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A Igreja do Terceiro Milênio será a Igreja dos mártires e dos santos

Foi publicada, recentemente, na revista Humanitas - da Universidade Católica de Chile -, a


transcrição de uma transmissão radiofônica do, então, padre Joseph Ratzinger, que na ocasião era
professor da Universidade de Tubinga. Para falar da profecia deste depoimento de quase 40 anos,
o portal cancaonova.com entrevistou padre Demétrio, sacerdote da Arquidiocese de Niterói (RJ),
diretor espiritual do Seminário Arquidiocesano São José da mesma diocese e diretor do Instituto
Filosófico e Teológico do referido seminário, onde leciona os cursos de Filosofia e de Teologia. O
religioso também cursa mestrado de Direito Canônico no Pontifício Instituto Superior em Direito
Canônico do Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

cancaonova.com: O senhor publicou recentemente, no seu blog, uma entrevista de mais ou menos 40
anos, do padre Joseph Ratinger – hoje o Papa Bento XVI –, sobre como seria a Igreja no terceiro
milênio. O que diz esta entrevista e o que ela tem de profética para estes tempos?

Padre Demétrio: Nesta entrevista que o padre Ratzinger deu, ainda como professor universitário e sacerdote,
percebe-se toda atualidade do que ele fala hoje; sobretudo em relação às perseguições à Igreja. Ratzinger fala que
a Igreja será interiorizada, perderá o vigor social e político que possuía até alguns anos, justamente por esta
perseguição religiosa velada ou desvelada que recai sobre a Santa Igreja nos dias de hoje. Para ele, a Igreja do
segundo milênio deve ser a Igreja dos santos, e, é claro, a Igreja de sempre. Quem fará a Igreja do novo milênio
serão os santos, testemunhas vivas do Evangelho. Portanto, a Igreja interiorizada será novamente a grande luz
para este homem que quer construir a civilização à margem de Deus. Mas, inevitavelmente, vai perceber que o
homem construtor deste humanismo sem Deus vai acabar se voltando contra o próprio homem que experimentará
toda a angústia proveniente disto como a solidão, o desespero. Como exemplo disto, nós vemos jovens com menos
de 20 anos de idade já entrando em depressão, fazendo terapias profundíssimas justamente por perda do sentido
da vida.

O homem moderno quer construir uma civilização sem Deus, mas acaba sofrendo com isto, justamente porque
Deus é o único que pode dar sentido à vida. O Papa via isso, ainda como padre, com muita esperança, porque –
segundo ele – a Igreja seria novamente a luz, capaz de guiar estes homens que perceberiam que não podem
construir uma civilização sem Deus; e veriam, na Igreja, a salvação para a crise de sentido que o homem
experimenta.

cancaonova.com: Neste depoimento, o Papa fala de tempos muito difíceis, tempos de crise, quando a
Igreja vai passar com fortes "sacudidas". Isto já está acontecendo?

Padre Demétrio: Aconteceu logo após este discurso e ainda está acontecendo. Uma grande crise veio depois do
Concílio Vaticano II; não por causa dele, mas por uma falsa interpretação deste. Falava-se muito do “espírito do
Concílio”, dizendo alguns autores de dentro da Igreja que, mais do que documentos, deveriam ser vistos sob a luz
do verdadeiro concílio que queria mudar a Igreja, adaptá-la aos novos tempos. Fundamentando-se neste falso
“espírito conciliar”, os homens fizeram de tudo dentro da Igreja. Um exemplo é o número de sacerdotes que, nos
anos 60 e 70, abandonaram o ministério. Muitos largaram o sacerdócio, religiosas abandonaram os conventos, e
outros sacerdotes que não abandonaram a Igreja, mas fizeram as piores coisas dentro dela, sobretudo naquilo que
a Igreja tem de mais sagrado: a Sagrada Liturgia. Tudo respaldando neste falso “espírito conciliar”.

E o Papa Bento XVI vem lembrando que não existe um “espírito do concilio”, o Concilio Vaticano II é aquilo que está
nos documentos, é aquilo que a Igreja aprovou e que o Papa ratificou. Portanto, quando se lê os documentos da
Igreja, percebe-se que aquilo é uma busca de fidelidade ao Evangelho, é o que o Papa João XXII chamava de
“aggiornamento” [atualização], uma leitura do Evangelho para os novos tempos, não uma alteração substancial
evangélica. A Igreja não tem este poder, nós somos servos do Evangelho.

A primeira crise prevista por Joseph Ratinger era justamente a crise no interior da Igreja, que, de algum modo,
reflete no exterior dela. Alguém chegou a dizer que o reflexo da sociedade civil é o reflexo da sociedade eclesiástica.
Se os padres estão mal, se eles não rezam, não se confessam nem buscam viver a santidade, como que o povo vai
ser "alimentado" por ele? Como o povo vai ser "alimentado" por um padre que não prega mais a doutrina da Igreja,
mas sim o seu subjetivismo? Quanto a isso, o Papa disse, na abertura do Ano Sacerdotal, que “nada causa mais
dano à Igreja do que os pastores que se convertem em ladrões de ovelhas”, ou seja, pastores que enganam o povo,
anunciando não mais a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas a sua própria doutrina. Ensinam uma teologia
moral e dogmática equivocada; e se o povo ouve isto e confia no seu sacerdote, vai para o mal caminho, porque o
padre está se convertendo em “ladrão” de ovelhas, levando à perdição aqueles a quem deveria salvar. Portanto,
esta é a primeira grande crise prevista por Ratzinger, a crise no interior da Igreja. A partir daí, você vê de tudo na
sociedade civil. Quais as consequências disto? Um laxismo moral, ou seja, vale tudo pelo prazer e o que importa é
se sentir bem, ainda que se tenha de prostituir o corpo ou romper a unidade familiar, tudo às custas do sentir-se
bem. No entanto, se esquecem de que o “sentir-se bem” não dá sentido à vida, porque a realização da vida é mais
do que esse sentimento.

cancaonova.com: A sociedade tem criado novos conceitos de família, aceitando o aborto e uma ditadura
laicista. Muitos dizem que a Igreja está perdendo os seus fiéis, porque não se adapta aos novos
conceitos da sociedade. A Igreja deve adaptar-se a essas novas mudanças?

Padre Demétrio: É verdade que a Igreja está perdendo seus "fiéis", porque quer ser fiel à verdade. Eu penso que
para isto nós devemos olhar para o capítulo 6 do Evangelho de São João, no discurso do pão da vida, quando Jesus,
pregando na sinagoga de Cafarnaum, diz que o Seu corpo é verdadeira comida e o Seu sangue verdadeira bebida; e
quem não comer o Seu corpo e não beber o Seu sangue, não terá vida. Nós sabemos que naquele momento houve
uma grande murmuração, pois alguns diziam "esta palavra é dura demais" e foram embora. A pergunta de Jesus é:
"E vós, quereis ir também?". Pedro, em nome dos apóstolos, responde: “Senhor, a quem iríamos nós, só Tu tens
palavras de vida eterna”. É interessante ver que Jesus não muda o Seu discurso, porque muitos O abandonaram.
Subintende-se que por trás das palavras do Evangelho, mesmo à custa de perder seguidores, Jesus não volta atrás.
A Igreja, que quer ser fiel a Seu Mestre, faz a mesma coisa. Por mais que os homens não queiram pertencer à
Igreja por causa desta palavra dura demais, a Igreja não pode prostituir a sua doutrina, que na verdade não é dela,
mas é recebida do Senhor.

A Igreja tem de ser fiel à sua doutrina, tem que ser coerente com o Evangelho que recebeu de seu Divino Esposo
até o fim, até às últimas consequências. O Papa fala, inclusive, do martírio, dizendo que somos chamados a
derramar o nosso sangue como tantos santos derramaram para defender a Eucaristia, para defender a Divindade de
Jesus Cristo. A Igreja continuará, até o fim, até a volta do Senhor, a ser fiel ao que recebeu do seu Senhor, porque
ela não é detentora do Evangelho, mas é defensora, guardiã dele.

Para nós, não importam os números; gostaríamos que todos os homens estivessem, visivelmente, no seio da
Igreja. Como pastores, desejamos que todos os homens estejam no seio da Igreja, conheçam a verdade e se
salvem. Nós não podemos falar o que os homens gostariam de ouvir, mas o que eles precisam ouvir, que é a
verdade para a sua salvação. Portanto, não podemos corromper o Evangelho de Jesus Cristo para sermos mais
queridos pelos outros. Quem quer agradar muito aos homens, acabará desagradando a Deus.

O que é PHN? Como nasceu?

Tudo começou quando fui convidado a apresentar um programa de TV com o


título: Resgate Já, que mostrava o que a Igreja estava fazendo em favor
dos mais nescessitados em ambientes como: presídios de segurança máxima,
casas de apoio ao portador do vírus HIV em fase terminal, febéns, cadeias
públicas, lares para crianças e para idosos, casas para recuperação de
drogados, entre outros.
Foi assim todas as quartas-feiras das oito da manhã ás vinte horas e
durante seis anos.

Vi muita gente renascer, morrer, se converter, se reconciliar, ressurgir


das cinzas. Chorei com eles, ri, rezei, me fiz amigo, vi muitos chegarem
e partirem e depois de um tempo ali com eles Deus colocou no meu coração
a seguinte inspiração: “Ensine a esses jovens a dizerem não ao pecado”
para que não precisem pagar no seu próprio corpo aquilo que eu ja paguei
no meu.
Na época eu convivia muito com as pessoas que lutavam contra álcool, os
irmãos do “AA” que diziam “ só por hoje, só por hoje serei sóbrio”.
Quando olhei para aqueles jovens nas cadeias, casas de apoio, presidios,
me compadeci e passei a entender que DEUS tinha algo de concreto e
especial para eles e com certeza era o “PHN”.

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