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A
história é uma ciência viva, cos da cidade, ele afirma que o Cais longo é mais do que recomendável,
construída a partir de cons- do Valongo, redescoberto em 2011 por ter sido uma zona de comércio
tantes descobertas e releitu- durante as escavações realizadas negreiro e abrigo do campo santo –
ras. Uma nova versão para o papel como parte das obras de revitali- como também eram chamados os
do Cais do Valongo – localizado na zação da zona portuária do Rio de cemitérios – dos escravos novos.
Zona Portuária do Rio e tradicional- Janeiro, não era utilizado para a O cemitério se encontra sob várias
mente apontado pela historiografia chegada no Brasil dos escravos afri- construções da Rua Pedro Ernesto –
como um local de desembarque de canos, transportados nos insalubres a antiga Rua do Cemitério –, além
escravos no período colonial – é navios negreiros. da região ter sido o cenário vivo da
defendida pelo pesquisador e ar-
Segundo Cavalcanti, a importân- união das nobrezas europeias, os
quiteto Nireu Oliveira Cavalcanti,
cia histórica da região é inegável, Bourbon e os Bragança, nos trópi-
doutor em História Social pela Uni-
mas, sim, pelo fato de ela sediar, cos”, destaca Nireu. No entanto, ele
versidade Federal do Rio de Janeiro
na época, pontos de comércio de considera que aqueles que afirmam
(UFRJ) e ex-professor associado
escravos – que eram expostos ao ter existido um cais para o desem-
do Departamento de Arquitetura da
público como mercadorias nos barque de escravos no Valongo se
Universidade Federal Fluminense
chamados armazéns – e por ser o baseiam em “achismo”. “Não foram
apresentados documentos, registros,
desenhos, mapas ou qualquer outra
fonte histórica que comprove essa
tese”, completa.