesmo quando ligadas a
deficiências físicas ou sendo consequências delas, lemos em Is 42,18-22: Escutai, ó
surdos, cegos, olhai bem para ver! Quem é cego, senão o meu servo, quem é surdo,
senão o mensageiro que estou mandando? Muita coisa viste, mas nada guardas, abriste
os ouvidos e nada ouviste. Por amor de sua justiça, o SENHOR queria engrandecer e
glorificara sua Lei. Seu povo, porém, é um povo espoliado e roubado, todos presos nas
masmorras, todos internados nos presídios. É entregue ao saque e ninguém para livrá-
lo! Em Is 56,10-11 os governantes são comparados a cachorros cegos e mudos:
Nossos guardas estão cegos, nenhum deles percebe. São todos cachorros mudos, nem
sabem latir. Estão sonhando deitados, seu prazer é dormir. Cachorros gulosos, nada os
deixa satisfeitos. Tais são os pastores, incapazes de entender. Todos, a começar dos
últimos, só pensam na carreira, cada qual em busca do próprio interesse.
A esperança da restauração após o exílio, comparada a uma cura de toda a deficiência,
explode em poesia especialmente em Isaías. O servo do SENHOR tem como missão não
só unir o povo de Israel, mas ser luz para todas as nações e abrir os olhos aos cegos (cf.
Is 42,6-7). A beleza toda do sonho aparece no capítulo 35 de Isaías: Fortalecei esses
braços cansados, firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos aflitos, “Coragem! Nada de
medo! Aí está o vosso Deus, é a vingança que chega, é o pagamento de Deus, ele vem
para vos salvar!” Então os olhos dos cegos vão se abrir e abrem-se também os ouvidos
dos surdos. Então os aleijados vão pular como cabritos e a língua dos mudos entoará
um cântico.
3. NO SEGUNDO TESTAMENTO
Os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos estão recheados de episódios de cura de
deficientes físicos. Com a cura de outras doenças ou enfermidades, também a dos
deficientes significa a compaixão de Jesus e de seus discípulos pelo povo sofredor (cf.
Mt 9,16) e a chegada de um mundo novo, o reinado de Deus (cf. Mt 10,7-8; Lc 9,2; Lc
10,9).
3.1. O tetraplégico e o pecado
Os Evangelhos segundo Marcos e segundo João falam da cura de um paralítico, e as
duas cenas têm em comum a relação estabelecida entre doença e pecado.
O paralítico de Marcos (2,1-12) vem carregado por quatro. Simboliza o gentio que vem
dos quatro cantos do mundo, dos quatro ventos ou pontos cardeais. O gentio era
considerado pecador só pelo fato de não ser judeu.
Jesus está em casa, formando a sua comunidade no meio dos judeus; os estribas ainda
estão ali sentados, isto é, ensinando, ditando as leis. Não permitem que o gentio se
aproxime de Jesus, que chegue ao menos à porta. É preciso, rompendo todas as
conveniências, abrir um buraco no teto e descer o homem até onde está Jesus.
Mas era sábado e vem o conflito. Carregar objetos no sábado é obra proibida pela Lei,
ainda mais quando aquela maca pode simbolizar a própria Lei… Quem tem o domínio
da Lei, a não ser os dirigentes que tudo sabem?
3.2.1. Os cegos de Marcos
Antes da profissão de fé de Pedro, a qual marca, no Evangelho segundo Marcos, o fim
da missão na Galileia e o início da subida para Jerusalém, temos o episódio do cego de
Betsaida (8,22- 26).
Levam o cego, então dependente, até Jesus e pedem-lhe que toque nele. O cego não
parece capaz nem de pedir. Bastará o toque de Jesus? Não é tão simples. Primeiro Jesus
o leva para fora da cidade. A cidade tal como se encontra estruturada, impede que a
pessoa enxergue. É preciso primeiro afastar-se dela.
A cura não se dá instantaneamente, passa por etapas. A saliva e a imposição das mãos, a
palavra, a ação… começam a produzir efeitos, o cego começa a ver alguma coisa, mas
ainda confunde gente com coisas, pessoas com árvores. Nova imposição das mãos, mais
ação diante dos olhos, e o cego passa a ver perfeitamente, até de longe.
Jesus o manda para casa, proibindo-o de entrar na cidade. A maioria das traduções, para
evitar a incoerência narrativa (como irá para casa sem entrar na aldeia?), dizem apenas
que Jesus o despediu, em vez de mandá-lo para casa, como está no original. A
incoerência continua. Por que o cego curado não pode entrar na aldeia onde morava? No
grego está literalmente: Mandou-o para a sua casa, dizendo: “Não entres de maneira
nenhuma na aldeia!”.
Se ele retornar à cidade — aos critérios, mentalidade e estrutura da sociedade —,
voltará a ficar cego, tornará a confundir gente com árvores e não enxergará mais. Por
isso não deve entrar na aldeia. Por outro lado, a sua casa é a comunidade cristã. Para lá
ele deve ir. Ali será ajudado a continuar enxergando e a enxergar cada vez mais longe.
Em 10,46 chegam a Jericó, a última cidade antes de Jerusalém. Vem, então, o episódio
do cego Bartimeu (10,46-52).
A multidão e os discípulos estão andando com Jesus, enquanto o cego está sentado à
beira do caminho. O cego chama Jesus de Filho de Davi, todos mandam que se cale,
mas ele continua: Filho de Davi, tem pena de mim! Na época em que o Evangelho foi
escrito, os revoltosos que disputavam o poder em Jerusalém davam-se o título de Filhos
de Davi, atribuindo-se o messianismo nacionalista, a esperança de um rei, Filho de
Davi, que libertasse a nação do poder romano.
Mesmo assim, Jesus o chama. “Coragem! Levanta-te! Ele te chama!” O cego jogou o
manto fora, deu um pulo e aproximou-se de Jesus. Curioso é o cego jogar fora seu
manto, dar um pulo e ir até Jesus sem ajuda de ninguém. É indício de que o simbolismo
fala mais alto do que a coerência narrativa. O manto significa a própria pessoa, sua vida.
Abandonar o manto significa o que Jesus tinha dito a quem quisesse segui-lo
(8,34): Renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!
Pedro havia censurado Jesus quando falava da paixão em Mc 8,32. Em 9,32 os
discípulos não entenderam, mas ficaram com medo de perguntar, e, mais adiante, em
10,35ss, os Doze interrompem a fala de Jesus sobre a cruz, para discutir a partilha do
poder. Agora o cego que estava sentado à beira do caminho joga para trás o seu manto,
a sua vida, e de um pulo vai até Jesus. Está curado: Tua fé te salvou! E ele foi seguindo
Jesus pelo caminho!
3.2.2. O cego de João
Os dirigentes da religião judaica, como mostra o final do capítulo 8, querem matar
Jesus. Ele se esconde e se afasta deles, sai do Templo. Ao passar, já no capítulo 9, Jesus
vê um cego de nascença. Jesus toma a iniciativa, vê e se interessa. O cego é de
nascença. Não pergunte como se pode reconhecer que um cego seja de nascença ou não.
Ele nasceu na instituição religiosa comandada pelos que, sabiam, nasceu cego, para
continuar cego, mendigo, dependente, comendo pela mão dos outros a vida inteira.
De quem é o pecado não é importante aqui — o caso dele vai mostrar qual o projeto de
Deus. Com a saliva e a terra do chão, com a palavra e a realidade da vida, Jesus faz
barro — vai refazer o ser humano. O cego, mendigo, que ficava sentado, totalmente
dependente, vai se tornar mais gente, senhor de si. Com o barro Jesus unge os olhos do
cego. Lembra a unção batismal e manda que ele vá se lavar nas águas do Enviado.
Desde o início do cristianismo o batismo é chamado de iluminação, de abrir os olhos. O
cego vai, lava-se e volta enxergando. É essa a obra de Deus: que o ser humano seja
iluminado, enxergue por si, seja plenamente humano. O texto grego desse capítulo
repete à saciedade o termo ánthropos.
Começa o conflito. Os guias não querem perder o seu cego. Os outros cegos não querem
perder o companheiro, os vizinhos e conhecidos levam o ex-cego aos dirigentes, era
sábado quando Jesus amassou o barro — e amassar barro era uma das obras proibidas
no sábado. Os guias vão saber se não há alguma coisa errada aí. Ele cometeu um pecado
— é evidente, infringiu claramente a Lei! —, mas fez algo que sem Deus não se pode
fazer. Os próprios guias já divergem entre si. Para o ex-cego não há dúvida, Jesus é
alguém que fala em nome de Deus, é um profeta.
Quem sabe esteja ocorrendo um engano — ele nunca tenha sido cego e Jesus não tenha
feito mais que o pecado de amassar barro no sábado? Os pais do cego que abriu os olhos
testemunham, mas não se comprometem, pois têm medo dos donos da verdade.
O raciocínio dos letrados não pode falhar, mas os fatos afirmam o contrário: o
“pecador” fez algo que só alguém vindo de Deus poderia fazer. É evidente que os donos
da verdade não podem aceitar a lição dos fatos, principalmente se é um cego de
nascença que tenta mostrar o que os fatos ensinam.
Jesus veio — e esta é a obra de Deus — fazer que os guias, os donos da verdade,
apareçam como cegos e que os destinados a permanecer sempre cegos comecem a ver e
dispensem os guias. Se há algum pecado, este é dos guias que não se aceitam como
cegos, que não querem ver nem aprender da realidade.
O projeto de Deus é este: iluminar, abrir os olhos, acabar com a submissão cega da
multidão a uma pequena elite que domina o saber e os meios de comunicação, de
convencimento e de atemorização das ovelhas. Nossos projetos pastorais bem que
poderiam também caminhar por aí, mas…
2 - http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/pastoral-da-pessoa-com-deficiencia-
realiza-cursos-de-libras-e-audiodescricao
3- http://cnbbs2.org.br/site/pastorais-sociais/ CNBB
4- https://spirandiopadre.wordpress.com/2015/06/23/diretrizes-gerais-2015-2019-
cnbb-texto-integral/
http://www.sdh.gov.br/assuntos/combates-as-violacoes/dados-estatisticos/325-
defensores-dos-direitos-humanos-estao-incluidos-no-programa-1
http://www.sdh.gov.br/assuntos/combates-as-violacoes/programas/programa-de-
protecao-a-vitimas-e-testemunhas-ameacadas
https://oglobo.globo.com/brasil/burocracia-falta-de-verba-reduzem-atendimento-
no-programa-federal-de-assistencia-testemunhas-15024824
https://domtotal.com/noticia/1168253/2017/07/plano-de-protecao-a-testemunhas-
tem-reducao-no-pais/
http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,plano-de-protecao-a-testemunhas-tem-
reducao-no-pais,70001877233
https://super.abril.com.br/comportamento/como-funciona-a-protecao-a-
testemunhas-no-brasil/
https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo/3869-
plano-de-protecao-a-testemunhas-tem-reducao-no-pais CPT
proteção a vítimas
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 53ª Assembleia Geral Aparecida – SP.
15 a 24 de abril de 2015
OBJETIVO GERAL
EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja
discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à
luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo
ao Reino definitivo.
INTRODUÇÃO
1. A CNBB, com as presentes Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE)
– 2015-2019, prossegue a sua história de promoção da pastoral orgânica de
conjunto no Brasil.
2. Na sua Assembleia Ordinária de 2014, a CNBB decidiu dar continuidade às
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2011-2015, atualizando-as à luz da
Exortação apostólica do Papa Francisco sobre a alegria do Evangelho. A
continuidade foi motivada pela necessidade de dar prosseguimento ao processo de
aplicação do Documento de Aparecida, que é a principal referência das Diretrizes
2011-2015. O renovado empenho missionário que a Conferência de Aparecida nos
pede e o amplo processo de “conversão pastoral” que ela propõe, estão em pleno
curso. Além disso, a revisão das DGAE à luz da Alegria do Evangelho mostrou-se
igualmente necessária. O Papa Francisco apresentou a sua Exortação indicando
caminhos para o percurso da a Igreja nos próximos anos e convocou toda a Igreja a
“avançar no caminho da conversão pastorale missionária”, a “não deixar as coisas
como estão” e a se “constituir em estado permanente de missão”. A recepção da
carta do Papa Francisco pela Igreja no Brasil reforça e aprofunda as grandes opções
da Conferência de Aparecida assumidas pela CNBB, em suas diretrizes para ação
evangelizadora. A celebração do Ano Santo da Misericórdia (08/12/15 a 20/11/16)
nos convidam a prosseguir no caminho da renovação pastoral, no contexto de uma
nova evangelização, com novo ardor missionário e criatividade pastoral.
3. Com renovada consciência de que a evangelização continuamente parte da
contemplação de Jesus Cristo presente em sua Igreja e se desenvolve em diálogo
com os contextos em que se realizam, estas Diretrizes são oferecidas a todas as
Igrejas particulares do Brasil e demais organismos eclesiais. Que elas possam
contribuir para que a “alegria do Evangelho” renove profundamente nossas
comunidades e anime continuamente nosso entusiasmo missionário.
CAPÍTULO I
PARTIR DE JESUS CRISTO
1 – A Igreja vive de Cristo
4. Jesus Cristo é a fonte de tudo o que a Igreja é e de tudo o que ela crê. Em
sua missão evangelizadora, ela não comunica a si mesma, mas o Evangelho, a
palavra e a presença transformadora de Jesus Cristo, na realidade em que se
encontra. Ela é a comunidade dos discípulos missionários, que respondem
permanentemente à pergunta decisiva: quem é Jesus Cristo? (Mc 8,27-29). O
fundamento do discipulado missionário é a contemplação de Jesus Cristo. Como
afirma o Papa Francisco, “a melhor motivação para se decidir comunicar o
Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o
coração”. Na comunhão eclesial, eles experimentam o fascínio que faz arder seus
corações (Lc 24,32), e os leva a tudo deixar (Lc 5,8-11) e a viver um amor
incondicional a Ele (Jo 21,9-17). A paixão por Jesus Cristo os leva à verdadeira
conversão pessoal e pastoral (Lc 24,47; At 2,36ss).
5. A Igreja, fiel a Jesus Cristo, coloca-se a serviço do Reino de Deus. Os
evangelhos apresentam o Reino como o centro da vida e da pregação de Jesus.
“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1,15). Afirmar que o Reino de Deus está próximo é anunciar que
Deus mesmo está próximo. Seu reinado significa sua atuação salvadora e sua
proximidade paterna e misericordiosa para com todos, especialmente para com
os pobres, marginalizados e sofredores de todo tipo. Por isso, a pregação e a conduta
de Jesus suscitaram surpresa, fascínio e entusiasmo, mas despertaram também
suspeitas, fechamento, escândalo e ódio. O Reino de Deus não é apenas a
mensagem de Jesus. Ele mesmo é a chegada desse Reino. Sua mensagem e sua
pessoa são inseparáveis. Nele, o Reino é dado gratuitamente (Mt 21,34; Lc 12,32), é
deixado em herança (Mt 25,34; Lc 22,29). Cabe ao discípulo acolhe-lo por meio da
conversão e da fé (Mc 1,15). Como afirma o Papa Francisco, “o primado é sempre
de Deus”, “a verdadeira novidade é aquela que o próprio Deus misteriosamente quer
produzir”, “a iniciativa pertence a Deus”.
6. Neste sentido, a Igreja no Brasil se alegra com a proclamação do Ano Santo da
Misericórdia. “Na Sagrada Escritura […] a misericórdia é a palavra-chave para
indicar o agir de Deus para conosco. Ele não se limita a afirmar o seu amor, mas
torna-o visível e palpável” em seu Filho Jesus, que é “o rosto da misericórdia do
Pai”. Por isso, “a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração
pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada
pessoa”, especialmente atenta “àqueles que vivem nas mais variadas periferias
existenciais”.
7. A experiência do encontro transformador com Jesus Cristo insere
seus discípulosna comunhão com a Santíssima Trindade e lhes comunica
a missão de anunciar o Reino de Deus, com palavras e sinais. A Igreja existe no
mundo como obra das três Pessoas divinas, é povo de Deus (em relação ao Pai),
corpo e esposa de Cristo (em relação ao Filho) e templo vivo (em relação
ao Espírito Santo). Ela é “o povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”. Como comunhão (koinonia) divino-humana ela “constitui na terra o germe
e o início do Reino”, pois Jesus a iniciou “pregando a boa nova, que é a chegada
do Reino de Deus. E, desse modo, ela é no mundo sacramento de salvação, como
afirmou o Concílio Vaticano II: Jesus Cristo, “ao ressuscitar dentre os mortos (Rm
6,9), comunicou seu Espírito vivificante, por meio do qual constituiu seu corpo, que
é a Igreja, como sacramento universal de salvação”.
CAPÍTULO II
MARCAS DE NOSSO TEMPO
16. Como o Filho de Deus assumiu a condição humana, nascendo e vivendo como
membro de um determinado povo e em uma realidade histórica (Lc 2,1-2),
seus discípulos, fiéis a Ele, anunciam o Evangelho à luz da pessoa, da vida e da
palavra de Jesus Cristo, Senhor e Salvador. Assim, testemunham o Evangelho
acolhendo as alegrias e esperanças, tristezas e angústias do homem de hoje,
especialmente dos mais pobre. Os discípulos missionários sabem que evangelizam
“também procurando enfrentar os diferentes desafios que podem se apresentar”, e
que, para isto, devem conhecer a realidade à sua volta, atentos aos sinais dos
tempos e, em atitude de discernimento, nela mergulhar iluminados pela fé.
17. “Evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho”. A Igreja no Brasil tem sido
testemunha do Evangelho da vida e da promoção da justiça e da paz e acompanha
com atenção a realidade cultural, econômica e política da sociedade brasileira,
especialmente atenta aos pobres, que, tendo de lutar para viver e muitas vezes com
“pouca dignidade”, são a maioria da população e “vivem seu dia a dia
precariamente”.
18. Os elementos do contexto em que a Igreja vive e age são aqui apresentados e
interpretados numa perspectiva pastoral, na linha do discernimento evangélico. Em
grande parte, são condicionados pela conjuntura cultural e econômica mundial.
Assumem características comuns em todo o território nacional, mas é em cada local
que abrem possibilidades novas e fazem sentir o peso de seus limites e distorções.
Por isso, cada comunidade é convidada a conhecer bem os desafios locais, entre os
quais tem que viver e com os quais tem que interagir no cumprimento de
sua missão.
4- http://www.ebc.com.br/noticias/2015/08/ibge-62-da-populacao-tem-algum-tipo-
de-deficiencia deficiencias
5 - http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?
option=com_content&view=article&id=28819
6 - http://www.adeveb.org.br/