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VOCÊ QUER SER CURADO?

Por Pr. Silas Figueira

Texto base Jo 5.1-18

INTRODUÇÃO

João inicia esse acontecimento dizendo que ele ocorreu após a cura do filho de um oficial do rei
Herodes em Caná da Galiléia. Dali Jesus, juntamente com seus discípulos, vai para Jerusalém
onde estava acontecendo uma festa dos judeus. Não há um consenso entre os estudiosos que
possam identificar que festa era esta ao certo; uns dizem que era a festa das Trombetas, outro
que era a Páscoa, outro por sua vez diz que era a festa do Purim e outro dos Tabernáculos.
Sem dúvida não temos meios de determinar com certeza que festa está aqui em vista,
embora, a festa dos Tabernáculos e a festa de Pentecoste sejam as mais ventiladas, por parte
dos expositores. No entanto, uma coisa sabemos, se era período de festa e a cidade de
Jerusalém estava cheia de peregrinos. 

Foi nesse período de festa e através da cura desse paralítico – é bom destacar que foi num dia
de sábado – que Jesus caiu no desfavor dos líderes de seu povo (Jo 5.18), e como, finalmente
foi morto por essas autoridades. 

O texto também nos fala que ali em Jerusalém havia um tanque com cinco pavilhões ou
pórticos, outras versões trazem alpendre. Em arquitetura, um pórtico é o local coberto à
entrada de um edifício, de um templo ou de um palácio, no caso aqui na entrada do tanque e
nele havia cinco colunas. Neste lugar Herodes, o Grande, construiu cinco varandas com
capacidade para acomodar um grande número de pessoas. Tanto que nos diz o texto sagrado
que jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos esperando que se movesse a
água e o primeiro que nela entrasse, após ser agitada por um anjo, era curado. É interessante
observar que o nome Betesda (em hebraico Beth-Hesed), quer dizer “Casa de Misericórdia”,
porém, para muitos ali essa misericórdia parece que nunca chegava, é só observar a história
desse homem que Jesus curou que estava enfermo havia trinta e oito anos. 

É bom destacar que rezava uma lenda divulgada pelos essênios que havia valiosos tesouros
escondidos sob a piscina de Betesda. E outra lenda também dizia que, de tempos em tempos,
um anjo descia e agitava a água do tanque e o primeiro que nela descesse seria curado de
qualquer doença que tivesse. Por isso que havia ali tanta gente enferma, pois o anseio pela
cura era muito grande. Não pretendo discorrer nessa mensagem sobre esse “anjo” que descia
ali e agitava a água. Mas, uma coisa quero deixar bem claro: “O Senhor não abençoa água e
nem objetos passando o seu poder para essas coisas”. Como alguns costumam dizer que “o
Senhor transfere o seu poder para objetos, lenços e outras coisas mais”. Muitos líderes, para
defenderem essa ideia, utilizam da experiência de Paulo onde nos diz: 

“E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos
enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das
suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam” (At 19.11,12).

Mas não se faz de uma experiência uma doutrina, e o apóstolo Paulo em nenhuma de suas
epístolas nos ensina tal coisa. Nunca se esqueça disso.

O Evangelho de João foi escrito para os gentios e não para os judeus por isso esse texto nos
diz que vinha um “anjo e agitava a água”, para explicar porque de tantas pessoas ali. Esta era
apenas uma nota explicativa e não uma confirmação de que isso realmente acontecia. 

Nesse lugar de romaria e peregrinação poderia até haver curas, não duvidamos disso, se não,
não haveria tantas pessoas ali por tantos anos. Cremos que existem curas físicas,
psicossomáticas e curas espirituais. Sabemos que Deus cura, mas não duvidamos da
artimanha do diabo para prender as pessoas na idolatria e mantê-las longe da verdade que
liberta. Sou da época em que era muito comum procurar rezadeiras e a “cura” realmente
acontecia. Mas também temos visto por aí muitos charlatões enganado os incautos. Quantos
líderes (que se dizem evangélicos), sendo verdadeiros enviados de Satanás enganando as
pessoas. Uma coisa é certa, que havia curas ali isso é um fato, mas não cremos que o Senhor
estive nesse negócio, pois Ele não se contradiz.

O que podemos aprender com esse texto? Que ensinamentos podemos tirar dele para as
nossas vidas?

1º Em primeiro lugar, apesar de Betesda ter o nome de Casa de Misericórdia ela não
se fazia presente ali. 

Atraídos pela possibilidade de cura, centenas de enfermos e mendigos se aglomeravam ali.


Nesse lugar havia tudo, menos misericórdia, pois o texto nos diz que o primeiro que entrasse
na água, assim que agitada, ficava curado. Com isso vemos que ali não havia amigos, não
havia gente com misericórdia de ninguém, ali regia a lei do “faria é pouca, meu pirão
primeiro”. Ali jazia uma multidão de decepcionados, de gente frustrada, de gente angustiada
pela cura que não vinha; e quando acontecia, só um era o felizardo ou beneficiado. No fim do
dia, aqueles que podiam voltar para casa iam cabisbaixos. Os que não podiam se acomodavam
no chão duro para dormir e começar tudo de novo no outro dia – a espera de um milagre.

Hoje não é diferente daqueles dias, milhares de pessoas tem feito uma verdadeira
peregrinação em busca da cura para seus sofrimentos. Pessoas que já peregrinaram por vários
lugares, vão desde igrejas que prometem cura a centro espírita. Desde o pastor que promete a
cura através da oração ou óleo consagrado a rezadeiras. Outros recorrem a psiquiatras e a
médicos e remédios dos mais diversos, mas continuam doentes e cada vez mais
decepcionadas. Devido a isso, muitos recorrem às drogas e muitos outros dão cabo da vida.

2º Em segundo lugar, porque Jesus lhe faz esta pergunta: “Queres ser curado?” 

Talvez esta seja uma das perguntas mais sem sentido feita por Jesus. Se aquele homem
estava ali naquele tanque é porque ele desejava a cura. O que acontece é que muitas pessoas
por ficarem tanto tempo esperando a cura para seus problemas começam a ficar sem
esperança de que ela realmente possa vir acontecer. Por isso essa pergunta aparentemente
tão sem lógica feita por Jesus. Esta pergunta envolve alguns aspectos que gostaria de
destacar. 

1º Jesus quer saber se ele tem certeza que quer ser curado. Esta pergunta é muito
pertinente, pois ela revela que muitas pessoas no fundo no fundo não querem a cura, mas
somente um paliativo. Muitas pessoas se apegam a doença e não querem abrir mão dela.
Utilizam inclusive dela para se beneficiarem. Por exemplo, no antigo Oriente, mendigar podia
ser um bom negócio, principalmente em Jerusalém. Pelos costumes da época, todos os judeus
deveriam ir à Cidade Santa ao menos uma vez por ano. Entregavam o dízimo dos seus
rendimentos no templo e gastavam o segundo dízimo em compras e em esmolas para os
pobres. Assim, os pedintes eram razoavelmente bem sucedidos. Podemos dizer que mendigar
naquela época era realente um bom negócio, ou, um negócio rentável. 

Na igreja de hoje não é diferente. Quantas pessoas batem em nossas portas pedindo ajuda,
mas se você pergunta se desejam um trabalho dão logo uma desculpa e saem de fininho. Isso
quando não lhe ofendem. E dentro de nossas igrejas também encontramos pessoas assim
também. Pessoas que gostam de se “encostar” utilizando-se de um aparente problema para se
beneficiarem através dele. Pedem até oração, mas no fundo não querem a solução para o
problema. E se o resolvem inventam outro.

2º Jesus quer saber se ele tem consciência de que está enfermo. Existem muitas
pessoas que estão sentadas à beira do poço, mas não tem consciência de que estão enfermas.
Quantas pessoas que conhecemos que estão no mundo dos vícios, mas sempre dizem que não
são viciadas. Dizem que larga a bebida, as drogas, o tabaco quando bem quiserem. Só que
nunca querem. 

Quem não tem consciência de sua enfermidade nunca admitirá que está doente. Os outros é
que estão, elas não. A pessoa que não quer ser curada pensa que está sã. Pensa que os seus
problemas não são tão sérios assim. Por isso a pergunta: “Queres ser curado?”, ou seja, você
tem consciência de que está gravemente enfermo e que precisa de cura com urgência? 

3º Jesus quer saber se ele crê realmente que pode ficar livre daquele mal. Há pessoas
que se acostumaram com o problema, pois não conseguem ver uma luz no fim do túnel. Tem
gente que se lança numa total descrença e não buscam mais a cura, pois estão totalmente
desacreditados dela. Eles veem os outros serem curados, mas não acredita que um dia ele
será também curado. 

4º Jesus quer saber se ele compreendeu a sua pergunta. Muitas vezes a pergunta não é
compreendida. Porque se ele ficasse curado haveria consequências dessa cura. Se antes pedia
esmola, agora teria que ganhar o seu sustento de outra forma, ou seja, trabalhando. Jesus
pergunta para você: “Você quer ir para o céu?” Certamente você responderá: “Claro que sim!”,
mas para ir para o céu não se pode ir de qualquer maneira. Aí a pergunta é: “Você está
disposto a deixar sua vida de pecado, sua vida longe de Deus, se entregar a Ele e reconhecer
que é um pecador? Você quer receber Jesus como seu único salvador?” Muitos, certamente
vão dizer: “Isso não”, ou pelo menos, não agora, talvez mais tarde quem sabe. Tem gente que
não entende a pergunta de Jesus ou se faz de desentendido. 

5º Jesus quer saber se ele quer ser curado porque muitas vezes Ele, Jesus, já levou
um não a essa pergunta. Há muitas pessoas que dizem que não querem ser curadas, e
dizem isso com toda honestidade: Não. Talvez não digam um não tão abertamente, mas dizem
não pelas suas ações. Talvez digam que querem ser curadas, mas logo ao saírem da presença
de Jesus voltam à prática do pecado. 
Saiba de uma coisa, quem deseja ser curado frequenta lugares onde a cura é oferecida; não
voltam para os lugares onde o mal está. 

Eu conheço uma pessoa que bebia muito. Um dia ele estava ouvindo um programa de rádio
onde um pastor estava convidando as pessoas que quisessem se livrar dos vícios para
participarem dos cultos de sua igreja, pois eles estariam orando especificamente por este
motivo. Assim esse conhecido foi a tal igreja. O culto foi muito bom, a palavra trouxe renovo
ao seu coração, oraram especificamente por esse motivo... Mas na volta para casa ele iria
saltar em frente ao botequim que ele frequentava. Quando ele desce do ônibus um de seus
amigos de “copo” lhe chama para tomar uma cachaça. Ele deu uma desculpa e foi para casa,
para surpresa de sua esposa sem estar bêbado. E assim foi por sete dias. Para resumir a
história, ele se converteu, se batizou e está livre desse mal desde então.

Se eu quero ser curado eu preciso me afastar do mal e não estar onde ele está. 

3º Em terceiro lugar, o que esta pergunta causou neste homem?

Depois de tantos anos ali sem ver nenhum resultado do seu esforço, provavelmente o seu
coração já se encontrava empedernido. Já se encontrava totalmente sem esperança de cura. A
pergunta de Jesus despertou nesse homem algumas reações que devem ser as nossas
também.

1º A pergunta de Jesus despertou nesse homem o desejo pela cura. Depois de trinta e


oito anos assim sua esperança já havia acabado. Mas o Senhor desperta nele o desejo de ser
curado. Desperta nele a esperança de se ver são, de se ver de pé, andando novamente.
Desperta nele o sonho, pois quem não tem sonho também não tem esperança. Se não
houvesse a crença de que a espera vale a pena, o ser humano desfaleceria no sentimento de
vazio interior, e Jesus quer preencher esse vazio da alma deste homem. Assim como quer
preencher a sua também hoje aqui.

2º A pergunta de Jesus faz com que ele falasse das mazelas do seu coração. Aquele
homem estava com seu coração cheio de mágoa. Veja o que ele responde para
Jesus:“Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque,
quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim” (Jo 5.7).

Antes de Jesus curar a sua doença física, Jesus cura sua doença da alma. Este homem
carregava uma tristeza profunda por ver outros serem ajudados e ele não. Durante todos
aqueles anos ali não viu a misericórdia sendo estendida sobre ele. Ele esteve sempre sozinho,
se arrastando para chegar até o poço, mas quem podia lhe ajudar não lhe ajudava. 

Uma das grandes causas de doenças hoje é a falta de perdão. São o que os médicos chamam
de doenças psicossomáticas. A alma está doente. Há mágoas no coração. Há um ódio que
toma e destrói a pessoa e ela não se dá conta disso. Por não haver liberação de perdão muitas
pessoas têm ficado doentes e estão morrendo. Não perdoar é você tomar veneno para que a
pessoa que você odeia morra. 

Há um corinho antigo que dizia assim: “Conta pra Jesus onde é a sua dor, Ele é o remédio
confia no Senhor”. Precisamos vomitar com urgência esse veneno que está nos matando. Esse
veneno que se chama mágoa e ódio. Devemos aprender com Jesus que nos ensinou a perdoar
os nossos inimigos. 

3º Com esta pergunta Jesus mostra para este homem que as outras pessoas podiam
tê-lo abandonado, mas Deus não (Jo 5.6). Não foi ele quem viu Jesus, mas foi Jesus quem
o viu. Não foi ele que pediu ajuda a Jesus, mas foi Jesus que foi ajudá-lo. Podemos dizer que a
misericórdia finalmente o alcançou. Jesus sabia que ele estava assim há muito tempo. Jesus se
importou com ele assim como se importa com cada um de nós também. Ele se importa com
você. Com o seu sofrimento. Com a dor que invade o seu coração. Ele tem contemplado as
suas lágrimas. Ele não se esqueceu de você. O Senhor está ouvindo as suas orações. Veja o
que a Palavra de Deus nos diz:

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos
orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque
segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26,27).

“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora Então, vi os
sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro
anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso
para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do
trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos
santos” (Ap 8.1-4).

Ah meu irmão, nós não servimos a um Deus indiferente as nossas dores. Indiferente as nossas
angústias e ao nosso sofrimento. Ele vem ao nosso encontro não no nosso tempo, mas no
tempo dEle, e pode ser hoje o dia da Sua visitação em sua vida. E mesmo que nada aconteça
continue esperando, pois Ele está contemplando você. Ainda que seja na quarta vigília da noite
Ele virá ao seu encontro. 

4º Em quarto lugar, porque Jesus curou somente este homem?

Você já se perguntou isso lendo esse texto? Pois se ali jazia uma multidão, porque Jesus não
curou mais pessoas naquele lugar? Essa pergunta eu me fiz várias vezes. Por isso, se você tem
essa dúvida também, eu tentarei lhe responder. 

1º Em primeiro lugar, Jesus curou somente este homem porque o Senhor é soberano
em Suas escolhas e propósitos. A primeira coisa que o Senhor nos mostra que Ele não tem
que dar satisfação nem a você e nem a mim do que faz, porque faz e quando faz. O apóstolo
Paulo escrevendo aos Romanos deixa isso bem claro. Veja o que ele nos diz:

“Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés:
Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me
aprouver ter compaixão” (Rm 9.14,15).

E outro detalhe: Ele não tem obrigação nenhuma de nos dar satisfação do que está fazendo e
porque está fazendo. Veja Rm 9.20:

“Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a
quem o fez: Por que me fizeste assim?”

O Senhor é misericordioso, mas não tem as piegas humanas. Ele não sente como sentimos por
Ele ser perfeito em amor nós nunca iremos entender o Seu agir, mas por não o entendermos
não quer dizer que Ele não nos ame. Veja o que o Senhor fala através de Jeremias quando
manda o Seu profeta escrever uma carta para os judeus que haviam sido levados para a
Babilônia: 

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e
não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).
“Eu é que sei” diz o Senhor – por isso devemos confiar nEle somente e não duvidar de que
na Sua soberania a Sua misericórdia tem sido manifesta, não como queremos, mas como Ele
quer.

2º Em segundo lugar, porque no meio daquela multidão somente aquele homem


estava esperando a cura vinda da parte de Deus. Observe as palavras desse homem para
Jesus: “Eu não tenho ninguém”, e logo após a cura, mais tarde, o Senhor Jesus o encontra no
templo (Jo 5.14). Ele não sabia quem era o seu benfeitor “humano”, mas tinha plena
convicção que foi a intervenção divina que o curou. Por isso ele estava no templo,
provavelmente oferecendo sacrifício de louvor pela cura alcançada e oferecendo a Deus as
suas orações. 

As outras pessoas que jaziam ali esperavam a ajuda de parentes e amigos, confiavam na
intervenção do tal “anjo” para alcançar a cura. Uma das razões porque muitas pessoas não são
agraciadas pelo Senhor é porque confiam na intervenção dos homens, dos médicos, dos
especialistas, geralmente deixando o Senhor em último lugar. Isso quando se lembram dEle.
Mas veja o que Davi disse a respeito disso: 

“Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do
SENHOR, nosso Deus. Eles se encurvam e caem; nós, porém, nos levantamos e nos
mantemos de pé” (Sl 207,8).

Provavelmente este homem durantes anos a fio tenha confiado na ajuda dos outros também,
mas no decorrer dos anos as pessoas provavelmente já não se importavam mais com ele e o
deixaram de lado. Talvez por estar ali há muito tempo, por já ser um velho e havia ali pessoas
mais jovens que “mereciam” realmente a cura. Um velho não precisa de cura. Esse tem sido o
pensamente do muitos ainda hoje.

Uma vez eu fui chamado ao hospital para orar por uma senhora que estava com câncer. Esta
senhora estava com oitenta anos. Confesso que após a oração me passou pela cabeça um
pensamento: “Para que Deus vai curar essa senhora já tão avançada em dias?”, mas assim
como esse pensamento veio, me veio outro: “O Senhor cura independente da idade, pois Ele é
Senhor!” Alguns dias depois eu fui ao INCA (Instituto Nacional de Câncer), pegar o resultado
da biópsia que esta senhora havia feito. Chegando lá o médico que me atendeu disse que era
especialista naquela área – o câncer era no tórax – e que ele era um dos melhores médicos
dali. E eu fiquei olhando para ele sem entender porque tantos elogios para si mesmo. Até que
finalmente ele me mostrou a radiografia feita e o câncer na radiografia; e me disse com cara
de espanto que quando foram fazer a biópsia o câncer havia desaparecido. E ele não sabia
como. Mas havia um câncer ali. Só que havia sumido. Foi então que eu disse ao médico: “Deus
ouviu as nossas orações”. 

Não importa a idade, quando o Senhor determina a cura ela irá acontecer. Creia nisso! 

3º Em terceiro lugar, Jesus curou aquele homem porque ele caiu em si a respeito de
seu pecado e se arrependeu dele. Quando o Senhor o encontra no templo lhe diz: “... Olha
que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior” (Jo 5.14). O
problema que o levou a ficar enfermo por tantos anos foi a consequência de um pecado por ele
cometido. Não sabemos o que ele fez, mas foi algo muito sério que o levou a enfermar. O
pecado não confessado tem levado ainda hoje muitas pessoas para o leito, para os hospitais e,
infelizmente, para a morte. O salmista Davi disse isso com muita propriedade:

“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado


o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. Enquanto
calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o
dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de
estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao
SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (Sl 32.1-5) 

João em sua primeira carta também nos diz:

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros,
e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos
pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua
palavra não está em nós. Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do
mundo inteiro” (1Jo 1.7-10, 2.1,2).

Para que haja confissão de pecado é necessário cair em si, assim como aconteceu com o filho
pródigo, assim aconteceu com este homem. 

Por isso Jesus curou aquele homem porque os seus pecados haviam sido perdoados. Mas do
que a cura física Jesus quer curar a nossa alma. Ele quer perdoar os nossos pecados e nos
reconciliar com o Pai. 

Quando Jesus encontra este homem ele estava no templo. O templo naquela época ainda
representava a presença de Deus e era o lugar dos sacrifícios pelos pecados. Certamente
aquele homem estava ali oferecendo a Deus seus sacrifícios pelo pecado e recebendo de Deus
o perdão. Aquele homem foi grato a Deus pela cura física e pelo perdão alcançado.

CONCLUSÃO 

Eu gostaria de concluir dizendo duas coisas. Primeiro eu gostaria de defender esse pobre
homem, digo isso porque muitos autores que falaram dele disseram muita coisa que eu não
concordo.

1 – Disseram que ele era fraco de caráter por não procurar saber de imediato quem o havia
curado. Mas o texto nos diz que Jesus se retirou por haver muita gente naquele lugar (v 13).
Entendo com isso que Jesus foi quem não quis se apresentar a ele. Tanto que depois que ele o
reencontra ele descobre quem foi o seu benfeitor.

2 – Outros disseram que ele foi repreendido por Jesus para que não tornasse a pecar para não
lhe acontecer coisa pior (v 14), porque ele era uma pessoa propensa ao pecado. Se for assim a
mulher que foi pega em adultério e perdoada pelo Senhor também era assim, pois o Senhor
lhe fala algo semelhante: “Vai e não peques mais” (Jo 8.11). 

3 – Falaram que este homem foi um ingrato, pois quando soube da identidade de Jesus foi
avisar as autoridades, pois segundo alguns este homem sabia que as autoridades judaicas
queriam matá-Lo. Eu não vejo este homem entregando Jesus às autoridades para que Jesus
fosse morto. Este homem foi mostrar para eles quem teve misericórdia dele e o abençoou,
pois várias daquelas autoridades sabiam que naquele poço havia várias pessoas e,
provavelmente, nenhum deles esteve lá para oferecer alguma solidariedade àquelas pobres
almas. Mas Jesus foi e teve misericórdia dele. 

4 – Outro disse que este homem foi um ingrato, pois uma vez curado não tinha como trabalhar
e não podia mais pedir esmola também, por isso foi e denunciou Jesus as autoridades. Ele
ficou com raiva de Jesus pela cura alcançada. 
Talvez você concorde com esses argumentos, mas eu não. Pelo contrário, eu vejo um homem
grato a Deus pela cura alcançada e pelo perdão de sua alma. 

E segunda coisa que gostaria de dizer é que o Senhor olhou para aquele pobre homem
enfermo porque a Sua misericórdia é grande. Por isso que Ele olha para mim e para você
também. Se o Senhor não se compadecer de nós ninguém o fará. A mesma pergunta que o
Senhor fez aquele homem faz a você e a mim. Da mesma forma como ele alcançou a cura e
demonstrou gratidão o Senhor espera isso de nós também.

Por isso que o Senhor lhe pergunta agora: “Queres ser curado?” 

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