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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
2º BATALHÃO DE INFANTARIA LEVE
(BATALHÃO MARTIM AFONSO)

Trabalho Pedido

EXÉRCITO BRASILEIRO NA ABOLIÇÃO DA


ESCRAVIDÃO

ALUNO 05 SENA
ALUNO 02 TORRES

São Vicente/SP
2022
A Guerra do Paraguai (1865-1870) foi fundamental ao crescimento do movimento
abolicionista no Brasil. As tropas brasileiras sofriam com escassez de efetivo, havendo
cerca de 18 mil homens, criando-se a necessidade de aumentar esse efetivo, foi iniciada
a campanha Voluntários da Pátria.

Nesse contexto, os negros escravos e ex-escravos entraram para o Exército


Brasileiro aumentado o efetivo pela promessa de receberem sua alforria e/ou terras
quando retornassem da guerra, assim como vista grossa para os fugitivos. O Imperador
foi exemplo nessa chamada, liberando os escravos de todas as fazendas nacionais para
lutarem pelo país, com Dom Pedro II escrevendo ao seu ministro da guerra: "Forças e
mais forças a Caxias, apresse a medida de compra de escravos e todos os que possam
aumentar o nosso Exército".

Sendo assim, homens brancos e negros lutaram lado a lado pelo mesmo ideal, a
defesa da pátria, em uma época em que o racismo e a escravidão ainda eram de certa
forma banais. Foram nesses momentos difíceis que estes homens viam que não importava
sua cor de pele ou origem, todos sangravam pela nação igualmente. Este foi ponto
essencial para o apoio do Exército Brasileiro futuramente na abolição da escravidão,
sendo essa a instituição de maior credibilidade, junta de seus oficiais a enfrentar os
escravistas pelos direitos dos homens e mulheres negros.

No período que precede a guerra, o próprio D. Pedro II havia se comprometido a


ampliar as leis abolicionistas em decorrência da participação dos escravos no conflito. No
entanto, pressionado por grupos de proprietários escravocratas, o imperador não cumpriu
sua promessa, estabelecendo apenas a Lei do Ventre Livre, em que não nasceria mais
nenhum escravizado em solo brasileiro, com filhos de pais escravos sendo um homem
livre, sendo a escravidão questão de tempo para ser virtualmente abolida.

Depois da promulgação da Lei do Ventre Livre, seguiu-se uma fase de


despreocupação e silêncio. A lei, entretanto, pela lentidão do seu mecanismo
emancipador, não satisfazia os que buscavam com mais garra pelos direitos do povo
negro. Milhares e milhares de escravos continuavam espalhados por quase todo o país,
sujeitos a tratamento desumano.

Nesta época, o Tráfico Negreiro já era também abolido, devido à pressão de países
externos como a Inglaterra e Portugal, que, no entanto, não teve papel forte do Exército
Brasileiro, que nesta época tratava das lutas pela consolidação da independência e
afirmação territorial da nação.
Abolido o comércio de escravos para o Brasil, começaram a surgir, pouco a pouco,
os primeiros adeptos da emancipação dos negros. No Parlamento vários projetos foram
apresentados para a concessão de liberdade aos nascituros.
Apareceram livros e folhetos que levavam à opinião pública as ideias dos abolicionistas
e o assunto foi comentado nas várias camadas da sociedade, até que o debate se
escancarou pelas páginas dos jornais.

A maioria do Exército acompanhava esta atitude de revolta da grande parte da


população brasileira. Levados pelo idealismo e pelo humanitarismo os militares
expressaram a sua repugnância pela nova missão que os escravagistas lhes queriam
impingir: caçadores de negros fugidos. A ninguém surpreendeu a atitude do Clube Militar
que, em 23 de outubro de 1887, se manifestou contra o emprego da tropa de linha na
captura de escravos.

Benjamin Constant que desde muito vinha trabalhando pela causa abolicionista,
concitou o General Deodoro, Presidente do Clube, a definir a posição dos militares diante
das situações criadas em consequência do emprego de destacamento para o interior com
o objetivo de manter a ordem para facilitar a busca de pretos fugitivos. Deodoro então
dirigiu à Princesa Isabel um documento de comovedora eloquência, redigido por homens
afeitos à vida rude da caserna e da campanha, mas onde se evidencia que a solidariedade
para com o escravo havia conquistado a consciência do país:
"Senhora – Os oficiais membros do Clube Militar pedem a Vossa Alteza imperial vênia
para dirigir ao governo um pedido que é antes uma súplica. Eles todos que são e serão os
amigos mais dedicados e os mais leais servidores de Sua Majestade o Imperador e de sua
dinastia; os mais sinceros defensores das instituições que vos regem; eles que jamais
negaram, em vosso bem, os mais dedicados sacrifícios; esperam que o governo imperial
não consinta que, nos destacamentos do Exército que seguem para o interior com o fim
sem dúvida de manter a ordem, tranquilizar a população e garantir a inviolabilidade das
famílias, sejam os soldados encarregados da captura de pobres negros que fogem à
escravidão ou porque vivam já cansados de sofrer os horrores ou porque um raio de luz
da liberdade lhes tenha aquecido o coração e iluminado a alma. (...) É impossível,
Senhora, esmagar a alma humana que quer ser livre. Por isso os membros do Clube
Militar, em nome dos mais santos princípios de humanidade, em nome da solidariedade
humana, em nome da civilização, em nome da caridade cristã, em nome das dores de Sua
Majestade, o Imperador, vosso augusto pai, cujos sentimentos julga interpretar e sobre
cuja ausência choram lágrimas de saudades, em nome do vosso futuro e do futuro de
vosso filho, esperam que o governo imperial não consinta que os oficiais e as praças do
Exército sejam desviados de sua nobre missão (...). Acreditai que o Exército, que não
deseja o esmagamento do preto pelo branco, não consentiria também que o preto,
embrutecido pelos horrores da escravidão, conseguisse garantir a sua liberdade
esmagando o branco. Mas diante de homens que fogem calmos, sem ruído, mais
tranquilamente do que o gado que se dispersa pelos campos, evitando tanto a escravidão
como a luta, o Exército brasileiro espera que o governo imperial lhe concederá o que
respeitosamente pede em nome da honra da própria bandeira que defende."

Assim, ao apoio popular à causa dos negros veio juntar-se a decidida postura do
Exército, repudiando a escravidão. Em 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a
Lei Áurea, cujo texto sintético e incisivo estabelecia: "É declarada extinta desde a data
desta Lei a escravidão no Brasil."
Referências Bibliográficas

DGP MUNDO. A Guerra do Paraguai. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=B8HC7b_g9Z8> Acessado em: 02 jun. 2022

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO. 13 DE MAIO -


ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL (1888). Disponível em:
<http://www.dphcex.eb.mil.br/noticias/238-13-de-maio-abolicao-da-escravatura-no-
brasil-1888> Acessado em: 02 jun. 2022

BRASIL ESCOLA. Guerra do Paraguai. Disponível em


<https://brasilescola.uol.com.br/historiab/guerra-paraguai.htm> Acessado em: 02 jun.
2022

BRASIL ESCOLA. Abolição da Escravatura. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-abolicao-escravatura.htm>
Acessado em: 02 jun. 2022

EXÉRCITO BRASILEIRO. VOZES AFRICANAS NO BRASIL. Disponível em:


<http://www.eb.mil.br/exercito-
brasileiro?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=m> Acessado em: 02 jun. 2022

EBIOGRAFIA. Duque de Caxias. Disponível em


<https://www.ebiografia.com/duque_caxias/> Acessado em: 02 jun. 2022
ANDRÉ AMARAL DE TORAL. A participação dos negros escravos na guerra do
Paraguai. Disponível em
<https://www.scielo.br/j/ea/a/Zz5JrdgQR5hQMtMwj7dnfTd/?lang=pt>

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